Skip to main content

Full text of "Revista do Museu Paulista"

See other formats


PS pes 
> SS ao 


ns cd eme matar 


REVISTA 


DO 


usou Paulis 


PUBLICADA POR 


He VON TERING, DR, MED. ET PII, 


Director do Museu 


© VOLUME IX G 


SAO PAULO 
Typ. do «Diario Official» 
1914 


A 
ie 
-— 


9) 


INDICE 


Museu Paulista nos annos de 1910, 
1911 e et sê 

Necrologio : Eugenio Hussak (com 
Est. I), por E VON [HERING 
Necrologio: Dr. Theodor Peckolt (com 
Est. II), por H. von IHERING 


Tres Chalcididas parasitas do «bicho do 


café» (Leucoptera coffeella) (Tineid.) 
com 3 figs. no texto e Est. III. fig. 
1, por R. von [HERING 
O genero Pterombrus Sm. (Ilymen.) 
Est. IU, fig. 5, por ApoLpHo Ducks. 
As traças que vivem sobre a «preguiça», 
Bradypophila garbe: n. gen., n. sp. 
(Lepid. fam. Pyralid.) com figs. e 
Est. II, fig. 2, por R: von IHERING. 
ipidae brazilerros (Coleopt.), gen. Xyle- 
borus nn. spp., com 5 figs., por FRAN- 
CISCO IGLESIAS 
As especies bras ileiras do é gen. Mega- 
chile (Hymenopt.), como supplemento ao 
«Ensaio das Abelhas sslhitarias do Bra- 
sil», com figuras no texto, por CURT 
ScHROTTKY RER A 
Diagnose de uma “Eucoila, (Hy menop. 
Cynip.) parasita das «Moscas das fru- 
ctas», por R. von IHERING . age 
O genero Parachartergus R. v. Ih. 
(Vespas sociaes), por R. von IHERING. 


10) Emendas ao Catalogo das Chrysididas 


do Brazil, por ApoLpno Duck 


11) Osbugios do genero Alouatta (Mammif.), 


com Ests. ÍV - VE por H. von InERING. 


12) 


13) 


In 


As especies brazileiras de Nilionidas 
Coleopt.) e a posição systematica da 
familia pelo estudo das larvas, Est. III, 
figs. 2 e 3, por R. von IHERING . 
George Marcgrave, o primeiro sabio 
que veio estudar a natureza do Brazil, 
1658 - 44, por R. von IHERING. 
Protecção ds Aves, por H. von IHERING. 
Duas especies novas de Peixes da fam. 
Cichlidae, por R. von IHERING . . 
Os Gambas do Bra: sil, Marsupiaes do 
gen. Didelphis, por H. von IHERING. 
Insectos contra insectos : as Coccinel- 
lidas, com Est. VIII, fig. 1, por Fr. 
IGLESIAS + ONE SR ARE 
Notas entomologicas (Nilio n. sp. e 
um 8.º pasasita de a por 
R. von IHERING. : 

Broiogia de varias especies de Pinotus 
(Coleop.) de S. Paulo, por H. Lur- 
DERWALDT . 

Biologia e classificação das Cuculidas 
brasileiras, por H. von IHaRING. 
Novas contribuições para a Ornitho- 
logia do Brazil com Ests. IV, Ville 
IX, por H. von IHERING. 

Bibliogr aphia zoologica referente ao 
Brazil — 1911 a 1918, ae R. von 
IHERINS. QUE AGDE 


PAGS. 


Data da publicação das copias separadas dos artigos 
deste volume : 


N. 1. 2023. NX 945 Ne anh eh O Tora NE 


ka 10 


= XII 915 37 Nid aed d— O14: ON a 6 dA 
N. 17 a 19— V 914; N. 20 — VII 914; N. 21 — IX 914. 


Distribuição do Volume: fins de Setembro de 1914. 


O MUSEU PAULISTA À 


na 
NOS ANNOS DE | 


1910, 1911 e 1912 


Não houve modificação digna de nota no 
quadro do pessoal do Museu durante o periodo 
que aqui relatamos. Apenas o logar de secre- 
tario de linguas extrangeiras soffreu repetidas 
substituições ; esse cargo occupado até Fevereiro 
de 1912 pelo sr. dr. C. Brandenburger é agora 
preenchido pelo sr. A. Dó. O sr. Francisco 
Günther que ha muitos annos já prestava bons 
serviços ao Museu, enviando especimens raros 
e completando a nossa collecção de peixes do 
mar, foi contractado em Setembro de 1911 para 
o cargo de desenhista e preparador auxiliar de 
entomologia. Ambas as funcções eram cabal- 
mente desempenhadas pelo desditoso auxiliar, 
quando a morte nol-o veiu arrebatar em 9 de 
Janeiro de 1912. 

Em Fevereiro de 1912 foi contractado para 
o cargo de desenhista o artista sr. Bento Bar- 
bosa, de cuja lavra são as illustrações originaes 
do presente volume. Como auxiliar do taxider-- 
mista entrou para o serviço do Museu o sr. Hen- 
rique Schwebel. 

Como voluntarios, auxiliares dos trabalhos 
do sr, R. von Ihering, e a titulo de estudo, fre- 
quentaram por algum tempo os nossos labo- 
ratorios os srs. Alberto M. Vaissier, estudante 


nee, A] 


de medicina e Carlos da Cruz Azevedo, do curso 
gymnasial. O dr. José Marianno Filho, hoje as- 
sistente de physiologia vegetal no Jardim Bota- 
nico do Rio, fez estudos no laboratorio de Ento- 
mologia, afim de preparar a sua these de douto- 
rando, cujo thema versava sobre as Meliponidas 
do Brazil. Os srs. Francisco Iglesias do Instituto 
Serumtherapico do Butantan, Adolpho Hempel 
e Gregorio Bondar, do Instituto Agronomico 
de Campinas, repetidas vezes trabalharam em 
nossos laboratorios. 

Ao sr. Adolpho Hempel, o eminente es- 
pecialista em Coccidas, devemos não só a gen- 
tileza de ter-nos completado sempre a classifi- 
cação de nossos materiaes novos deste grupo, 
como ainda a elaboração graciosa do Catalogo 
das Coccidas do Brazil, que publicamos em 1912 
como Vol. III dos nossos «Catalogos da Fauna 
Brazileira». 

Podemos mencionar ainda como hospedes 
do Museu Paulista dous naturalistas de nomeada, 
os srs. prof. Dusén e M. Dukinfield Jones, que 
ambos trabalharam durante algum tempo na Es- 
tação Biologica do Alto da Serra, o primeiro 
colligindo plantas, o segundo lepidopteros. 

Das viagens emprehendidas pelo pessoal do 
Museu merecem menção especial as seguintes. 
Em Maio de 1910 o director, dr. H. von Ihe- 
ring, seguiu para Buenos-Aires, onde foi tomar 
parte no Congresso Internacional dos Ameri- 
canistas, aproveitando em seguida as facilidades 
que o Governo argentino proporcionou aos con- 
gressistas, para realizar uma excursão ao Alto 
Paraná, attingindo não só a celebre cachoeira 
do Iguassu e a respectiva Colonia Militar, como 
tambem o ponto final da navegação. 

O nosso director, que até aquella época 
nas suas excursões só havia percorrido a região 


Toc) a 


do litoral do nosso paiz, teve assim excellente 
opportunidade de conhecer tambem a parte occi- 
dental do Brazil meridional. No mesmo anno 
o dr. von Ihering esteve em Piracicaba, onde, 
a convite da Universidade Popular, foi realizar 
uma conferencia sobre a destruição das nossas 
mattas. (*) 

O custos do Museu, o sr. Rodolpho von 
Ihering esteve na Europa nos mezes de Março 
a Novembro de 1911. Dedicou a maior parte 
deste tempo a estudos zoologicos nos labora- 
torios da Universidade de Vienna e do Labo- 
ratorio de Entomologia do Museu de Paris. 
E’-nos um grato dever agradecer aos dous il- 
lustres chefes desses institutos scientificos, pro- 
fessores K. Grobben e E. Bouvier, as amabilida- 
des e regalias dispensadas ao nosso funccionario, 
que por esta forma conseguiu tirar o maior 
proveito de sua viagem. 

O sr. H. Luederwaldt esteve duas vezes no 
Estado de Sta. Catharina, e, comquanto tivesse 
ido especialmente para convalecer, asssm mesmo 
nos trouxe boas collecções de animaes e plantas 
que lá colligira. 

O naturalista-viajante, sr. Ernesto Garbe 
percorreu varias zonas do paiz, colleccionando 
como sempre optimo e abundante material zoo= 
logico para as diversas secções do Museu. Em 
outre capitulo mencionaremos exactamente O 
itinerario seguido. 


Os visitantes. — A frequencia do Museu 
por parte do publico attingiu o maximo que O 
edificio pode comportar. Nos annos de 1906 a 


(*) Veja-se Rev. do Mus. Paul. Vol. VIII, p. 485500, «Devastação e 
conservação das mattas». 


DER hat 


1909 elevou-se de 40 a 63 mil o numero de 
visitantes; em 1910 foi registrada uma frequen- 
cia de 67:181 pessoas e em 1911 0 numeroise 
visitantes elevou-se mesmo a 91. 025; em 1912 
ainda foram registrados 78.485 visitantes. Com 
tal frequencia, em domingos apraziveis, a média 
de visitantes é superior a mil pessoas e desta forma 
as 19 salas franqueadas ao publico chegam a fi- 
car literalmente cheias, de forma ase tornar dif- 
ficil mesmo a simples inspecção das collecções: 

O dia 7 de Setembro, que o Monumento do 
Ypiranga commemora, foi aqui dignamente fes- 
tejado em 1912. Graças aos esforços empregados 
pelo governo, a solemnidade teve brilho exce- 
pcional, devido ao concurso das escolas publicas, 
que enviaram para mais de 10.000 creanças; O 
monumento artisticamente ornamentado, bem 
como o grande jardim onde se armaram bar- 
racas para os peguenos convidados, apresentavam 
bellissimo aspecto. 

O serviço de guarda nos dias de visita con- 
tinúa a ser feito pelos serventes e jardineiros do 
Museu. À vigilancia durante a noute, que antiga- 
mente era feita por policia, passou a ser confiada 
desde 1911 a guardas-nocturnos contractados. 

O «Guia pelas collecções do Museu Pau- 
lista», que era vendido ao preço de 400 réis O 
exemplar, e que fôra publicado em 1908 em 
edição de 3 mil exemplares, exgottou-se no 
correr do anno de 1911. À nova edição que 
em breve tencionamos imprimir, será conside- 
ravelmente melhorada e enriquecida por nume- 
rosas illustrações. 


As colleeções. — De ha muitos annos 
que o Museu lucta com a falta de espaço em 
seus varios departamentos: nas salas de colle- 


tm 9 —— 


cções franqueadas ao publico, nas collecções de 
estudo e laboratorios e na bibliotheca. Assim 
nem seria possivel fazer grandes augmentos, o 
que ainda impedem a falta de recursos e de 
pessoal, Desta forma o que se tem feito nas 
collecções expostas ao publico é substituir os 
especimens velhos por outros de preparação 
nova, os ques, sendo possivel, são montados 
em grupos, pelo que se torna a observação mais 
attrahente ao visitante. O preparador, sr. João 
E. Lima, dedicou boa’ parte de seu terão. a 
esses trabalhos, conseguindo assim dar realce a 
varios armarios. Mencionaremos nas salas das 
aves os armarios de beija-flores e das aves aqua- 
ticas; o dos pequenos mammiferos, etc. Tam- 
bem mereceu maior cuidado a rotulação dos 
especimens ; lentamente estão sendo impressos 
todos os rotulos, serviço este que já se acha 
concluido para a maior parte das secções. Quatro 
armarios novos foram collocados na galeria do 
pavimento superior e ahi figuram objectos ar- 


cheologicos ; desta forma poude-se dar um ar-. 


ranjo mais racional a esta secção. Em um dos 
grandes armarios da sala de Ethnographia fi- 
guram agora os artefactos dos indios do Estado 
de S. Paulo: Guaranys e Cayuas, Caingangs; 
Chavantes; nos outros armarios agrupam-se 
os materiaes concernentes às outras nações bra- 
zileiras. Os armarios novos da galleria encerram 
respectivamente : artefactos de pedra e de cera- 
mica dos nossos indios; o terceiro armario con- 
tem uma valiosa collecção de objectos de pedra 
da cultura calchaqui (em parte originaes, em 
parte copias obtidas em permuta com os mu- 
seus de Buenos-Airese de La Plata). O quarto 
desses armarios mostra uma variada série de 
artefactos dos incas, que muito obsequiosamente 
o sr. dr. Max Ule adquiriu para o nosso Museu. 


— fo) == 


Com relação a esta ultima acquisição devemos 
ainda extender os nossos agradecimentos ao dr. 
Larraburre y Unanue, eminente estadista peruano 
que obteve licença para a exportação dessas col- 
lecções, o que do contrario não teria sido pos- 
sivel em vista das leis peruanas que vedam a 
sahida de taes preciosidades archeologicas para 
fóra do paiz. 

Para o mesmo fim interveio ainda a nossa 
legação no Perú, à qual egualmente endereçamos 
os nossos agradecimentos. 

Segundo os estudos feitos neste Museu, 
nesta materia de archeologia comparada, a cul- 
tura prehistorica do Brazil meridional foi em 
certa época largamente influenciada pela cultura 
antiga do Perú, sendo por este motivo de grande 
proveito para os nossos estudos e de interesse 
para os visitantes, poder-se comparar desta for- 
ma directamente os respectivos documentos das 
duas culturas, 

Na collecção de estudos houve tambem 
notaveis accrescimos. A secção entomologica 
occupa agora 20 armarios do typo Ihle (so 
gavetas), sendo que os lepidopteros occupam 8 
armarios, os coleopteros 4, os hymenopteros 2, 
eters tambem para a collecção malacologica foram 
adquiridos 8 armarios do mesmo typo. “Tambem 
asicolleccoes ide estudo: «de aves, (ovOsme pe 
quenos mammiferos foram ampliadas conside- 
ravelmente, de forma a occuparem 15 armarios 
de typo Ihle, que correspondem perfeitamente 

a todas as exigencias. 
Os accrescimos, alias consideraveis, verifi- 
cados nas collecções, são devidos quasi exclusi- 
vamente ao trabalho do sr. Ernesto Garbe, nosso 
naturalista viajante, que percorreu ainda nesses 
annos varias regiões do paiz, conforme se verá 
dos itinerarios descriptos em outro capitulo, 


reunindo assim abundantes e variados materiaes 
de todas as classes animaes. As principaes per- 
mutas effectuadas com museus congeneres ou 
collegas particulares vem mencionadas em lista 
annexa ; poucas foram as offertas de maior valor 
e as compras que puderam ser efectuadas. 

Com relação às colleccdes do Museu de- 
vemos ainda registrar dous casos pouco agra- 
daveis, de tentativas de roubo, ambas felizmente 
frustradas pela intervenção do pessoal do museu. 
Em um caso tratava-se de um pobre operario 
que fôra irresistivelmente tentado pela belleza 
dos fac-similes dos matores diamantes do mundo; 
foi preso na occasião em que, durante as horas 
de visita tentava apoderar-se do falso thesouro. 
O outro attentado foi praticado por um estu- 
dante de direito que a altas horas di noute ar- 
rombou a sala em que se acham os objectos 
historicos e de la ia subtrahindo as peças mais 
preciosas da chamada collecção «Campos Salles» 
valiosos mimos de ourivesaria e pedras preciosas 
recebidas durante o seu governo pelo illustre ex- 
presidente da republica, dr. M. F. de Campos Salles, 
que as offereceu ao Museu Paulista. Tambem 
por esta occasiio os serventes e o porteiro 
conseguiram presentir em tempo o gatuno, evi- 
tando assim prejuizo consideravel 


Excursões, — Já mencionamos algumas 
das viagens realizadas pelo pessoal do Museu. 
Aqui queremos relatar as excursões que foram 
de maior proveito para o enriquecimento das 

collecções. 

O sr. E. Garbe, depois de permanecer algum 
tempo no Museu, de Janeiro a Março de 1910, 
mezes estes em que reformou as collecções de 
reptis e amphibios guardados em alcool, seguiu 


— T2 — 


em Marco, para Baurú e Jacutinga e ainda em 
Abril se demorou na fazenda do sr. Wingers ; 
em Maio permaneceu caçando na fazerda La- 
geado em Santa Cruz do Lageado; em Junho, 
passando por Avanhandava, foi à fazenda S. 
ER ae na margem direita do rio Tiete; em 
Julho proseguiu até Itapura, voltando só então 
para: d Paulo. Em 23 de Agosto partiu cm 
nova excursão, cabendo-lhe a taréta de explorar 
a: região de Franca, e foi nos arredores dessa 
cidade que elle se demorou até meiados de 
Setembro ; seguiu então para Patrocinio de Sa- 
pucahy onde permaneceu até fins de Outubro, 
quando seguiu para Jaguaré em Minas; os mezes 
de Novembro e Dezembro foram consagrados à 
caçadas em diversas fazendas na Borda da Matta, 
bem como os primeiros mezes do anno de 1911. 
Em Março viajou por Ituverava, passando- se 
dahi para Sete Lagoas, onde ficou até fins de 
Maio, para caçar depois na matta virgem do 
Rio Grande. Depois de breve estadia em 5. 
Paulo, seguiu em Novembro para o Estado do 
Rio de Janeiro, afim de pescar no rio Parahyba, 
em Campos, S. João da Barra e Atafona; em 
seguida occupou-se algum tempo com a pesca 
na Lagoa Feia, e depois à beira-mar, perto de 
Macahé. ee 1 

Em 1912 seguiu o sr. Garbe novamente 
para Porto Cachoeiro, onde aliás já estivéra em 
1906, desta vez para procurar material mais 
abundante de certas especies de summo Interesse. 
Dahi seguiu para Pirapora, no Estado de Minas 
Geraes, e, tomando esta localidade como centro 
de suas excursões por toda a região, reuniu assim 
ricas e interessantes collecções dessa fauna. 

Os srs. Luederwaldt e Giotto Casadio esti- 
veram em Julho de 1912 em S. Manuel, onde 
foram buscar mudas de plantas indigenas para 


o parque e o jardim do Museu. A região, ainda 
poucos annos antes tão rica em boas mattas, 
já hoje se acha grandemente transformada, es- 
pecialmente pelas “derrubadas que se fizeram para 
o plantio de extensos cafezaes. 

Por occasião do eclipse em 10 de Outubro 
de 1912, o sr. Luederwaldt foi enviado a Chris- 
tina no Est. de Minas para escolher a locali- 
dade mais apropriada como ponto de observa- 
ção para uma commissão de astronomos do 
Chile, chefiada pelo sr. dr. Ristenpart, que havia 
pedido o nosso auxilio neste sentido. Por oc- 
casiio do eclipse o director do Museu acom- 
panhou essa commissão em seus trabalhos, e 
por sua parte fez interessantes observações bio- 
logicas durante o phenomeno; neste mesmo 
volume dedicara algumas paginas ao assumpto. 
Além disto o Museu lucrou ainda com esta 
viagem, por ter ella offerecido opportunidade ao 
dr. von Ihering para adquirir diversos especi- 
mens de objectos domesticos usados ha algumas 
gerações atraz, mas que em Minas Geraes ainda 
são conservadas em uso, especialmente nas fa- 
zendas mais afastadas. Assim mencionaremos 
o «mancebo» columna de madeira com perfu- 
rações nas quaes são fincadas as candeias ou lam- 
padas primitivas de mecha, na qual qualquer 
gordura serve de combustivel. Uma industria 
singular, que egualmente constitua novidade 
para nos, foram as panellas de steatite, que pode 
ser trabalhada no torno como a madeira. 

Tendo o sr. C. Schrottky, antigo funccio- 
nario do Museu e hoje residente no Paraguay, 
manifestado desejo de percorrer a região limi- 
trophe daquella republica com o Estado do Pa- 
raná, foi elle encarregado de colligir tambem. 
para o Museu Paulista diversos mater aes da- 
quella região ainda tão pouco explorada. De 


facto os resultados corresponderam à nossa ex- 
pectativa e obtivemos assim um grande numero 
de insectos e especialmente de abelhas, que até 
agora só eram conhecidos do Paraguay. 


Serviços annexos. — Tanto o Monu- 
mento do Ypiranga em que funcciona o Museu, 
como o jardim eo parque botanico que o cir- 
cundam, reclamaram constante attenção para a 
sua boa conservação. O monumento, aliás edi- 
ficio de construcção aprimorada, tem o seu ponto 
fraco, o telhado. Anno por anno, tornou-se ne- 
cessario proceder a reparos mais ou menos ex- 
tensos para tomar as gotteiras. Nos ultimos tempos 
era especialmente a parte que cobre as galerias 
do andar superior, que mais deixava a desejar. 
Agora, felizmente, depois de ter sido coberta to- 
da esta parte com chapas de metal, parece que 
o mal está sanado de vez. O edificio todo re- 
clamava de ha tempos uma pintura geral; não 
podendo ser feito agora todo esse serviço, foi 
tentada, a titulo de experiencia, a pintura a oleo 

nas partes mais sujeitas ao tempo. 

O jardim tambem deixava muito a desejar 
e, comquanto fosse ainda recente o seu acaba- 
mento, por toda parte os trabalhos executados 
reclamavam reparos, quer por terem sido mal 
calculados, como no caso da canalização das aguas 
pluviaes, quer porque durante a sua execução não 
fora exercida a necessaria vigilancia. À vegetação 
já agora da ao monumento o desejado “realce, 
com os bosquetes bem desenvolvidos; os gram- 
mados entretanto necessitam de reforma “ceral, 
bem como os caminhos. Tornou-se necessaria 
a construcção de barracões e estufas; a arca que 
abrangem essas construcções é de cerca de 400 mq. 
A velha casa que servia de moradia aos jardineiros 


foi derrubada, sendo construida outra, pela Se- 
cretaria das Obras publicas, a qual alem disto 
ficou encarregada de varios outros trabalhos 
menores. 

No parque continuaram os trabalhos de plan- 
tação de mudas de vegetaes da flora indigena. 
Para a rotulação dos especimens bem classifica- 
dos foram encommendados na Europa rotulos 
de porcellana, com os dizeres impressos. Natu- 
ralmente com os poucos meios que podem ser 
consagrados a este parque botanico, ao mesmo 
tempo mostruario e jardim de estudo da flora 
do Brazil meridional, os trabalhos progridem 
lentamente. Varias familias de plantas já estão 
entretanto, optimamente representadas, como se- 
jam as Filices, samambaias, palmeiras, taquáras 
e em geral as bambusaccas, bromeliaceas, orchi- 
deaceas, coniferos, as maranthaceas, melastoma- 
ceas, bignoniaceas e varias outras familias. 

De grande importancia para as investigações 
biologicas do Museu foi no correr destes annos 
a Estação Biologica do Alto da Serra, fundada 
em 1909 pelo Dr. H. von Ihering. Foram co- 
lhidas nas esplendidas mattas daquelle estabe- 
lecimento as variadas e bellas plantas ornamen- 
taes da secção florestal do jardim botanico do 
Museu. O director entregou-se ahi a estudos re- 
lativamente a formigas, coccidas, e des minho- 
cas, entre as quaes duzs especies colossaes do 
genero Glossoscolex ; estas attrahiram especial in- 
teresse, visto que até agora nada se sabia da 
vida das mesmas. O assistente do Museu tambem 
fez ahi estudos de insectos, especialmente dos que 
se desenvolvem na taquara. Dentre estes mere- 
cem menção particular as lagartas de Myelobia, 
as conhecidas mariposas que ahi em certos an- 
nos se desenvolvem de modo extraordinario, e, 
sendo depois attrahidas pela illuminação das ruas. 


— ae 


affuem em massas para a nossa capital, de for- 
ma a se tornarem verdadeiras pragas, como acon- 
teceu no verão dos annos de 1910 a 1911. 

Este laboratorio do Museu foi visitado por 
numerosos naturalistas, merecendo menção es- 
pecial os Srs. Drs. Adolpho Ducke, do Museu 
do Pará, José Marianno Filho, do Rio de Janeiro, 
P. Dusen de Stokholme, H. Lohmann de Kiel, 
M. Dukinfield Jones de Londres, John Willis 
director do Jardim Botanico do Rio de Janeiro, 
etc. 

O Dr. H. von Ihering que se encarregou 
particularmente do custeio do estabelecimento 
durante estes 3 annos, -offereceu a Estação (de 
presente ao Governo do Estado, que porèm não 
# Acceitou. 

Fazemos votos, entretanto, por que de qual- 
quer forma ainda seja possivel manter e fazer 
prosperar este estabelecimento de estudos, que 
e a primeira Estação Biologica até agora creada 
na America do Sul. 


Erabalho scientifico. — Todo o traba- 
lho scientifico do Museu continua a cargo do 
director e de seu assistente, o custos. Como uni- 
co auxilio na parte material das investigações 
prestam-lhes cooperação o Sr. João L. Lima, 
taxidermista, que adquiriu bons conhecimentos 
d s mammiferos e das aves do Brazil, e o Sr. H. 
Luederwaldt, preparador de entomologia, a quem 
devemos a boa ordem da collecção scientifica 
dos insectos e a observação da biologia de gran- 
de numero de especies. O preparo do catalogo 
das formigas do Brazil, trabalho insano e fasti- 
dioso, de que:'se >encamegow o Dr. El. vom 
Ihering, tambem foi grandemente auxiliado pelo 
Sr. Luederwaldt. Ainda varos outros estudos 


— 17 — 


do director do Museu estão em elaboração, como 
por exemplo sobre questões anatomicas dos 
peixes da familia Scienidae, investigações zoogeo- 
graphicas e biologicas, etc. De resto a lista das 
respectivas publicações feitas até esta data, em 
continuação à que foi communicada no relato- 
rio do volume VIII desta revista, € a seguinte: 


Publicações scientificas do dr. Hermann von lhering 


1909. Nouvelles recherches sur la formation 
magellanienne. Ann. Mus. Nac. Buenos-Aires. 
vol. XIX, p. 27-43. 

1910. Zur Kenntnis der suedamerikanischen 
Heliciden. Abhdl. der Senckenbergischen Naturf. 
Gesellschaft, Frankfurt a M., Bd. 32, p. 417-427 
com estampa 28 e 4 figuras. 

1910. Ueber brasilianische Najaden. Abhdlg. 
d. Senckenbergischen Naturf. Gesellschaft, Frank- 
rart 2 ML. Band 2, p).113-140; com: Est, 12: 

1910. A questão dos indios do Brazil. Rev. 
do Museu Paulista, vol. VIII, p. 1712-140. 

1910. João Barbosa Rodrigues. Rev. Museu 
Paulista; vol. VIH, p. 24-37 

1910. Os Botocudos do Rio Doce. Revista 
do Museu Paulista, vol. VIII p. 38-51 com es- 
tampas II-VI. 

1910. Description of two new species of Po- 
tamolithus. The Nautilus. vol. XXIV. 1910, p. 15. 

1910. Os mammiferos do Brazil I. Revista 
do Museu Paulista, vol. VII 1911, p. 148-272. 

1910. Systematik, Verbreitung und Geschichte 
der suedamerikanischen Raubtiere. Arch. f. Na- 
turgesch. 26. Jahrgang, 1910, D. 113-179 

1911. Revista do Museu Paulista vol. VIII, 
582 p. e VII estampas, (publicada a 15 de Maio). 


en 
a 
Lo 4 ee 


— ee 


Toute Devastação e conservação das mattas. 
Revista do Museu Paulista vol. VIII, p. 485-500 
(Conferencia realisada a 25 de Dezembro de 1910 
na Universidade Popular de Piracicaba). 

1911. Os insectos nocivos da figueira. Cha- 
caras ie © intaes vol. Ill n.92%p> o-1ideRem 
allemão: «Ueber suedbrasilianiscre Schaedlinge 
der Feige», Deutsche entomol. Nat. Bibliothek, 
Jahre, Peine 20-21. 

1911. As viagens de William John Burchell. 
Rev. Mus. Paul., VIII. p. 482-484. 

1911. Sur l'histoire des faunes terrestres des 
forétes du Brésil. Compt. rend. Acad. d. Scien- 
ces Parisien. 16, 16 detabul ip 1065 —o7- 

1911. A patria das nuvens de gafanhotos. 
Chacatas “e @usntaes, volaille nus. pere; 

1911. Phylogenie der Honighienen. Zool. 
Anzeiger. Bd: XXXVIII, Ausust 1911, ps 129- 
186 con oT die. 

1911. Die Umwandlungen des amerikanischen 
Continents waehrend der Tertiaer-Zeit ; mit 1 Ta- 
fel. Neues Jahrbuch fuer Mineralogie und Geo- 
logie, Beilage Bd. 32, 1911,1p. 1342176) com 
Est oy: 

1912. Zur Biologie der brasilianischen Me- 
liponiden, Zeitschrift f. wissenschaftliche Insek- 
tenbiologie “VIN ror> feitor pr ere 
p. 43-46. 

1912. Biologie und Verbreitung der brasi- 
lianischen Eciton Arten. Entomologische Mittei- 
lungen Bd. I, Berlin p. 226-236. 

1912. A ethnographia do Brazil meridional. 
Actos del XVII Congresso internacional de Ame- 
ricanistas, Buenos- Aires 1912, p. 256-264. 


* 
* * 


O Sr. Rodolpho von Ihering, além dos es- 
tudos z ologicos e de histologia que fez nos la- 


boratorios de Vienna e Pariz, dedicou-se no 
Museu ao estudo da systematica de varias fami- 
lias, quer de vertebrados (cobras e peixes), quer 
de insectos. Com relação a estes ultimos inves- 
tigou questões biologicas referentes a diversas 
especies prejudiciaes, sob ponto de vista econo 
mico ; outro thema interessante tanto sob pouto 
de vista biologico como histologico ao qual de- 
dicou especial attenção foi o estudo das «tato- 
ranas», as conhecidas lagartas urticanres das bor- 
boletas Megalopygidas. Estavam ainda ao cargo 
deste assistente do director os trabalhos de im- 
pressão das nossas publicações, bem como o 
atelier photographico. 


Publicações scientificas do s”. Rodolpho von lhering 


Na Revista do Museu Paulista vol. VIII. 

Os Amphibios do Brazil, I, Gymnophiona (fig. 
1-6) p. 89-11; 

Fosseis de São José do Rio Preto (fig. 1-2) 
P. 141-146; | 

As cobras do Brazil (fig. 1-35), Pp. 273-379; 

Álgumas especies novas de peixes d'agua doce, 
p. 380-404; 

Cobras e Amphibios das ilhotas de «Aguapé», 
P. 454-461 ; 

Algumas especies novas de Vespas solitarias, 
Pp. 462-475 ; 

Em outras publicações scientificas : 

As Moscas das fructas e sua destruição, 2." 
edição correcta e augmentada, folheto de so pa- 
ginas para distribuição gratuita pela Secretaria da 
Agricultura do Est. de S. Paulo. 

Numerosos artigos sobre varios assumptos mo- 
mentosos, de biologia e historia natural applica- 
da, em jornaes diarios e na revista agricola «Cha- 
caras e Quintaes». 


Trabalhos scientificos do sr. H. Luederwaldt 


Beitrag zur Ornithologie des Campo ltatiaya. 
Zoolog sche Jahrbuecher, Bd. XXVII, Heft 4, 
1909, p. 329-360. 

Insektenleben auf dem Campo Tiatiaya. Zeit- 
schrift fuer wissenschaftl. Insektenbiologie, Bd, 
XV 1910; He) up. 251-235. 

Vergiftungserscheinungen durch Verletzung mit- 
tels haariger oder dorniger Raupen. Zeitschrift 
fuer wissensch. Insektenbiologie Bd. XV, 1910 
Heft 11, p. 398-40T. 

Zur Biologie xweier brasilianischer Bienen. 
Zeitschrift fuer wissensch. Insektenbiologie, Bd. 
XV. 1910, Hetf 8/9, p. 297-298. 

Sphex striatus Sm. (Prionychus johannis Fabr.) 
bei seinem Brutgeschaeft. Ztschrft. fuer wisse nsch. 
Insektenbiologie, Bd. XV, 1910). Meith rae: 
Elo: 

Die Frasspuren von Cephaloleia deyrolh Bal. 
Zeitschrift fuer wissenschaft. Insektenbiologie, 


Bo. KM 19 ro; Eleit 2 dp. 51-63. 


Contribuição scientifica do sr. Adolpho Hempel, do 
Instituto Agronomico de Campinas, pu bii- 
cada pelo Museu Paulista. 

As coccidas do Brazil, Vol. IV dos «Catalo- 
gos da Fauna Brazileira» editados pelo Museu 
Paulista. 

Não ha negar que nestes ultimos annos o 
estudo das sciencias naturaes, acompanhando de 
longe embora, o desenvolvimento intellectual 
que se opera em todo o paiz, recebeu tambem 
um impulso apreciavel, principalmente no que 
diz respeito à sua applicação à medicina e à 
agricultura. 


Não é certamente só isto que aspiramos 
nós outros, que cultivamos as sciencias naturaes. 
Como qualquer ramo da biologia, a zoologia 
requer um estudo exhaustivo, aprofundado em 
todos os detalhes, quer sejam estes conhecimen- 
tos directamente aproveitaveis pelas outras scien- 
cias ou artes, quer não. Nem mesmo é possivel 
prever em caso algum, que serviços nos possam 
prestar taes noções; não raro muito indirecta- 
mente uma observação acurada vem esclarecer 
duvidas em se tratando de investigar problemas 
às vezes muitissimo diversos na apparencia. 

E” muito natural, entretanto, que agora, ao 
se Iniciar uma nova phase de estudos biclogi- 
cos, sejam elucidados de preferencia os proble- 
mas mais momentosos, estudos estes indispen- 
saveis para que se possa encontrar os remedios 
para grandes males ou molestias tanto do ho- 
mem como dos animaes ou das plantas. 

Uma vez encaminhados nestes estudos, mui- 
tos investigadores, incidentemente talvez, serão 
levados mais tarde a extender o seu campo de 
acção em zoologia, vindo assim auxiliar-nos na 
taréfa da investigação systematica e ecologica 
da fauna do nosso paiz. Emquanto que no Pará 
o Museu Goeldi num estorço isolado trabalha 
pelo estudo da fauna e flora da região amazo- 
nica, no Rio de Janeiro e em São Paulo os 
museus de historia natural são secundados nesta 
taréfa por varios outros institutos, especialmente 
de medicina ou hygiene e de agricultura, nos 
quaes investigadores conspicuos produzem traba- 
lhos utilissimos á zoologia pura. «Exempla sunt 
odiosa», mas não podemos resistir ao desejo de 
salientar os Institutos «Oswaldo Cruz» em Man- 
guinhos e o Agronomico de S. Paulo em Cam- 
pinas. E si a estes nos referimos em especial 
aqui, é porque são esses dous estabelecimentos 


que mais frequentemente nos enviam especimens 
para a respectiva classificação. Outras consultas 
nos foram dirigidas ainda por varios institutos, 
como o Serumtherapico do Butantan e o Insti- 
tuto Pasteur de S. Paulo, a Escola Agricola de 
Piracicaba, etc. 

De entre os particulares com os quaes aqui 
no paiz possamos manter relações de permuta, 
bem poucos ha e estes, quasi todos são colle- 
ccionadores de borboletas. Mencionaremos a este 
respeito os distinctos cavalheiros Srs. E. May e 
Julius Arp, ambos do Rio de Janeiro, com os 
quaes temos permutado com bom proveito para 
as nossas collecções. E’ muito natural que taes 
amadores escolham de preferencia um grupo de 
animaes attrahentes pela belleza das cores e ele- 
gancia das formas; deste modo tambem são os 
lepidopteros diurnos um dos grupos mais bem 
estudados da nossa fauna. Fazemos votos, porém, 
para que successivamente se va despertando en- 
tre esses nossos auxiliares amadores, o gosto 
pela collecção de outros insectos, talvez me- 
nos lindos, mas egualmente attrahentes, princi- 
palmente pelo interesse que desperta o estudo 
da sua ecologia. 


Lista das offertas recebidas pelo Museu Paulista 


Dr. José Marianno Filo (Rio de Janeiro), 
varios insectos, especialmente abelhas; 

Bel Fausto Lex (Barretos), — peixes raros, 
diversos insectos e fructos de palmeiras e Ma- 
racujá gigante (Passiflora macrocarpa) ; 

Fr. Civatli (Rio das Pedras) — 3 especies 
de palmeiras para o jardim botanico; 

Jeronymo Franco (Boa Esperança) — cedulas 
antigas para a coll. numismatica ; 


— 23 — 


Nicolau Soares (Uberaba) — idem ; 

Benedicto Cabral (S. Paulo) — idem ; 

Adolpho Ducke (Pará) — duas boeboletas ra- 
ras (Morpho hecuba) ; 

Prof. Chr. Enslen (54 Lomrenços Est: Rio 
Grande do Sul) — uma pequena collecç Eção; de 
borboletas e Phasmidas ; 

C. Schrottky (Puerto Bertoni, Paraguay) — 
varios mammiferos raros e uma collecção de 
conchas ; 

Antonio Chrispiniano B. Freire (S. Roque) — 
Columnas e florão de uma antiga igreja dos Je- 
Sumas de 54. Roque” 

Maurilio de Carvalho (Baurú) — 3 conchas 
do Pará (Strombus goliath) e estrellas do mar. 

‘Dr. Hermann von Ihering — 4 grandes pal- 
meiras «Butiã» e 4 Agaves para o jardim do 
Museu; 

Fr. Mayntzhusen (AI to Paraná, Paraguay)— 
uma valiosa collecção de objectos ethnographi- 
cos dos indios Guayaquis; 

A. Wachsmund (Cascata) — varios especimens 
para o herbario e diversos animaes; 

Ernesto Garbe (S. Paulo) — uma grande e 
valiosa collecção de borboletas em cerca de 400 
exemplares ; 

José Puga (Ituverava) — um coleoptero Me- 
gasoma ; 

Por intermedio da redacção do «Estado de 
S. Paulo» — 2 peixes fosseis da Serra do Ara- 
ripe, Ceará (Belonostomus comptoni e Rhaco- 
lespis buccalis); 

Conde de Prates (S. Paulo) — 14 aves em- 
palhadas ; 

Dr. Simões da Silva (Rio de Janeiro) — um 
sombreiro dos indios quechuas de Cuzco, Perú; 

Dr. Bueno de Miranda (S. Paulo) — casulo 
de Trichoptero ; 


— 24 — 


Dr. Alfredo Monteiro (Poços de Caldas) — 
pequenos mammiferos (Chironectes): 

Irmãos Dell’ Antonio (Pilar) — uma ave, 
«Suindara» (Strix flammea perlata) ; 

Dr. Hugo Luedecke (Museu de Porto Alegre) 
— varios insectos ; 

Instituto Pasteur (S. Paulo) — reptis, amphi- 
bios e um bugio (Alouata fusca) ; 

João Lindenberg (Minas Geraes) — duas lar- 
vas gigantescas de besouro (Megasoma) ; 

A. H. Schwarz aa R.' Gr do 
aves e biologia de 


Sul) 
es Haras : 

Jardim Publico da Capital de S. ‘Paulo — 
varios animaes mortos dos viveiros e um gua- 
ra (Canis jubatus); 

E. Gounelle (Paris) — varios Cerambycidas 
do. Brazil : 

Dr. Walter Horn (Berlim) — 30 especies de 
besouros da fam. Cicindelidae, em 64 exem- 
plares; 

Deutsche Tiej-See Expedition 1898-99 — 
(Allemanha) — varios insectos ; 

Zoologisches Institut der Universitaet Leipzig 
— uma pequena collecção de vermes ; 

Dr. E. Lynch Arribalzaga (Argentina) — col- 
lecção de gafanhotos argentinos. 


NEGROLOGIO 


Dr. Eugenio Hussak 


POR 


HERMANN VON IHERING 


Já uma vez consagramos nesta Revista (vol. II, 
1897, p. 17 ss.) um artigo biographico a um dos 
poucos naturalistas que entre nds se têm dedicado 
a estudos mineralogicos. Era admiravel a pacien- 
cia, a perseverança e devoção com que Henrique 
Bauer, em pleno sertão, longe dos centros da scien- 
cia soube proseguir nos seus estudos e analyses. 

Bem differente é o caso de Eugenio Hussak, 
cuja perda hoje lamentamos. Scientista de carreira, 
formado em universidades da Austria e Allemanha, 
tambem aqui no Brazil viveu sempre em contacto 
com collegas de alta competencia, tendo à mão não 
só sua rica collecçäo particular como ainda as dos 
estabelecimentos scientificos aos quaes dedicou suas 
forças e onde dispunha dos recessarios instrumentos 
opticos, bem como installação completa para analy- 
ses chimicas e a respectiva bibliotheca. Un natu- 
ralista de tão alta competencia, em circumstancias tão 
favoraveis, naturalmente devia occupar lugar saliente 
no serviço da exploração scientifica do paiz e po- 
demos dizer que era geral a confiança nas suas clas- 
sificações e que são tão numerosas como são valiosas 
as suas investigações sobre a petrographia do Brazil. 
Logo o seu primeiro trabalho no Estado de S. Paulo 
tratando dos «augito-porphyrites do Paranápanema» 
foi de alta importancia pratica, demonstrando a ori- 


o Gare 


2 


gem da «terra rôxa», que é apenas o producto da 
decomposição dos referidos mineraes. 

Emprehendendo esboçar aqui a vida e a obra 
scientifica de um fallecido amigo e collega, desejo 
em primeiro lugar patentear vu profundo pezar que 
os antigos companheiros do eminente scientista sen- 
tem por sua perda, e particularmente os que na 
Commissão Geographica e Geologica de S. Paulo e 
no Museu Paulista acompanharam de perto a sua 
grande actividade scientifica. O Museu do Estado, 
de conformidade com as boas rel:ções que o ligam 
áquella Commissäo, da qual antigamente fez parte, 
conserva em grata recordação a memoria do sau- 
doso companheiro de trabalho, ao qual além disto 
deve o obsequioso auxilio, prestado por numerosas 
informações sobre questões da sua especialidade. 

Deu-se mesmo o caso de uma interessante col- 
laboração entre elle e quem escreve estas linhas. 
Em 1903 appareceu em S. Paulo o sr. Christovam 
Barretto, de Amargosa, no Estado da Bahia, trazendo 
uma interessante collecçäo archeologica, que ao 
mesmo tempo envolvia a solução de um curioso pro- 
blema mineralogico que desde logo attrahiu a atten- 
ção não só do pessoal scientifico do Museu como 
ainda dos srs drs. Hussak, Derby: e rlorence da 
Commissäo Geographica. Sobre esta collecção, que 
foi adquirida pelo Museu do Estado, publiquei em 
1904 dous estudos, um no vol. VI desta Revista, 
p. 990-597 e outro no Relatorio do Congresso dos 
Americanistas, XVI Sessão em Stuttgart, Agosto 
1904, p. 507-515, que inclue o parecer do dr. Hussak 
sobre a constituição mineralogica do blóce bruto de 
nephrite que Christovam Barreto nos havia trazido 
de Amargosa. (Com este estudo ficou provada a 
occurrencia natural de nephrite no Brazil, cahindo 
assim a theoria de Barbosa Rodrigues, segundo a 
qual os artefactos indigenas de nephrite encontrados 
no Brazil teriam sido importados da Asia. O dr. 
Hussak voltou ao assumpto em outro estudo publi- 
cado em 1904 nos Annaes do Imperial Museu de 
Vienna (op. 5d). 


No seguinte esboço da vida e da obra scienti- 
fica de E. Hussak sigo o artigo que meu distincto 
amigo dr. Miguel Arrojado Lisbôa publicou no Jor- 
nal do Commercio do Rio de Janeiro de 7 de Ou- 
tubro de 1911; eu me teria limitado a reproduzil-o, 
se os motivos acima indicados e o ensejo de com- 
pletar os dados biographicos não me tivessem obri- 
gado a uma collaboração. 

As informações seguintes sobre a vida e os 
trabalhos de Hussak são, pois, essencialmente, da 
lavra do dr. M. Arrojado Lisbôa, que como um dos 
melhores conhecedores da geclogia do Brazil se pro- 
nuncia com a competencia que neste ramo da scien- 
cia me falta. Não cbstante, em muitos pontos o 
juizo emittido coincide quasi textualmente com o que 
eu disséra no necrologio que dediquei no Estado de 
São Paulo de 14 de Setembro de 1911 ao pran- 
teado scientista. Accrescentei ainda algumas infor- 
mações que devo à gentileza da exa. sra. d. Her- 
minia Hussak, viuva do illustre morto. 

«Quasi despercebida passou entre nôs a noticia do 
fallecimento do professor Eugenio Hussak, a 5 de 
Setembro, em um pequeno hotel da cidade de Caldas. 

O importante papel que representou no desen- 
volvimento da sciencia mineralogica e petrographica 
neste paiz, a sua nomeada entre os mestres consu- 
mados da sua especialidade e a sua consideravel ba- 
gagem scientifica exigem maior divulgação da sua 
vida e dos seus trabalhos. 

Francisco Eugenio Hussak nasceu em Wilden, 
em 10 de Março de 1858. Foram seus paes o ad- 
vogado John Hussak e Thereza von Wagner. Ca- 
sou-se em S. Paulo com d. Herminia Hennies, de 
quem hcuve dous filhos, ainda menores. 

Foi collegial do Gymnasio de Gratz, cuja Uni- 
versidade cursou. Passou-se a Leipzig, completando 
ahi os seus estudos de sciencias naturaes. Mas, foi 
voltando a Gratz que recebeu o grão de doutor em 
philosophia. 

Em Leipzig encontrou-se com o grande Fre- 
derico Zirkel e delle foi amado discipulo. 


en Fe 


Zirkel, allemão, foi um dos fundadores, é sa- 
bido, da moderna sciencia que recebeu o nome de 
petrographia. Sorby, inglez, mostrára, em 58, que 
as rochas podiam ser reduzidas a placas delgadas, 
de centesimos de millimetros de espessura. Ficära 
assim assignalada a diminuição da importancia dos 
caracteres morphologicos dos materiaes para a sua 
determinação : Sorby demonstrara a importancia da 
microscopia no estudo dos mineraes e das rochas. 

Com Zirkel, em Leipzig, iniciou-se Hussak no 
estudo microscopico dos mineraes e das rochas e 
delle receben certamente um grande influxo, muito 
maior do que o de Doelter, de quem foi assistente 
em Gratz. Daquelle mestre fallou sempre com ca- 
rinho e respeito pela sua auctoridade. 

Graduado, passou-se a Vienna d’Austriae, ahi, 
ouviu as lições de Tschermak. Serviu tres annos 
no Real Instituto Geologico. Preparou em Vienna 
o seu livro, impresso em Leipzig, em 85: «Anleitung 
zum Bastimman der gesteinbildenden Mineralien». 
Foi essa obra divulgada e traduzida em outros paizes. 
A edição norte-americana appareceu em 93, vertida 
pelo professor E. G. Smith, de Wisconsin. 

A esse tempo, pelo apparecimento da edição de 
Leipzig, em 85, estava firmada a sua reputação 
mundial como petrographo e mineralogista. 

Foi então chamado por Laspeyres à Allemanha. 
Como seu assistente esteve primeiro em Kiel e de- 
pois em Bonn. 

Esteve na Allemanha até 87. A sua bibliogra- 
phia de 76 a essa data, conta 21 numeros. Teve 
a rara fortuna de publicar, com o mesmo successo, 
livros para mestres e para principiantes: o seu «Ka- 
techismus der Mineralogie» foi um livrinho escolar 
que em 96 contava cinco edições allemãs. 


Nas Universidades e museus da Allemanha e 
da Austria examinara Eugenio Hussak algumas col- 
lecções brazileiras, de rochas e mineraes que, en- 
costadas, aguardavam classificação. Em Vienna vira 


as de Helmreichen, em Bonn as de Krantz, em 
Berlim examinéra uma velha collecção do Rio Grande 
do Sul. Em tudo vira grandes novidades. O Bra- 
zil seria a sua terra promettida. Hussak jamais 
gostou de esgravatar onde outros haviam trabalha- 
do. Não se aprazia em emendar e corrigir aos 
outros. Procurava sempre campos virgens de ob- 
servação. A sua resolução estava tomada. Iria ao 
Brazil. Seria questão de opportunidade. 

O acaso fel-o encontrar-se, em Bonn, com um 
discipulo brazileiro, Jordano Machado. Alexandre 
Brodowsky enviára de Callas, dos tuneis da Mo- 
gyana, uma variada collecçäo de rochas nephelini- 
cas, que o discipulo brazileiro escolhera para a sua 
these. Hussak acompanhou com esmero a elabo- 
ração e redacção do trabalho. Pelo seu microsco- 
pio, passaram, uma a uma, as delgadas laminas dos 
preparados. Tudo investigou e esmiuçou. A these 
de Jordano Machado foi uma estréa brilhante. Não 
teve sequencia; o petrographo estréante trocou o 
microscopio pela lavoura de café, 

Abandonou então Eugenio Hussak o seu logar 
de professor na Universidade e entregou-se à sorte 
de uma viagem com o seu discipulo; este, de uma 
feita, diante o enthusiasmo do mestre pela terra 
brazileira, confirmou as tradições hospitaleiras da 
sua patria, offerecendo-lhe por algum tempo, morada 
na fazenda de seu velho pae. 

De provações foram os primeiros tempos. Na 
velha fazenda não havia realmente occupação para 
um mineralogista... Labutar de dia na lavoura, à 
noute, ao descanso, desvendar os segredos da terra, 
eis uma perspectiva... Mas faltava-lhe o apparelha- 
mento. Nem microscopio, nem placas, nem o seu 
indispensavel laboratorio. Foram mezes de deses- 
pero. Havia que voltar à Allemanha. Faltavam- 
lhes recursos... 

Encontrou no Paço Imperial, solução provisoria 
para a sua vida. 

Ao Imperador disse alguem que o mineralo- 
gista, que Rosenbusch recommendava em elogiosa 


carta, estava aqui desoccupado. Passou então a dar 
prelecções a D. Pedro de Saxe. Um incidente per- 
turbou, logo, o curso das lições. O discipulo quiz 
caminhar com muita presteza... D. Pedro de Saxe 
desejou logo iniciar os seus estudos com a publi- 
cação de trabalhos originaes... O professor austriaco 
disse-lhe, muito fleugmaticamente, que ainda era 
cedo. Primeiro aprende-se e só depois é que se 
ensina... O Principe deu-se por offendido. O pro- 
fessor insistiu. A scena acabou por um gesto im- 
perativo... O professor tomou o caminho da porta, 
silencioso, humilhado, mas, inabalavel, a resmungar : 
«Primeiro aprende-se, depois é que se ensina»... 
Foi esta scena um prenuncio da fatal molestia que 
victimou o Principe discipulo... 

Hussak estava hospedado no velho hotel Be- 
resford, alli mesmo, em frente ao Paço, em Petro- 
polis. Foi arrumar a sua mala. Nesse mesmo dia 
queria deixar a cidade serrana. Foi um homem 
muito simples e nas crises da vida foi às vezes 
criança. Ao hoteleiro, contou, com simplicidade, a 
scena que o humilhára e as suas difficuldades finan- 
eciras. Este era philosopho e sagaz. Consoleu o 
professor e não o deixou partir... 

Pela manhã seguinte, à porta de Hussak batia 
com empenho o dr. Stoltz. Ia a mandado de D. Pe- 
dro Il, o Imperador magnanimo. Este pedia ao 
professor que fosse à sua presença. ussak com- 
pareceu logo, perfilado e reverente, como sabe sel-o 
um austriaco diante a Majestade Imperial. A satis- 
facção que. ao professor, não daria o Principe, pre- 
sente, deu-a com singeleza e carinho Sua Majesta- 
de... E as lições ainda continuaram por algum 
tempo, pouco tempo, é verdade... 

Foi Orville A. Derby, quem assegurou ao pe- 
trographo a sua adequada posição, na Commissäo 
Geographica e Geologica de S. Paulo. 

Foram vinte annos de brilho para a sciencia 
petrographica no Brazil.» 

Por numerosas viagens, o dr. Hussak familia- 
risou-se com grande parte do Brazil central e me- 


ridional. As suas primeiras excursões dirigiam-se 
ao valle do rio Ribeira e ao Estado de Parana. 
Como geologo do Planalto Central do Brazil tomou 
parte na exploração scientifica de parte do Estado 
de Goyaz, em 1892. Nesta viagem foi atacado da 
traiçoeira doença de beri-beri, restabelecendo-se 
completamente graças a uma viagem à Europa. 
Entregando-se mais tarde à exploração geologica 
do Estado da Bahia e especialmente do rio São 
Francisco, de novo o scientista foi atacado tão for- 
temente da mesma doença, que os transatlanticos 
se recusaram recebel-o para nova viagem à Europa. 
Por meio de telegramma ao director de uma das 
linhas de vapores, sr. Ballin, conseguiu o dr. Derby 
que afinal o dr. Hussak pndesse embarcar com rumo 
à Rotterdam. Depois dum tratamento que se ex- 
tendeu por dous mezes no hospital da universidade 
de Bonn, seguiu como reconvalescente para Meran. 
Não obstante os conselhos dos medicos, resolveu, 
depois de uma estadia de 8 mezes na Europa, voltar 
ao Brazil, onde reassumiu o seu cargo no Estado 
da São Paulo. D'aqui seguiu ainda ao Estado de 
Espirito Santo e em 1902 ao Estado de Minas, 


onde em Diamantina se deu ao estudo do minerio 


primitivo dos diamantes, extendendo as suas excur- 
sões até ao rio Jequitinhonha. 

Nos annos de 1903 e 1904 emprehendeu se- 
gunda viagem ao Eslado de Minas em companhia 
do engenheiro dr. Miguel Arrojado Lisboa, com a 
intenção de explorar as jazidas de platina e palladiura. 

No anno de 1908 acceitou o chamado do Go- 
verno Federal e desde aquelle tempo trabalhou no 
Serviço Geologico Nacional no Rio de Janeiro. In- 
felizmente a paralysia das extremidades inferiores 
tornou a molestal-o, atacando tambem o systema 
nervoso central. Nova viagem à Europa não deu 
o resultado desejado e debalde aqui procurou allivio 
nos banhos de Caldas, onde em 7 de setembro de 
1911 falleceu. 

A sua beila colleeção mineralogica bem como 
a sua bibliotheca foram adquiridas pelo Governo 


Federal, que as entregou ao Serviço Geologico. 
Graças à gentileza da sua viuva, d. Herminia Hus- 
sak, a bibliotheca do Museu Paulista tambem rece- 
beu uma rica série de publicações do pranteado 
collega. 

«EK’ notavel a obra de Eugenio Hussak. A sim- 
ples inspecção da sua bibliographia deixa patente a 
originalidade da sua producção. Favoreceu-lhe nisso 
tambem a natureza inexplorada do nosso paiz. Os 
seus trabalhos são, em regra, novas conquistas da 
sclencia. 

A mineralogia e a petrographia eram sciencia 
muito pouco cultivada entre nós. Ella se implan- 
tara aqui, com Gorceix, na Escola de Minas de 
Ouro Preto, mas, quando o professor austriaco che- 
gou a S. Paulo, realmente, ella não tinha, no paiz, 
cultor apparelhado con os detalhes da technica 
então moderna. na Europa. 

Em São Paulo, o acaso, diga-se, reuniu um 
geologo, um mineralogista petrographo e um chi- 
mico, todos emeritos nas suas sciencias. Taes eram 
Derby, Hussak e Florence. Tiveram de fazer tra- 
balho commum, com harmonia de vistas, e valeram- 
se mutuamente dos recursos das suas sciencias. Para 
solver os novos problemas tiveram de crear uma 
nova technica. Isoladamente nenhum delles teria 
produzido a sua obra, porque se não teria creado 
essa nova technica. 

A decomposição das rochas obrigou o geologo 
a estudal-as nos residuos da bateia, processo iniciado 
por John Gordon; nos mesmos residuos poude o 
mineralogista encontrar com facilidade reunidos os 
minusculos mineraes que estud: u, e o chimico teve 
necessidade de desenvolver a observação das reacções 
micro-chimicas nas perolas para o maçarico. 

Desse trabalho commum, e de aptidões espe- 
ciaes, resultou o surto brilhante das sciencias geo- 
logica, mineralogica e micro-chimica em S. Paulo. 
U seu progresso não tem agora sequencia. 

De Eugenio Hussak, póde dizer-se, foram todos 
os seus trabalhos contribuições a sciencia. 


Descobriu, estudou e descreveu grande numero 
de mineraes novos: Brasilita, Lewisita, Zirkelita, 
Tripuhyta, Derbilita, Senaita, Florencita, Chalmer- 
sita, Gorceixita. 

Ao Brazil, pagou o seu tributo de gratidão 
denominando brasilita o primeiro mineral novo que 
descobriu. Na moderna nomenclatura mineralogica 
fez figurar o nome de seus mestres, dos seus ccm- 
panheiros de trabalho: prestou homenagem a Chal- 
mers, o maior emprehendedor da mineração pro- 
funda no Brazil, e à Escola de Minas, na pessoa 
de Costa Senna. Foi, pois, reconhecido e até mes- 
mo gentil... 

Continuando o estudo iniciado por Derby, o 
mesmo desenvolvido na these de Jordano, deu con- 
sideravel impulso à petrographia das rochas ne- 
phelinicas e, de um modo geral, à das rochas eru- 
ptivas brazileiras. Pelo seu microscopio passaram, 
póde dizer-se, todas as rochas modernamente clas- 
sificadas, estudadas ou descriptas, de proveniencia 
brazileira. 

Tambem teve Hussak a sua obra anonyma, 
tanto nos trabalhos de discipulos como nos escriptos 
de profissionaes. 

Assignalou diversas substancias mineraes de 
valor economico : oxido de zirconeo em Caldas, pla- 
tina em Minas, carbonados e diamantes em S. Paulo, 
corindon, aqui e no Uruguay, cassiterita, monazita, 
e tantas, tantas outras, 

Para o estudo das jazidas mineraes deixou duas 
contribuições verdadeiramente notaveis, acolhidas 
com elevado interesse no meio scientifico europeu. 
Foram os estudos sobre a formação aurifera da 
Passagem e sobre a occorrencia do palladio e da 
platina no Brazil. Ao emprehender este ultimo. 
assignalou aos mestres russos, que lhe enviavam 
amostras do Ural, novidades de observação que lá 
haviam passado despercebidas. 

Emprehendeu um estudo systematico dos mi. 
neraes pesados, dos cascalhos diamantiferos, desen- 
volvendc consideravelmente esse trabalho que fora 


iniciado por H. Gorceix. Sobre esse assumpto deixa 
valiosa producção inédita. 

Ha anzos começãra a escrever uma mineralo- 
gia do Brazil. Da somma consideravel de trabalho 
original que publicou sobre o assumpto, das innu- 
meras observações inéditas que para essa obra guar- 
déra, da habilidade que mostrou escrevendo livros 
didacticos póde-se prevêr, esse seu novo volume 
encerraria a synthese de toda a sua obra minera- 
logista. A sua morte, ainda por isso, deve ser 
sinceramente lamentada. 

Foi um profundo mineralogista. Não foi geo- 
logo feliz. 

Deixou sinceros amigos; discipulos: no Brazil 
ou brazileiros, não deixou um so... Assim, ainda 
mais lamentavel foi a sua perda... 

A sua producção scientifica foi muito superior 
à cultura do nosso meio especializado. Por isso as 
futuras gerações brazileiras encontrarão na sua obra 
ainda maior encanto... 

Possa o paiz dar a sua vaga, no Serviço Mi- 
neralogico, a um digno substituto. 

A bibliographia completa de Eugenio Hussak 
mostrará como à competencia alliava grande acti- 
vidade.» 


NACHRUF 


Lecce end 


Dr, Eugen Hussak 
VON 


Dr. HERMANN VON IHERING 


(Mit Bildniss) 


Bereits einmal widmete diese Zeitschrift, (Band 
It, 1897. =. 17 ff,) einen biographischen Artikel 
einem der wenigen Naturforscher, welche sich un- 
ter uns mit dem Studium der Mineralogie beschäftig- 
ten. Bewundernswert war die Geduld, Ausdauer und 
Hingabe, womit Heinrich Bauer, abseits von den 
Zentren der Wissenschaft, im Hinterland (sertão) 
seinen Studien und Untersuchungen zu obliegen 
verstand. 

Sehr verschieden davon spielte sich das Le- 
ben Eugen Hussaks ab, dessen Verlust wir heute 
beklagen. Er, der Naturforscher von Beruf, war 
ausgebildet auf den Universitaeten Oesterreichs und 
Deutschlands, lebte auch hier in Brasilien stets in 
Fuehlung mit Collegen von anerkannter Autoritaet, 
verfuegte ueber eine eigene, reiche Sammlung und 
diejenigen der wissenschaftlichen Institute, denen er 
seine Kraft widmete und wo auch die notwendigen 
optischen Instrumente sowie ein vollstaendiges La- 
boratorium fuer chemische Analysen und eine ent- 
sprechende Bibliothek nicht fehlten. Ein Naturfor- 
scher von so hoher Befaehigung musste natuerlich 
unter so guenstigen Umstaenden einen hervorra- 
genden Platz im wissenschaftlichen Entdeckungs- 
Dienst des Landes einnehmen und wir koennen sagen, 


dass sich seine Bestimmungen allgemeinen Vertrau- 
ens erfreuten, wie ueberhaupt seine Studien ueber 
die Steinkunde Brasiliens ebenso zahlreich wie wert- 
voll sind. Schon seine erste Arbeit im Staate São 
Paulo ueber die «Augit-porphyrite des Paranapane- 
ma» war von grossem, praktischem Werte, indem sie 
den Ursprung der «Roten Erde» nachwies, die nur 
ein Zersetzungs-Produkt der bezueglichen Minerale ist. 

Wenn ich hier das Leben und wissenschaftli- 
che Werk des verstorbenen Freundes und Collegen 
skizziere, so wuensche ich in erster Lienie den tie- 
fen Schmerz zum Ausdruck zu bringen, den die 
chemaligen Collegen des eminenten Gelehrten ueber 
seinen Verlust empfinden, insbesondere diejenigen, 
welche in der Commissio Gecgraphico-Geologica 
und im Museu Paulista seine grosse wissenschaftli- 
che Wirksamkeit in der Naehe zu begleiten Gele- 
genheit hatten. 

Das Staatsmuseum bewahrt schon gemaess der 
guten Beziehungen, die es mit der genannten Com- 
missão, deren Unterabteilung es frueher war, un- 
terhaelt, ihrem lieben Mitarbeiter ein dankbares 
Andenken, zumal es sich ihm noch ueberdies fuer 
die Erteilung zahlreicher Informationen verpflichtet 
fuehlt. Trat doch sogar der Fall einer interessanten 
Zusammenarbeit des Verblichenen mit dem Direktor 
des Museums ein. Im Jahre 1903 erschien naem- 
lich hier der Herr Christovam Barreto aus Amar- 
gosa im Staate Bahia mit einer sehr interessanten 
archaeologischen Sammlung, welche zugleich die 
Loesung eines curiosen mineralogischen Problemes 
in sich schloss, eines Problemes, das ausser dem 
wissenschaftlichen Stab des Museums auch die Auf- 
merksamkeit der Herren Dr. Hussak, Derby und 
Florence von der Commissão Geographica auf sich 
gezogen hatte. Ueber diese Sammlung, welche das 
Museum erwarb, veroeffentlichte ieh im Jahre 1904 
zwei Studien, und zwar eine im VI. Bd. unserer 
Revista, p. 000-07 und eine andere in dem «Be- 
richt des Amerikanisten-Congresses, 14. Tagung, in 
Stuttgart, im August 1904, p. 507-515. In letzte- 


rem Essai hat auch das Gutachten Dr. Hussaks 
ueber die mineralogische Beschreibung des rohen 
Nephritblockes Platz gefunden, den uns Christovam 
Barreto aus Amargosa gebracht hat. Durch diese 
Arbeit wurde das natuerliche Vorkommen des Ne- 
phrites in Brasilien dargetan. Damit fiel aber die 
Theorie von Barboza Rodrigues, wonach die in 
Brasilien gefundenen Kunstprodukte von Nephrit 
aus Asien importiert worden seien. 

Im folgenden Abriss des Lebens und wissen- 
schaftlichen Wirkens von E. Hussak folge ich in 
der Hauptsache dem Artikel, den mein verehrter 
Freund Dr. Miguel Arrojado Lisboa am 7. Oktober 
1911 im «Jornal do Commercio» von Rio de Ja- 
neiro veroeffentlichte und auf dessen Wiedergabe 
ich mich beschraenkt haben wuerde, haetten nicht 
die oben angefuehrten Gruenae und der Wunsch, 
die dort gemachten Angaben zu vervollstaendigen, 
mich zu einer Mitarbeit bestimmt. 

Die folgenden Angaben ueber das Leben und 
die Arbeiten Hussaks stammen also hauptsaechlich 
aus der Feder Dr. Miguel Arrojado Lisbôa, der 
als einer der besten Kenner der Geologie Brasiliens 
sich mit dem Sachverstaendniss ausspricht, das mir - 
in diesem Zweige der Wissenschaft abgeht und 
dessen, Urteil trotzdem es in den meisten Punkten 
fast woertlich mit dem Nekrolog uebereinstimmt, 
den ich im «Estado de São Paulo» am 14. Sep- 
tember 1911 dem dahingeschiedenen Naturforscher 
gewidmet hatte. Ausserdem fuege ich noch einige 
weitere Daten ein, welche ich der Liebenswuerdig- 
keit der Frau Hermine Hussak, der Witwe un- 
seres ausgezeichneten Freundes, verdanke. 

«Fast unbeachtet circulierte unter uns die Notiz 
vom Tode des Professors Eugen Hussak, der am 5. 
September 1911 in einem kleinem Hotel der Stadt 
Caldas verschied. Die wichtige Rolle, welche der 
Verstorbene in der Entwicklung der Mineralogre 
und Gesteinskunde dieses Landes spielte, sein guter 
Name unter den anerkannten Meistern seines Faches, 
und seine ansehnlichen wissenschaftlichen Samm - 


= 3 Rees 


_lungen verdienen eine ausgedehntere Bekanntschaft 
mit seinem Leben und seinen Werken. 

Franz Eugen Hussak wurde in Wilden am 10. 
Maerz 1858 geboren. Seine Eltern waren der 
Rechtsanwalt Johann Hussak und Therese von Wa- 
ener. Er verheiratete sich in Sao Paulo mit Frau- 
lein Hermina Hennies, die zwei, noch minderjäh- 
rigen Sohnen das Leben schenkte. 

Er besuchte das Gymnasium und die Univer- 
sitaet zu Gratz. Zur Vervollstaendigung seiner 
naturwissenschaftlichen Studien siedelte er nach Leip- 
zig ueber. Er kehrte aber nach Gratz zurück, wo 
er zum Doctor der Philosophie promoviert wurde. 

In Leipzig machte er die Bekanntschaft des 
beruehmten Friedrich Zirkel, dessen Lieblingsschii- 
ler er wurde. Zirkel, ein Deutscher, war be- 
kanntlich einer der Begriinder der neuen Wissen- 
schaft, die den Namen Petrographie traegt. Der Eng- 
laender Sorby hatte 1858 gezeigt, dass man Steine 
zu feinen Plaettchen von hundertstel Millimetern 
reduzieren kann. Damit war eine bedeutende Ent- 
wertung der morphologischen Charaktere der Mi- 
nerale fuer deren Bestimmung gegeben: Sorby be: 
wies damit die Wichtigkeit des Mikroskopes fuer 
die Mineralogie und Steinkunde. Bei Zirkel in Leip- 
zig wurde Hussak in das mikroskopische Siudium 
der Minerale und Gesteine eingefuehrt und von 
jenem Gelehrten wurde er sicherlich sehr beein- 
flusst, mehr als von Doelter, dessen Assistent er 
in Gratz war. Von jenem Lehrer sprach er denn 
auch immer mit Liebe und mit Achtung vor seiner 
Autoritaet. 

Nach seiner Promotion ging er nach Wien, 
wo er die Vorlesungen von Tschermak hórte. Er 
arbeitete hier drei Jahre in der Koeniglichen Geo- 
logischen Reichsanstalt. 

In Wien machte er auch sein Buch: Anleitung 
zum Bestimmen der gesteinbildenden Mineralien» 
druckbereit, das im Jahre 1885 in Leipzig ge- 
druckt wurde. Dieses Werk fand auch in anderen 
Laendern Verbreitung und Uebersetzungen. So er- 


schien eine nord-amerikanische Uebersetzung 1898, 
welche von Professor E. G. Smith aus Wisconsin 
herriihrte. 

In jener Zeit begruendete das Erscheinen seines 
im Jaher 1885 zu Leipzig verdffentlichten Werkes 
seinen Weltruf als Petrograph und Mineralog. Da- 
mals berief ihn Laspeyres nach Deutschland, wo er 
als dessen Assistent zuerst in Kiel, dann in Bonn 
wirkte. Sein Aufenthalt in Deutschland waehrte bis 
zum Jahre 1887. Von se nen 66 Veroeffentlichungen 
erschienen in dieser Periode 21. Er hatte das sel- 
tene Geschick, mit dem gleichen Erfolge Buecher 
fuer Lehrer wie fiir Schueler zu veroeffentlichen : 
sein «Katechismus der Mineralogie» ist ein Schul- 
buch, das schon im Jahre 1896 in Deutschland 5 
Auflagen erlebte. 


An den Universitaeten und in den Museen 
Deutschlands und Oesterreichs untersuchte Eugen 
Hussak einige Sammlungen von Steinen und Mine- 
ralien aus Brasilien, die dort aufbewahrt wurden 
und ihrer Bestimmung harrten. So sah erin Wien 
die Sammlungen Helmreichens, in Bonn die von 
Krantz, in Berlin pruefte er eine alte Collection von 
Rio Grande do Sul. Ueberall sah er viel Neues ; 
Brasilien erschien ihm so als sein gelobtes Land. 
Hussak liebte es naemlich nicht, da herumzustoe- 
bern, wo andere schon gearbeitet hatten. Er ver- 
schmaehtes, andere zu ergaenzen und zu verbessern. 
Er suchte immer ein unbebautes Feld der Beobach- 
tung. Sein Entschluss stand darum fest; Er werde 
nach Brasilien gehen, wann, das haenge von der 
guenstigen Gelegenheit ab. 

In Bonn fuekrte ihn der Zufall mit einem bra- 
Silianischen Studenten, namens Jordano Machado 
zusammen. Alexander Brodowski hatte von Caldas 
aus den Tunneln der Mogyana eine bunte Samm- 
lung nephelinischen Gesteines geschickt, welche der 
brasilianische Student fuer seine These auswaeblte. 
Hussak begleitete mit Aufmerksamkeit die Azsar- 


beitung und Drucklegung der Arbeit. Stueck fuer 
Stucck der feinen Steinpræparate wurde unter das 
Mikroskop genommen. Alles untersuchte und priif- 
te er aufs genaueste. Die These Jordano Machados, 
war eine glaenzende Erstlingsarbeit. Es folgte ihr 
aber keine andere; der debutierende Steinkenner 
vertauschte das Mikroskop mit dem Kaffeebau. 

Damals gab Eugen Hussak seinen Piatz als Leh- 
rer an der Universitaet auf und begab sich mit 
seinem Schiiler auf gut Glueck auf die Reise. Der 
junge Brasilianer bewies bei dieser Gelegenheit an- 
gesichts des Enthusiasmusses seines Lehrers fuer sein 
brasilianisches Heimatland dessen traditionelle Gast- 
freundschaft, indem er dem Gelebrten fuer eine 
Zeitlang Wohnung auf der Fazenda seines alten Va- 
ters anbot. 

Die erste Zeit war voller Strapazen. Auf der 
alten Fazenda gab es wahrlich keine Arbeit fuer 
cinen Mineralogen... Tagsueber sich in der Land- 
wirtschaft abmuehen und nachts zur Erhodlung die 
Geheimnisse der Erde entschleiern, das war keine 
Perspektive : 

Dazu fehite ihm auch alles Arbeitsgeraete: weder 
Mikroskop noch Otjekttraeger noch das unentbehr- 
liche Laboratorium. Das waren Monate zum Ver- 
zweifeln. Er musste nach Deutschland zurueckkeh- 
ren. Hs fehlten ihm alle Subsistenzmittel... 

Da fand sich am kaiserlichen Hof eine vorlaeu- 
fige Loesung fuer seine Zukunft... 

Jemand sagte dem Kaiser, dass der Minera- 
loge, den Rosenbusch in einem schmeichelhaftten 
Briefe empfahl, sich dort beschaeftigungslos aufhalte. 
Daraufhin erhielt er die Vorlesungen fuer den kai- 
serlichen Prinzen Dom Pedro von Sachsen. Ein 
Zwischenfall stoerte jedoch alsbald den Unterrichts- 
kurs. Der Schueler wollte naemlich mit grosser 
Eile vorangehen: Dom Pedro von Sachsen wollte 
seine Studien mit der Publikation von Original-Ar- 
beiten beginnen. Der oesterreichische Professor 
erklaerte ihm aber in aller Gemuetsruhe, das sei 
noch zu frueh. Zuerst muesse man lernen, bevor 


— 41 — 


man Ichren wolle. Durch diesen Bescheid hielt sich 
der Prinz beleidigt. Doch der Lehrer bestand auf 
seinen Standpunkt. Die Scene endete mit einer 
gebieterischen Gebaerde... Der Lehrer nahm seinen 
Weg zur Tuere, wortlos, gedemuetigt, aber uner- 
schuetterlich, wobei er wohlin den Bart gemurmelt 
haben wird: «Zuerst muss man sich ausbilden, be- 
vor man sich etwas einbildet»... Dieser Vorfall war 
ein Anzeichen der fatalen Krankheit, der spaeter 
der prinzliche Schueler zum Opfer tiel... 

Hussak logierte im alten Beresford-Hotel, das 
gerade dem kaiserlichen Palais im Petropolis ge- 
genueberliegt. Er ging daran, seinen Koffer zu pa- 
cken. Noch am naemlichen Tage wollte er die 
Bergstadt verlassen. Er war eben ein äusserst ein- 
facher Mensch und in den Zeiten von Lebenskrisen 
benahm er sich zuweilen wie ein Kind. Dem Ho- 
telbesitzer erzaehlte er ganz harmlos den ganzen 
Vorgang, durch den er sich gedemuetigt fuehlte 
und gestand zugleich seine pekuniaeren Verlegen 
heiten. Der Wirt war ein Philosoph und ein 
Schlauberger. Er troestete den Professor und liess 
ihn nicht abreisen... 

Am anderen Morgen klcpfte Dr. Stoltz mit 
Ungestuem an Hussaks Tuere. Er kam im Auftrag 
des hochherzigen Kaisers Dom Pedro II. Dieser 
liess den Professor bitten, vor ihm zu erscheinen. 
Hussak trat gleich darauf vor den Kaiser, aufrecht 
und doch mit Ebrfurcht, wie sich eben ein Oes- 
terreicher vor der kaiserlichen Majestaet zu geben 
versteht. Die Genugtunng, welche dem Professor 
der auch anwesende Prinz nicht gegeben haben 
wuerde, gab ihm mit ungekuenstelter Liebenswuer- 
digkeit Seine Majestaet... 

Darauf hin wurden die Unterrichtsstunden noch 
cine Zeit lang fortgefuehrt, nur kurze Zeit allerdings... 

Orville A. Derby sicherte dem Petrographen 
cine angemessene Anstellung in der Commissão Geo- 
graphica e Geologica von Sao Paulo. Nun folgten 
20 glanzvolle Jahre fuer die Mineralogie in Bra- 
silien». 


— 42 — 


Durch zahlreiche Reisen wurde Dr. Hussak 
mit cinem grossen Teil von Central und Suedbrasilien 
bekannt. Seine ersten Excursionen gingen ins Ri- 
beira-Tal und nach dem Staate von Paraná. Als 
Geologe der Commissão do Planalto Central do 
Brazil (Commission fuer das Centrale Hochplateau 
von Brasilien) war er an der wissenschaftlichen 
Erforschung eines Teiles des Staates von Goyaz in 
Jahre 1892 tätig. Auf dieser Reise wurde er von dem 
boesartigen Beriberi-Leiden heimgesucht, wovon er 
sich nur durch eine Europa-Reise erholte. Spaeter 
unternahm er die geologische Erforschung des Staa- 
tes Bahia und besonders des S. Francisco-Stromes. 
Dabei befiel ihn abermals dieselbe Krankheit, dies- 
mal aber so heftig, dass die Dampfer sich wei- 
gerten, ihn fuer eine neue Reise nach Europa mit- 
zunehmen. Nur durch ein Telegramm an den Di- 
rektor jener Linie, Herrn Ballin, erreichte Dr. Derby 
schliesslich, dass Dr. Hussak sich nach Rotterdam 
einschiffen konnte. Nach einer mehr als zweimonat- 
ligen Behandlung in der Universitaets- Klinik zu Bonn 
begab er sich als Reconvalescent nach Meran. 
Trotz des aerztlichen Abratens beschloss er nach 
einem mehr denn 8 monatlichen Aufenthalt seine 
Rueckreise nach Brasilien, wo er seinen Dienst in 
Sao Paulo wieder aufnahm. Von da begab er sich 
nach dem Staate Espirito Santo und im Jahre 1902 
nach Minas, wo er dem Studium des Urgesteines 
der Diamanten oblag. Seine Excursionen fuehrten 
ihn hier bis an den Jequitinonha-Fluss. In den Jah- 
ren 1903 u. 1904 unternahm er eine zweite Reise 
nach dem Staate Minas in Gesellschaft des Inge- 
nieurs Dr. Miguel Arrojado Lisboa mit der Absicht 
die Platin-und Palladium-Lager zu untersuchen. 

Im Jahre 1908 folgte er cinem Rufe der Fe- 
deral-Regierung nach Rio, wo er seitdem im geo- 
logischen Dienst wirkte. Ungluecklicherweise kehr- 
te die Laehmung der unteren Extremitaeten wie- 
der, die sich auch auf das Centralnervensystem er- 
streckte. Eine neue Reise nach Europa gab nicht 
den erwarteten Erfolg und vergebens suchte er 


hier in den Baedern von Caldas eine Besserung. 
Hier starb er am 7. September 1911. 

Seine herrliche Mineraliensammlung wie seine 
Bibliothek wurden durch die Regierung angekauft 
und dem Geologischen Amt ueberwiesen. Dank der 
Liebenswuerdigkeit seiner Witwe, der Frau Her- 
mina Hussak, erhielt auch die Bibliothek des Mu- 
seu Paulista eine reiche Serie der Arbeiten des zu 
frueh dahingeschiedenen Collegen. 

Das Lebenswerk Eugen Hussaks verdient alle 
Beachtung. Schon ein fluechtiger Blick auf das 
Verzeichnis seiner Verceffentlichungen offenbart die 
Originalitaet seines Schaffens. Dabei beguenstigte 
ihn allerdings auch die Unerchlossenheit unseres 
Landes. Daher sind seine Arbeiten in der Hegel 
neue Eroberungen fuer die Wissenschaft. Die Mine- 
ralogie und die Petrographie wurde zuvor unter 
uns wenig gepflegt Man machte sie hier durch 
Gorceix an der Bergbauschule von Ouro Preto hei- 
misch, als aber Hussak nach São Paulo kam, hatte 
sie im Lande keinen einzigen Vertreter, der sich 
auf die Details der damals im gebideten Europa 
ueblichen wissenschaftlichen Technik  verstanden 
haette. | 

Man koennte sagen, der Zufall habe in São 
Paulo einen Geologen, einen Mineralogen und Pe- 
trographen und einen Chemiker zusammengefuehrt, 
alles in ihren Disciplinen verdiente Gelehrte. Es 
waren Derby, Hussak und Florence. Sie hatten ein 
gemeinsames Werk zu leisten unter einheitlichen 
Gesichtspunkten, wobei sie sich gegenseitig mit den 
Hilfsmitteln ihres jeweiligen I'aches unterstuetzten. 
Um die neuen Probleme zu loesen hatten, sie eine 
neue Technik zu schaffen. Allein wire keiner mit 
seiner Arbeit fertig geworden, weil diese neue Te- 
chnik nicht zustande gekommen sein wuerde. 

Die Zerlegung (Decomposition) der Gesteine 
zwang den Geologen, sie aus den Rueckstaenden 
in den Waschschalen zu studieren, ein Prozess, der 
von John Gordon eingefuehrt wurde; in denselben 
Rueckstaenden konnte der Mineraloge mit Leichtig- 


keit die Kristalle finden, die er studierte und der 
Chemiker musste die Beobachtungen der chemisch- 
mikroskopischen Reaktionen weiterentwickeln durch 
das Loetrohr. Von den besonderen Vorzuegen 
dieser Zusammenarbeit ruehrt der glaenzende Auf- 
schwung der Geologie, Mineralogie und Mikro- 
Chemie in São Paulo her. Dieser Fortschritt haelt 
heute nicht mehr an. Von Eugen Hussak kann 
man sagen, dass alle seine Arbeiten Bereicherangen 
der Wissenschaft waren. 

Er entdeckte, studierte und beschrieb eine 
grosse Anzahl neuer Minerale, wie Brasilita, Lewi- 
sita, Zirkelita, Tripunita, Senaita, Florencita, Chal- 
mersita und Gorceixita. 

Den Tribut seiner Dankbarkeit erwies der Ge- 
lehrte Brasilien, indem er das erste neuentdeckte 
Mineral Brasilita benannte. In die moderne No- 
menclatur der Minerale fuehrte er die Namen sei- 
uer Lehrer und Arbeitskollegen ein: so huldigte er 
Chalmers, dem besten Kenner der brasilianischen 
Tiefengesteine, und der Bergbauschule in der Per- 
son Costa Sennas. Indem er das von Derby be- 
gonnene Studium fortsetzte, gab er durch die Aus- 
arbeitung der These von Jordan der Petrographie 
der nephelinischen Gesteine und damit der brasilia- 
nischen Eruptivgesteine ueberhaupt einen maechti- 
gen Anstoss. Man kann sagen, dass alle neu klas- 
sifizierten, studierten und beschriebenen Steine bra- 
silianischer Herkunft sein Mikroskop passierten. 

Ausserdem leistete Hussak auch eine sogenann- 
te anonyme Arbeit, in den Arbeiten seiner Schue- 
ler und in Fachschriften. 

Kr wies verschiedene mineralische Substanzen 
von wirtschaftiichem Werte nach: so das Zirco-oxyd 
in Caldas, das Platin in Minas, Carbonat und Dia- 
manten in Sao Paulo, Corindon ebenda und in Uru- 
guay, Cassiterita, Monazit und viele, viele andere. 
Fuer das Studium der Erzlager hinterliess er zwei 
äusserst bemerkenswerte Beitræge, welche mit hoh- 
em Interesse in den europaeischen wissenschaftlichen, 
Kreisen aufgenommen wurden. Es waren dies dic 


Studien ueber die goldfuehrende Formation von 
Passagem und ueber das Vorkommen des Palla- 
diums und Platins in Brasilien. Bei dieser letzten 
Arbeit wies er die russischen Fachleute, welche ihm 
Proben aus dem Ural geschickt hatten, auf neue 
Beobachtungen hin, welche dort unbeachtet geblie- 
ben waren. 

Er betrieb ein systematisches Studium der 
Schwermetalle und der Diamantkiese und fuehrte 
so das von Gorceix begonnene Werk betraechtlich 
weiter. Darueber hinterlies er ein unverôffentlichtes 
wertvolles Material. 

Schon vor Jahres hatte er begonnen, eine Mi- 
neralogie von Brasilien zu schreiben. Aus der statt- 
lichen Summe seiner darueber publizierten Origi- 
nal-Arbeiten und den unverOffentlichten zahlreichen 
Beobachtungen, welche er fuer dieses Werk auf- 
bewahrte, sowie aus der Geschicklichkeit, die er 
in der Abfassung von Lehrbuechern bewies, laesst 
sich vorausahnen, dass dieses sein neuestes Werk 
die Summe seiner ganzen mineralogischen Lebens- 
arbeit dargestellt haben wuerde. Sein Tod ist 
daher auch noch aus diesem Gesichtspunkt zu be- 
klagen. Er war ein tiefgruendiger Mineraloge, aber 
kein besonders gluecklicher Geologe. 

Er hinterliess aufrichtige Freunde und Schue- 
ler; in Brasilien oder unter den Brasilianern aber 
nicht einen einzigen... Umso beklagenswerter ist 
sonach sein Verlustm. 

Seine wissenschafttiche Produkticn uebertrifft 
um vieles die des Betriebes unseres wissenschaft- 
lichen Milieus. Deshalb werden seine Werke ei 
nen noch groesseren Beifall bei den kuenftigen bra- 
silianischen Generationen finden. 


Moege das Land die Luecke im mineralogi- 
schen Dienst, durch Berufung eines wiirdigen Nach- 
folgers ausfuellen koennen. 

Das vollstaendige Verzeichnis der Publikationen 
zeigt, wie Eugen Hussak mit grosser Sachkenntnis 
eine grosse Wirksamkeit verband. 


Bibliographre der avissenschafilichen Arberten 
Dr. Eugen Hussaks 


1 — 1876 — Eruptivgetein von Krecszowice. 
Verhandlung der k. k. geologischen Reichsanstalt 
1876. 73. Vienna, 1876. 

2 — 1878 — Die basaltischen Laven der Eifei. 
Sitzungsberichte der K. K. Akademie der Wis- 
senschaften zu Wien. LXXVIL, April 1878. Vien- 
na, 1878. 

3 — 1878. — Mikroskepische Beobachtungen 
(Heminth, Zirkon, Schlacke). Tschermaks munera- 
logische und petrographische Mitleilungen. 1878. 
1. 275-279. Vienna, 1878. 

4 — 1878 — Ueber den sogenannten Hy- 
persthen-Andesit von St. Egidi in Untersteiermark. 
Verhandlung der K. K. geologischen Reichsan- 
stalt. 1878, 338-340. Vienna, 1878. 

o — 1878 — Die Trachyte von Gleichenberg. 
Mitteillungen des naturwissenschafilichen Vereins 
für Sterermark. Graz, 1878. 

6 — 187& — Beiträge zur Kenntniss der Erup- 
tivgesteine der Umgegend von Chemnitz. Sitzungs- 
berichte der k. kh. Akademie der Wissenschaften 
zu Wien. 1878, LXXXIL, 114-231. Vienna, 1878. 

7 — 1880 — Eruptivgesteine von Schemnitz. 
Augit-Andesit von St. Egidi. Neues Jahrbuch für 
Mineralogie. 1880. J. 287. Stuttgart. 1880. 

S — 1881 — Pikritporphyr von Steierdorf, 
Banat. Verhandlung der k. k. geologischen Reichs- 
anstalt. 1881, n. 14, 258-262, Vierna, 1881. 

9 — 1882 — Ueber einige slpine Serpentine. 
Tschermaks mineralogische und petrographische 
Mitteilungen, 1882, V. 61-81. Viena, 1882. 

10 — 1883 — Ueber den Cordierit in vulka- 
nischen Auswiirflingen. Sitzungsberichte der kh. k. 
Akademie der Wissenschaften zu Wien. 1883. 
i XXXVII, April, 322-360. Vienna, 1883. 

11 — 1883 — Basalt und Tuff Ban im Bara- 
nyer Comitat. Zschermaks mineralogische und pe- 


trographische Mitteclungen. 1883, V. 289-291. Vien- 
na, 1883. 

12 — 1883 — & A. Peiz — Das Trachyt- 
gebiet der Rhoope, Jahrbuch der K. K. geologischen 
Reichsanstalt, XX XIII, 115-130. Vienna, 1883; Ref. : 
Neues Jahrbuch f. Min. Geo., 1884, I. 70. 

13 — 1884 — & C. Doelter. Ueber die Ein- 
wirkung geschmolzener Magmen aus verschiedenen 
Mineralien. Neues Jahrbuch f. Miner. Geol., 1884, 
I. 18. Stuttgart. 

14 — 1884 — Mineralogische und Petrogra- 
phische Notizen aus Steiermark III: Ueber das Auf- 
treten porphyritischer Eruptivgesteine im Bacherge- 
birge. Verhandlung der k. k. geologischen Reichs- 
anstalt, 1884, p. 247. Vienna, 1884. 

15 — 1885 — Ueber einen verglasten Sandstein 
von Ottendorf. Tschermaks mineralogische und pe- 
trographische Mitteilungen, 1883, V, 529. Vienna, 
1884. 

16 — 1885 — Ueber Eruptivgesteine von Stei- 
erdorf im Banat. Verhandlung der k. kh. geologi- 
schen Reichsanstalt. 1885, 185. Vienna, 1885. 

17 — 1885 — Anleitung zum Bestimmen der 
gesteinhildenden Mineralien. Leipzig. 1885 Engli- . 
sche Ausgabe von E. G. Smith, Nova York, 1886; 
2.2 edição, 1893. 

IS — 1885 — Ueber es und Aus- 
scheidungen in Eruptivgesteinen. Neues Jahrbuch 
fiir Mineralogie, 1885, I, 78-80. ‘Stuttgart. 1885. 

19 — 1885 — Ueber den feldspathführenden 
kornigen Kalk von Stainz. Mitteilungen des natur- 
wissenschaftlichen Vereins für Steiermark. Graz. 
1885. 

20 — 1885 — Ueber die Verbreitung des Cor- 
dierits in Gesteinen. Neues Jahrbuch für Minera- 
logre. 1885. IT, 81. Stuttgart, 1885. 

21 — 1887 — Ein Beitrag zur Kenntniss der 
optischen Anomalien im Flussspath. Zeitschrift für 
Krystallographie und Mineralogie. 1887, XU, 093, 
Leipzig. 1887. 
| 22 — 1889 — Notas ah a sobre os 


augito-porphyritos do Paranapanema. Boletim n. 2, 
da Commissao Geographica e Geologica da Pro- 
vncia de S. Paulo, 35-39. 8. S. Paulo. 1889. 

23 — 1890 — Ueber Leucit Pseudokrystalle 
im Phonolith (Tinguait) der Serra de Tinguá, Estado 
do Rio de Janeiro. Brazil. Neues Jahrbuch für 
Mineralogie, 1890, 1, 166-169. Briefliche Mittei- 
lungen. Stuttgart. 

24 — 1890 — & G. Woitschach. Repetitorium 
der Mineralogie und Petrographie fiir Studirende 
der Naturwissenschaften. Breslau. 

29 — 1891 — & Francisco de Paula Oliveira. 
Reconhecimento geologico do valle do rio Para- 
napanema. Boletim da Commissão Geographica e 
Geologica da Provincia de S. Paulo. N. 2, 1889, 
3-31. S. Paulo. 1889. 

Abstract: Neues Jahrbuch für Mineralogie, 
1891, I, 303-304. (Referate). 

26 -- 1840 — Contribuições mineralogicas e 
petrographicas. I, Notas sobre zeolitos do Augito- 
Porphyrito de S. Paulo e Santa Catharina. IJ. Es- 
tudos de um cascalho aurifero virgem do valle da 
Ribeira. III Pseudo-crystaes de leucita em phonolito 
(tinguaito) da serra do Tinguá. IV. Interessante en- 
domorphose por acção de contacto de augito-por- 
phyrito com grez; rio Tiété. Estado de S. Paulo. 
V. Phyllitas com oltrelita e com magnetita do Es- 
tado de S. Paulo. VI. Noticia resumida sobre a 
occurrencia de corindon em S. Paulo. Boletim da 
Comissão Geographica e Geologica do Estado 
ders. Paulo Nit; SÃO. 

27 — 1891 — Ueber cubischen Pyrop und 
microscopische Diamanten aus diamantfiihrenden San- 
den Brasiliens. Annalen desk. k. Naturhistorischen 
Hofmuseums, IV, 113-115. Vienna, 1891. 

28 — 1891 — Noticia dos mineraes das areias 
diamantiferas da Bagagem e Agua Suja. Em «Ja- 
sidas diamantiferas de Agua Suja», por Gonzaga de 
Campos, Rio de Janeiro. S. Paulo. 1890. Abstract : 
American Journal of Science, 3. séries, XLII 
(CXLII). 1892, 77-79. Abstract: Zertschrift für 


Krystallographie und Mineralogie, XXI, 405, 408. 
Leipzig, 1895. 

29 — 1895 — Ueber Brazilit, ein neues Tan- 
tal (Niob) Mineral von der Hisenmine Jacupiranga. 
Siid São Paulo, 141-146, II Ueber brasilianische 
Leucitgesteine 147-158. IIT Nochmals die Leucit- 
Pseudokrystall Frage —Neues Jahrbuch für Mine- 
ralogre. 1892. I, 141-159. Abstract in American 
Journal of Science. XLV. (CXLV). 164-164 New 
Haven. 1898. 

*O — 1893 — Sobre o deposito diamantifero 
de Agua Svja perto de Bagagem. Minas Geraes. 
Relatorio parcial da Commissão exploradora do 
planalto central do Brazil, pelo Dr. Luiz Gruls, 
105 128. Rio de Janeiro. 1893. 

3! — 1894 — Mineralogische Notizen aus Bra- 
silien. (Part: IL.) \6 Ueber den Baddelyt (Syn, 
Brazilit) von der Eisenmine Jacupiranga in S. Paulo 
(295-411). 7 Ueber Schwefelkrystalle in zersetzten 
Pyriten der Umgebung vou Ouro Preto in Minas 
Geraes (411-412). 8 Ueber Skoroditkrystalle von 
der Gold Mine Antonio Pereira bei Ouro Preto 
(412-413) Tsehermaks mineralogische und petro- 
graphische Milteilungen. N. F. XIV, 1894, 295-- 
413. (2 plantes). Vienna, 1895. Abstract of n. 6 
Mineralogical Mag. and Jour. Miner. Soc. 1895. 
XI, n. 50, 110-111. Abstract of n. 6. Neues Jahr- 
buch fur Mineralogie, 1896, I, 14-216. Abstract: 
Zeitschrift. fiir Kristallographie und Mineralogie, 
XXVI, 324-325. Leipzig. 1897. 1894. Sobre a es- 
tructura geologica da região do Estado de Goyaz, 
examinada pela Commissäo Exploradora do planalto 
Central. Relatorio apresentado pelo Dr. Luiz Cruls. 
Rio de Janeiro. ? 

32 — 1895 — Mineralogische Notizen aus Bra- 
silien, Brookit. Cassiterit, Xenotim Monazit und 
Kuklas. (Part I) Tschermaks mineralogische und 
petrographische Mitteilungen, n. F. XII, 357-375, 
Wien, 1891, Abstract. Zeitschrift fii Krystallo- 
graphie und Mineralogie (Groth), XXIV, 429 430. 
Leipzig, 1895. 


33 — 1895 — Ueber Brazilit. Neues Jahr- 
buch für Mineralogie. 1893, 11, 89. Briefliche Mit- 
teilnnger. Abstract: Zeitschrift fir Krystalogra- 
plie und Mineralogie (Groth), XXIV, 164-166. 
Leipzig. 

34 — 1895 — Ueber ein neues Perowskit- 
Vorkommem in Verbindung mit Magneteisenstein 
von Catalão, Staat Goyaz, Brasilien. (Mit einem 
Holzschnitt) Newes Jahrbuch fiir Mineralogie, 1894, 
11, 297-300. Abstract: Magnetic iron ore in Brasil: 
Journal Iron and Steel Institute, XLVI, 286-287, 
London, 1895. 

do — 1896 — Katechismus der Mineralogie, 
9. edição. Leipzig, 1896. 

36 — 1896 — (& G. T. Prior). Lewisit 
and Zickelite, tow new Brasilian minerals. Minera- 
logical Magazine and Journal of the Mineralo- 
gical Socrety. 1895, XI, 80-88. Reprint, 1-9. Abs- 
tract: American Journal of Science, Ath séries, 
T. (CLI), 71-72. New Haven 1896. 

37 — 1897 — Sobre a occurrencia de cinabrio 
em Tripuhy, Minas Geraes. Revista Industrial de 
Minas Geraes. Anno LV, n. 23, 191-293. Ourc 
Preto, 20 de Abril 1897. 

3S) Aer —= a GOP ae Priors On sine 
puhyte, a new antiminate of iron from Tripuhy, 
Brasil. Mineralogical Magazine and Journal of 
the Mineralogical Socrety. XI, 302, 1897. Separate. 
Abstract: American Journal oj Science, 4th séries. 
V. 1898 (CLV). 316. Abstract: Bulletin de la So- 
crêté Française de Mineralogie, XXI, 86, Paris, 
1898. Abstract: Zertschrift fiir Krystalographie 
and Mineralogie. XXXI 185-186. Leipzig, 1899. 

39 — 1898 — Ueber ein neues Vorkommen 
von Baddeleyit als accessorischer Gemengteil der 
jacupirangitähnlichen basischen Ausscheidungen des 
Nephelinsyenites von Alno, Schweden. Neues Jahr- 
buch für Mineralogie, 1898, I, 228-229. Stuttgart, 
1898. 

40 — 1897 — Das Zinnober-Vorkommen von 
Tripuhy in Minas Geraes, Brasilien, Zectschre/t für 


— SI — 


praktische Geologie. Februar, 1897, €3-67. Berlin, 
1897. Abstract: Zeuschrift fiir Krystalographie 
und Mineralogie, XXXII, 185, Leipzig, 1900. 

44 — 1898 — (& G. T. Prior). On Der- 
bylite, a new antimonotitanite of iron from Tripuhy, 
Brasil. Mineralogical Magazine, 1897, XI, n. 92, 
176-179, London, 1398, Reprint 1-14. Abstract : 
Neues Jahrbuch fiir Mineralogie, 1898, II, 196- 
197. Abstract: Bulletin de la Societé Française 
de Mineralogie, XXI, 133 134.. Paris, 1896. 

42 — 1898 — Ueber eine merkwiirdige Um- 
wandlung und secundäre Zwillingsbildung des Bro- 
okits von Cipó, Minas Geraes, Brasilien. Newes Jahr- 
buch für Mineralogie, 1898. Il. 99-101, plate. 
Stuttgart, 1898. Abstract: Zectschiaft für Krysta- 
lographie und Mineralogie. XXXIII. 180. Leipzig, 
1900. 

43 — 1898 — Der goldführende, kiesige Quarz- 
lagergang von Passagem in Minas Geraes, Brasilien, 
Zeitschrift fiir praktische Geologie Oktober. 1898, 
349-397, Figuren. Berlin, 1898. Partial abstract by 
W. Lindgren: Transactions American Institut: of 
Mining Ergineers, 1900, XXX, 626-612, II. New 
York. 1901. Abstract: Zeetschrift fur Kiistalogra - 
phie und Mineralogie, XXXII, 207-208. . eipzig, 
1900. 

44 — 1898 — Mineralogische Notizen aus Bra- 
silien (Part IIL). 9 Ein Beitrag zur Kenntniss der 
sogenannten “Iavas” des brasilianischen Diamant- 
sandes 334-341. 10. Die mineralischen Begleiter 
des Bahianischen Diamanten 342-359. Tschermaks 
Mineralogische und petrographische Mitteilungen, 
N. F. XVII, 1893, 334-399. Vienna, 1899. 

45 — 1900 — (& G. Prior) On Senait, a 
new mineral belonging to the limenit group from 
Brazil. Mineralogical Magazine, June, 1898, XII, 
ns. 04-30-32. London, 1898. Abstract: Bulletin de 
la Société Française de Mineralogie, XXI, 178. 
Paris, 1898. Abstract: Zectschift für Kristallogra- 
sa und Mineralogie, XXII, 272-274. Leipzig, 
1900. 


46 — 1900 — Ueber ein leukokrates gemisch- 
tes Ganggestein der Serra de Caldas, Brasilien. Neves 
Jahrbuch fur Mineralogie, 1900, J, 22-27. Stutt- 
gart, 1900. . 

47 — 1900 — (&G. T. Prior). Flor: neite a 
new hydrated phosphate of aluminium and the 
cerium earths from Brazil. Meneralogical Magazine, 
XII, ns. 57 244-248. London, 1900. Abstract : Ame- 
rican Jounal of Science, GLX, 404. New Haven, 
1900. Abstract: Zeetschiyt fiir Kristallographie und 
Mineralogie, XXXVI, 165-166. (Groth), Leipzig, 
1902. 


48 — 190! — Katechismus der Mineralogie. 
6. edição Leipzig, 1901. 
49 — 1903 -- Nota sobre a chalmersita, mi- 


neral do grupo da Chalcosina, encontrado na mina 
do Morro Velho. Annaes da Escola de Minas, n. 6, 
91-97. Ouro Preto, 1903. 

50 — 190% — Sobre a raspita do Sumidouro, 
Estado de Minas Geraes. Annaes da Escola de 
Minas, n. 6, 99-103. 1902. Ouro Preto, 1908. 

91 — 1903 -- Ueber den Raspit im Sumi- 
douro, Minas Geraes, Brasilien, Centralblatt für Mi- 
neralogie, Geologie and Palãeontologie, Jahrgang 
1908 p. 723-725. Abstract: Zeitscnrift für Minera- 
logie and Krystallographie XLI. Leipzig, 1906 p. 
647-648. 

o2 — 1903 — (& Reitinger J). Ueber Mona- 
zit, Xenotim, Senait und natürliches Zirkonoxyd 
aus Brasilien. Zeitschrift fiir Krystallograplue, 
XXXVII, 550579. Ill, Leipzig, 1903. Abstract: 
Mining Magazine XI, 398 London, 1903. 

03 — 1904 — Ueber Chalmersit, ein neues 
Sulfid der Kupferglanzgruppe von der Goldmine 
“Morro Velho” in Minas Geraes, Brasilien. Central- 
blatt fur Mineralogie, Geologie and Palieontologie, 
1902, n. 3, 69-72. Stuttgart, 1902. Abstract: Eng- 
lish translation in Transactions of the Institution 
of Mining Engineers, XXV, 798, New Castle upon 
Tyne, 1904. 

D4 — 1904 — Ueber die Microstructur einiger 


brasilianischer Titanmagneteisensteine. Neues Jahr- 
buch f. Miner. Geolg., 1904, I, 94-113. 

09 — 1904 — Ueber das Vorkommen von Pal- 
ladium und Platin in Brasilien. Sitzungsberichte 
der K. K. Akademie d. Wissenschaften zu Wien. 
Math. nat. Klasse, Bd. CXIII, Abh. I. Vienna, 1904. 
Abstract: under title: Occurence of Palladium and 
Platinum in Brasil, American Journal of Science, 
CLXIX, 397-399, May, 1905. 
© 06 — 19404 — Mineralogische Notizen aus 
Brasilien. (Ueber einen neuen Chondritfall, nahe 
Uberaba in Minas Geraes, über Nephrit von Bay- 
tinga in Bahia und über Hamlinit aus diamant- 
fiihrenden Sanden von Diamantina. Minas Geraes), 
Annalen des K. Kk. Naturhistorischen Hofmuseums, 
XIX, Heft J, 85-95. Vienna. 1904. Abstract: Ame- 
rican Journal of Science, CLXIX, 202 203, Feb. 
1905. 

OT — 1904 — Ueber das natiirliche Vorkom- 
men von Nephrit in Brasilien. Briefliche Mitteilungen 
aus Dr. H. v. Iherings Bericht des Internationalem 
Amerikanisten Congresses XIV. Tagung Stuttgart, 
1905 p. 510-514. 

OS — 1906 — Ueber Atopit aus den Mangan- 
erzgruppen von Miguel Burnier, Minas Geraes, 
Brasilien. Centralblatt fiir Mineralogie, Geologie 
und Paliiontologie, 1905, n. &, 240-245. Stuttgart, 
1905. 

09 — 1906 — Ueber das Vorkommen von 
gediegenem Kupfer in den Diabasen von S. Paulo. 
Centralblatt fur Mineralogie, Geologie und Pa- 
läontologie, 1906, n. 11, 333-335. Stuttgart, 1906. 

60 — 1906 -~ Ueber Gyrolith und andere Zeo- 
lithe aus dem Diabas von Mogy-Guassu, Staat S. 
Paulo, Brasilien. Centralblatt fiir Mineralogie, 
Geologie und Paliiontologie, 1906, n. 11, 330-332. 
Stuttgart, 1906. 

61 — 1906 — Ueber die chemische Zusam- 
mensetzung des Chalmersit. Centralblatt fiir Mi- 
neralogie, Geologie und Palüontologie, 1906, n. 11, 
392-3933. Stuttgart, Juni, 1906. 


— 4 — 


02 — 1966 — Ueber die Maganerzlager aus 
Brasilien. Zeuschraft fiir praktische Geologie, XIV, 
Juli, 1906, 237-239. Berlin, 1: 06. 

€3 — 1906 — Ueber das Vorkommen von 
Palladium und Platin in Brasilien. Zeitschrift für 
praktische Geologie, XIV, Sept. 1906, 284-298. 
Berlin, 1906. Traducçäo de M. A. R. Lisboa, pu- 
blicada com o titulo de “O Palladio e a platina no 
Brasil. Annaes da Escola de Minas de Ouro Preto, 
n. 8, 77-188. Ouro Preto (1906). Separate. Resumé : 
Neues Jahrbuch fiir Mineralogre, 1, 1905, 246-348. 

64 — 1906 — Ueber die sogenannten “Phos- 
phat-Favas” des diamautführenden Sandes Brasi- 
liens. Tschermak's Mineralogische und Petrogra- 
phische Mitteilungen, N. F. XXV. 335-331. Wien, 
1906. Abstract: Bulletin Société Française de Mi- 
neralogie, XXIX, 368-370. Paris, 19u6. 

65 — 1007 — Ueber Hussahit. Centralblatt 
fur Mineralogie, Geologie und Paläontologie Jahrg. 
1907 p. 533-536. 

66 — 1908 — Ueber die Diamantlager im We- 
sten des Staates Minas Geraes und der angrenzenden 
Staaten S. Paulo und Goyaz, Brasilien. Zeitschrift fiir 
praktische Geologie, XIV Okt. 1906, 318-333. Ber- 
lin, 1906. Abstract: Neues Jahrbuch fiir Mineralogie, 
1903.41) 169; 

67 — 1909 — Ein neues Vorkommen von Phe- 
nakit in Brasilien, Centralblatt f. Miner. Geol. etc., 
n. 9, 268-270. Stuttgart: 


NECROLOGIO 
Dr. Theodor Peckolt 


POR 


HERMANN VON IHERING 


A cidade do Rio de Janeiro, que na metade 
do seculo passado se ufanava nos circulos scienti- 
ficos interessadcs no estudo da nossa flora, de uma 
pleiade de excellentes naturalistas da altura de W. 
Schwacke, João Barboza Rodrigues, A. F. M. Glazi- 
ou, E. Ule, P. Dusen e outros, perdeu neste anno 
na pessoa do venerando mestre, a cuja memoria 
este necrologio é dedicado, o ultimo grande traba- 
lhador daquella epoca, o nestor dos naturalistas do 
Brazil. Theodor Peckolt, que ainda na quadra dos © 
seus 80 a 90 annos não descançava de sua faina 
scientifica, publicando as suas ricas experiencias, 
falleceu a 21 de setembro de 1912. Os dados, que 
nos servem de base para esta biographia, são tira- 
dos principalmente das seguintes fontes : 

a) Fr. Hoffmann. Pharmazeutische Rundschau, 
New York, vol. X, 1892. p. 263-265: Theodor 
Peckolt (com retrato); 

b) B. Reber. Gallerie hervorragender Thera- 
peutiker und Pharmakognosten der Gegenwart, Ge- 
nève, 1897 p. 125-129 : Theodor Peckolt (com re- 
rato e indice de publicações) ; 

c) J. Urban. Martii Flora brasiliensis vol. I, 1, 
1906 p. 74: Theodor Peckolt ; 

d) Henrique Carlos Carpenter. «Jornal do Com- 
mercio». Rio de Janeiro, 20 de outubro de 1912: 
Theodor Pekolt ; 


«Certos acontecimentos», diz H. C. Carpenter, 
«pela importancia que assumem, não devem ficar em 
silencio, principalmente se esses acontecimentos fi- 
guraram nas paginas da Historia, registrando, entre 
outras virtudes, aquellas que determinados indivi- 
duos possuiram e exerceram, e que servirão de 
exemplo e de admiração para os contemporaneos e 
para os posteros.» 

«E” sabido que os homens que possuem virtu- 
des e dons excepcionaes entregam-se e dedicam-se 
às suas vocações, pouco se importando muitas vezes 
do juizo, que delles fazemos, antes querendo tra- 
balhar no silencio, com receio de serem pertubados 
nas arduas tarefas a que se entregam. 

O sr. dr. Theodoro Peckolt, ha pouco falleci- 
do, está incluido no numero destes homens extra- 
ordinarios que só tem em vista realizar a vocação 
extraordinaria que o destino lhes traçou e ter como 
prazer e honra a satisfação do homem. que cumpriu 
o dever. 

Pouco conhecido em nosso meio pela excessi- 
va modestia que o caracterizava, deixa, não obs- 
tante, innumeros amigos e discipulos. 

Não deveremos silenciar sobre o desappareci- 
mento de entre os vivos do dr. Theodoro Peckolt, 
porque seu nome está gravado na Historia das 
Sciencias que elle illustrou com numerosos traba- 
lhos originaes e não devemos deixar que a im- 
prensa extrangeira, primeiro do que nós, lhe teste- 
munhe a admiração e a gratidão, pois foi no Brazil 
que elle desenvolveu sua prodigiosa actividade, sem- 
pre em beneficio da sciencia, do allivio dos seus 
semelhantes. 

Muito poucos dentre nós podem avaliar o va- 
lor deste homem extraordinario, porque seu immen- 
so trabalho foi ao mesmo tempo prodigioso e si- 
lencioso, embora sempre persistente e honesto. 

Neste trabalho, todo em pról do engrandeci- 
mento das sciencias que abraçou e que tão alto 
elevou, gastou uma preciosa vida sem procurar, e 
até evitando o applauso e a publicidade do valor 


Foram seus progenitores o Capitão de lancei- 
ros Carlos Peckolt, fazendeiro, e d. Eleonora Alcker- 
mann Peckolt. 

Filho de pais pobres, teve rudes principios e 
triumphou na vida só confiado em seu trabalho, 
que foi por elle honrado, e immortalisou seu nome, 
o qual elle lega a seus numerosos descendentes, 
brazileiros distinctos, em destaque na sociedade em 
que vivem. 

Peckolt era um grande amigo do Brazil, e 
interessava-se por tudo aquillo que a elle se rela- 
clonasse : suas finanças, seus homens, seus destinos. 

Acompanhava com verdadeira sympathia todos 
os progressos materiaes e moraes deste grande paiz. 

Assiduo leitor do Jornal do Commercio, co- 
nhecia e discutia nossas cousas e homens politicos 
e a todos surprehendiam a exactidão de seus concei- 
tos e a originalidade de suas apreciações, em as- 
sumptos tão extranhos aos seus labores absorven- 
tes e quasi exclusivos da chimica e da botanica. 

E' que Peckolt aportara ao Brazilem Novem- 
bro de 1847, permanecendo entre nós 65 annos, 
assistindo assim à principal phase historica de nossa 
patria e à constituição da nossa nacionalidade.» 

Em Setembro de 1848 Peckolt começou a ex- 
ploração do paiz; viajava montando um cavallo que 
havia adquirido com as suas primeiras economias, 
nos Estados de Rio de Janeiro, Espirito Santo e 
Minas. Naquella epoca não existiam estradas de 
ferro e os caminhos eram os mais primitivos, mas 
a grande hospitalidade, que caracterisa a população 
do sertão, abriu-lhe as portas. Ilavia então bem 
poucos medicos no interior das provincias e os co- 
nhecimentos pharmaceuticos do jovem naturalista 
collocavam-no na posição vantajosa de poder prestar 
reaes serviços aos doentes que o consultavam. Em 
compensação destes serviços recebia, alem dos ho- 
norarios, interessantes objectos da historia natural, 
valiosas contribuições para a sua collecção botanica. 
Em começo do anno de 185) demorou-se Peckolt 
algum tempo entre os Botocudos Nac-nanouc do 


O methodo que tanto contribuiu para os suc- 
cessos sempre crescentes e nunca interrompidos que 
elle obteve no mundo scientifico, o escravisou por 
completo. 

Levantava-se cedo, sempre à mesma hora, 
6 1/2 da manhã. 

Tomava uma frugal refeição: café ou choco- 
late, conservas ou doces em lata (só se utilizava de 
productos por elle analysados, o que fazia de graça, 
recommendando-os aos amigos intimos). 

A’s 8 horas da manhã abandonava sua confor- 
tavel residencia da rua Haddock Lobo, em demanda 
da sua pharmacia da rua da Quitanda. 

Ahi chegado, lia demoradamente o Jornal do 
Commercio. 

Das 10 172 da manhã, até ds 3 1,2 da tarde, 
entregava-se ao estudo das plantas, analysando-as 
em seu laboratorio, que possue perfeito apparelha- 
mento para analyses. 

Das 4 as 9 da tarde, dedicava-se aos assum- 
ptos commerciaes de sua casa, retirando-se depois 
para sua residencia. 

Após o jantar das 8 horas da noute, até tarde, 
preparava a collaboração numerosa que mandava 
para todas as revistas pharmaceuticas da Europa e 
da America. 

Não descançava aos domingos: desde pela ma- 
nha até altas horas da noute, dedicava-se à betanica, 
classificação de plantas e registro dos trabalhos 
scientificos que havia executado durante a semana. 

Nunca o vimos distrahir-se. Nunca o vimos 
afastar-se do programma que era seguido paciente- 
mente dia após dia, mez após mez, anno após 
anno... 

EK" que talvez, como Ernesto Renan, Peckolt 
achava que o melhor meio de se distrahir era va- 
riar de occupação. 

É assim viveu mais de 90 annos. 

Nasceu aos 13 de Julho de 1822 em Pechern 
(Niederlausitz) na Silesia, provincia allemã e falle- 
ceu a 21 de Setembro de 1912 no Rio de Janeiro, 


de suas descobertas, e principalmente sem procurar 
obter auxilios da Nação Brazileira que lhe é de- 
vedora de inestimaveis serviços. 

Tornou conhecida dos centros scientificos não 
sómente a riqueza de nossa flora pelo numero de 
suas raras especies, como tambem pelas suas pro- 
priedades de gozo, alimentação e curativas. 

Muitas dezenas, centenas de especialidades phar- 
maceuticas, utilizadas aqui e no extrangeiro, são 
descobertas do dr. Theodoro Peckolt, que dellas não 
tirou privilegio, nem outro proveito senão o de ter 
tido a honra de ser o primeiro a ter o conheci- 
mento de suas propriedades para que outros as 
explorassem em proveito de seus semelhantes e de 
si mesmos, 

Se quizessemos citar o numero das plantas que 
elle analysou qualitativa e quantitativamente, teriamos 
que citar para mais de 6.000, todas ellas indigenas, 
desconhecidas, ou então utilizadas empiricamente, 
sem que suas propriedades physicas e chimicas 
fossem conhecidas. 

Só quem conviveu com este sabio e só quem 
conhece as difficuldades que taes emprehendimen- 
tos acarretam, mórmente quando são realizadas às 
expensas do proprio investigador, é que póde dar o 
devido valor à força da vontade, à intellectualidade 
alliada à experimentação, cousas que raramente se 
encontram no mesmo individuo, como no dr. Peckolt, 
que a estas qualidades juntava uma erudição muito 
pouco vulgar. 

Como elle, ainda não temos exemplo de ta- 
manha capacidade de trabalho. 

Seu trabalho não era desordenado, mas, como 
em todos os actos de sua vida, se desenvolveu com 
a precisão do mais rigoroso methodo. 

Dirigia e geria a antiga e conceituada phar- 
macia Peckolt, e, apezar dos muitos affazeres, lhe 
sobrava o tempo para realizar a obra que legou e 
que o immortalizará, e que, sendo scientificamente 
apreciada, se verá que só podia ser executada por 
uma organização privilegiada, como era a de Peckolt. 


— D = 


Rio Doce, voltando em seguida ao Rio de Janeiro. 
Os recursos que lhe fornecera a excursão pelo ser- 
tão permittiram a Peckolt apresentar-se ao exame 
pharmaceutico no Rio de Janeiro e em Novembro 
de 1251 abriu uma pharmacia em Cantagallo no 
Estado do Rio de Janeiro. Em Cantagallo naquel- 
le tempo havia ricas plantações de café e bellas 
mattas intactas, explendido campo para as pesquizas 
do jovem botanico. Nada menos de 17 annos re- 
sidiu Peckolt em Cantagallo, ganhando ahi o pro- 
fundo conhecimento de nossa flora que o distinguiu. 
Tambem com algumas questões zoologicas vemol-o 
occupado e foi particularmente um bom serviço 
prestado a sciencia o estudo das Trigoniidas, das 
abelhas sociaes do Brazil As abelhas referentes às 
suas observações biologicas foram classificadas pelo 
competente especialista, Frederic Smith, do British 
Museum, mas na remessa succedeu que varios 
numeros foram trocados, o que determinou confusão 
de nomes. Graças a algumas cartas que trocamos 
a respeito, conseguimos elucidar o assumpto, e desta 
forma pude aproveitar do melhor modo as obser- 
vações de Peckolt na minha monographia sobre a 
Biologia das abelhas sociaes do Brazil (op. 210). 
Cantagallo attingiu naquella epoca, uma impor- 
tancia para a investigação da natureza do Brazil 
como depois nunca mais alcançou. O emerito H. 
Burmeister la esteve algum tempo; Carlos Euler 
alli dedicou-se ao estudo da biologia das aves. O 
trabalho de Euler é de tanto valor que o Museu 
Paulista se gaba de ter prestado um bom serviço 
aos estudantes da ornithologia brazileira, reeditan- 
do-o em portuguez no volume IV de sua Revista, 
em uma segunda edição revisionada, traduzida do 
allemão. Como Euler, tambem Peckolt procedeu de 
modo criterioso, não procurando celebrizar seu no- 
me por meio de descripções de novas especies, mas 
dedicando-se a estudos biologicos, destinados a apro- 
fundar nossos conhecimentos. Já naquelle tempo os 
trabalhos scientificos de Peckolt tinham o caracter 
elevado que lhe grangeou amigos e admiradores em 


== OT == 


todos os paizes. Successivamente elle estudou as 
plantas brazileiras das diversas familias, observando 
as condições nas quaes vivem e se multiplicam, co- 
lhendo dos caipiras informações sobre as suas deno- 
minações triviaes, seu uso e suas propriedades phar- 
maceuticas. O herbario fornecia-lhe os meios para 
comparação morphologica das numerosas especies e 
no laboratorio aprofundava o trabalho, dando infor- 
mações detalhadas sobre a composição chimica das 
plantas medicinaes, de seus alcaloides e outras sub- 
stancias extractivas. Não conhecemos exemplo de 
outro naturalista, versado egualmente em estudos bo- 
tanicos e chimicos, que tão profundamente tivesse 
estudado e esclarecido por invastigações proprias o 
estudo economico, pharmaceutico e chimico de qual- 
quer flora tropical. E” singular nestas circumstan- 
cias que os resultados do consciencioso e incansavel 
scientista tivessem sido tão pouco conhecidos e apre- 
ciados como foram, nesta sua segunda patria. 

Em assumptos historicos e politicos tambem só 
se preoccupava e interessava pelo Brazil, isolado do 
resto do mundo, menos do mundo dos phenomenos 
naturaes, cujo estudo absorveu toda sua attenção. 

Não que fosse participante do principio de Se-- 
neca whe bene, ibi patria. 

Era brazileiro de coração, porque fundas im- 
pressões lhe causára nossa patria. Aqui chegando, 
não ficou no Rio de Janeiro. 

Internou-se pelo interior, penetrou em nossas 
florestas virgens à procura de plantas e todos os 
materiaes que se relacionassem com a historia na- 
tural, enviando para o Museu Nacional e para os 
museus allemães especimens raros ou importantes 
que encontrava em suas excursões. 

Nestas excursões se via a braços com difficul- 
dades de toda especie, tendo por diversas vezes sido 
atacado pelos Botocudos, que das nossas diversas 
tribus de indigenas era a mais temida por seus 
combates e traiçoeiros ataques. Triumphou, porém, 
destas difficuldades presenteando estes selvagens com 
rosarios, fitas de cores, canivetes e mais tarde estes 


— 62. 


selvagens tornaram-se seus amigos e auxiliares nas 
excursões que realizava, sendo as principaes atra- 
véz de toda a serra dos Orgãos. 

Percorreu grande parte do valle do Parahyba 
e margens dos rios Pomba e Canoé. 

Atravessou grande parte do Estado de Minas, 
fazendo na cidade de Diamantina seu centro de 
excursão. 

Alimentava-se nestas excursões exclusivamente 
de pesca e caça que ns selvagens procuravam para 
a subsistencia, passando grandes privações. 

Dormia ao relento, nas praias e margens dos 
rios e muita vez expoz-se ao ataque dos selvagens 
e das féras. 

Contava que uma das mais serias contrarieda- 
des por que havia passado foi a travessia do rio 
S. Antonio, que fazia numa canda que vinha repleta 
de plantas raras por elle colhidas, colleccionadas e 
classificadas, sossobrando a canôa e morrendo a tri- 
pulação, perdendo elle grande parte de seu precioso 
trabalho, salvando, porêm, a vida. 

Foi nestas excursões que Theodoro Peckolt 
começou a celebrizar-se. 

Colheu objectos raros, desconhecidos, que, en- 
riquecem nosso Museu Nicional e principalmente 
os museus allemães e os de Stockolmo e Upsala. 

Muitas plantas novas collecionou e classificou, 
que foram, por pessoas competentes no extrangeiro 
julgadas de valor. Muitas destas plantas ainda hoje 
enriquecem os jardins botanicos de Berlim e Munich, 
Datam deste tempo as solidas relações estabelecidas 
com dr. von Martius, auctor da «Flora Brasiliensis», 
obra monumental e immorredora, na qual Peckolt 
foi talvez o principal collaborador pelos materiaes 
fornecidos: plantas, flores e sementes, por elle co- 
lhidas, colleccionadas e classificadas e enviadas ao 
sabio allemão. 

Mas será tempo de continuarmos a biographia 
do nosso sabio. 

Theodoro Peckolt cursou humanidades no Gym- 
nasio de Friedeberg. 


er oq 


Foi depois pratico de pharmacia, primeiro na 
cidade de Friebel, onde permaneceu até 1841, e 
depois nas cidades de Meseritz, Waldeck, Neu- 
brandenburg, a primeira na Polonia e as outras no 
Ducado de Mecklemburg. 

Como pratico destas pharmacias, Peckolt reve- 
lou sua poderosa vocação, e o Governo allemão 
nomeou-o pharmaceutico militar, o que não o sa- 
tisfez, matriculando-se nas Universidades de Rostok 
e Gottingen, onde alcançou nota de approvação 
brilhante. 

Não sómente elle se distinguia neste curso 
universitario entre seus pares, como grangeou tam- 
bem a sympathia de seus professores, entre os quaes 
conta-se o dr. Reichenbach que o enviou com carta 
de recommendação para o Director do Jardim Bo- 
tanico de Hamburgo, onde se collocou. 

Ahi fez amizade com os sabios Drs. von Mar- 
tius, Eichler, Wiegand, Goeppert, Daniel Hanbury 
em Londres, Oberdoerfer em Hamburgo e Dietrich 
em Praga e outros, que, reconhecendo as aptidões 
de Peckolt, o aconselharam a sahir daquelle campo 
estreito e a vir estudar a flora tropical, ao que elle 
accedeu, pouco depois, embarcando no navio «In- 
dependencia», a 28 de Setembro de 1817, chegan- 
do ao Rio de Janeiro a fins de Novembro desse 
mesmo anno, gastando na travessia 60 dias. 

Collocou-se no Rio como pratico de pharma- 
cia e, estabelecendo relações com pessoas do interior 
do Estado do Rio, para lá partiu, satisfazendo assim 
suas ambições de naturalista. 

Foi neste periodo que realizou as excursões 
que acima enumeramos, e quando colheu as boas e 
difficultosas collecções. 

Possuidor destas collecções, veio ao Rio. Ex- 
portou-as para a Aliemanha e nesta occasião fez o 
exame de sufficiencia na Faculdade de Medicina do 
Rio, obtendo seu diploma de pharmaceutico. De novo 
regressou para o Estado do Rio, fixando resi- 
dencia na cidade de Cantagallo,, onde se relacionou 
com a familia do pastor protestante Frederico Sau- 


erbronn, o fundador da cidade de Nova Friburgo ; 
vasou-se em 1854, com a filha deste, d. Henri- 
queta Sauerbronn. 

Sendo alli empregado de pharmacia, no curto 
espaço de 8 annos fez a analyse qualitativa e quan- 
titativa de cerca de 3.000 plantas. 

Em 1868, voltou ao Rio de Janeiro, fundando 
a Pharmacia e Drogaria Peckolt. 

Pubhcou muitos artigos e particularmente obras 
sobre Zoologia, Botanica, Entomologia. 

Sobre estes assumptos, foi o principal collabo- 
rador de todas as revistas que se publicam na Al- 
lemanha do Norte. 

Publicou tambem muitos artigos originaes no 
Jornal Geral Pharmaceutico da Austria, Jornal 
Pharmaceutico Dic Rundschau; Jornal Pharmaceuti- 
co de Nova-York ; Bericht, (Jornal) da Sociedade Al- 
lema de Pharmacia de Berlim. 

Além destes trabalhos originaes, pnblicou 437 
numeros de analyses de plantas, côcos, raizes, ve- 
getaes. 

Km virtude de suas descobertas que se succe- 
diam todos os dias, obteve muitos titulos honorifi- 
cos, dentre os quaes destacamos por serem os pri- 
cipaes : 

Em 1852 foi nomeado Membro Correspondente 
da Real Sociedade Botanica de Regensburg. 

Em 1853, igual distincçäo da Real Sociedade 
Pharmaceutica da Allemanha. 

Nas Exposições Geraes do Rio de Janeiro que 
se realizaram de 1861 a 1866, obteve medalhas de 
ouro e os numerosos productos pcr elle expostos, 
constando de productos pharmacognosticos, essencias, 
oleos, novos alcaloides, o Governo Imperial os jul- 
gou de tão grande valor que os adquirio e enviou 
para Londres e Pariz, onde figuraram nas exposi- 
ções, alli realizadas, sendo altamente apreciados. 

Na Exposição Geral de 1870 obteve o Grande Di- 
ploina de Honra. 

Já desde 1862 que D. Pedro IT havia apreciado 
o fecundo trabalho de Peckolt, e quando publicou 


— 65 — 


nessa data diversos fasciculos e monographias, foi 
condecorado com o Officialato da Ordem da Rosa. 


Em 1863, a Academia Nacional de Medicina 
do Rio o admittio como membro. 


Em 1864 a Academia Celebre Cesario Leopol- 
dina Carolina Germanica propoz que por decreto 
fosse nomeado, como effectivamente o foi, com ti- 
tulo unico e honrosissimo de Doctor Honoris Causa. 


Em 1265 foi nomeado Membro Correspondente 
de todas as sociedades pharmaceuticas da Austria e 
da Russia. 


Em 1869 foi agraciado pelo Rei da Suecia 
com o titulo de Commendador da Estrella do Nor- 
te e membro honorario correspondente da Sociedade 
de Geologia de Buenos Aires. 

Em 1887 foi acceito como socio honorario das 
sociedades pharmaceuticas da Inglaterra. 

O dr. Flueckiger, illustrado Professor de Phar- 
macognosia na Universidade de Strassburgo, em seu 
testamento constituio o dr. Theodoro Peckolt mem- 
bro da Directoria do Jury da Medalha Flueckiger. 

Em 1885 o dr. Fournier, Professor de Bota- 
nica de Pariz, e que é autor da Secção Asclepiada- 
ceas da grande obra «Flora Brasiliensis» de von 
Martius, deu denominação a um novo genero que 
classificou de Peckoltia. 

EK” socio honorario da Sociedade Pharmaceu- 
tica de Berlim. 

Aos 13 de Julho de 1892, quando completou 
Peckolt 70 annos, recebeu um valiosissimo presen- 
te: um rico album com 125 photographias de pro- 
fessores de Universidades allemãs, francezas, ingle- 
zas, austriacas a norte-americanas, todas com cari- 
nhosas e distinctas dedicatorias e assignaturas au- 
thenticas. 

A enumeração das publicações scientificas do 
Dr. Peckolt segue ao fim da traducção allema. 

Não podemos concluir de melhcr modo este 
necrologio do que fazendo nossas as palavras com 
as quaes o Snr. H. C. Carpenter conclue o seu 


om 66 == 


sentido e bem escripto artigo no Jornal do Com- 
mercio : 


«Divulgando estes traços biographicos do Dr. 
Theodoro Peckolt, tribvtamos uma pallida homena- 
gem a um daquelles homens modestos mas dignos 
da gratidão de um povo e da sciencia que elle 
abraçou e tanto honrou.» 


NACHRUF 


De. Theodor Peckoit 


VON 


HERMANN VON HERING 


Die Stadt Rio de Janeiro, weche in der Mitte 
des vorigen lahrhunderts in den wissenschaftlichen 
Kreisen, die sich fuer das Studium unserer Flora 
interessieren, so ausgezeichnet durch vortreffliche 
Naturforscher von der Bedeutung eines W. Schwa- 
ke, João Barbosa Rodrigues, A. F. M. Galziou, E. 
Ule, P. Dusen u. a. vertreten war, verlor in der 
Person des verehrungswuerdigen Meisters, dessen Ge- 
daechtniss dieser Nachruf gwidmet ist, den letzten | 
hervorragenden Arbeiter jener grossen Epoche, zu- 
gleich den Nestor der brasilianischen Nuturforscher, 
einen Gelehrten, der selbst noch in einem Alter 
von 80 bis 90 Jahren nicht ermuedete seine rei- 
chen wissenschaftlichen Erfahrungen zu verceffent- 
lichen. Die Daten, die uns zur Grundlage fuer 
diese Biographie dienen, entstammen hauptsaechlich 
folgenden Quellen : 

a) Fr. Hoffman. Pharmazeutische Rundschau. 
New-York, vol. X., 1892. p. 263-265: Theodor 
Peckolt, mit Bildnis. 

Lt) B. Reber. Gallerie hervorragender Thera- 
peutiker und Pharmakognosten der Gegenwart, 
Genève, 1897, p. 125-129: Theodor Peckolt, mit 
Bild und Verzeichnis seiner Werke). 

c) J. Urban. Martii Flora brasiliensis, vol. I, 
1900, p. 74: Theodor Peckolt. 


SEA Qui 


d) Henrique Carlos Carpenter. Jornal do Com- 
mercio. Rio de Janeiro, 20 de Outubro de 1912: 
Theodor Peckolt. 

Gewisse Ereignisse, sagt H. G. Carpenter, duer- 
fen schon wegen ihrer Wichtigkeit nicht mit 
Stillschweigen uebergangen werden, zumal solche, 
welche auf den Blaettern der Geschichte verzeichnet 
stehen und die Vorzuege kuenden, welche bestimmte 
Persoenlichkeiten besessen und ausgzuebt haben und 
durch welche sie den Zeitgenossen und der Nach- 
welt zum Vorbild und zur Bewunderung dienen. 

Man weiss, dass Maenner von Tuechtigkeit und 
ausserordentlichen Talenten sich ihrem Beruf ganz 
und gar hingeben, wobei sie sich oft wenig um 
das Urteil der Mitwelt kuemmern, und es vorziehen, 
in der Stille zu schaffen, mit dem begreiflichen 
Wunsche, in der Verfolgurg der schwierigen Aufgabe, 
der sie sich widmen, nicht gestoert zu werden. 

Der kuerzlich verstorbene Dr. Theodor Peckolt 
gehoert auch zur Zahl dieser ausserordentlichen 
Maenner, welche nur die Verwirklichung des Le- 
bensberufes im Auge haben, welchen ihnen das 
Schicksal vorgezeichnet hat, und ihnen das Bewusst- 
sein erfuellter Pflicht zur Befriedigung und Ehre 
gereicht. 

Er war unter uns wenig bekannt, hinterliess 
aber doch, bei aller Bescheidenheit, die ihn auszeich- 
nete, zahlreiche Freunde und Schueler. Wir duer- 
fen beim Scheiden Dr. Theodor Peckolts aus den 
Reihen der Lebenden nicht stillschweigen, weil 
sein Name in die Geschichte der Wissenschaft, die 
er mit vielen Orginalarbeiten bereichert hat, einge- 
schrieben ist. Auch duerfen wir es nicht zugeben, 
dass die auslaendiscbe Presse ihm friiher als wir 
ihre Bewunderung und Dankbarkeit bezeugt, da es 
doch Brasilien war, wo er seine fruchtbare Taetig- 
keit immer im Dienst der Wissenschaft und zum 
Heile seiner Mitmenschen entfaltete. 

Ganz wenige von uns koennen den Wert dieses 
ausserordentlichen Mannes schaetzen, weil sein im- 
menses Lebenswerk sich eben im Stillen vollzog, 


— 69> 


unermiidlich, bewundernswert, und ehrenvoll. Bei die 
ser, dem Fortschritt der Wissenschaft gewidmeten 
Arbeit, verbrachte er sein ganzes Leben, ohne den 
Beifall und die oeffentliche Anerkennung des Wer- 
tes seiner Entdeckungen zu suchen, ja sich eher 
ihr zu entziehen suchend. Auch bemuehte er sich 
nie um Unterstuetzungen der brasilianischen Nation, 
die ihm also fuer seine unschaetzbaren Dienste zu 
Dank verpflichtet bleibt. 

Er machte in den wissenschaftlichen Kreisen 
nicht allein den Reichtum unserer Flora in Hinsicht 
auf die Zahl ihrer seltenen Arten, sondern auch 
deren Higentuemlichkeiten als Genuss-Nahrungs- 
und Heilpflanzen bekannt. 

Dutzende, ja hunderte von arzneilich hier und 
im Ausland verwerteter Pflanzen wurden von Dr, 
Theodor Peckolt entdeckt, der davon keinen eigenen 
Nutzen zog und sich damit begnuegte, als erster 
ihre besonderen Eigenschaften erkannt zu haben, 
es anderen überlassend, den Nutzen solcher Heil- 
pflanzen zum Wohl ihrer Nebenmenschen und dem 
eigenen auszubeuten. Wenn wir die Zahl der Pflan- 
zen, welche er quantitativ und qualitativ untersucht 
hat, angeben wollten, muessten wir mehr als 
6000 Namen citieren, alles einheimische Gewaechse 
die bis dahin unbekannt oder nur empirisch verwer- 
tet waren und deren botanisch und chemisch-physi- 
schen Eigentiimlichkeiten erst von ihm festge- 
stellt wurden. 

Nur wer mit diesem Gelehrten zusammenlebte, 
nur wer die Schwierigkeit, welche derartige Unter- 
nehmungen verursachen, kennt, zumal, wenn fiir alle 
Arbeit der Forscher selbst die Kosten zu tragen 
hat, der allein kann sich genuegende Rechenschaft von 
seiner Willenskraft, Befähigung und seiner Geschick- 
lichkeit geben, Eigenschaften, die sich seltenin einem 
und demselben Individuum in dem Masse wie bei 
Peckolt vereint findeo. Wir kennen ausser ihm kein 
zweites Beispiel so ausserordentlicher Arbeitskraft. 

Dabei war sein Schaffen nicht unsystematisch, 
im Gegenteil, wie alle Handlungen seines Le- 


bens, war es nach peinlich genauer Methode einge- 
richtet. 

Ausserdem leitete er persoenlich die alte, gut 
renomierte Apotheke Peckolt. 

Er stand frueh, immer zur selben Stunde, um 
6 1/2 Uhr auf. Dann nahm er ein einfaches Früh- 
stiick, Kaffee oder Chocolate, Buechsenconserven 
oder Doce (Suessigkeiten, Confitüren)— er genoss 
nur von ihm analysierte Producte, wobei er die 
Analysen umsonst ausfuehrte und die bewaehrten 
Producte dann in seinem Bekanntenkreise empfahl. 

Um 8 Uhr frueh vearliess er sein gemuetliches 
Heim in der Rua Haddock Lobo und begab sich 
nach seiner Apotheke in der Rua Quitanda. 

Dort angekommen pflegte er mit Musse das 
Jornal do Commercio zu lesen. 

Von 10 1/2 bis 3 1/2 nachmittags oblag er dem 
Studium der Pflanzen und machte Analysen in sei- 
nem Laboratorium, das dafuer eine vollstaendige 
Ausruestung besitzt. 

Von 4 bis 5 Uhr widmete er sich den ge- 
schäftlichen Angelegenheiten seines Hauses und zog 
sich dann in seine Wohnung zurueck. Nach dem 
Abendessen um 8 Uhr, bis in die spaete Nacht, ar- 
beitete er an den zanllosen Beitraegen, welche er 
fuer fast alle pharmaceutischen Zeitschriften Europas 
und Amerikas verfasste. 

Nicht einmal an den Sonntagen goennte er 
sich Ruhe: Von morgens bis in die spaete Nacht 
trieb er Botanik, bestimmte Pflanzen und brachte 
die wissenschaftlichen Arbeiten ins Reine, welche 
er waehrend der Woche ausgearpeitet hatte. Nie- 
mals sahen wir ihn sich zerstreuen, niemals sahen 
wir ihn von seinem Programm abweichen, das er 
mit Zaehigkeit Tag um Tag, Woche um Woche, 
Jahr um Jahr verfolgte... 

Vielleicht fand Peckolt wie Ernst Renan, dass 
das beste Mittel, sich zu zerstreuen, der Wechsel 
der Beschaeftigung ist. 

Und so lebte er bis zum Alter von ueber 90 
Jahre. 


Geboren wurde er am 13 Juli 1822 in Pechern, 
bei Muskau (Niederlausitz) in der preussischen Pro- 
vinz Schlesien, und starb am 21. September 1912 
in Rio de Janeiro. 

Seine Eltern waren der Ulanenrittmeister Carl 
Peckolt und Frau Eleonora Ackerman Peckolt. 

Als Sohn weaig bemittelter Eltern hatte er 
zunächst mit viel n Schwierigkeiten zu kaempfen die 
er aber tiberwand in ernstem Streben und anhal- 
tender Arbeit. So brachte er seinen Namen, den er 
einer ausgezeichneten, und zahlreichen Nachkom- 
menschaft hinterliess, zu hohen Ehren. Peckolt war 
ein grosser Freund Brasiliens und interessierte sich 
fuer alles, was auf das Land bezug hatte, fuer seine 
Finanzen, seine grossen Maenner und seine Zukunft. 

Er verfolgte mit aufrichtiger Anteilnahme alle 
materiellen und moralischen Fortschritte dieser 
seiner neuen Heimat. 

Als fleissiger Leser des Jornal do Commercio 
kannte und diskutierte er alle unsere Angelegenheiten 
und Politiker, wobei er durch die Schärfe seines 
Urteils und die Urspruenglichkeit seiner Gedanken 
ueber Gegenstaende die seinen zeitraubenden und 
fast ausschliesslich chemischen und botonischen Ar-. 
beiten ferne lagen, ueberraschte jedermann. 

Im November 1847 landete Peckolt in Brasi- 
lien, verweilte sonach 56 Jahre unter uns und war 
so Augenzeuge der Hauptphase der Geschichte. un- 
seres Vaterlandes in der Constituierung unserer 
Nationalitaet. 

Im September 1848 begann Peckolt dio Er- 
forschung des Landes. Von seinen ersten Ersparnis- 
sen erwarb er sich ein Pferd und reiste in den Staa- 
ten Rio de Janeiro, Espirito Santo und Minas. In 
jener Zeit gab es keine Eisenbahn und die Wege 
waren sehr primitiver Art aber die grosse Gast- 
treundschaft, welche die Bevoelkerung des Hinter- 
landes characterisiert, oeffnete ihm ueberall die 
Tueren. Damals gab es im Inneren werige <Aerzte. 
Seine pharmazeutischen Kenntnisse setzten daher 
den jungen Naturforscher in die vorteilhafte Lage, 


allen Kranken, die ibn consultierten. seine wertvol- 
le Hilfe angedeihen zu lassen. Als Entgelt dieser 
Dienstleistungen empfing er ausser seinem Honorar 
naturgeschichtlich interessante Gegenstaende und 
wertvolle Beitraege fuer seine botanischen Sammlun- 
gen. 

Zu Anfang des Jahres 1850 verweilte Peckolt 
eine Zeitlang unter den Nac-naouc am Rio Doce, wo 
rauf er dann nach Rio de Jansiro zurueckkehrte. 
Die Mittel welche ihm seine Reise ins Innere cin- 
getragen hatte, setzten ihn in den Stand sein phar- 
mazeutisches Examen in Rio de Janeiro zu machen. 
Im November 1351 eroeffnete er dann eine Apotheke 
in Cantagallo, im Staate Rio de Janeiro, woselbst 
er sich im Jahre 1854 mit der Tochter des dorti- 
gen evangelischen Pastors verheiratete. In Cantagallo 
gab es damals reiche Cafleepflanzungen und herrli- 
che unberuehrte Waldbestaende, ein vielversprechen- 
des Feld fuer die Studien des jungen Botanikers. 

Nicht weniger als 17 Jahre wohnte Peckolt 
in Cantagallo, wo er sich die tiefe Kenntniss unse- 
rer Flora erwarb, die ibm eigen war auch mit 
verschiedenen zoologischen Fragen sehen wir ihn 
sich beschaeftigen. So leistete er insbesondere der 
Wissenschaft durch seine Studien über die Trigo- 
niden, der sozialen Bienen Brasiliens, einen gros- 
sen Dienst. Nach seinen biologischen Beobachtung 
en wurden die Bienen von dem tuechtigen Specia- 
listen Frederic Smith vom British. Museum klassi- 
fiziert; beim Ruecktransport passierte es aber, dass 
mehrere Nummern verwechselt wurden, was zu 
Irrtuemern Veranlassung gab. Durch unseren Brief- 
wechsel vermochten wir die Angelegenheit auf- 
zuklaeren und aufs beste seine wertvollen Beobacht- 
ungen fuer unsere Monographie der Biologie der 
socialen Bienen Brasiliens (op. 210) uns zu Nutze 
zu machen. 

Cantagallo hatte in jener Zeit fuer die brasi- 
lianische Naturforschung eine spaeter nie wieder 
erreichte Wichtigkeit. H. Burmeister hielt sich dort 
eine Zeitlang auf. Karl Euler beschaeftigte sich 


hier mit biologischen Studien zur Ornithologie. Eulers 
Arbeit ist so wertvoll, dass diese unsere Zeitschrift 
stolz darauf ist, durch eine neue, durchgesehene und 
ins Portugiesische uebersetzte Ausgabe in ihren 
Band IV den Liebhabern der brasilianischen Vo- 
gelkunde einen grossen Dienst geleistet zu haben. 

Gleich Euler arbe.tete auch Peckolt in einer den 
Umstaenden angemessenen Weise, indem er nicht 
durch Beschreibung neuer Arten seinen Namen be- 
ruehmt zu machen strebte, sondern sich mit biolo- 
gischen Studien abgab, die unsere Kenntnisse ver- 
tiefen sollten. 

Schon damals trugen die wissenschaftlichen Ar- 
beiten Peckolts jenen gediegenen Character, wel- 
cher ihm Freunde und Bewunderer in aller Welt 
verschaffte. 

Nach und nach studierte er die verschiedens- 
ten brasilianischen Pflanzenfamilien, beobachtete die 
Verhaeltnisse ihrer Lebens-und Fortpilanzungsbe- 
dingungen, sammelte von den Caipiras, (den ein- 
geborenen Landleuten Nachrichten ueber deren 
volkstuemlichen Namen, ihren Gebrauch und _ ihre 
eventuellen officinellen Eigenschaften. Sein Herba- 
rium lieferte ihm das Material zur morphologischen . 
Vergleichung der zahlreichen Species und das La- 
boratorium vertiefte das Studium, indem es Auf- 
schluss gab ueber die chemische Zusammensetzung 
der medicinischen Pflanzen, ihre Alcaloide und 
sonstige Extractivstoffe. Wir kennen keinen zweiten 
Naturforscher, der in den botanischen und chemischen 
Studien gleichbewandert waere, der ebeuso gruend- 
lich gearbeitet und durch eigene Untersuchungen 
das oekonomische, pharmazeutische und chemische 
Studium irgend einer Tropenflora in gleichem 
Masse aufgeklaert haette. Unter solchen Umstaenden 
ist es aber auch befremdlich wie wenig in seinem 
zweiten Vaterlande die Arbeitsergebnisse dieses ge- 
wissenhaften und unermuedlichen Wissenschaftlers 
anerkannt wurden. 

Sein Interesse fuer Brasilien ging soweit, dass 
ibn auch in Bezug auf historische und _ politische 


Fragen einzig die auf dieses Land bezueglichen 
beschaeftigten, sodass er gleichsam von der uebri- 
gen Welt abgeschlossen lebte, mit Ausnahme von 
der Welt der Naturphaenomene, deren Studium 
seine Aufmerksamkeir ganz in Anspruch nahm. 

Man glaube aber nicht, dass er Anhaenger je- 
nes Grundsatzes von Seneca war: Ubi bene, ibi patria. 

Nein, er war Brasilianer mit Leib und Seele; 
denn unser Vaterland hatte einen tiefen Eindruck 
auf ihn gemacht. Er war nach seiner Ankunft im 
Lande auch nicht ausschliesslich in Rio geblieben. 

Er ging vielmehr ins Inner® und bahnte sich 
seinen Weg in unseren Urwaeldern auf der Suche 
nach Pflanzen und all dem Material, was auf die 
Naturgesehichte bezug hat, wovon er dann ans 
Museu Nacional und an die deutschen Museen sel- 
tene und wichtige Exemplare abgab. 

Auf dieser Reisen sah er sich wiederholt von 
Schwierigkeiten der verschiedensten Art umstrickt; 
so wurde er z. B. verschiedene Male von den Bo- 
tocuden angefallen, welcher Stamm unter den ver- 
schiedenen Gruppen von Kingeborenen der durch 
seine Kaempfe und verraeterischen Ueberfaelle am 
meisten gefürchtete ist. Doch er ging stets aus 
Noeten als Sieger hervor indem er die Wilden mit 
Rosenkraenzen, farb gen Baendern und Taschenmes- 
sern beschenkte. Auf diese Weise wurden die In- 
dianer seine Freunde und Gehilfen bei seinen Ex- 
cursionen, wovon die hauptsaechlichsten der Durch- 
querung des ganzen Org lgebirges galten. 

Er bereeiste auch einen grossen Teil des Parahy- 
ba-Tales und die Ufer des Pomba und Canoë. 

Auch cinen grossen Teil vom Staat Minas Ge- 
raes durchquerte er, wobei er die Stadt Diamantina 
zum Centrum seiner Ausfluege waehlte. 

Er lebte auf diesen Excursionen ausschliessiich 
von Fischen und Wiidpret, wie es die Wilden zu 
ihrem u. seinem Lebensunterhalt beschafften. 

Hr schlief unter freiem Himmel, auf Kluessen 
und an deren Ufern, wobei er vielfach den Angrif- 
fen der Wilden und der Raubtiere ausgesetzt war. 


So pflegte er zu erzaehlen, dass eine der erns- 
testen Gefahren die er auszustehen hatte in der 
Durchquerung des Rio S. Antonio bestand, die er 
mit einem Kahne ausfuehrte der angefiillt war mit 
seltenen, von ihm gesammelten und klassifizierten 
Pflanzen; der Kahn schlug um, die Bemannung 
ertrank, er verlor einen Teil seiner wertvollen 
Sammlungen, rettete aber sein Leben. 

Durch derartige Excursionen begruendete Pe- 
ckolt seinen Ruf. 

Viele der von ihm gesammelten Pflanzen bilden 
noch heuteeinen Theil vonwissenschaftlichen Samm- 
lungen von Muenchen und Berlin von Upsala u. Sto- 
ckholm. Daher stammten auch seine guten Bez ehun- 
gen zu Dr. von Martius, dem Autor der «Flora brasi- 
liensis», jenes unsterblichen Meisterwerkes, zu wel- 
chem Peckolt vielleicht am Meisten mit Material 
beitrug, denn der deutsche Gelehrte hatte ihn ersucht, 
ihm Pflanzen, Blueten und Samen, die er selbst 
gesammelt und klassifiziert hatte, zu schicken. 
Doch es wir Zeit den Faden unserer Biographie 
wieder aufzunehmen. 

Theodor Peckolt hat das Gymnasium zu Fried- 
berg besucht. Dann praktizierte er als Apotheker, 
zunaechst in Friebel, wo er bis 1841 blieb und dann 
in den Staedten Meseritz-Waldeck und Neubranden- 
burg. Der e:st genannte Ort liegt in Polen uud 
die beiden anderen im Grossherzogtum Meklenburg. 

Als Apotheker-Praktikant entdeckte Peckolt 
seinen eigentlichen Beruf. Die deutsche Beigerung 
hatte ihn unterdessen zum Militaer-Apotheker er- 
nannt, doch zog er es vor sich an der Universitaet 
Rostock und dann in Goettingen matrikulieren zu- 
lassen wo er mit Auszeichnung sein Approbations- 
examen bestand. 

Er zeichnete sich nicht nur an der Universitaet 
unter seinen Commilitonen aus, sondern gewann 
auch die Sympathie seiner Professoren, zu denen 
auch Dr. Reichenbach gehoerte, der ihn mit Em- 
pfehlungsschreiben zum Director des botanischen Gar- 
tens in Hamburg schickte, wo er Stellung nahm. 


Hier befreundete er sich mit den Gelehrten von 
Martius, Kichler, Wiegand, Goeppert, Daniel Ham- 
bury in London, Oberdoerfer in Hamburg, Dietrich 
in Prag und anderen, welche die Talente Peckolts 
erkannten und ihm rieten, jenes engbegrenzte Ar- 
beitsfeld zu verlassen und die Tropenflora zu studie- 
ren, wozu er sich auch entschloss. Bald darauf, 
am 28 September 1847 schiffte er sich auf dem Segel- 
schiffe «Independencia» ein uud kam am 28 Novem- 
ber deselben Jahres, nach einer 60 taegigen Ueber- 
fahrt, in Rio de Janeiro an. 

Er nahm zunaechst Stellung in einer Apotheke 
und knuepfte Beziehungen mit Personen aus dem 
Inneren des Staates Rio an, wohin er spaeter auf 
brach, um seinen Neigungen zum Studium der Natur 
zu leben. 

In dieser Zeit war es, wo er die oben aufge- 
zaehlten Excursionen ausfuehrte und die vortrefilichen 
Sammlungen anlegte, welche zur Bereicherung des 
von Martius’schen Werkes wesentlich beitrugen. 

Im Besitze dieser Sammlungen kam er nach 
Rio zurueck. Nachdem er daselbst an der medizi- 
nischen Fakultaet sein Schlussexamen gemacht und 
sein Apotheker-Diplom erlangt hatte, schickte er 
seine Sammlungen nach Deutschland und kehrte 
neuerdings in das Innere des Staates zurueck, wo er 
seinen Wohnsitz in Cantagallo aufschlug. Dorf 
trat er in Beziehung zu der Familie des protestan- 
tischen Pastors Friedrich Sauerbronn, des Gruenders 
der Stadt Neu-Friburg, mit dessen Tochter, Fraeu- 
lein Henriette Sauerbronn, er sich im Jahre 1854 
verheiratete. 

Waehrend seiner Taetigkeit in der dortigen 
Apotheke machte er in dem kurzen Zeitraum von 
8 Jahren die qualitative und quantitative Analyse 
von circa 3066 Pflanzen. Im Jahre 1868 kehrte 
er nach Rio de Janeiro zurueck und gruendete die 
Apotheke und Drogaria Peckolt. 

Er veroeffentlichte zahlreiche Artikel und 
Werke über Botanik, Zoologie und besonders En- 
tomologie. Ueber diese Gegenstaende war er auch 


Hauptmitarbeiter an den diesbezueglichen Zeitschrif- 
ten in Norddeutschland. 

Desgleichen publizierte er auch viele Original- 
arbeiten in der: «Zeitschrift des oesterreichischen 
Apothekervereins, in der Pharmazeutischen Rund- 
schau von New-York und in den Berichten der 
deutschen Pharmazeutischen Gesellschaft zu Berlin. 

Ausser diesen Originalarbeiten verfasste er 
noch 437 Nummern von Analysen von Pflanzen, 
Fruechten, Wurzeln und Vegetabilien. 

Seine Entdeckungen, die ununterbrochen auf 
einander folgten, trugen ihm viele Ehrungen ein, 
unter denen die bemerkenswertesten hervorzuheben 
sind: 

Im Jahre 1852 wurde er zum correspondie- 
renden Miglied der koeniglichen botanischen Ge- 
sellschaft zu Regensburg ernannt. 

Im Jahre 1853 wurde ihm die gleiche Auszeich- 
nung von der koeniglichen pharmazeutischen Ge- 
sellschaft von Deutschland zu teil. 

Auf den Weltaustellungen zu Rio de Janeiro 
in den Jahren 1861 und 1866 erhielt er goldene 
Medaillen auf Apothekerprodukte, Essenzen, Oele, 
neue Alcaloide. Die brasilianische Regierung hielt - 
dieselben Arbeitungen fuer so wertvoll, dass sie sie 
erwarb und auf den Weltausstellungen zu London 
und Paris ausstellte, wo sie sehr beachtet wurden. 

Auf der allgemeinen Welt Ausstellung von 1870 
erhielt er das grosse Ehrendiplom. Schon seit 1862 
hatte Dom Pedro II die fruchtbare Taetigkeit Pe- 
ckolts geschaetzt und zeichnete ihn nach Vollendung 
weiterer verschiedener Monographien durch die Ver- 
leihung des Rosenordens aus. 

Im Jahre 1863 nahm ihn die Academia Na- 
cional de Medicina von Rio als Mitglied auf. 

Im Jahre 1864 schlug die beruehmte kaiserliche 
deutsche Leopold-Karls Academie vor, Peckolt durch 
Verleihung des seltenen und aeusserst chrenden 
Doctortitels honoris causa zu ehren, ein Vorschlag, 
dem auch stattgegeben wurde. 

Im Jahre 1865 wurde er zum correspondier- 


enden Mitglied der pharmazeutischen Gesellschaften 
Oesterreichs und Russlands ernannt. 

Im Jahre 1869 zeichnete ibn der Koenig von 
Schweden durch Verleihung der Wuerde eines Com- 
mendador des Nordsternes aus und die geologische 
Geselischaft von Buenos-Ayres erwahlte ihn zum 
Ehrenmitgliede. 

Im Jahre 1887 nahm ihn die pharmazeutische 
Gesellschaft Englands als Ehrenmitgiied auf. 

Der beruehmte Professor der Pharmacognosie 
an der Strassburger Universitaet, Dr. Fluekiger be- 
stellte in seinem Testament den Dr. Theodor Peckolt 
als Directoralmitglied in dem Preisgericht fuer die 
Fluckiger-Medaille. 

Im Jahre 1885 benannte der Botaniker Pro- 
fessor Dr. Fournier, in Paris, der die Abteilung der 
Asclepiadacen in dem grossen von Martius’schen 
Werke der Flora brasiliensis bearbeitet hat, eine 
neue Gattung nach ihm als Peckoltia. 

Er war auch Ehrenmitelied der Berliner Phar- 
mazeutischen Gesellschaft. 

Zu seinem 80. Geburtstag, am 13 Juli 1892 
empfing Peckolt ein sehr wertvolles Geschenk ; ein 
reiches Album mit 125 Photographien deutscher, 
franzoesischer, englischer, oesterreichischer und 
nordamerikanischer Universitaetsprofessoren, alle mit 
liebenswuerdigen und schmeichelhaften Widmungen 
und persoenlichen Unterschriften. 

Die Liste der Publikationen Dr. Peckolts folgt 
unten. 

Wir glauben auf keine bessere Art unseren 
Nachruf schliessen zu koennen als indem wir 
die Schlussworte des tief empfundenen gut geschrie- 
benen Artikels von IH. C. Carpenter aus dem Jor- 
nal do Commercio zu den unsrigen machen : 

«Durch die Veroeffentlichung dieser biographi- 
schen Skizze ueber Dr. Theodor Peckolt wollen wir 
einem jener bescheidenen Maenner, der aber zugleich 
der Dankbarkeit eines ganzen Volkes und der Wis- 
senschaft welche er pflegte und ehrte, wuerdig ist, 
unsere ebrfurchtsvolle Huldigung darbringen. 


Bibliographia do Sr. Dr, Theodoro Peckolt 


Abreviatura dos periodicos : 


Arch. Ph. — Archiv der Pharmacie des Nord- 
deutschen Apotheker Vereins. 

Oest. A. — Zeitschrift des Oesterr. Apotheker 
Vereins. 

D. Ph. G.— Berichte der Deutschen Phar- 
mazeutischeu Gesellschaft. 


1) Notizen aus Brasilien, bis 1860. Pharma- 
cie in Brasilien 1851. Arch. Ph. 

2) Brasilianische Nutz-und Heilpflanzen 1851 
bis 1860. Carnaubapalme. Arch. Ph. 

3) Brasilianische Zollverhaeltnisse der Droguen. 
Brasilianische Nutzhoelzer. Arch. Ph. 


4) alva constructor Daudin. — Vaginulus re-° 


clusus. Parycory. Orlean-Bereitung und Kultur in 
Pará. Soaresia nitida Fr. All. Silvia navilium Fr. 
Urucurana. Arch. Ph. 

9) Untersuchung der Wurzelrinde von An- 
chieta salutaris und Anchietin, 1859. Arch. Ph. 

6) Untersuchung des Holzes, der Rinde uud 
des Harzes von Myrocarpus fastigiatus Fr. All. Ar- 
ebu Ph: 

7) Untersuchung der Knolle und des Harzes 
von Ipomoea operculata. Arch. Ph. 

8) Untersuchung des Gummi Sicopira. Bow- 
dichia maior Mart. Arch. Ph. 

9) Vanilla. Die brasilianische Droguen-Ausstel- 
lung. 1861. Arch. Ph. 

10) Untersuchung des Holzes von Andira an- 
thelmintica. 1861. Arch. Ph. 

41) Untersuchung von Euphorbia pulcherrima. 
Areh. Ph. 

12) Untersuchung des Milchsaftes von Uro- 
stigma doliaria und Doliarin, 1862. Arch. Ph. 


É à d 
É o 
RER SS 
| Lad | à 
VZ € 
\ 


ESTO, E 


13) Untersuchung der Nuesse, Macis und Rinde 
von Myristica Becuhyba, Schott. 1861 Arch. Ph. 

14) Untersuchung des Saftes (becuibablut) und 
Fettes dito, 1861. Arch. Ph. 

15) Untersuchung der Rinde und des Saftes 
(Sanguis draconis bras.) von Croton erythraema 
Mart 1861. Arch. Ph. 

16) Explicação sobre a collecção pharmaco- 
gnostica e chimica da Exposição 1861 no Brasil e 
Inglaterra, nach London lateinisch. 

17) Untersuchung des Holzes von Feuillia cor- 
difolia, Feullin, 1862. Arch. Ph. 

18) Untersuchung des Cajugummi’s Bras. Tra- 
ganth. Spondias venulosa, 1862. Arch. Ph. 

19) Untersuchung der Wurzel von Trianos- 
perma ficifolia M. und Trianospermin,, 1863, Ar- 
eb. Ph: 

20) Untersuchung der Fruchthuelle und Sa- 
meu von Lecythis urnigera M. und Acidum lecy- 
this-tanicum 1864. Arch. Ph. 

2!) Untersuchung ueber die brasilianische Va- 
nille. 1865. Oest. A. 

22) Die Mineralquellen  Brasiliens, 1865. 
Oest. A. 
- 23) Chemische Analysen ueber Prunus brasi- 
liensis 1865. Oest. A 

24) Studien ueber die Seidenkapseln der 
Schmetterlinge Brasiliens, 1865. Oest. A. 

25) Untersuchung der Fruechte und des Harzes 
von Araucaria brasiliana Richt. 1865. Arch. Ph. 

2€) Untersuchung der Blaetter von Palicuria 
Margraffii und Palicurin etc. 1865. Arch. Ph. 

27) Untersuchung der Knolle und Samen von 
Pachyrrhizus angulatus. 1865. Oest. A. 

28) Untersuchung des Massarandubabaumes. 
Lucuma procera M. u. Massarandubin, 1866. Oest. A. 

29) Chemische Untersuchungen der Frucht- 
huelle und des Haeutchen der Caffeebohne 1866. 
Oest. A. 

30) Studien ueber das Lophophytum mirabile. 
1866. Oest. A. 


— oo 


31) Prunus sphaerocarpa Wasser der Lor- 
beerkirsche, 1864. Gazeta Medica, N. 8, pag. 85 do 
anno 1864. 

32) Untersuchung der Fruechte von Carpo- 
troche brasiliensis Mart. et Znce, und Carpotochin, 

1866. Oest. A. 

33) Untersuchung der Fruechte und der Sa- 
men von Persea gratissima. 1866. Oest. A. 

34) Untersuchung der Angoniadarinde. Plu- 
meria lancifolia Muell. Arg. und Angoniadin, 1866. 
Oest. A. 

35) 1865 er Jahrgang der Zeitschrift des 
Oesterr. Apotheker-Vereines 

36) Mitteilungen ueber Brasilien. —Geheimmit- 
tel Brasiliens. — Mein Garten, — Bras. Fachnach 
richten. — Mineralquellen Brasiliens etc. 

37) Untersuchung der brasilianischen Suess- 
holzwurzel. Periandra dulcis M. 1867. Oest. A. 

38) Untersuchung von Ferrerra spectabilis Fr. 
Allem. und. Angelium, 1868. Oest. A 

39) Untersuchung der Ravenala madagasca- 
riensis. Oest. A. 

40) Analyses de materia medica brasileira. pp. 
108. 1868. Laemmert & C.ia, Rie de Janeiro. 

41) Historia das plantas alimentarias, de gozo 
no Brazil. I. 1871, Laemmert & G.ia, Rio de Janeiro. 

42) Untersuchung des Holzes von Tecoma lpé 
M. und Chrysophan-saeure, 1873. Oest. A. 

43) Untersuchung des aetherischen Oeles von 
Zanthoxylon Peckoltianum, 1873, : est. A. 

44) Historia das plantas alimentares ede gozo 
no Brazil, 1874. Il. Laemmert & C.ia, Oest. A. 

49) Holzraute: Arruda do matto. Oest. A. 1875. 

46) Studien ueber das brasilianische Medizi- 
nalwesen. 1876. Oest. A. 

47) Untersuchung der Rinde von Cassia” bi- 
juga Vog. und Chrysophansaeure, 1876. Oest. A. 

48) Monographia do Milho (Mais). pp. 7 
1877, Laemmert & G.ia, Rio de Janeiro. 

49) Monographia da Mandioca, 97 pp. 1877, 
ibidem. 


e qr 


~ 


ote 


50) Untersuchung der Caroba (Sparattosperma, 
Cinco folhas) und seines wirksamen Elementes. 1878. 
Oest. A. 

D1) Untersuchungen der Fruechte, Rinde u. 
Blaetter von Prunus spaerocarpa und Blausaeure, 
1878. Oest. A. 

92) Untersuchung der Wurzelrinde von Bow- 
dichia maior Mart. und Siropirin. 1878. Qest. A. 

93) Untersuchung der Rinde und des Holzes 
von Myroxylum peruiferum Linn. fil. Aeth. oel. Bals. 
peruv. bras. und Myroxylin, 1879. Oest. A. 

94) Untersuchung des Milchsaftes, der Frue- 
chte, Blaetter etc. von Carica papaya L. und Papa- 
yotin; 1870.--Mest DA, 

09) Untersuchung von Scybalium fungiforme 
Sch et Hichl, 1880. Oest. A. 

06) Untersuchung von Helosis guyananensis 
Sch. 1880. Oest. A. 

97) Untersuchung von Lophophytum mirabile 
Sch., 1880. Oest. À. 

OS) Untersuchung der Wurzelrinde von Timbo. 
Lonchocarpus Peckoli Wawra u. Timboin, 1881. 
Oest. A. 

99) Untersuchung der Blaetter von Caroba. 
Jacaranda procera u. Carobin, acidum carobicum, 
1881. Oest. A. 

60) Nahrungs und Genussmittel Brasiliens 
(Einleitung). Oest. A. 

61) Schlangenantidot, 1881. Oest. A. 

62) Volksnamen der brasilianischen Pflanzen. 
Oest. A. 

63) Stickstofftabelle der brasilianischen Nahr- 
hrungspflanzen. Oest. A. 

64) Historia das plantas alimentares e de goso 
no Brazil VIII 1882. Laemmert & C., Rio de Janeiro. 

65) Die Jaborandi-Arten Brasiliens, 1882. 
Pharm. Centralhalle von Dr. Hager. 

66) Caroba. 1882. Pharm. Centralhalle von 
Dr. Hager. 

67) Die Droguensammlung der brasilianischen 
Ausstellung von Gustav Peckolt. 1882. Oest. A. 


—— 83 — 


68) Monographie des Cafes, 1883. Ocst. A. 

69) Die Namen der brasilianischen Nahrungs- 
mittel. 1883. Oest. A. 

70) Die Namen der brasilianischen Thee’s. 
1824. Oest. A. 

71) Die Namen des Matés. 1884. Oest. A. 

Te) » » Café, 178 Seiten, 1884. 
Laemmert & C.ia, Rio de Janeiro. 

73) Die Namen der C:sra-Arten. Dioscoreen, 
1885. Oest. A. 

74) Untersuchung der Fruechte u. Samen v. 
Eriobatrya Japonica Lindl u. Blausaeure, 1885. 
Oest. A. 

75) Historia das Plantas Medicinaes e Uteis 
do Brazil, I 1888. Laemmert & C.ia, Rio de Janeiro. 

76) Historia das Plantas Medicinaes e Uteis 
do Brazil, II. 1829, Laemmert & C.ia, Rio de Janeiro. 

77) Historia das Plantas Medicinaes e Uteis do 
Brazil, II. 1890. Laemmert & C.ia, Rio de Janeiro. 

78) Historia das Plantas Medicinaes e Uteis do 
Brazil, IV. 1891, Laemmert & C.ia, Rio de Janeiro. 

79) Historia das Plantas Medicinaes e Uteis do 
Brazil, V. 1883, Laemmert & C.ia, Rio de Janeiro. 

80) Ueber brasilianische Bienen, Die Natur, v.. 
K. Mueller, Halle a. S. 42. Jhrg. 93. 579 81. 

81) Ueber brasilianische Bienen, Die Natur v. 
K. Mueller, Halle a. S. 43. Jhrg. 94. p. 87-91 ; p. 
223-229 ; p. 233-234. 

82) Anacardium occidentale Linné, 1898. 
Oest. A. 

83) Ueber Vitis sessilifolia Baker. 1895. 
Oest. A. 

84 Ueber brasilianische Wespen. Die Kultur. 
Jahrg. 43. 1894. p. 268-271 e p. 318-319. 

8&5) Geissospermum Vellosii Fr. All. 1896, 
Oest. A. 

86) Historia das plantas medicinaes e uteis do 
Brazil, VI. 1826. Laemmert & C.ia, Rio de Janeiro. 

87-88 Nutz u. Heilpflanzen Brasiliens Moni- 
miaceae, Magnoliaceae, Winteraceae D. Ph. G. 
1896. Heft 4 u. 6. 


89 Medicinal Plants of Brazil, 1896. Nictagi- 
naceae Pharmaceutical Review. Milwaukee. 

90 Medicinal Plants of Brazil, sem anno Lau- 
raceae. Pharm. Archives. Vol. I. N. 4. 

91-94 Heil u. Nutzpflanzen Brasiliens. Viola- 
ceae, Gutiferae, Nimphadaceae, Cruciferae, Drose- 
raceae, Anonaceae. D. Ph. G. 1897 Heft. 3.6, 7,9. 

95-98) Heil u. Nutzpflanzen Brasiliens. Cap- 
paridaceae, Anacardiaceae, Tiliaceae, Papaveraceae, 
Burseraceae; D. Ph.9G. 1698: Heft 2,75, MED; 

99-101) Heil u. Nutzpflanzen Brasiliens. Fla- 
courtiaceae, Gentianaceae, Rutaceae. D. Ph. G. 1899. 
Heit 6, 7,19; 

102) Historia das plantas medicinaes e uteis do 
Brazil, VII. 1899, Rio, Laemmert. 

103-107) Heil u. Nutzpflanzen Brasiliens. Ster- 
culiaceae, Bombaceae, Malvaceae, D. Ph. G. 4900. 
He 5,50; Go: 

108-110) Heil u. Nutzpflanzen Brasiliens Pla- 
caceae, Marcgraviaceae, Caprifoliaceae, Brassulaceae, 
Loasaceae, Lumbaginaceae. D. Ph. G. 1901. Heft 
RA. 

111-112) Heil u. Nutzpflanzen Brasiliens. Le- 
cythidaceae ; D. Ph. G. 1902. Heft 6, 9. 

- 143-115) Heil u. Nutzpflanzen Brasiliens. Myr- 
taceses D Phr'G: 191s niet 14:45 

116-117) Heil u. Nutzpflanzen Brasiliens. Eu- 
phorbiaceae; D. Ph. G. 1905. Heft 6, 7. 

118 119) Heil u. Nutzpflanzen Brasiliens. Eu- 
phorbiaceae; D. Ph. G. 1906. Heft 4, 5, 6. 

120-123) Heil u. Nutzpflanzen Brasiliens. Pas- 
sifloraceae, Apocynaceae; D. Ph. G. 1909. p. 36-58, 
343-361, 529-556. 

124) Heil u. Nutzpflanzen Brasiliens. Combre- 
taceae. D. Ph. G. 1911. p, 273-279. 


Tres Chalcididas parasitas do «Bicho do café) 


LEUCOBTERA CORFEELLA ( Timeid.) 


em 


Com algumas considerações sobre o hyperparasitismo 


POR 
RODOLPHO VON IHERING 


(Com um resumo em allemão — Mit einer deutschen 
Zusammenfassung) 


Devemos à gentileza do sr. dr. Arruda Car- 
doso, de Tayuva, no Estado de S. Paulo, a remes- 
sa que nos foi feita por intermedio do sr. conde A. 
A. Barbiellini, de algumas folhas de café atacadas 
do mal chamado «bicho do café». E’ molestia co- | 
nhecida em todos os paizes productores de café, 
sendo causada pela larva de uma borboletinha ou 
antes mariposa do grupo das «traças», microlepido- 
ptero da familia ineilae, subf. Lyonehanae, e 
cujo nome scientifico mais conhecido é Cemiostoma 
coffeella Guér. Mén.. Mas, segundo lord Walsing- 
ham (Proc. Zool. Soc. 1897, p. 141), deve prevale- 
cer o nome generico proposto por Hiibner em 1826, 
de forma que a denominação correcta é Leucoptera 
coffeella Guér. Mén. (Veja Estampa HI, fig. 1.) 

Esta especie encontra-se hoje em todos os pai- 
zes em que se cultiva o café; na America sabe-se 
que existe nas Antilhas, na America Central, na 
Venezuela e no Brazil; no velho continente existe 
tanto no continente africano, como nas ilhas Mada- 
gascar, Reunion, Mauricio, etc.. 


LEE UE 


Bordage suppôe que esta praga provenha da 
Abyssinia, onde o café vive em estado selvagem e 
que de là se tenha espalhado pelas outras regiões 
caféeiras. Tambem Giard é desta opinião, isto é 
que Leucoptera, genero extranho à nossa fauna, 
tenha sido importado recentemente para a America. 
A unica especie congenerica L albella Chamb. des- 
cripta do nosso continente, parece ser identica à 
L. susinella H. S., que provavelmente foi introdu- 
zida sobre salgueiros (Salir babilonica). 

A biologia desta especie tem sido estudada por 
varios scientistas, mas não de tal forma que não 
reslassem por verificar varios detalhes interes- 
santes. 

Por falta de material abundante e por não nos 
ter sido possivel visitar fazendas de café atacadas 
pela Lewcoptera, não pudêmos investigar detalhada- 
mente certas questões que se prendem ao cyclo 
biologico do «bicho do café». Comtudo, vamos re- 
latar o pouco que pudémos observar no material 
que nos foi enviado de Tayuva, e suppriremos o 
restante com os dados que encontramos na litera- 
tura de que pudémos dispor. 

A borboletinha em questão põe os seus ovos 
sobre as folhas do café e as lagartinhas, que em 
breve se desenvolvem, penetram no parenchyma do 
qual se alimentam, deixando intactas as duas cuti- 
culas. O «bicho do café» produz assim umas man- 
chas brunas ou avermelhadas nas folhas e é por isto 
que tanto os francezes como os inglezes Mo 
ram a molestia «ruille» e «rust» e os venezuelanos 
tambem a appelidaram «mancha de hierro». 

Esta praga foi pela primeira vez assignalada 
nas Antilhas por Perrottet e o respectivo insecto 
foi então classificado por Guérin Méneville (Bibl. 
10) como Elachista coffeella, em 1842. Já vimos 
acima as necessarias transformações por que teve 
de passar o nome scientifico desse microlepidoptero. 

Só em 1872 é que se conheceu a biologia com- 
pleta deste insecto, graças aos estudos detalhados de 
Pickmann Mann (Bibl. 6); este naturalista viera 


EE te” 


ao Brazil estudar a molestia a chamado do nosso 
governo, e, ao que parece, realizou os seus estudos 
no Estado do Rio de Janeiro, em Vassouras. Infe- 
lizmente ainda não pudemos consultar directamente 
esse trabalho, que parece ser muito raro. Às pu- 
blicações posteriores vieram completar apenas al- 
guns detalhes que haviam passado despercebidos. 
Quasi que desconhecido é outro estudo sobre q 
mesmo assumpto, e que, por tambem não nos ter sido 
possivel consultal-o, citamos segundo Walsingham : 
«Madinier» (Bibl. 11). Interessante é que este au- 
ctor se refere à nossa borboletinha dando-lhe o nome 
especifico noctuella. 

O insecto adulto, que é muito agil em seus 
movimentos, tem um vôo rapido; no ar é apenas 
visivel, pois o corpo não mede senão 2 millimetros 
de comprimento, e a envergadura varia de 5 a 6 
mills.. 

O corpo é todo recoberto de fina poeira de 
escamas brancas, quasi prateadas e na cabeça ha 
um topete de pellinhos alvos; as azas anteriores 
são largas, terminadas em fina ponta recortada; as 
posteriores são muito estreitas € guarnecidas nos 
dous bordos de finos pellinhos, como os ha tambem 
na margem interna da aza anterior. Às escamas 
que cobrem as azas são de bella cor branca, ligei- 
ramente azul e nacaradas; na ponta da aza ante- 
rior ha um delicado desenho de linhas cor de ouro 
e outras preto-azuladas; na margem interna uma 
grande mancha preta, redonda e um pouco em re- 
levo, separa o colorido branco da ponta amarella. 

Esta borboletinha pode dar origem a varias 
gerações em um só anno e em numero tanto maior 
quanto menos se fizer sentir a influencia do inverno. 

A lagartinha mede 2 a 3 mms. de compri- 
mento, e é de cor ligeiramente amarellada; nada 
se sabe das mudas de pelle, nem quantas faz, nem 
com que intervallo. Carcomendo o interior da fo- 
lha, deixa apenas as duas cuticulas; em breve a 
epiderme se separa e formam-se então as manchas 
mais ou menos grandes, de bordos irregulares às 


vezes, com pequenas galerias divergentes, que tor- 
nam tão caracteristico o aspecto da folha atacada 
pela lagarta da Leucoptera. Uma só folha póde 
abrigar e alimentar varias lagartas, cujas galerias 
então confluem; pudémos contar nada menos de 25 
lagartas em uma só folha. 

Quando a larva tiver attingido seu completo 
desenvolvimento, ella sahe do interior da folha por 
um pequeno orifício de um millimetro de diametro, 
situado geralmente na pagina interior da folha. 
Ella voe então tecer rapidamente o seu casulo, que 
fica prompto em menos de 24 horas, às vezes mes- 
mo da noute para o dia. Parece que é de prefe- 
rencia na pagina inferior que a lagarta constrôe este 
seu berço, em que ella passará a phase de chrysalida 
para depois abandonal-o como insecto adulto. 

Primeiro ella extende uma especie de tenda ou 
cortinado de fios de seda; debaixo desta coberta é 
que fica abrigado o casulo propriamente dito. Se- 
gundo Delacroix a coberta se apoia sobre dous fios 
mais grossos que se cruzam, como que servindo de 
armação para a tenda que vae ser construida. Nos 
nossos exemplares póde-se dizer antes que são qua- 
tro faixas de seda que estão dispostas como dous 
“INN collocados um sobre o outro, de forma a se 
cruzarem as linhas transversaes. 

Normalmente a lagarta da Leucoptera faz 
o seu casulo na pagina inferior das mesmas folhas 
de café; raramente se encontra a chrysalida na 
pagina superior, o que parece succeder sómente 
quando a folha, devido aos estragos que sofreu, já 
estã mais ou menos murcha e por isto se enrola. 

Segundo Pickmann Mann (Delacroix) a lagarta, 
em certas circumstancias tambem faz o seu casulo 
directamente sobre os galhos ou o tronco do caféeiro. 

Quanto à metamorphose da borboletinha, veri- 
ficémos apenas o tempo empregado pela nympha. 
Como recebiamos folhas já atacadas e nas quaes as 
larvinhas já se alimentavam ha algum tempo, não 
sabemos quanto tempo demanda a phase larval. 
Tivemos prova de que este periodo póde durar 20» 


— 89 — 


e tantos dias; dahi por deante, isto é, desde que a 
lagartinha começa a tecer o seu casulo, até surgir 
o insecto adnlto, foram empregados, no minimo, 20, 
e no maximo, 25 dias. Póde-se calcular que nos 
mezes em que recebemos o material (Setembro- 
Outubro) a evolução toda se realiza em mais ou 
menos 45 a 50 dias. Nos mezes de verão ‘Janeiro- 
Fevereiro) Guerin Méneville obteve a transformação 
completa da mesma especie em 13 dias, sendo 7 
para a phase larval e 6 para a nympha. 

Como se vê, ainda ha varius detalhes a estu- 
dar com relação à metamorphose da Leucoptera ; 
apontaremos como especialmente dignas de cbserva- 
ção o crescimento das lagartinhas (mudas larvaes) 
e o tempo empregado na evolução, nos varios me- 
zes do anno (mais lenta no inverno, rapida no ve- 
rão). : 


% 
* * 


Pudémos estudar ainda outro problema que se 
prende à oecologia desta praga do café e que nos 
pareceu sobremodo interessante, quer sob o ponto 
de vista puramente entomologico, quer pelo lado 
economico ou pratico. E” o estudo dos parasitas 
das lagartas. 

Pickmann Mann, em seu trabalho, ao qual acima 
nos referimos, menciona duas especies de parasitas 
das larvas que colheu em cafezaes do Estado do 
Rio de Janeiro (Vassouras). Giard assignala mais 
duas especies de parasitas. Nós mesmos distingui- 
mos tres especies entre os 10 exemplares de hy- 
menopteros, que criamos das larvas de Leucoptera 
nas seguintes condições : 

As folhas de café foram colhidas em 27 de 
Setembro e naturalmente as larvas de Leucoptera 
já estavam parasitadas x dias antes. No dia 2 de 
Outubro, sahiu o primeiro parasita; depois, nos 
dias 9, 9, 11, 17, 18 e 22, obtivemos mais sete 
outros. Podemos, pois, conjecturar que o praso mi- 
nimo para o desenvolvimento desses pequenos hy- 
mnopteros é de 30 dias approximadamente. 


— 90 — 


Damos em seguida a lista de todos os parasi- 
tas da Leucoptera coffeella até agora observados : 


SUB- PRO- 
NOME FAMILIA FAMILIA |CEDENCIA 
4 Eulophus cemiostomatis Mann (1) |Chalcididae .|Eulophinae .|Estado Rio 
de Janeiro 
2 Eulophus sp. Giard (2). . . . — — Réunion 
3 Closterocerus coffeellae n Sp. . . = = Estado São 
Paulo 
4 Proacrias coffeae n. gen, n. sp. — = — 
5 Eulophus sp. indet. R. v. Ih. — = 7 — 
6 Exothecus lethifer Mann (1) . . |Braconidae .|Exothecinae . Estado Rio 
de Janeiro 
7 Amanteles sp. ‘Giard! (2) "ESPN — Microgasteri - 
nae. . «|Réunion 


(1) Veja-se Bibliogr. (6). Não pudemos consultar esse trabalho, que alias 
parece ser o resultado de uma commissão de que o auctor esteve encarrega- 
do por parte do governo brazileiro. No Catal. Hymenopt. V de Dalia Torre, 
Eulophus cemiostomatis figura como nomen nudum («S. deser.»); Giard, Bi- 
bliogr. (3) diz entretanto que a especie em questão «est en effet de couleur 
métallique cuivreuse». 

O Braconida Exothecus lethifer foi figurado pelo auctor; Dalla Torre, vo 
Catal. Hymnopt. IV, inclve-o no genero Bracon. 

(2) Giard (Bibliogr. 3) não descreve as duas especies de parasitas: do 
Eulophus diz apenas que «l’espece de la Réunion est noire avec une tache 
fauve a Ja base de l’abdomen~. 


= 


Como se vé da tabella, desses 7 parasitas, 5 
são brazileiros, ou ao menos até agora só aqui fo- 
“ram encontrados. 

Trata-se, no emtanto, de um grupo difficillimo 
de estudar, quer ao microscopio, para a identifica- 
ção da especie, quer em material vivo, para a ob- 
servação de sua biologia. Com relação a este ul- 
timo trabalho, sobrevem ainda uma complicação, que 
não só torna muito penosa a criação desses para- 
sitas, como ainda na pratica poderá diminuir sensi- 
velmente o valor desses pequenos auxiliares do 
agricultor. 

Dá-se o facto, ou ao menos ha muita proba- 
bilidade de que assim seja, de ser algum desses 
hymenopteros parasitas, não um destruidor de «bi- 
chos do café», mas um hyperparasita. (”) 


(*) Veja-se o final da descripçäo de Proacrias coffeae 
Doe. in. spo pas. ots 


Os estudos de hyperparasitismo em entomolo- 
gia economica são de data recente, e por isto con- 
virá explicar rapidamente este engenhoso processo. 
A natureza serve-se delle à guiza de regulador, 
quando no complicado machinismo, com o qual 
comparamos o equilibrio natural, um dos factores 
toma desenvolvimento demasiado em prejuizo de 
outros que lhe são antagonicos. Vejamos, porém, 
primeiro no que consiste o hyperparasitismo para 
depois podermos estudar os seus effeitos sobre o 
conjuncto biologico sobre o qual elle actua. 

Basta citarmos o caso complicadissimo tão bem 
estudado por Harry S. Smith (Bibl. 8), com rela- 
ção a um hyperparasita, Chalcidida, do genero Peri- 
lampus. Ainda que um ligeiro resumo desse es- 
tudo nos afaste um pouco do nosso assumpto, não 
resistimos ao prazer de mostrar a mão deste exem- 
plo tão bem observado, quanto é interessante, mas 
quanto tambem é difficil investigar esses problemas 
de hyperparasitismo. 

A larva do Perilampus é o chamado «plani- 
dium» ; suas dimensões são microscopicas, em me- 
dia de 0,3 mm.. Essas larvas vivem a principio sobre 
certas lagartas de borboletas e pouco mais tarde pe- 
netram na cavidade geral dessa lagarta. O plani- 
dium não sera entretanto um méro parasita de seu 
grande hospedeiro: o que elle espera é que esse seja 
parasitado por determinadas especies de hymenopte- 
ros (Limnerium ou Apanteles) ou por uma mosca 
do grupo dos tachinidos ( Varichaeta). Só quando 
se tiver dado este caso, aligs frequente, é que o 
nosso Perilampus tem probabilidade de completar 
a sua metamorphose. O planidium penetra então 
nessas larvas parasitarias e torna-se assim o hyper- 
parasita da lagarta da borboleta. 

Claro está que a larva do Perilampus, carco- 
mendo as entranhas da larva do hym-noptero ou da 
mosca, determina a morte destes seus hospedeiros, 
como alids o fazem estes, alimentando-se da lagarta 
da borboleta, que, em ultima analyse, sustenta a to- 
dos elles. 


— 92 — 


E” curioso entretanto, que o planidium do 
Perilampus não consegue completar a sua meta- 
morphose quando dentro da lagarta em que se 
encontra, não houver larvas dos parasitas que acima 
mencionamos ; pacientemente, a minuscula larvinha 
espera por elles, percorrendo à sua procura todo o 
interior do corpo de seu grande hospedeiro, ao qual, 
aliis, parece não fazer grande mal. Se, finalmente, 
nenhum dos taes parasitas apparecer, talvez por fim 
o planidium abandone a lagarta, em procura de 
outra convenientemente parasitada, ou então per- 
manece ahi mesmo, sem impedir a ulterior meta- 
morphose da borboleta; mas o certo ê que o hy- 
perparasita não sabe viver senão à custa do para- 
sita. 


* 
* * 


O exemplo de que acima nos servimos, tem 
naturalmente o defeito de todos os casos especiaes 
citados com todos os detalhes; comtudo, fazendo 
abstracção destes ultimos, é facil generalizar e ter 
assim a essencia do que constitue o hyperparasitismo. 

Procuraremos, agora, explicar qual a funcção 
de taes hyperparasitas. como factores biologicos. 
Claro está que em taes considerações nem sem- 
pre é possivel documentar com observações positi- 
vas 0 que por emquanto se nos afigura como pro- 
vavel. "Temos, entretanto, a certeza de que os phe- 
nomenos que passaremos a schematizar são pelo 
menos possiveis na natureza e, si nos casos isola- 
dos ellas se passam de modo um pouco diverso, 
comtudo, em these, elles obedecem ao mesmo prin- 
cipio. 

Quanto à funcção dos parasitas, bastará repetir 
que a elles compete impedir que a especie parasi- 
tada se multiplique demasiadamente, obstando que 
o insecto-praga venha a exterminar o animal ou 
planta de que elle se alimenta. Mas esse mesmo 
parasita poderia chegar a eliminar o seu hospedeiro, 
inutilizando as ultimas posturas que deveriam ga- 
rantir a existencia da respectiva especie. 


Para impedir que tal aconteça, a natureza, 
querendo restabelecer o equilibrio, creou então o 
contra-remedio, e que consiste muito simplesmente 
na applicação do mesmo processo. E” o chamado 
hyperparasita que entra em funcção nesses casos em 
que ha superabundancia de parasitas. O parasita 
soffre, então, por sua vez, encarniçada perseguição 
por parte dos seus inimigos; 4 proporção que au- 
gmenta o numero destes ultimos, diminue o numero 
de parasitas, e, portanto, o hospedeiro, por sua vez, 
vae sendo aliviado da perseguição que sofria. Em 
summa: o parasita, restringindo a praga, prolifera; 
e, havendo excesso de parasitas, o hyperparasita 
vem perseguil-o do mesmo modo, protegendo assim, 
indirectamente, o insecto-praga. Vem, então, nova- 
mente, o periodo em que a praga alastra, para logo 
em seguida, permittir a proliferação dos seus per- 
seguidores. KE, assim por diante, sempre se repete 
o mesmo cyclo, obedecendo de certo modo ao mes- 
mo principio da lei aa «offerta e procura». 

No diagramma junto procuramos representar 
esta periodicidade em seus traços geraes. 


Schema do cyclo biologico combinado dos fres insectos: 
praga, parasita e hyperparasita 


As linhas horizontaes, quando grossas, indicam a proliferação quando finas 
a diminuição da quantidade dos respectivos insectos ; as linhas verticaes marcam 
as phases ou periodos de annos A, B, C etc. O maior numero de parasitas de- 
termina a diminuição da praga; augmentando os hyperparasitas reduz-se o nu- 
mero dos parasitas, podendo assim a praga alastrar novamente. 

No nosso caso a linha inferior no periodo 4 indica assim grande abun- 
dancia de lagartas de Leucoptera e portanto intensidade da praga. Já em B o 
parasita toma grande incremento, o que implica a restricção do numero de inse- 
ctos-praga. Em ( o parasita existe em tal abundancia que a praga tende a 
desapparecer ; ao mesmo tempo, porém, o hyperparasita encontra as melhores 
condições para proliferar, de fórma a attingir em breve um periodo D, em que 
elle por sua vez restringe o numero dos parasitas. Isto determina uma nova 
phase E em que o parasita escaceia, de fórma que as posturas da Leucoptera 
não são quasi prejudicadas, e por conseguinte a praga torna-se mais intensa 
(periodo F), Recomeçam então os mesmos periodos A’, B’, C’ etc. 


No nosso diagramma elucidativo não preten- 
demos representar o problema em questão senão 
muito por alto, em seus traços geraes mais cara- 
cteristicos, mesmo para que não se perdesse a cla- 
reza desejavel. Assim, omittimos um factor de certa 
importancia e que, ultimamente, tem sido estudado 
detalhadamente. Referimo-nos ao chamado «Super- 
parasitismo», como o denominou W. F. Fiske 
(Bibl. 12), caso este que se dá quando mais de uma 
especie de parasitas primarios atacam o mesmo 
hospedeiro. Assim, o superparasitismo consiste no 
ataque simultaneo de um determinado individuo (o 
hospedeiro) por duas ou tres femeas (parasitas) de 
especies diversas; no hyperparasitismo, ao envez, 0 
hospedeiro escolhido (pela femea do hyperparasita) 
já é, por sua vez, um parasita de um hospedeiro, e 
este ultimo só indirectamente alimenta a hyper- 
parasita. 

Esse superparasitismo póde apresentar-se sob 
varias fórmas, algumas permittindo o desenvolvi- 
mento simultaneo dos varios parasitas, outras dando 
em resultado apenas a metamorphose de um só dos 
varios ccncurrentes; mas todas ellas determinam a 
morte do hospedeiro. 

Abstemo-nos do estudo detalhado das varias 
cathegorias estabelecidas por W. Dwight Pierce, 
(Bibl. 7), porque assim nos afastariamos demasiado 
do quadro geral que aqui procuramos esboçar. 
Entretanto o proprio Mr. Dwight Pierce é de opi- 
nião que todos esses casos de superparasitismo não 
têm tal influencia sobre o parasitismo commum 
como a principio poderia parecer. E, ao que pa- 
rece, elle só se manifesta de modo apreciavel 
quando o parasitismo já alcançou porcentagem rela- 
tivamente alta — portanto, na phase CG do nosso 
diagramma. Em todo caso, com relação à nossa 
representação graphica do cyclo biologico, o super- 
parasitismo actúa da mesma forma que o hyper- 
parasitismo. 


Descripção das especies 


Closteroceros coffecllae n. sp. 


Lone. tot. 1,1 mm; Larg. cap. 0,38 mm: 

Foo) ? ? = , 

one al 08º mm: Lars. all 04 mm. 
o b) ? = 


Cabeça mais larga que o abdomen, thorax um 
pouco mais estreito, mas mais comprido que o ab- 
domen. (Cabeça atraz com uma forte incisão em 
forma de V; ao lado de cada olho, no vertice, uma 
depressão oval. 

Thorax semicircular na parte anterior, estrei- 
tado atraz. O prothorax apenas apparece visto de 
cima; sulcos parapsidiaes completos, parallelos entre 
si na metade posterior e, como todas as outras su- 
turas, bem visiveis; scutellum por 173 mais longo 
que largo, com 2 covinhas que formam um qua- 
drado com a respectiva margem anterior; dorsulo 
muito estreito, bem como o metathorax em projecção. 

Pedunculo do abdomen alargado atraz, do com- 
primento de um articulo tarsal Ill; abdomen pro- 
priamente dito oval, com ovipositor pouco saliente. 

Aza anterior claviforme, com subcosta em li- 
nha quebrada, medindo apenas 174 do comprimento . 
da nervura marginal; ner- 
vura postmarginal pouco 
maior que o radio, que é 
um pouco dilatado no terço 
posterior; ao longo da ner- 
vura marginal ha uns dez 
cilios fortes, seguidos por 
numerosos pellos menores, 
que dão a volta pela mar- 
gem da aza, até metade da Fig. 1. Closteroceros coffeellae n. sp. 

E : (muito augmentado) 

margem inferior. Toda a aza 

anterior é coberta de pellos finissimos, excepto, 
porém, em uma area basal que acompanha a margem 
anterior e 2 manchas arredondadas no terço poste- 
rior. No meio da aza ha uma grande mancha bruno- 
clara, transparente, e outro desenho de egual côr, 
em forma de meia lua, acha-se na margem externa. 


Antennas compostas de 8 articulos de varias 
dimensões, terminando em ponta (o penultimo ar- 
ticulo é conico, o ultimo linear). 

Cabeça e thorax com pontuação grosseira, ab- 
domen liso. O colorido geral todo elle com bello 
brilho metallico, verde; na cabeça um tanto azulado 
(covinhas junto aos olhos, intensamente azues), olhos 
cinabarinos; thorax antes verde amarellado com re- 
flexos aeneos; abdomen violeta escuro; extremidades 
pretas, tarsos amarellos com as pontas dos ultimos 
articulos e unhas pretas. 

Creados em IX e X—912 de folhas de café, 
atacadas de «bicho do café» «isto é, larvas do mi- 
crolepidoptero Leucoptera coffeella), provenientes 
de Tayuva, Est. S. Paulo. 


Proacrias n. gen. 


Este novo genero de Chalcidida, provavelmente 
alliado aos generos Pediobius e Nesomyza (Tribu 
Entedoninr, Subtribu Pediobiina), caracteriza-se da 
seguinte forma: 

Abdomen com pediculo muito curto, ovipositor 
muito pouco proeminente; azas marginadas por ci- 
lios muito curtos; cabeça um 
| pouco mais larga que o thorax; 
{ antennas com 7 articulos, sem 
segmento annullar; aza sem 
desenho, uniformemente cober- 
to de pellinhos, excepto na parte 
basal, especialmente ao longo 
Fig. 2,, Ablomen de Pitt das margens superior e infe- 

rior, estando nesta ultima a 
parte glabra separada da parte interna por uma 
linha nitida formada por pellinhos juxtapostos. * 


* 


— Segundo estes caracteres o nosso genero viria a ser collocado, de 
accôrdo com as tabellas de Ashmead e Schmiedeknecht (loc. cit.) junto ao gene- 
ro Acrias auct. nec Walker. «Acrias» dos dous auctores mencionados não con- 
corda, no emtanto, com Acrias Walk. 1847. Segundo esta ultima diagnose (Ann. 
& Mag. of Nat. History, vol. XX, 1847, pag. 29) este genero de Walker não 
pode ser um Pediobiida, pois tem as suturas parapsidiaes «bene determinataen ; 
além disto a largura da cabeça é athoracis latitudine» e não, como dizem os dous 
outros auctores mencionados, muito mais larga que o thorax. Em todo o caso 
a boa collocação do genero Acrias Walk. ainda está por determinar; talvez deva 
ser collocado na Subtribu Omphalina, caso effectivamente se trate de um genero 
da tribu Entedonini, 


Proacrias coffeze n. sp. 


Long. tot. 1,4mm. Larg. cap. 0,4mm. Long. al. 0,9mm. 
Larg. al. 0,45mm. 


Prothorax bem destacado do metathorax; este 
mais curto que o scutellum; este ultimo seria qua- 
drado se os angulos posteriores não --—... 
fossem arredondados; entre o se- 7% | 
gundo e o ultimo terço do compri- 5... à antenna de 
mento do scutellum ha de cada lado | Proacrias coffeae 

: c Ê (muito augmentado) 
uma covinha bem evidente, ainda que 
pouco funda. Pedunculo do abdomen muito curto, 
linear na base mas logo muito alargado atraz; 
abdomen em si pouco mais curto que cabeça e 
thorax juntos. 

Cabeça e thorax grosseiramente granulados, de 
côr verde azulada muito escura; abdomen sem pon- 
tuação, liso, brilhante, de côr verde menos azulada, 
predominando antes os reflexos dourados. Olhos cin- 
nabarinos; antennas pardo-claras. Extremidades ama- 
rello-pallidas, quasi brancas; só o femur do ultimo 
par bruno-claro no meio; todas as unhas bruno- 
escuras. 

Creado junto com a especie precedente, de fo- 
lhas de café minadas pela lagarta de Leucoptera 
coffeella (IX e X—1912, Tayuva, Est. de S. Paulo). 

Deve-se notar, no emtanto, que, segundo a 
nossa classificação, baseada nas monographiss de 
Ashmead e Schmiedeknecht, a presente especie per- 
tence à subtribu Pediobiinæ, da tribu Æntedonini, 
e, conforme assegura o primeiro dos dous monogra- 
phos, todas as especies ahi comprehendidas são hy- 
perparasitas («All of the species falling in this 
group are, 1 think, hyperparasites, and attack other 
members of the Æntedoninæ, as well as members 
of other groups and more particularly species in 
the Hulophine... the species of the genus Hulo- 
phus particularly being most frequently devoured 
by them».) 

Não é provavel, no emtanto, que Proacrias cof- 


2 


fece se desenvolva à custa de Closteroceros coffe- 


elle. nem da especie de Hulophus abaixo mencio- 
nada, visto como Proacrias é maior que qualquer 
das duas outras. KE’ presumivel, no emtanto, que, 
além das 3 especies de parasitas aqui descriptas, exis- 
tissem ainda, nas mesmas folhas de café, larvas de 
uma quarta especie de parasita de Leucoptera e 
que constituisse hospedeiro adequado ao nosso hy- 
perparasita presumptivo; e, por terem sido parasi- 
tadas todas ellas, nenhuma dessas larvas conseguiu 
concluir a sua metamorphose. 

De uma terceira especie de parasita da Leu= 
coptera ou «bicho do café», creada do mesmo ma- 
terial, possuimos apenas 2 exemplares; por não te- 
rem sido convenientemente preparadas, não nos 
aventuramos descrevel-as senão como: 


Eulophus sp. 


Long. tot. 1,1—1,2 mm.; Larg. cap. & thor. 0,3 mm.; Long. 
al. 0,85 mm.; Larg. al. 0,43 mm. 


Cabeça e thorax verde-azulados, olhos rubins; 
abdomen pardo-corneo com brilho opaiino ou ver- 
de-azulado; de egual côr parda são as antennas, as 
coxas e os dous terços medianos dos femora II; 
de resto, todas as patas são branco-amarelladas. 
Azas hyalinas com finos pellos distribuidos unifor- 
memente e que nos bordos são apenas um pouco 


mais longos. Antennas de 7 artículos, todos, com 
excepção do articulo basal, providos de longos pellos. 


Bibliographia 


1 DeLacroIs, G. Les Maladies et les ennemis 
des Caféters, 2.º ed. 1900, Paris, pg. 123- 
129. 

2 Fiskn, W. F. Superparasitism, an important 
factor in the natural control of ensects. Jour- 
nal of Economic Entomology 1910, Vol. III, 
N. 4: pg. 88-97, Concord, IN. ET. 


10 


11 


GARD, ALF. Sur l'existence de Cemiostoma 
coffeella à Vile de la Réunion; Bull. Soc. 
Entom. France, 1898, pg. 201-208. 


THERING, Roporpro von O «bicho do café» (Leu- 
coptera coffeella) Uma praga dos cafezaes. 
Revista Agricola «Chacaras e Quintaes», 1912, 
Vor Vinny 4. pe 1-7: 

ImerING, RopoLpHo von A praga dos cafezaes 
(Leucoptera coffeella) Loc. s. cit. 1912, Vol. 
VI, Ne ape: 4. 

PickMamMN Mann The white Coffee-leaf miner. 
American Naturalist, 1872, pg. 332 e 596. 

Pierce, W. Dwicar On some phases of para- 
sitism displayed by insect enemies of wee- 
vils; Journ. of Econ. Entomol. 1910, Vol III, 
N. 6, pg. 401-458. 


SmitrH, Harry S. The chalcidoid genus Peri- 
lampus and ws relations to the probleme of 
parasite wmtroduction. U. 8. Dep. of Agricult. 
Bureau of Entomology; Technical Series, 1912, 
N. 19 part. IV, Washington. 

WaLsingHaM, Lord, West-lndian Microlepido- 
ptera, Proceed. Zool. Soc. London, 1397, p. 
142 (Synonimia). ; 


Trabalhos que não puderam ser compulsados: 


GuERIN-MENEvVILLE & PERROTTET, Memoire sur 
un insecte et un champignon qui ravagent les 
cafiers aux Antilles; 1842 (Fasciculo de 30 pag. 
muito raro). 

? Mapinier Rev. Agr. Imp. Fluminense, Agr. 
N. 3 p. 29 e seg. 18... ? (Citado segundo Wal- 
singham). 


mera LOD ae 


Zusammenfassung der Ergebnisse : 


Von der heute in allen Kaffeeländern vertre- 
tenen Motte Taf. II, Fig. 1, Leucoptera coffeella 
Guér. Men. (Cemiostoma coffeella) wurden mir aus 
Tayuva (zwischen Jaboticabal und Bebedouro in 
Staate S. Paulo, Brasilien) einige Larven zugeschickt. 
Ks handelt sich hier bekanntlich um nicht unge- 
fährliche Schähdlinge der Kaffeeblätter. Obwohl die 
Lebensweise dieser Tineide schon des üfteren stu- 
diert worden ist, sind dennoch manche ceckologische 
Punkte nicht geniigend beriicksichtgit worden und 
ich hatte gerne in dieser Hinsicht eingehende Beo- 
bachtungen angestellt. Da mir aber kein geniigen- 
des Material zur Verfügung stand, beschränkte ich 
mich auf deren Zucht, besonders in der Hoffnung 
auch Parasiten zu erlangen. 

Aus der Literatur (cf. Bibl. 3, u. 6) waren 
mir schon Angaben über 4 Arten Schmarotzer be- 
kannt, nämlich 2 Chalcididen aus der Subfam. Hulo- 
phinae und 2 Braconiden, je ein Vertreter aus dem 
Staate Rio de Janeiro (Pickmann Mann) und von 
der Insel Réunion (Giard). 

Aus meinem Materiale, welches am 27. Septem- 
ber gesammelt wurde, zog ich am 2. Oktober und 
darauf am 5., 9,, 11., 17.; 18., und 22.,\desselben 
Monates 8 Parasiten, welche drei verschiedenen Arten 
derselben Subfamilie Hulophinae angehoren. Zwei 
davon beschreibe ich im Folgenden; die dritte Art, 
welche sicherlich der artenreichen Gattung Æulo- 
phus angehort, getraue ich mir nicht mit einem Na- 
men zu belegen, da mir die nótige Literatur nicht 
zugänglich ist und auch, weildie betreffenden zwei 
Exemplare nicht tadellos praepariert sind. 

Ich unterlasse es, hier eine Uebersetzung des 
vorstehenden portuguisischen Textes zu geben, in 
welchem ich etwas eingehender die interessante Fra- 
ge des Hyperparasitismus behandle, da ja dieser Ge- 
genstand den Zoologen aus den verschiedenen treff- 


— Le = 


lichen Arbeiten, besonders nordamerikanischer For- 
scher (cf. Bibl. 2, 7, 8) bekannt sein diirfte. 

Nur méchte ich noch zu meinem Diagramme 
auf Seite 93 bemerken, dass ich in dieser graphischen 
Darstellung nur im allerwesentlichsten den so com- 
plizirter Cyclus der drei Hauptfaktoren darzustellen 
versuchte : Wirt, Parasit und Hyperparasit. Andere 
hier in Betracht kommenden k aktoren wie der Super- 
parasitismus müssten durch besondere Kurven, in 
diejenige der Parasiten geschlungen, eingetragen 
werden; da aber die Wirkung dieser Superparasi- 
ten mit derjenigen der Hyperparasiten zasammen fällt, 
habe ich der Klarheit des Bildes wegen dieselben 
nicht extra dargestellt. 

Leider konnte ich beziiglich Leucoptera und 
deren Schmarotzer nichts Genaueres betreffs des 
hochstwahrscheinlich stat:findenden Hyperparasitis- 
mus feststelien. Proacrias mihr gehort aber zu einer 
Gruppe Chalcididier, von welcher Ashmead behau- 
ptet, alle dahin gehôrigen Arten seien sicherlich 
Hypervarasiten. Es ist wohl kaum anzunehmen, dass 
Proacrias coffeae Schmarotzer einer der zwei an- 
deren, hier beschriebenen Arten sein diirfte, weil er 
3 resp. 2 Zehntelmillimeter grósser als die presum- 
ptiven Wirte selber ist. Es besteht aber noch die 
Moglichkeit, dass in dem von mir gezüchtetem Ma- 
teriale auch noch Larven einer weiteren, vierten 
Art enthalten waren, in welcher Proacrias schma- 
rotzte, von welchon Wirten aber kein Exemplar zur 
Entwicklung gelangen konnte. 


Closteroceros coffeellae n. sp. 


Long. tot. 1,1 mm., Larg. cap. 0,38 mm., Long. al. 0,8 mm., 
Larg. al. 0,4 mm. 


Kopf am breitesten, Abdomen etwas breiter als 
Thorax, dieser etwas laenger als Abdomen. Stirne 
von oben gesehen gerade, die Augen dagegen in 
starker Woelbung vorstehend, oben doppelt soweit 
voreinander entfernt als unten, wo sie auch die un- 
tere Grenze bilden. Der Kopf ist eher dick, hin- 


— 102 = 


ten wenig ausgebuchtet, aber mit einer tiefen V- 
foermigen Einkerbung versehen, deren Spilze bis zu 
den Ocellen reicht; beiderseits neben den oberen 
Augenraendern eine ovale Mulde. 

Thorax hinten etwas schmaeler als vorne, die 
groesste Breite wird erst bei den Fluegelschuepp- 
chen erreicht, bis dahin ist sein Umriss fast genau 
halbkreisfoermig; Prothorax von oben gesehen 
eben sichtbar ; Parapsidien-Furchen wie alle ande- 
ren Naehte sehr deutlich, vollstaendig, in der zweiten 
Haelfte bis zum Scutellum parallel verlaufend ; 
die Scapulae beruehren das Scutellum nicht, son- 
dern dic Axillae schieben sich vorher ein; Scutel- 
lum hinten etwas erbaben, etwa um ein Drittel 
laenger als breit; zwei tiefe Gruebchen am Anfang 
des letzten Drittels bilden mit dem schwach conka- 
ven Vorderrand des Scutellums die Eckpunkte ei- 
nes Quadrats; Dorsulum schmaeler als der Abstand 
zwischen diesem und den eben erwaehnten Grueb- 
chen; Metathorax ziemlich stark abfallend und 
von oben gesehen kaum laenger als das Dorsulum. 

Abdomen mit nach hinten sich verbreiterndem 
Stilchen, dessen Laenge etwa derjenigen eines Tar- 
sengliedes JIL entspricht; Abdomen fast vollstaen- 
dg oval, Bohrer kurz hervorragend. 

Vorderfluegel keulenfoermig, Subcosta gebro- 
chen, von kaum 1,t der Laenge des Marginalner- 
ves; Postmarginal-nerv unbedeutend laenger als 
Radius; dieser etwa solange wie die drei ersten 
Tarsenglieder II], im letztem Drittel etwas ver- 
breitert, am Ende abgestutzt ; laengs des Marginal- 
nerves stehen 10 starke Borsten, hierauf folgen 
etwas kuerzere Cilien, welche um den Aussenrand 
herum bis zur Haelfte des Unterrandes stehen. Der 
ganze Vordertluegel groesstenteils ziemlich dicht 
behaart, nur ein basales Feld des Vorderrandes, das 
sich nach aussen zuspitzt, unbehaart, und zwei ab- 
gerundete Zonen im letzten Drittel mit spaerlicherer 
Behaarung. In der Mitte des KFluegels ein grosser, 
hellbrauner, durchsichtiger Fleck und eine ebensol- 
che halbmondfoermige Faerbung laengs des Aus- 


senrandes; Hinterfluegel mit unbehaartem Margi- 
nalnerv, der Rest des Vorderrandes mit kuerzeren, 
des Hinterrandes mit laengeren Cilien; das [eld 
nur sehr spaerlich behaart. 

Fuehier achtgliederig, mit ziemlich langer 
Behaarung, Schaft wenig laenger als Pedicellus, 
Faden zweigliederig ; erstes Giied beinahe halb so 
lang als das zweite, beide kaum laenger als Pedi- 
cellus; Keule v'ergliederig, allmaehlich verjuengt, 
vorletztes Glied konisch, das letzte linear. 

Kopf und Thorax grob punktiert, Abdomen 
glatt; unbehaart, nur einige Borsten auf der Stir- 
ne, den Tegulae, Scapulae, etc. Farbe metallisch 
gruen, der Kopfmebr bläulich (besonders die Grueb- 
chen neben den Augen par ultramarin), die Augen 
zinoberrot; Thorax eher gelblich gruen, hie und 
da mit stahlblauen Reflexen; Abdomen dunkelvio- 
lett, Extremitaeten schwarz, Tarsen gelb, Spitze 
des letzten Gliedes und Klauen schwarz. 


Proacrias 7. gen. 


Diese neue Gattung, welche wahrscheinlich in 
die Nahe von Pediobius und Nesomyza (Tribus 
Entedonini, Subtribus Pediobima; gehort, mag fol- 
gendermassen characterisiert werden : 

Hinterleib kurz gestielt, Bohrer nur sehr we- 
nig vorstehend; Fliigel am Rande mit kurzen 
Wimperhaaren ; Kopf etwas breiter als Thorax, 
Fiihler 7 gliederig, ohne Ringglieder; Fliigel ohne 
Zeichnung durchweg gleichmässig behaart, nur im 
Basalteile unbehaart, besonders am Ober und Unter- 
rande, welch letzterer durch eine schiefe Linie eng 
an einander stehender Bôrstchen von dem behaarten 
Teile getrennt wird. | 


Anmerkung:—Nach diesen Merkmalen kime das neue Genus, bei Benutzung 
der Bestimmungstabellen sowohl von Ashmead (Class. Chalcid Flies, Mem. 
Carnegie Mus., I, n. 4, 1904, pag. 344) als von Schmiedeknecht (Gen. Inse- 
ctorum, Fam Chalcididae, 1909, pag. 447) in die Niihe von Acrias auct. nec 
Walk. zu stehen. «Acrias» der beiden genannten Auctoren stimmt aber nicht 
mit Acrias Walker 1817 überein. Nach der Originalbeschreibung ist Acrias 
kein Pediobiid, da «parapsidum suturae bene determinatae»; ferner hat der 
Kopf «thoracis latitadine» und ist nicht, wie Ashmead u. Schmiedeknecht 
sagen, viel breiter als der Thorax. Die richtige Stellung von Acrias wiire also 
noch fest zu stellen, eventuell in der Subtribus der Omphalina, falls es sich 
wirklich um eine Gattung der Tribus der Entedonini handelt. 


Proacrias coffeae n. sp. 


Long. tot., 1,4 mm.; Larg. cap., 0,4 mm.; Long. al., 0,9 
mm.; Larg. al., 0,45 mm. 


Prothorax deutlich abgesetzt vom Metathorax ; 
dieser kiirzer als das Scut-llum; letzteres wire 
quadratisch, wenn nicht die zwei hinteren Ecken 
abgerundet wiiren; am Ende seines zweiten Drit- 
tels jederseits ein grésseres, aber flaches Grübchen. 
Abdomen mit sehr kurzem, rasch erweitertem Stiel- 
chen; wenig kiirzer als Kopf und Thorax. 

Kopf und Thorax dusserst grob granuliert, 
von dunkel blau-grüner Farbe; Abdomen unpunk- 
tiert, scheinend, weniger blau sondern eher goldig- 
grin. Augen zinoberrot; Antennen hellbraun. Ex- 
tremitäten blass, gelblichweiss, nur die Schenkel 
des letzten Paares hellbraun, doch sind auch hier 
sowohl die basalen wie die apicalen Spitzen fahl; alle 
Klauen dunkelbraun. 


Eulophus sp. 


Long. tot., 1,1-1,2 mm.; Larg. cap., & thor., 0,3 mm.; 
Long. al., 0,85 mm.; Larg. al., 0,43 mm. 


Kopf und Thorax bläulich-grün, Augen lebhaft 
rubin; Hinterleib hell hornfarben, schwach opali- 
sierend oder bläulich-grün ; ebenfalls hornfarben 
sind die Fühler, die Coxen und die Femora III; 
alle übrigen Theile der Extremitaeten sind gelblich- 
weiss. Die Flügel sind glechmässig hyalin, dicht 
und gleichmässig mit feinen Häarchen besetzt, an 
den Aussenrändern nur wenig längere Cilien. Füh- 
ler 7-gliederig, und mit Ausnahme der Geissel, 
überall mit langen feinen Haaren besetzt. 


ADDENDUM 


Já estavam impressas as paginas precedentes 
quando, por intermedio da Bibliotheca Nacional do 
Rio de Janeiro recebemos copia da parte que nos 
interessa do trabalho de P. Madinier, «Breve no- 
ticia sobre o cafeeiro», ao qual er referimos à 
pag. ST e na «Bibliograph: ap pee eee, NES 7e 

O referido trabalho foi publicado na «Revista 
Agricola do Imp. Inst. Fluminense de “EN CRNTEE 
N. 3, de Abril 1870, 29 a 3b. 

O trecho referente à borboletinha que aqui nos 
interessa é o seguinte : 

«Entre os insectos que vivem à custa do cafe- 
eiro ua Martinica observou-se uma scarita e um 
cossus que roem a casca, um byrrus que penetra 
na madeira e criva-a de furos redondos imperce- 
ptiveis à vista. 

«Porém o mais nocivo de todos é uma larva 
achatada e mui pequena de uma especie de no. 
ctuella, que se nutre da substancia perenchymatosa 
das folhas. Alcjada entre as duas epidermes destes 
orgãos essenciaes, cobre-os de manchas lividas, cor 
de ferrugem, devora as fibras e todo o tecido in- 
terior, absorve a seiva, obstrue os canaes circula. 
torios, impede a respiração vegetal de effectuar se, 
esgota finalmente a planta e determina a sua morte». 

Não lemos a parte introductoria do mesmo traba- 
lho e assim não sabemos si o auctor de facto conhe- 
ceua Leucoptera coffeella no Brazil. Comtudo dous 
annos depois Pickmann Mann a estudou no Estado 
do Rio de Janeiro. Quanto ao nome scientifico que 
Madinier dá à nossa especie, não se sabe si «no- 
ctuella» é tomado na accepção de nome generico 
(e neste caso deveria ser escripto com inicial maius- 
cula) ou si o auctor tinha em mente apenas um 


— 106 — 


diminutivo de « Noctuida». Em todo o caso para 
a nomenclatura scientifica « noctuella Mad.» é um 
nomen nudiin. 

Assim fica satisfeito, ainda que um pouco tar- 
diamente, o pedido de Lord Walsingham: «... and 
I should be grateful to anyone who could tell me 
where it was published». 

Ao illustrissimo sr. Director da Bibliotheca 
Nacional, Dr. Manuel Cicero, os nossos agradeci- 
mertos pela gentileza com que attendeu o nosso pe- 
dido 


NACHTRAG 


Aus einer soeben empfangenen Abschrift der 
Arbeit P. Mandinter's welche in der « Revista do 
Imp. Inst. Fluminense de Agricultura, n. 3, April 
1870, S 29-34 » erschienen ist, ersieht man dass 
der darin fiir Leucoplera coffeella gebrauchte Name 
« nocluella » absolut nicht nach den Regeln der 
Nomenclatur aufgestellt worden ist. Der Autor 
beschreibt nur die Blattkrankheit welche durch « die 
flache und äusserst kleine Larve einer Art nocluella» 
hervorgerufen wird, oline irgend welche Beschrei- 
bung der betreffenden Motte zu geben. 


O genero Pteromhrus Sm. (line) 


POR 


mOOUP HO DUCKE 


(Estampa 111, fig. 5) 


Este genero exclusivamente americano de hy- 
menopteros da familia Scoliidae era até ha pouco 
tempo mui insufficientemente conhecido, sendo as 
especies que o compõem, raras nas collecções dos 
museus. Tendo conseguido apurar cinco especies no- 
vas para a sciencia, elevando desta maneira o nu- 
mero das especies conhecidas, de duas para sete, 
julgo poder submetter o genero a uma revisão, cha- 
mando assim a attenção dos collegas sobre estes 
insectos ainda tão pouco estudados. 


Gen. Pterombrus F. Smith 1869 ( 


+O 


a Ducke 1907 (94) 

-— Turner 4908 (Sd) 

== Ducke TOTO CA) 
Myzine Cresson 1872 (oc) 
— F. Smith 1879 (d) 

= Cameron 1893 (dg) 
Engycystis Fox 1895 (94) 
Huberia Ducke 1907 (9) 


S&S maribus generis Plesia Jur. similes, sed 
palpis pronotoque multum longioribus faciliter dis- 
tinguendi. Corpus elongatam. Caput thorace latius ; 
oculi lati; genae nullae; mandibulae margine in- 
terno unidentatae; palpi maxillares (*) longi, arti- 


(*) Segundo Fox, os palpos maxillares do Pt. rufiven- 
tris teriam 5 articulos, quando o Pt. pilicollis da nossa 
colleeção, que tem as partes buccaes perfeitamente extendi- 
das, apresenta 6 articulos, dos quaes porêm, o primeiro é 
muito pequeno, a ponto de ser difficilmente visivel. 


— 108,-— 


culo 1 brevissimo, 2 et 3 modice longis sat crassis, 
4, o et 6 longissimis, tenuibus; palpi labiales me- 
diocres, 4 - articulati, articulo | et 4 longis, 2 et 3 
brevibus ; ocelli in triangulo siti, magnitudine nor- 
males; antennae 9 12, ¢ ‘8 articulatae, sub la- 
minula bituberculata insertae. Thorax elongatus ; pro- 
notum, mesosternum et segmentum medianum lon- 
giora quam in generibus vicinis; scutellum lobo 
centrali convexo, elongato; mesopleurae epicnemio 
distincto; postscutellum valde angustum ; segmen- 
tura medianum latitudine longius, rugosum vel re- 
ticulatum. Coxae intermediae subvontiguae vel pa- 
rum separatae. Abdomen segmento 1 subpetiolato, 
inter segmenta 1 et 2 distincte coarctatum, 9 seg- 
mentis dorsalibus 6, area pygidiali distincta vel non 
distincta, 5” segmentis dorsalibus 7, segmento ven- 
trali ultimo in spinam longam sursam curvatam ter- 
minante, Alac anteriores stigmate sat magno, cellu- 
la radiali elongata sat acuminata, apice a cesta non 
remoto, cellulis cubitalibus |, 2 et 3 inter se ma- 
gnitudine non multum differentibus, 2.º trapeziformi, 
nervum recurrentem 1 in dimidio anteriore reci- 
piente, nervo recurrente 2.º cellulae cubitali 3.º in- 
serto. Pedes in utroque sexu graciles, tibiis inter- 
mediis et posticis calcaribus duobus munitis, tibiis 
posticis extus, praesertim in ©, distincte serratis. 
Longitudo corporis, 6 1/2— 14 1/2 millim. 


Conspectus analyticus specierum (2) 


1. Corpus nigrum. Fions valde 
elongat aangusta. Antennarum 
flagellum subclavatum. Pro- 
uoti pars dorsalis opaca, ru- 
guloso-punctata antice mar- 
ginata. 6 1/2 — 8 1/2millim clavicornis Ducke 


— 10) — 


—. Abdomen maxima ex parte ru- 
fum. Frons lata, quadrata vel 
longitudine latior. Antennae 
filiformes 


(AS) 


2. Pronoti pars dorsalis longitu- 
dine latior, antice margina- 
ta, collum versus verticaliter 
abrupta. Caput dense pun- 
ctatum solum vertice ad 
ocellos spatio polito, maiore 
vel minore, instructo. Corpus 
sat robustnm..CEvis  aiisga do 


—. Pronoti pars dorsalis antice 
non marginata; pronotum 
totum de supra visum lati- 
COUT dongiisSP 4 oa 


3. Pronotum nitidum punctis val- 
de crassis adspersum. Ver- 
ticis spatium politum sat 
magnum. Segmenti mediani 
pars posterior a parte dor- 
sali carina elevata non se- 
parata. Abdomen solum basi 
extrema nigra. 12 millimi aenigmaticus Sm. 


—. Pronotum opacum dense snb- 
tiliter punctatum, solum mar- 
gine postico interdum nitido : 


cS 


4. Vertex spatio polito mediocri 
praesertim infra ocellos cons- 
picuo instructus. Antennae 
sat breves. Segmenti mediani 
pars posterior a parte dorsali 
per carinulam elevatam trans- 
versalem distincte separata. 
Abdomen solum basi extrema 
mere. O milk; o. mhicollis Ducke 


—. Vertex inter ocellos spatio po- 
lito minuto instructus. An- 


= To > 


tennae longiores. Segmen- 
tum medianum sine separa- 
tione inter partem dorsalem 
et partem posteriorem. Ab- 
dominis variae partes, nigrae. 
10:3/4 milum. 2.20" 7. |. argentinas Ducke 


o. Caput sparsius, pronotum den- 
se, subtiliter punctatum. Ab- 
dominis segmentum primum 
nigrum, 14 1/2 millim. Gig. rufiventris, Gress. 

—.Caput, pronotum, mesonotum 
et scutellum valde nitida, 
fronte et verlice politis, pro- 
noto sparsim punctato. So- 
lum basis segmenti abdomi- 
nalistprima era | Me io 

6. Pronotum valde elongatum, 
sparsissime sat subtiliter pun- 
ctatum, sparsim pilosum. Ab- 
domen valde elogatam ca- 
pite thoraceque simul sum- 
puis aequale vel longius, se- 
gmento primo basi sat dis- 
tincte petiolata, segmento 6.º 
elongato. Alae breves, cellula 
cubitali 1.º vix | longiore 
quam 2.º Long. corp. 12-14 
millim.’ <q pipe gen esa da bao see 

—. Pronotum minus longum, 
crasse sat sparsim puncta- 
tum, sat pilosum. Abdomen 
robustum, thorace parum lon- 
gius, segmento 1.º basi late 
subpetiolata, segmento 6.º 
in triangulo latitudine non 
multum altiore. Alae medio- 
eres, cellula cubitali 1.2 distin- 
cte longiore quam 2.º. Long. 
corp. 12 1/2 millim. ... cheringi n. sp. 


=—— ie, 


Descripção das especies 


1Pterombrus clavicornis Ducke 


Huberin elavicornis Ducke 1907 
Pterocmbrus clavicornis Ducke 1907 
— — Ducke 1910 
— — Turner 1910 


@ Corpus valde gracile, nigrum, albidopilosum, 
palpis, mandibulis, abdominis segmento apicali et 
interdum etiam antennarum scapo et pedibus plus 
minusve testaceis. Caput opacum, dense subtiliter 
rugoso-punctatum, facie obsolete longitudinaliter ru- 
gosa; ocellis in triangulo aequilatero; occipite et 
temporibus angustis; fronte longa et angusta; ocu- 
lis magnis, orbitis internis clypeum versus leviter 
divergentibus; mandibulis sat brevibus; antennis 
sat brevibus, flagello apicem versus incrassato. 


Pronotum, collo distincto et parte dorsali com- 
positum, hac ultima antice subtiliter marginata, ver- 
ticaliter truncata, longitudine parum Jatiore, dense 
ruguloso-punctata, antice medio longitudinaliter sul- 
cata. Mesonctum pronoti parte dorsali brevius, ni- 
tidum modice punctatum. Scutellum politum sparsis- 
sime puctatum. Mesopleurae subnitidae, dense subti- 
lissime punctalatae. Segmentum medianum dense 
reticulatum, postice convexo-rotundatum. Abdomen 
elongatum, totum politum, punctis et pilis parcis 
ad segmentorum margines apicales et latera adsper- 
sum; segmentum 14." Jatitudine multum longius, 
basi petioliforme, parte apicali vaide convexa ; segmen- 
tum anale (6."m) elongatum, acutum, convexum, sine 
area distincta. Alae mediocres, hyalinae, iridescentes 
anteriores fasciis duabus transversalibus fuscis or- 
natae, stigmate et nervis fuscis, tegulis brunneis; cel- 
lula cubitalis 2.º, maior quam 1.º vel 3.9, nervum 
recurrentem 1." ad tertium anterius recipiens; ner- 
vus recurrens 2.% cellulae cubitali 3.2° ante medium 


— DED! x 


insertus. Alarum posteriorum cellula analis paullu- 
lum post originem nervi cubitalis terminata. Long. 
corp. 6 1/2—8 1/2 millim. 

Distrib.: Parte occidental da Amazonia infe- 
rior: (Estado do Pará) A. Ducke, Mus. Pará; Rio 
Negro: Barcellos (Est. do Amazonas) A. Ducke, 
Mus. Londres; Amazonia superior : Teffé, Baixo Rio 
Javary (E. do Amazonas), A. Ducke, Mus. Pará, 
Paris, Perú, (sem outra indicação), Mus. Berlim. 


Esta especie vôa na sombra da floresta sobre 
folhas e madeira podre. A côr preta do corpo mui- 
to delgado, as antennas quasi clavadas e a cara 
comprida e estreita excluem a possibilidade de com- 
fundil-a com qualquer outra especie. 


2. Pterombrus argentinus Ducke 1910 


«Q Tete et thorax noirs, densément couverts 
de longs poils gris-jaunátres; une petite tache dans 
la partie inférieure des orbites internes jaunatre; 
base et partie apicale des mandibules, roussatres. 
Tete de la grandeur de celle du P. pelecollis, den- 
sément ponctuée, mate, seulement entre les ocelles 
existe un très petit espace iisse et brillant; tempes 
avec ponctuation plus espacée, assez luisantes. Front 
un peu plus large que long, au-dessus des antennes 
très élevé, saillant en forme de toit. Yeux courts; 
mandibules longues. Antennes presqu'aussi longues 
comme dans le P. glabricollis. Col du pronotum 
court. Pronotum à bord antérieur élevé, tranchant, 
beaucoup plus large que long, seulement dans ses 
parties latérales un peu pius long que le mésono- 
tum, entièrement mat, avec ponctuation fine et ser- 
rée, et poil abondant. Mésonotum et scutellum avec 
ponctuation moins fine et pilosité plus faible, celui- 
ci aussi large que long, avec l'extrémité apicale 
luisante. Mésopleures avec ponctuation fine et ser- 
rée, densément couvertes de poils gris-jaunatres. 
Postscutellum petit, mat. Segment médiaire transver- 
salement rugueux, sa partie supérieure nue, pas 


séparée de la partie postérieure, ses flanes avec 
longs poils grisátres, assez clairsemês. Abdomen três 
luisant, les segments 2 et 3, la base du 1°", une 
grande partie du 4º. et l’aréa du 6º. sont rovx, le 
reste noir; le 1º. segment a la base subpetiolée plus 
courte que dans les autres espèces; le dos de l’ab- 
domen est sans sculpture, les trois premiers seg-. 
ments dorsaux sont nus, les autres et le ventre ont 
des poils longs; les segments ventreaux ont quelques 
points gros. 6º. segment dorsal avec aréa triangu- 
laire limitée par de faibles carénes. Forme géné- 
rale de "abdomen comme dans le P. pilicollis, mais 
un peu plus large. Ailes semblables à celles du po- 
licollis, mais les deux bandes de la paire antérieure 
sont encore plus fortes; les nervures sont noiratres, 
mais le stigma et les parties des nervures qui se 
trouvent dans la partie hyaline, située entre les 
deux fascies brunes, sont d'un testacê pale. Les 
cellules sont presque exactement comme dans le P. 
pilicollis, seulement la 3°. cubitale reçoit la 2.º 
nervure recurrente un peu avant sun milieu. Pattes 
noiratres, la partie apicale des tarses et les genoux 
sont roussatres, la partie basilaire des tibias postê- 
rieurs est jaunatre, transparente. Longueur du corps, 
10,75 mill. 

Distrib.: R. Argentine, Chaco de Santiago del 
Estero (La Palisa, bords du Bio Salado, 25 kil. N. 
— O. dJeafio), K. R. Wagner, 1903. Le type est 
au Muséum de Paris. 

Diffère du P. pilicollis surtout par une autre 
sculpture du vertex, les antennes plus longues, le 
segment médiaire sans séparation entre la partie 
Supérieure et la postérieure, les couleurs du chitin 
de l’abdomen et de la pilositê du corps, etc.; du 
P. enigmaticus Sm. encore (*) et surtout par la 
ponctuation fine et serrée du pronotum.» (Revue 
d'Entomologie, 1910). 


(*) Excepto o segmento mediano, que no P. argentinus 
se assemelha ao do P. enigmaticus. 


3. Pterombrus pilicoliis Ducke 
Huberia pilicollis Ducke 1907 
Plerombrus cnigmaticus Ducke 1907, não Sn. 
Pterombrus pilicollis Dacke 4910 


©. Corpus sat robustum, nigrura argenteo-pi- 
losum, abdomine (segmenti primi basi extrema ex- 
cepta) rufo, clypei margine anteriore, mandibula- 
rum parte basali et orbitarum internarum partis 
inferioris macula, testaceis. Irons lata, dense pun- 
ctata, opaca. Vertex punctatus, spatio polito nitidis- 
simo ad ocellos et preesertim infra eos sito, instru- 
ctum. Occiput et tempora lata. Ocelli in triangulo 
bumili. Oculi breves. orbitis internis parallelis. 
Mandibulæ longe et validæ. Antenne sat breves, 
filiformes. Pronotum parte dorsali longitudine imul- 
tum latiore, opaca, dense subtiliter punctata, pilis 
longis stratis grisescenti-argenteis obtecta, solum ad 
marginem posticum subnitida glabra et impunctata; 
hac parte dorsali antice acute marginata et vertica- 
liter abrupta; collo sat brevi. Mesonotum pronoti 
parte dorsali parum brevius, nitidulum mediocriter 
punctatum; scutellum mesonoto vix longius, sat ni- 
tidum parce punctulatum; mesopleuræ dense subtiliter 
punctate, pilis argenteis dense vestitæ. Segmentum 
medianum irregulariter transverse rugosum, parte 
postica apicem versus obsolete reticulata a parte 
dorsali per carinam transversalem distinctamm sepa- 
rata; partes laterales dense argenteo-pilosee. Abdo- 
men sat breve, thorace vix longius, politum, pilis 
argenteis longis sparsis, dorso impunctato, lateribus 
et ventre punctis paucis adspersum; segmentum 1.°™ 
latitudine vix longius, petiolo brevissimo; segmen- 
tum 6.º" Jatitudine parum longius, dimidio apicali 
area pygidiali lateraliter et antice carinis subtilibus 
limitata instructum. Ale breviusculæ, flavido-hyali- 
nee, antericres distincte nigrescenti-bifasciatæ, cel- 
lula cubitali 2.2 reliquis minore nervum recurren- 
tem" 1." ad quartum anterius recipiente, nervo 
recurrente 2º cellulæ cubitali 3º ad medium inser- 
to, hac cellula parum maiore quam 2.º, distincte 


minore quam 1.*; alarum posticarum cellula analis 
ad originem nervi cubitalis terminata. Tegulæ, ala- 
rum nervi et pterostigma nigrescentes. Longitudo 
corporis 10 millim. 

Distrib.: Amazonia inferior, Rio Tapajoz, Itai- 
tuba (Estado do Pará), sobre a areia d'uma velha 
praia, A. Ducke, Mus. Pará. 

Esta especie assemelha-se sobretudo ao argen- 
tunus e cengmaticus, distinguindo-se do primeiro 
principalmente pela côr do abdomen e das azas, 
pelo maior espaço - liso do vertice e pelas antennas 
mais curtas; do segundo pelo prono‘o finamente pon- 
tuado e mate; de ambas as especies citadas differe pela 
separação evidente das partes dorsal e posterior do 
segmento mediano. As especies glabrecollis e therin- 
ge têm outra forma do pronoto, e outra esculptura 
da cabeça e do thorax. 


4. Pterombrus aenigmaticus Sm. 
— — F. Smith 1869, 9 
TS == Turner, "4908, O 
— — Ducke 19100 
Myzine confusa F. Smith 1879 & 
Pieronbrus confusus  'Furner 41908 of 
— — Ducke TOLO 


«Q © lines. Head and thorax black, the ab- 
domen red. — Ilead closely punctured, with the 
middle of the vertex and a space around the ocelli, 
shining, and having a few scattered punctures ; the 
face and cheeks with a thin griseous pubescence ; 
the mandibles rufopiceous, with a pale spot at their 
base; the palpi pale testaccous. Thorax: the me- 
sothorax and scutellum sh ning, with a few deep 
punctures, the metathorax transversely and coarsely 
rugose, the apex obliquely truncate; wings sub- 
hyaline, with a fuscous cloud at the base of the 4. 
and 2. discoidal cells; another cloud occupies the 
marginal cell, and crosses the wing as far as the 
inferior margin of the 3. discoidal cell; the ner. 


— 116 — 


vures black; the tarsi as long as the legs, the 
spurs at the apex of the tibiae pale testaceous. 
Abdomen ferruginous, smooth and shining. 

Distrib.: Brazil» (F. Smith 1869.) 

Da descripçäo do genero, pelo mesmo autor, 
destaco ainda os caracteres seguintes que não são 
genericos, porêm se referem à especie presente: 
«3 submarginal cells, the first nearly as long as 
the 2 following», e: «the abdomen is composed 
apparently of 7 segments»; esta ultima phrase tern 
sua explicação no facto, que em algumas especies 
a area pygidial do ultimo (sexto) segmento dorsal 
é anteriormente limitada por uma finissima linha 
transversal, que na apparencia divide o segmento em 
dous. 

Vi em Londres o typo e tomei, ao comparal-o 
com os typos das outras especies, as seguintes no- 
tas: Pt. aengmaticus distingue-se do _ pilicollis 
pela pontuação grossa do proroto, o qual é lus- 
troso, e pelo segmento mediano arredondado, sem 
separação distincta das partes superior e posterior. 
O tamanho do corpo é maior (12 mull.) Quanto ao 
resto, assemelha-se à especie citada. — Segundo me 
informou o sr. G. Meade-Waldo, do British Mu- 
seum, o typo é das collecções feitas pelo celebre 
Bates em Teffé (Estado do Amazcnas). 

O & desta especie é com toda a probabilidade 
a Myzine confusa Sm., descripta pelo seu autor, 
como segue: «dJ Length 4 lines. — Head and tho- 
rax black, abdomen ferruginous. The mandibles 
ferruginous, the flagellum fulvous beneath; the 
vertex smooth, shining, and impunctate. The pro- 
and mesothorax with fine scattered punctures, 
smooth and shining; the metathorax coarsely ru- 
gose; the tibiae and tarsi ferruginous; wings hya- 
line and iridescent, the nervures rufotestaceous, the 
stigma fuscous. Abdomen subpetiolate, smooth, and 
shining; the basal half of the first segment black. 
— Habit. : Amazons, Ega». (F. Smith 1879.) 

Turner expressa se a respeito do Pt. wenigma- 
ticus e confusus da seguinte maneira: «The first 


two species may prove to be the sexes of one spe- 
cies » (o. cit. 1908). — A's analogias na esculptura 
da cabeça e do thorax, que induziam o competente 
especialista sr. Turner a tirar esta conclusão, junta- 
se ainda o importante facto de serem ambos os 
typos da mesma localidade : Teffé (a antiga Ega), 
no Estado do Amazonas. 

3. Pterombrus iheringi n. sp. 

(Est. III, fig. 5) 


9 Corpus sat robustum, nigrum, grisescenti- 
pilosum, abdomine, segmenti primi base extrema 
excepta, rufum, segmentorum 9 et 6° partibus ba- 
salibus piscescentibus, mandibularum basi et orbita- 
rum internarum macula inferiore obsolete testaceis. 
Caput nitidissimum, vertice et fronte totis politis 
impunclatis, partibus reliquis subtilissime parum 
dense punctulatis. Frons, occiput et tempora, lata ; 
ocelli in triangulo rectangulari; oculi sat breves, 
orbitis internis clypeum versus distincte divergenti- 
bus; antennae filiformes, sat crassae, breves. Pro- 
notum valde nitidum, crasse sat sparsim punctatum, 
longe sed non dense pilosum, in collom sat longum, 
situm multo infra pronoti partis dorsalis altitudi- 
nem, productum ; hac parte dorsali antice (collum ver- 
sus) sat abrupta (itaque pronotum a latere visum, 
sat angulosum) sed non marginata, longitudine pa- 
rum latiore. Mesonotum pronoti parte dorsal di- 
stincte brevius, nitidum sat disperse punctatum. 
Scutellum mesonoto multum longius, parce puncta- 
tum. Mesopleurae dense pilosae, rugoso-punctatae. 
Segmentum medianum basi et lateribus sat dense 
griseo-argenteo-pilosis, parte dorsali sat dense ru- 
gosa, a parte apicali crasse transversaliter rugosa 
non distincte separata. Abdomen robustum, modice 
grisescenti-pilosum, dimidio basali superne nudum, 
segmento 1.º triangulari, latitudine parum longiore, 
basi late subpetiolato, segmento 6.° triangulari, area 
pygidiali lateraliter et antice distincte limitata. - lae 
vix mediocres, basi hyalinse, anteriores medio fas- 


— 118 — 


ciis duabus transversalibus fuscis confluentibus fere 
fasciam unicam latam formantibus ornatee, apice fu- 
matæ, cellula cubitali 2.º minore quam prima, 3.º 
minore quam 2.º, nervo recurrente 1.º cellulæ cubi- 
tali 2.º ante medium, nervo recurrente 2.º cellule 
cubitali 3.º paulum ante medium inserto. Alarum 
posteriorum cellula analis paullulum ante originem 
nervi cubitalis terminata. Nervi fusci, pterostigma 
et tegulæ nigrescentes. Longitudo corporis 12 1/2 
millim. 

Distrib.: São Paulo, Ypiranga (Museu Pau- 
lista). 

Esta especie é sobretudo alliada ao Pt. glabri- 
collis, porêm, tem o corpo em todas as suas partes 
mais robusto e curto, a pontuação do pronoto mais 
forte, e algumas differenças nos nervos das azas. 

Dedicada ao sr. dr. H. von Ihering, meu illustre 
amigo, cuja actividade scientifica tornou a fauna do 
Estado de S. Paulo a melhor explorada do Brazil. 


6. Pterombrus glabricollis Ducke 
Huberia glabricollis — Ducke 1907 
Pieronibrus glabricollis -- Ducke 1907 

== — Ducke 1910 


Q Speciei Pt. cheringz similis, sed corpore 
(præsertim abdomine) valde elongato, antennis tenuio- 
ribus et longioribus, ocellis in triangulo humiliore ; 
pronoto valde nitido, sparsissime sat subtiliter pun- 
ctato, sparsim pilose, collo longo, parte dorsali lon- 
giore quam in specie precedente, collum versus 
minus fortiter abrupta, a latere visa convexa non 
angulosa; pronoto toto de supra visu latitudine lon- 
giore. Segmentum medianum sculptura subtiliore, 
superne nudum. Abdomen angustius et longius quam 
in specie precedente, capite thoraceque simul sum- 
ptis æquale vel longius, sparsissime pilosum superne 
apice excepto nudum, unicolor rufum solum se- 
gmenti primi parte basali distincte petiolata nigra, 
segmento 6.° in triangulo valde elongato, area py- 
g'diali sat opsolete limitata. Alæ breves, infumatæ, 


anteriores fasciis duabus fuscescentibus valde dilutis ; 
cellulæ cubitales ut in specie præcedente, sed 1.º vix 
longiore quam 2.º, nervo recurrente 1.º cells cule 
tali 2.8 ante tertium anterius, nervo recurrente 2.º 
cellulæ cubitali 3. paulum post basim inserto. Par- 
tes basales tibiarum tarsorumque plus minusve fer- 
rugineæ. Longitudo corporis 12-14 mill. 

S Multum minor. Antenzarum flagellum bre- 
vius, articulis leviter arcuatis Caput et thorax etiam 
superne fere ubique sat conspicue argenteo-pilosa ; 
frons parte inferiore et pronotum, nitida sed sat 
conspicue subtiliter punctulata; pronotum subqua- 
dratum, antice modice convexum non abruptum, 
collo brevissimo ; mesonotum pronoto parum brevius ; 
segmentum medianum irregulariter crasse reticu- 
latum. Abdomen angustum; segmentum 1,um valde 
elongatum sat longe petiolatum, margine apicali 
excepto nigrum; segmentum apicale (7."™) præce- 
dentibus minus ; spina apicalis nigra. Alae mediocres, 
hyaline, iri idescentes. Tibia fere omnino ferruginese. 
Long. corp. 9 millim. 

Distrib: Amazonia inferior, Jado Norte : Prai- 
nha (Estado do Pará), maio de 1913, A. Ducke 9 : 
Museu Paulista, Mus. Pará, Paris, Londres; &' ; 
Mus. Pará. 

Vôa sobre o sólo em campos arenosos. Os ca- 
ractéres principaes que distinguem a @ desta es- 
pecie da do Pt. iheringi, são o pronoto comprido, 
as azas curtas e o abdomen mais curto e robusto. 


7. Pterombrus rufiventris (Cress.) 
Myzine rufiventris Cresson US G2 Pek 


; Cameron SE ay ase 
Ar rufiventris Fox 4895, Qd 
Myzine cressoni Dalla Torre 1897, 5 
Huberia rufiventris Ducke 1907 
Pterombrus rufiventris Ducke 1907 

— — Turner 1908 
— -— Ducke 4910 


2 Fox (o. cit. p. 263) descreve este sexo da 
maneira seguinte: «The 9 which has not before 


amy) 


been noticed, is very similar to the d'; the head 
is much more sparsely punctured, and the thorax in 
general more coarsely punctured, while in the & 
they have the punctures large and well separated ; 
abdomen above almost impuctate, else the strong 
scattered punctures evident in the 4 are very fee- 
ble; wings in the middle and at base hyaline, other- 
wise fuscous, so that they appear bifasciate, hind 
pair except apex hyaline ; first and second joints of 
flagellum about equal in lenght; in the & the first 
is shorter then the second; colored alike in both 
sexes». 

Da descripçäo do genero ÆEngycystis (ibidem 
p. 262) extrahio ainda os seguintes caracteres que 
não são genericos, porém se referem aos dous sexos 
da especie presente: «Form elongate, slender in 
both sexes. Eyes tolerably large. Antenne rather 
long and slender, tapering to apex, in lenght about 
equal to the thorax, joints long and easily distin- 
guished. Pronotum much longer than dorsulum and 
shorter than middle-segment, the dorsulum small, 
if anything, shorter than scutellum. Middle-segment 
coarsely rugouse or rugoso-reticulate. Last dorsal 
segment of 9 with a well developped pygidial area, 
which is smooth and bounded laterally by a sharp 
ridge, in the & this segment is emarginated at 
apex. Wings ample. Second submarginal cell shorter 
than either the first or third. Cubital vein of hind 
wings originating a little before the apex of the 
submedian cell in both sexes, rarely confluent with 
the transverso medial nervure». 

d. A descripçäo original de Cresson não me 
é accessivel, porém vi um exemplar no British Mu- 
seum. O corpo é preto, com os segmentos abdomi- 
naes 2 — 7 vermelhos, as azas fortemente fumadas, 
sem faixas escuras. O comprimento do corpo desta 
especie (a maior de todas) é segunda a figura de 
Cameron na Biologia Centrali-americana (Est. XII, 
fig. 23) de 14 1/2 millim. Este autor refere-se com 
as seguintes palavras ao o da especie: «Cresson 
describes the wings as «dark fuscous, paler at apex» ; 


— AE == 


but in the Mexican exemple I refer to his species 
they are not paler at the apex, but decidedly paler 
at the base in front of the basal nervure. This spe- 
cimen has the head and thorax covered densely 
with long white hair; the pronotum finely and 
closely, the mesonotum much more strongly, pun- 
ctured, the punctures on the latter more widely se- 
parated, the extreme base of the mesonotum being 
impunctate ; the scutellum punctured like the me- 
sonotum ; the median segment coarsely and irregu- 
larly reticulated; the abdomen separsely covered 
with long white hair; the legs densely covered 
with white glistening hair; the second recurrent 
nervure received quite close to the base of the cel- 
Jule»:..(o.¢.. ps 209) 

Distrib.: Esta especie é até agora conhecida 
das localidades seguintes: E. U. da America, Texas 
(segundo Cresson); Mexico, baixa California, San 
José del Cabo (s. Fox) e Guerrero, Chilpancingo, 
1500 m. (s. Cameron). 


Resumo da distribuição geographica 
das especies 


1. Pt. clavicornis habita as mattas humidas 
da parte occidental da Amazonia, sendo conhecido, 
para Leste, até o limite occidental do Estado do 
Pará. 

2. Pt. argentinus & da região secca do No- 
roeste da Rep. Argentina. 

3. Pt. pilicollis, das praias de areia do baixo 
Tapajoz, Amazonia inferior (lado Sul). 

4. PE engmaticus, de Teffé, Amazonia su- 
perior (talvez das praias do Lago 2) 

9. Pt. theringt, do Ypiranga, São Paulo, lo- 
gar de campo aberto. 

6. Pt. glabricollis, dos campos arenosos de 
Prainha, baixo Amazonas (lado Norte). 

7. Pt rufiventris, das regiões seccas do Sul 
da região nearctica e Norte da região neotropical 
(Texas, baixa California, Mexico occidental). 


——) ee 


Literatura 


1. Cameron, P.: Hymenoptera Fossores em : 
Biologia Centrali-americana, 1893. 

2. Cresson: Trans. Amer. Entom. Soc. IV. 
1572 

3. Dalle Torre: Catalogus hymenopteroram 
etc. VIII W897) 

4 Duche, A.: Contributions à la connais- 
sance des Scoliides de l'Amérique du Sud. Revue 
d'Entom. 1907, p. 5-9 > 1907, p. 145-1485 1010, 
pate 

9. Fox, W.: Third Report on some mexican 
hymenoptera principally from lower California. Pro- 
ceed. Californ. Acad. of Sciences V. 1895. 

6. Smith, F.: Descriptions of new genera 
and species of exotic hymenoptera. Trans. Ent. Soc. 
London, 1869. 

7. — : Descriptions of new species of hy- 
menoptera ia the coll. British Museum. 1879. 

& Turner, R. E.: Notes on the Thynnidæ, 
with remarcks on some aberrant genera of the Sco- 
lide. Trans. Ent. Soc. London, 1908. 
| 9. — : On the Thynnidæ and Scoliidæ col- 
lected in Paraguay etc., em: Beiträge zur Kenntnis 
der Hymenopterenfauna von Paraguay von Embrik 
Strand. Zool. Jahrbücher XXIX, 1910, p. 179 ss. 


As traças que vivem sobre a preguiça 


Bradypophila garboi n. gen. n. sp. 
(LEPID. FAM. PYRALID.) 


POR 


RODOLPHO von IHERING 


(Estampa III, fig. 2) 


Tendo morto a tiro uma Preguiça (Bradipus 
marmoratus) nas margens do Rio Doce, Est. do 
Espirito Santo, o naturalista-viajante do nosso Museu, 
sr. Ernesto Garbe reparou que de entre os longos 
pellos do animal surgiam e desappareciam, rapi- 
damente, pequenas borboletinhas amurello-escuras, 
pouco maiores que as da «traça». Com effeito 
poude colligir cinco exemplares desses pequenos 
lepidopteros, pertencêntes à familia Pyrabde. 

Da literatura já conheciamos duas especies de 
borboletinhas que egualmente haviam sido encon- 
tradas sobre «preguiças» : 

Cryptoses choloepi Dyar (Bibl. 1) do Panama, 
cujo hospedeiro é o Choloepus hoffmanni, a pre- 
guiça vermelha; e 

Bradipodicola hahnel: Spuler (Bibl. 6) especie 
tambem neotropica (sem indicação de localidade) de 
especie não determinada do genero Bradipus. 

E. A. Goeldi, em Monographia dos Mammiferos 
do Brazil, 1893, pg. 125, diz que «no pello felpudo, 
de cabellos longos e macios, as preguiças as vezes 
carregam um museu de parasitas. Já se observou 
ahi uma alga e de hospedes do reino animal posso 
mencionar por experiencia propria: carrapatos, por 
vezes de tamanhos enormes, pequenos Blattides (ba- 
ratas) e até Microlepidopteros (traças) ». Quanto 
aos Ixodidas, na publicação de Beaurepaire Aragão. 
Mem. do Inst. Osw. Cruz, Tomo III, fase. 2 vem 


mencionados Amblyomma geayi e varium como pa- 
rasitas das Preguiças; no presente estudo enume- 
ramos quantos microlepidopteros se conhecem com 
o mesmo habitat. Nada nos constou, entretanto, 
com relação a Blattidas que vivam sobre Brady- 
podidae; e não sabemos si o dr. Goeldi tratou al- 
gures mais extensamente do assumpto, dando a clas- 
sificação de tão interessantes hospedes. 

Os nossos exemplares não combinavam com 
nenhuma das especies descriptas e, recorrendo ao emi- 
nente lepidopterologo norte-americano, já acima men- 
cionado, dr. Harrison G. Dyar, tivemos a certeza 
não só de ser nova a especie, como tambem o genero. 

Sendo a nervatura das azas um dos caracteres 
mais aproveitaveis para a classificação damos aqui, 
alem do desenho da nossa especie, tambem as res- 
pectivas copias das duas outras. Os especimens ty- 
picos de Cryptoses choloepi estavam tão mal con- 
servados, que o auctor as descreve apenas como sendo 
cinzento-escuras, com 16 mm. de envergadura. 

Bradypodicola hahnels & descripto como tendo 
o corpo anterior bruno-avermélhado, as azas ante- 
riores são de egual côr e tem alem disto muitas 
linhas transversaes mais escuras; as azas posterio- 

res e o abdomen são branco-sujos, com tom cin- 
zento ; o corpo mede 6,8 mm. 
A nossa especie que denominamos 


Bradypophila garbei n. gen. n. sp. 


de accordo com a chave de classificação das sub- 
familias das Pyralidas — cf. Sir. G. F. Hampson (Bibl. 
4, pg. 991) pertence ao grupo das Chrysauginae 
(Aza posterior com nervura mediana não pectinada ; 
proboscis presente; aza anterior com nervura 7 
bifurcada com 58 e 9, e sem tufos de escamas na 
cellula; as nervuras 7 e 8 da aza posterior con- 
fluem ; os palpos maxillares faltam). 

Nesta sub-familia o nosso genero fica collocado 
segundo a chave de Sir Hampson (Bibl. 5, p. 636) 
junto ao gen. Uliosoma (Palpos Geiss dirigidos 


para baixo, e medindo pouco mais do que uma vez o 
comprimento da cabeça, nervuras 4 e 5 bifurcadas; 
nervuras 2 faltam tanto à aza posterior como à an- 
terior). Ainda que desta forma, pelos caracteres uti- 
iizados na chave, os generos Ulisoma e Bradypophila 
se confundam, esta semelhança de facto não existe. 
Distinguem o nosso genero sobretudo a conforma- 
ção da cabeça e das coxas das patas anteriores, 
caracteres estes que Bradiypophila tem em commum 
com Cryptoses. Este ultimo genero, no emtanto, 
por ter presente a nervura 2 da aza anterior, avi- 
sinha-se ao gen. Acutia, como o affirma Dyar 
Hibeit:): 

Bradypodicola Spuler distingue-se, no que diz 
respeito à nervatura, por ter os ramos 7, 8 e 9 bi- 
furcados de um mesmo ponto; no mais asseme- 
lha-se bastante a Cryptoses. 


Nervatura das azas das tres especies : 


E 7 
EE 
\ a a S 
SE EN 
A) Bradypodicola B) Cryptoses choloepi C) Bradypophila garbei 
hahneli Spul. Dyar. n. gen. n. Sp. 


Damos em seguida uma chave para a differen- 
ciação destes tres generos de traças que vivem na 
pelle das Preguiças : 


A) Nervura 2 da aza ant. 
presente : 
a) Vertice da cabeça muito 
proeminente, concavo.—Bradypodicola, Spuler. 
aa) Vertice menos proemi- 
nente, fronte sempre 
convexa . . . . .—Cryptoses, Dyar. 
AA) Nervura 2 da aza ant. 
falta; vertice proemi- 
nente, fronte concava — Bradypophila, R. v. Ih. 


— 126 — 


EBradypophila nov. gen. 


Palpi directed downwards, as long as head, 
thickly coverd with close sitting hairs, which con- 
ceal the joints ; head and prothorax coverd with 
long hairs, perfectly close sitting on the former; 
vertex prominent, the front being concave; anten- 
nae of female simple, 2/3 the length of wing; 
legs smoothly scaled; coxa and femur of the fore 
leg greatly developed, very thick, though flat; fe- 
mura Il and III also somewhat flatned. 

Fore wing with the costa nearly straight, the 
apex rounded ; vein 2 absent; 3 anastomosing with 
45 4, “stalkeds "6 anastomosed “with TES 
stalked from 7; veins 10 and 11 absent. Hind ba 
with vein 2 absent, 3 from angle, 4, 5 stalked ; 

7 from upper angle, 7 anas stomosing with 8 


Type: Brad. garbe: n. sp. 


Bradypophila garbei mn. sp. 


(Est. III, fig. 2) 
(Exp. al. 20 mm. length of body 7 mm.) 


Head and prothorax golden ochreous; the 
remainig parts of thorax and abdomen dirty 
yellow ; legs somewath more cearer yellow. Fore 
wing dirty yellow with obscure, illdefined brown 
patches along the costa and on the cell; hind wing 
paler dirty yellow, cilia cream. 


Hab. Rio Doce Estado do Espirito Santo (inha- 
biting the fur of Bradypus marmoratus. 


specimens, n. 16285 in the Museu Paulista, 1 
specimen presented to Mr. H. G. Dyar, U. S. Na- 
tional Museum, Washington, who has kindly given 
me his authority that the species may be conside- 
red as undescribed. 


Literatura 


—_—~_—~ 


1. Dyar, Harrison G.; A Pyralid inhabiting 
the Eur of the living Sloth; Proc. Entomol. Soc. 
Washington, 1998, vol. IX, n. 1-4, pg. 142-144. 

2. idem; A further note on the sloth moth ; 
loc: ste oba vol! Xp: S1-82. 

3. idem; More about the sloth moth ; loc. s. cit., 
1912, vol REV po 60-70. 

4. Hampson, Sir G. F.; Revision of the Moths 
of the sub-fam. Pyraustinae and fam. Pyralidae ; 
Proc. Zool. Soc. 1398, p. 540-761. 

o. 7den ; On the classification of the Chrysau- 
ginae (Fam. Pyralidae) ; loc. s. cit. 1897, p. 633-692. 

6. Spuler ; Ueber einen parasitsch lebendnen 
Schmetlerling : Bradipodicola hahneli n. sp. Biol. 
Centralblatt, Leipzig, 1906, vol. 20 p. 690-697 

6.º edem ; Festschrift fiir J. Rosenthal, Th. I, 
1906, pg. 88-a 88-k. 


Ipidae hrazileiros 


Diagnose de duas expecies novas 
POR 


FRANCISCO IGLESIAS 


Kyleboras hagedorni n. sp. 


A 9 mede 3 mil. de comprimento por 1 1/4 
mil. de largura. A côr é de um castanho-preto, 
luzidio nos elytros e mais 
claro no thorax. Os ely- 
tros são porticulados e 
a juncção dos mesmos 
é em relevo (não é im- 
pressa), são cobertos por 
pequenos pellos que são 
mais compridos nos lados 
e na extremidade dos ely- 
tros; na base dos elytros, 
isto é na parte posterior, 
notam-se pequenos espi- 
nhos dispostos em duas 
series em cada elytro, sen- 
do maiores os espinhos da 
serie interna proxima à 
juncção dos elytros. 
(Fig. 1). Xyleborus hagedorni n. sp. Os elytros terminam 

Femea, 18 vezes o tam. nat. 
arredondados. 


O scutellum écordiforme. O thorax é corcunda- 
do, ponticulado, escabroso, formando arestas maiores 
na parte anterior; o seu 
comprimento é egual 4 me- 
tade do comprimento dos 7 
elytros. À abertura por onde 4 
apparece a cabeça é perfei- 7 
tamente circular, ornada de 7 
pequenos pelios. A cabeça 
é retrahida, ponticulada, co- / 
berta de pellos, com forma | 
mais ou menos espherica, | 
cor amarella luzidia. 

O thorax na parte in- 4 | 
ferior e as pernas tem a . 

Fig. 2. X. hagedorni: 


cor castanho-amarellada ; 0 A) femea, vista de perfil; 
B) macho, visto de perfil 


2 


abdomen é castanho. 

O & é muito menor do que a 9; mede 1 3/4 
mil. de comprimento, sendo recurvado. A côr é uni- 
forme, mais clara do que 
a da femea, tendo quasi a 
mesma côr que o thorax 
desta ultima. Os elytros são 
cobertos de pequenos pellos 
ruivos e o thorax tambem. 
Na parte posterior dos ely- 
tros notam-se rudimentos de 
espinhos. 

Habitat: Butantan, S. 
Paulo. 


Fig. 3 X. hagedorni : Foi encontrado em Ou- 
a) maxillar; b) labro com palpos ; 
¢) antenna, tubro de 1912, numa espe- 


cie de acassia. Ataca arvores vivas. 

Em signal de admiração e gratidão, dedicamos 
esta nova especie ao sabio entomologista allemão 
Dr. M. Hagedorn. 


Xyleborus iheringi 1. sp. 


A 9 mede 1 3/4 ou quasi 2 mil. de compri- 
mento por 1/2 mil. de largura. 


— 130 — 


Cor castanho-escura, luzidio tanto nos elvtros 
como no thorax. A parte mediana posterior do 
thorax é completamente liza 
e a anterior revestida de pe- 
quenas pontas, que a tor- 
nam um tanto sem brilho. 
Os elytros que são ponticu- 
lados e cobertos de pellos dis- 
postos em fileiras, na parte 
posterior terminam em curva, 
onde se notam espinhos que | Het) AR, 

: ire Fig. 4. Xyleborus theringin. sp. 
tornam um pouco CONCaVa femea, a) visto de cima; b) visto 
a- superficie: por ellesteom= CESSA 
prehendida ; a juncção dos elytros não é impressa. 
O thorax na parte inferior, e as pernas são amarello- 
castanhos eo abdomen castanho. 


A cabeça é saliente 
com pellos na parte an- 
terior. 

O & mede 1 mil. À 
côr é mais clara do que 
ada SL 

Semelhante ao Xy- 
reins REA ol aa leborus sentosus. Eickoff. 
arvore com galeria de X. iheringi, (A, Habitat ÿ Butantan, 
entrada do insecto adulto); A mesma ga- . 
leria vista de perfil; (B: a camara onde S. Paulo. Foi encontrado, 
He ea eo) em Fevereiro de 1913, 
num Lucalyptus robusta de 2 annos de edade. O 
eucalyptus succumbiu ao ataque do insecto. 

Dedicamos esta nova especie ao eminente scien- 
tista e director do Museu Paulista Dr. H. von Ihering, 
a quem somos gratissimos pela amizade com que 
nos tem distinguido. 

Butantan, Abril de 1913. 


Brasilianische ipiden 


Beschreibung zweier neuen Arten 
VON 


FRANCISCO IGLESIAS 


Kyleborus hagedorni n. sp. (Ig. I-IIf) 


Das Weibchen misst 3 mm.in der Laenge und 
1 1/4 mm. in der Breite. Die Farbe ist braun- 
schwarz, glaenzend an den Fluegeldecken und heller 
am Thorax. Die Fluegeldecken sind punktiert, ihre 
Verbindungsstelle ist erhaben (nicht eingedrueckt) 
sie sind mit kleinen Haaren bedeckt, die an den 
Seiten und Enden groesser sind; an der Fluegel- 
basis, d. h. hinten sind kleine Dornen und zwar an 
jeder Kluegeldecke eine doppelte Reihe, wobei die 
groesseren Dornen der inneren Reihe der Vereini- 
gung der Fiuegeldecken am naechsten sich befindet. 
Die Fluegeldecken sind abgerundet (Fig. II-A). Das 
Schildchen ist herzfoermig. Der Thorax ist punktiert, 
rauh, hoeckerig, mit Stacheln vorne. Seine Groesse 
betraegt die Haelfte von derjenigen der Fluegelde- 
cken. Die Oeffnung, durch die der Kopf erscheint, 
ist vollkommen kreisrund und mit kleinen Haaren 
versehen. Der Kopf ist zurueckgezogen, punktiert, 
mit Haaren bedeckt, von. mehr coder weniger 
kugelrunder Gestalt und gelber glaenzender Farbe. 
Der untere Teil des Thorax und die Beine haben 
kastanienbraune Farbe, das Abdomen desgleichen. 

Das Maennchen ist bedeutend kleiner als das 
Weibchen (siehe Fig. H-B); es misst 1 3/4 mm. 
wenn es zurueckgebogen wird. Die Farbe ist 
einfoermig, heller als beim Weibchen; es hat 


beinahe dieselbe Farbe wie der Thorax des ersteren. 
Die Fluegeldecken und der Thorax sind mit kleinen 
rotbraunen Haaren bedeckt. Am Hinterteil der 
Fluegeldecken bemerkt man die Ansaetze von Dornen. 

Vorkommen : Butantan, São Paulo. 

Dieser Kaefer wurde im Oktober 1912 in einer 
Akazien-Art gefunden; er greift lebende Baeume an. 

Wir widmeten die Art in dankbarer Ver- 
ehrung dem bekannten, deutschen Entomologen 
Dr. M. Hogedorn. 


Xyleborus iheringi 1%. sp (Fig. IV.) 


Das Weibchen misst 1 3/4 bis 2 mm. in der 
Laenge und 1/2 mm. in der Breite. Die Farbe ist 
dunkelbraun sowohl an den Fluegeldecken wie am 
Thorax. Der mittlere hintere Teil des Thorax ist 
vollstaendig glatt, der vordere mit kleinen Stacheln 
versehen, die ihm ein wenig den Glanz nehmen. 
Die Fluegeldecken sind nicht punktiert, reihenweise 
mit Haaren besetzt ; sie sind hinten gekriimmt, und 
haben hier auch Dornen, welche die Oberflaeche 
an dieser Stelle etwas concav erscheinen lassen. 
Der Thorax an seiner unteren Seite und die Beine 
- sind gelbbraun und das Abdomen kastanienbraun. 
Der Kopf hat an dem vorderen Teile hervortre- 
tende Behaarung. | 

Das Maennchen misst 1 1/4 mm. Die Farbe 
ist heller als die des Weibchens. 

Diese Art aehnelt dem Xyleborus sentosus 
Eickoff. 

Vorkommen: Butantan, São Paulo. Unsere 
Exemplare wurden im Februar 1913 in einem Huca- 
lyptus robusta — Biumchen von 2 Jahren gefunden. 
Der Eucalyptus ging infolge des Angriffes ein. 

Diese neue Art dedicieren wir dem hervorra- 
genden Naturforscher und Director des Museu 
Paulista, Dr. H. von Ihering, dem wir fuer seine 
Freundschaft, durch welche er uns auszeichnet, 
sehr verbunden sind. 

Butantan, Abril 1915. 


Erklaerung der Figuren : 

Fig. 1. Xyleborus hagedorni n. sp. 9, 18-fa- 
che Vergroesserung. 

Fig. 2. *X “hagedornz, A): Q im Perfil By: 
. & im Perfil 

Fig. 3. X. hagedorni, a: Moxille 6: Labrum 
mit Palpen; c: Antenne. 

Fig. 4. Xyleborus theringi n.sp. Q A): von 
Oben gesehen ; B): im Perfil (beide stark vergrüssert). 

Fig. 5. Querschnitt eines Stammes mit einer 
Gallerie des X. cheringi. la: Eingang). Derselbe 
Gang im Perfil (6: Brutkammer). 


As especies hrazileiras 


DO 
Genero Megachile 
SUPPLEMENTO 
Ao “Ensaio sobre as Abelhas Solitarias do Brazil” 


(Rev. Mus. Paul. Vol. V, p. 330—613, 1902) 
POR 


CO SO ROM ae. 


O genero Megachile Latr. representado no 
Brazil por um numero de especies extraordinaria- 
mente grande, foi estudado muito superficialmente 
no tomo V desta Revista, devido à exiguidade de 
material disponivel. 

As colleeções do Museu Paulista têm, porém, 
augmentado consideravelmente nos ultimos annos, e 
ainda que não tenha a pretensão de conhecer toda 
a fauna brazileira do grupo, posso agora apresen- 
tar em conjuncto o que é conhecido do Brazil e 
despertar a esperança de poder determinar as espe- 
cies tão difficeis a distinguir, o que at4 agora era 
quasi impossivel. 

Nas chaves synopticas esforcei-me por incluir 
todas as especies descriptas, mas sendo as descri- 
pções (de Smith e oulros) deficientes quanto a ca- 
rateres que julgo necessarios para uma classificação 
definitiva, é bem possivel que uma ou outra espe- 
cie não tenha sido collocada como devera ser pelas 
respectivas affinidades. 

Os caracteres do genero Megachile já foram 
mencionados no vol. V desta Revista. Desde então o 
genero Lithurgus foi tambem encontrado no Brazil. 
Distinguem-se os dous generos da seguinte forma: 

a) As mandibulas fortes, largas principalmente 
no apice, com 3, 4 ou 5 dentes; o pygidium do 


macho profundamente chanfrado ou as suas margens 
denticuladas — 1.º Gen. MrGacuiLE Lat. 

b) As mandibulas mais finas, no apice com 2 
ou 3dentes, mas nunca muito largos, no apice; 
o pygidium do macho termina em um dente ou es- 
pinho agudo — 2.º Gen. Liraursus Latr. 

Nas descripções são usados termos technicos 
cuja explicação dou acompanhada de figuras um 
pouco schematisadas. Na cabeça distinguem-se as 
partes seguintes (Fig. 1) 


m — mandibulas 
cl — clypeo 
s.n. — scutum nasale 
fr — fronte 
V — vertice 
o. — olhos compostos 
oc. — olkos simples ou ocellos 
ant. — antennas, compostas de 
RE 00 
- é = E 
(Fig. 1) Cabeça de Megachile RUE AU aie 
(Veja-se a explicação das letras) fl. — flagellum 


Nas azas distinguem-se nerveras que delimitam as 
cellulas (Fig. 2'; as nervuras são designadas por letras, 
as cellulas por numeros; os nomes correspondentes 
são OS mesmos nas azas anteriores e nas posteriores. 


a — margem anterior ou ner- 
vura costal 
b — nervura subcostal 
c— » mediana 
d— »n submediana 
e —  ~» transverso-mediana 
i= » cubital 
q — »  transverso-cubital 
primeira 
h — nervura transverso- 
cubital segunda 
i — nervura radial 
k — » | transverso-discoi- 
dal primeira ou nerv. 
rec, I 
7 — nervura transverso-dis- 
coidal segunda ou nervy 
Teen 2 
m — margem exterior 
m — margem posterior (Fig. 2) Aza de Megachile 
as ae (Veja-se a explização das letras) 
1 — cellula costal (| 7 — cellula radial 
2 — cellula mediana | 8 — cellula discoidal 1.º 
3 — cellula submediana 1,4 9 — cellula discoidal 2.4 
4 — cellula anal | to — cellula submediana 2,8 
5 — cellula cubital 1.4 |) rx — area apical ou apice 
6 — cellula cubital 2,8 || 12 — angulo anal 


No corpo e nas pernas distinguem-se as partes 
seguintes : (Fig. 3) 


(Fig. 3) Corpo de Megachile 
(Veja-se a explicação das letras) 


pt — prothorax 
d  — dorsulum ou mesonotum 
S — scutellum 
mt — metanotum ou postscutellum 
Sm — segmento mediario 
pl — pleura 
abd. — abdomen 
TB So 2a bo NE DC ES CUS 
mento abdominal 
p | — pygidium ou epipygium 
sc.v, — escova ventral 
cx — coxa 
tr — trochanter 
Pi fies CRU 
t. — tibia 
cl. — calcar 
mtt, — matatarso 
ts. — articulos tarsaes 2-5 
uw — unha 


CHAVE DE CLASSIFICAÇÃO DAS ESPECIES 


i. 


to 


BRAZILEIRAS 
? 


O clypeo armado com 
um processo bispinoso ; 
especie grande, 14 mm. 
O clypeo sem processo 
bispinoso! 0. 2 ne 
O abdomen completa- 
mente preto, nem as 
pernas nem as tegulas 
são ferrugineas . . . 
O abdomen é todo elle 
ou em parte ferrugineo 
ou tem faixas de pellos 
brancos ou amarellos, ou 
as pernas ou as tegulas 
são distinctamente fer- 
rugineas A MRE A 
Em cada lado da base 
do abdomen uma pennu- 
gem de pubescencia 
Dames (20 05 


1. assumptionis 


2 


CO 


(2. hypocrita) 


en 


10. 


Sem pennugem de pellos 
brancos na base do ab- 
domen . . 

O clypeo chanfrado ou 
emarginado 

O clypeo nem chanfrado 
nem emarginado. . 
O scutellum não pon- 
tuado, com a margem 
posterior elevada. 

O seutellum pontuado, 
com a margem poste- 
rior não elevada. 

A margem anterior do 
clypeo engrossada; a 
escova ventral branca. 
A margem anterior do 
clypeo não engrossada, 
a escova ventral preta 
Todo o abdomen é fer- 
PUPIREO : 52116. : 
Somente uma parte do 
abdomen ferrugineo ou 
todo o abdomen preto 
(alem das faixas, etc.) . 
O dorsulum coberto com 
pubescencia preta 

O dorsulum coberto com 
pubescencia fulva 

As tegulas sempre fer- 
rugineas ou amarellen- 
tas e o dorsulum com 
pubescencia fulva. 

O dorsulum nú on co- 
berto com pubescencia 
preta, cinzenta, branca. 
Abdomen sem faixas de 
pellos 
Pelo menos alguns seg- 
mentos com faixas de 
pellasvelaros: .. visi 


Or 


o. fiebrigi 

(4. nudiventris) 
9. proserpina 
6. theringe 


8 


9 
(7. rubriventris) 


(8. pulchra) 


10 


(9. ventralis) 


11 


14: 


14. 


15. 


1e 


Só os segmentos 4 e 5 
com fiixas. : 
Tambem os primeiros 
segmentos com faixas. 
As faixas incompletas 
sómente nos lados dos 
segmentos . 


As faixas o ae pelo 
menos em exemplares 
frescos) .. 4 
As faixas ebdominaes 
brancas ou brancacentas 
As faixas são amarellas 
ou amarellentas . 
Especies di, 13-14 
MINE o ge 

Especies pequenas 8 112- 
9mm. ig eee 
Antennas vermelhas. 


O flagellum fulvo em- 
baixo, o articulo ue 
preto 


As azas com a Mal 
radial e o apice dene- 
CEOs des TAP eae 


As azas sem partes de- 
negridas. ee 
A escuva ventral nos se- 
gmentos 4-6 preta. 


A escova ventral in- 
teiramente branca ou 
amarellenta, ou preta só 
no apice ou nos lados. 


O scutum nasale não 
pontuado ou pontuado só 
nos lados; o 2.º articulo 
do flagellum geralmente 
muito curto, mais curto 
do que o primeiro . 


(10. pilosa) 


12 


(11. vegelans) 


13 
14 
Da 
15 
16 


(12. r'uficornis) 


(13. moderata) 


(14. encongrua) 
(19. susurrans) 


16. gracilis 


18 


19 


21: 


23. 


O scutum nasale intei- 
ramente pontudo ; o 2.º 
articulo do flagellum ge- 
ralmente täo comprido 
ou maior do que o pri- 
meiro : bres 
A base do abdomen 
ferruginea . À 
Tode o abdomen preto 
À margem anterior do 
clypeo emarginada . 
A margem anterior do 
clypeo não ou só im- 
perceptivelmente emar- 
ginada : 
A pubescencia fulva for- 
ma uma linha curva que 
passa entre os ocellos; 
o metatarso III mais 
curto que a tbia; o 
calcar III branco 
() 
A pubescencia fulva for- 
ma uma linha egual à 
de leucocentra, e uma 
pennugem em frente do 
ocello anterior; o me- 
tatarso Il tão comprido 
(ou quasi) como a tibia ; 
o calear III vermelho . 


Especies grandes (13 
EME Hants: 
Especies pequenas bik 
mm). À - 

O clypeo no meio com 
um pequeno dente 

O clypeo no meio sem 
dente yj i. 2 
A escova ventral. no 
apice preto . . 


A 
1 
7 


21 


18. 


(19. 


20, 


23 
al 


alr. 


24 
25 


Ai 
. anomala 


vigilans) 


leucocentra 


fussoras) 


beroni 


gigas 


A escova ventral intei- 
ramente branca ou ama- 
rellenta. . . 1126 
29. O segundo articulo do 
flagellum distinctamente 
mais i a do ir 
O ‘primer: . 1892 rubricata 
0 segundo artículo do 
flagellum não é mais 
comprido do ae o pri- 


meiro' . . . 23. guaranitica 
26. O pygidium con | pellos 
pretos erectos: uz vs crst2tocompacia) 


O pygidium coberto com 
curta pubescencia cin- 
zenta e entre a mesma 


alguns pellos pretos . (25. oprifex) 
27. As faixas abdominaes 

muito largas. . . . 26 paraguayensis 

As faixas abdominaes 

estreitas =... Linant (ie hegueyaque 
28. Especies grandes: 14 

OUR “e: Mais A) eo) 20 

Especies pequenas : me- 

nos que 14 min(P e ss 


29 A escova ventral nos 
lados dos segmentos 2-4 
e nos segmentos 5 e 6 
inteiramente preta . . 28. possogran= 
densas 
A escova ventral branca 
ou apenas no ultimo se- 
gmento com pellos pre- 
LUS Co Net LE SADOT. an 
30. O mesonoto pelo menos 
na parte posterior com 
pontuação escassa, e por 
conseguinte brilhante . 31 


(*) As especies de 13,5-14 mm. acham-se em ambas as 
secções desta chave. 


31. 


33. 


30. 


O mesonoto opaco de- 
vido à pontuação muito 
densa Epi rr, 
A pubescencia embaixo 
da cabeça e do thorax 
branca Desa, 
A pubescencia embaixo 
da cabeça e thorax côr 
de ocre pallida 

O clypeo na margem 
anterior simplesmente 
emarginado, o scutellum 
mais brilhante, o arti- 
culo terceiro das anten- 
nas mais comprido que 
o segundo ; o metatarso 
HI tão comprido como 
a tibia . AL: Yt 
O clypeo na margem 
anterior duplamente si- 
nuado, o scutellum mais 
pontuado, o articulo ter- 
ceiro das antennas egual 
ao segundo ; o metatarso 
HI mais curto que a 
tibia . MATTER 
Os tarsos 1 exterior- 
mente com pellos fus- 
cos extraordinariamente 
compridos . KR 
Os tarsos I sem pellos 
muito compridos. 

O artículo 3 das anten- 
nas evidentemente mais 
comprido do que o 4.º. 


O articulo 3 das an- 
tennas apenas mais com- 
prido do que o 4.º 

A pontuação do vertice 


perto dos. olhos escassa 


(29. laeta) 


30. anisitsi 


31. frieser 


32 andromorpha 


94 


Ba: levimargi- 
nata 


39 


34. aureiventris 


36. 


40. 


pax 
(VW 


43. 


44. 


A pontuaçäo do vertice 
densa "émet: 
Entre o mesonotum e 
o scutellum com pube- 
scencia amarellenta . 
Entre o mesonotum e 
o scutellum sem pube- 
scencia amarellenta . 
As tibias II co n pellos 
compridos 

As tibias III sem pellos 
compridos . de is 
O abdomen ferrugineo. 
O abdomen preto 

Os segmentos abdomi- 
nae; sem faixas . 

Pelo menos alguns se- 
gmentos abdominaes 
com faixas . ess 
As faixas ça 
muito largas . 

As faixas estreitas ou 
brancacentas 

As faixas estreitas . 
As faixas A ee no 
meio. 

Todos os segmentos com 
faixas 

Os primeiros dous ou tres 
segmentos sem faixas 
A forma e o colorido 
como Coelioxys . 


A forma e o colorido 
differentes . né oh. 
Aces cellala sradialeenso 
muito escurecida. ; 
A cellula radial fusca 
ou azulada. : 
Cabeça e thorax intei- 
ramente preto-pilosos 


36 

30. liinae 

37 

(36. rava) 

OT. gon) hrenæ 
(7. rubreventris) 
39 


(9. ventralis) 


42 


23, 


38. 


gquarantica 


anthidioides 


39. coelioxifor- 


44 
Ad 


67 
AG 


mis 


4€. 


AT. 


49. 


O0, 


ol. 


53. 


= IMÃ 


Cabeça e thorax branco, 
cinzento, ou amarellen- 
to-pilosos . . . : 
A maior parte da esco- 
va ventral branca 

A maior parte da escova 
ventral preta . 

Especie grande (13 mm) 
do Amazonas. 

Especie pequena (11 
mm.) de São Paulo 
Com tomento branco ou 
amarellento na sutura 
entre o mesonoto e o 
Scutello ss. edad 

Sem tomento branco na 
sutura scutellar 

A veia costal da aza 
ferruginea . É 

A veia costal fusca. 
As faixas abdominaes 
brancas. 


As faixas abdominaes 
amarellentas . . j 
Menor 7,5-8,5 mm.: a 
3SCOVA inteira: mente 
brancas, roles 


Maior (11 mm.); a es- 
cova nos lados preta 
A margem anterior do 
clypeo denticulada 


A. margem anterior do 
clypeo um pouco emar- 
ginada . . 

Maior (10-11 ,5mm. ): 
pernas TI largas, A 
melhadas . . 


Menor (9,5 mm. e ; as 
pernas III estreitas, pre- 
Unser iaarah old e 


43 


40. 


AT 


stenodesma 


(41. pullata) 


42. nigropilosa 


elapuae 


(44. semellima) 


(45. propinqua) 


93 


04 


46. paulistana 


AT. 


verrucosa 


DD. 


06. 


cn 
90 


09. 


60. 


61. 


Espaço entre os ocellos 
e os olhos excassamente 
pontuado 
Espaço entre os ocellos 
e os olhos densamente 
pontuado DR, 

O mesonoto muito den 
samente pontuado 

Os pontos do mesonoto 
separados por interval- 
los maiores que os ee 
tos mesmos : 
À escova ventral | in- 
teiramente amarellenta. 
A escova ventral preta 
no apice NE 

Os segmentos abdo mi. 
naes 1.3 com as mar- 
gens ciliadas de ama- 
rello, o quarto e quinto 
inteiramente amarello- 
tomentosos. 5 = 
As faixas dos a 
tos eguaes. . 

A tibia III com “pellos 
compridos . ; 
Sem pellos compridos 
nas tibias III. 

O segmento mediario 
com compridos pellos 
amarellentos : 
O segmento mediario 
com pellos não extraor- 
dinariamente compridos 
OQ clypeo com um forte 
tuberculo 


O clypeo sem tubreulo. 


Abdomen com pellos 
compridos no lado dorsal 
Abdomen sem pellos 
compridos nolado dorsal 


5 à 
56 


48. 
39. 
49, 


20. 


OS 


30. 


99 


ol. 


60 


aureiventris 


separata 


lamae 


bicegor 


xanthura 


rava 


terrestras 


2. tuberculifera 


63. 


67. 


69. 


Calcares pallidos ou ama- 
rellentos 

Calcares pretos ou | fuscos 
As pleuras cobertas com 
Paine pretos . 


As pleuras cobertas com 
peilos brancos. 

Os lados da escova ven- 
tral pretos. ps 
Os lados, como o resto 
da escova, brancos 

O scutum nasale sem 
pontuação . e 
O scutum nasale Eee 
tuado 4 
A margem anterior “do 
clypeo com numerosos 
denticulos . 

A margem do clypeo 
sem denticulos : 
O metanoto (postscu- 
tello) com uma linha 
transversal de pubescen- 
cia branca. 


O metanoto sem pübe- 
scencia branca 
Maior ; no lado do cly- 
peo com O Due 
fulvo-pallida 


Menor ; no lado do Fa 
peo com pubescencia 
branca . 

Especie grande ( DL 
o clypeo extracrdina- 
riamente curto 


Especies menores (11 
mm. ou menos); o cly- 
peo de comprimento or- 
dinario . 


(53. levilimba) 
DA. liiderwaldte 


do. pseudopleu- 


ralis 
64 
(06 constructrix) 
65 
OT. trigonasprs 
66 
O8. inquirenda 


37. gomphrenae 


68 


69 


(09. urbana) 
60. brethese 


GL. ypirangensis 


70. 


aA. 


Em 


==, 146 — 


O clypeo com a mar- 
gem anterior chanfrada 
tendo uma só impressão 
O clypeo com a margem 
anterior irregularmente 
sinuada, sem impressão 
marcada no meio 

As azas na base ama- 
rellêntas” MEME, 
As azas na metade an- 
terior fortemente escu- 
Tecidas =, - MA, 


d 


O clypeo com uma crista 
baixa transversal sem 
pilosidade . sn 
O es sem crista 
transversa Gia do : 
As coxas L com espinhos 
distinctos 

As coxas I sem espi- 
nhos distinctos 

O abdomen inteiramente 
ferrugineo . 

O abdomen só em par te 
ferrugineo ou inteira- 
mente preto : 

O metatarso | alongado 
em um processo com- 
prido que passa alem 
dos outros articulos. 

O metatarso I sem tal 
processo. 

Todos os segmentos ab- 
dominaes pretos f 

Os primeiros dous ou 
tres segmentos abdomi- 
naes ferrugineos 


69. 


— 
. 


squalens 


. parsonsiae 


. xantoplera 


bertonti 


assumptionis 


(8. pulchra) 


23. 


6 


(6. 


guaranitica 


barbatula 


= 


10: 


LI; 


13. 


Os femora TIL com um 
dente no meio 


Os femora III sem den- 
te no meio 

As coxas I com dous 
espinhos ; o articulo api- 
cal das antennas dilata- 
das; a base do clypeo 
com uma linha de Piqui 
pretos 

As coxasl com um es- 
pinho; o articulo api- 
“al das antennas não 
dilatado ; todo o clypeo 
com pubescencia dou- 
Pada esc : 
Os femora IL extraor- 
dinar:amente engrossa- 
dose cre as 


Os femora III nic muito 
engrossadas E 
Os trochanteres I com 
espinho . 


Os trochanteres I sem 
espinho aqu (o . 
Os tarsos I id alee 
tados. 


Os tarsos 1 peer à 
No mesosterno um pe- 
gueno espinho deante 
das coxas II. 

Sem espinho no me- 
sosterno. HER É 
As tibias II com um 
dente alem do calcar 
As tibias II sem dente. 
O dente das tibias I 
situado no meio da tibia 
é forte c coberto com 
pellos compridos. 


q 


67. curvipes 


68. 


MANAOSENSIS 


(69. crassipes) 


30. 


anistist 


(14. incongrua) 


tupinaquina 


vernoniae 


19. 


16. 


WE 


18. 


19. 


— 148 — 


O dente das tibies II 
situado perto do apice 
da tibia e sem pellos 
compridos . Ny 
O dente direito; os tar- 
sos I sem lobulos 


O dente curvado; cs 
tarsos 1 com lobulos 
As bochechas armadas 
com um dente 


As bochechas sem dente 


O thorax coberto com 
pubescencia fulva, as 
pernas ferrugineas; 0 
pygidium profundamen- 
te chanfrado . 
O thorax coberto com 
pubescencia cinzenta ; as 
pernas pretas ou quasi 
pretas; 0 pygidium com 
denticulos . 

As coxas J com espinhos 
rombos ou quadrados . 


As coxas Icom um es- 
pinho agudo . . . 
Ao lado do espinho co- 
xal uma pennugem de 
pellos erectos fuscos 


Sem pennugem de pellos 
erectos do lado do es- 
pinho 

O metatarso I termina 
rum lobulo comprido . 


O metatarso I sem lo- 
bulo comprido 
Os metatarsos 1 muito 
dilatados 


Os metatarsos I pouco 
dilatados ou simples 


14 
72. jundiana 


73. chamacoco 


t6 
17 


q 


es 
. 


sancli-paule 


~ 
my 
. 


melochiae 


18 


76. helicitarsus 


19 
(77. lobitarsis) 


(78. hilaris) 


23. 


20. 


26. 


28. 


O pygidium sómente 
chanfrado, seus lados 
Simples aj à o +: 

O pygidium em cada 
lado do chanfro com 
denticulos . à 

A aza anterior com a 
cellula radial e as par- 
tes visinhas fortemente 
esemteeidas. 24/2 Ol 
A aza anterior sem par- 
te alguma muito escu- 
recida a. Bi 
Todos os metatarsos 
amarellento-claros 

Os metatarsos Il e II 
ferrugineos ou escuros. 
O articulo 13 das an- 
tennas dilatado é 
O articulo 13 das an- 
tennas não dilatado. 

A tibia I inteiramente 
ferrdd incas es +» i. os 
A tibia I preta com o 
apice avermelhado . 
As pernas fuscas, só as 
tibias mais ou menos 
ferrugineas. q 
As pernas ferrugineas . 
O espinho da coxa 1 ex- 
traordinariamente  pe- 
queno e escondido de- 
baixo dos pellos. 

O espinho da coxa I 
não muito pequeno . 
As pernas pela maior 
parte ferrugineas 

As pernas pela maior 
pamtespretas/ (soa os 
A metade apical do se- 
gmento 9.e o sexto se- 


4 


Oo 


oC 


(19. strenua) 


26 
(80. lentifera) 


81. bernardina 
(82. pallipes) 


83. framea 
(84. rectipalma) 
29 


37. gomphrenae 


30. 


31. 


34. 


30. 


gmento abdominal in- 
teiramente cobertos com 
pellos pretos 

A metade apical do se- 
gmento 5 com pellos 
Re O o sexto se- 
gmento amarellento-pi- 
loso . Spe Best si 
O metatarso Jll com 
franjas muito curtas 

O metatarso III em 
ambos os lados coin 
franjas muito mais com- 
pridas do que o diame- 
tro do metatarso. 

Os tarsos I com grossas 
franjas de pubescencia 
branca marginadas de 
ferrugineo . 

Os tarsos I com uma 
franja mais fina de pellos 
brancos e fuscos mes- 
clados 

As pernas pretas 

As pernas ferrugineas . 


A cellula radial distinc- 
tamente escurecida; a 
pubescencia em geral 
amarellenta . Sabia 
A cellula radial não es- 
curecida ; e pubescencia 
em geral brancacenta 
As pernas inteiramente 
ferrugineas. 

As pernas pela maior 
parte ou inteiramente 
pretas : 
O abdomen quasi nude 
O abdomen com densas 
faixas fulvas Ss q: 


31 


(85. clavispinis) 


86. botucatuna 


(29. opi fea) 


23. guaranilica 

39 

39. coelioxifor- 
mas 


63. parsoniae 


(87. denticulata) 


30 


36 
88. orba 


89. capra 


36. 


CO 
~) 


CO 
No) 


40. 


A1. 


Uma linha de tomento 
branco na sutura entre 
o mesonoto e o scutello 
Sem tomento branco na 
SUPERA EDS 

O abdomen pelo menos 
em parte ferrugineo 

O abdomen preto (ou 
só o extremo apice fer- 
TUSMEO, À, . 

So. a base do abdomen 
ferruginea . À 2 
A base co apice do 
abdomen ferrugineos 
ts segmentos 1-4 em 
parte e a carena do 
pygidium ferrugineos . 
Uma linha transversal 
de tomento branco na 
parte posterior do me- 
SOHOLOM@ ER “mm 

Sem linha Rome se 
tomento branco : 
As pernas inteiramente 
ferrugineas. . 

As pernas pela maior 
parte escuras. 

As pernas ferrugineas . 
As pernas pretas 
Todos os segmentos com 
faixas 

Os primeiros segmentos 
Semp faixas» po «1 : 
As tibias I ferrugineas 
nao dilatadas . : 
As tibias I pretas, di- 
latadas . 

As faixas Diodes 
estreitas e brancas . 
As faixas abdominaes 
largas e amarellas . 


90. paranensis 


62. squalens 


38 


rubicunda) 


agilas) 


nigribarbis) 


AI 


94. geraffa 


(09. urbana) 
95. lamnula 
42 

43 

65. berloni 
44 

96. minuscula 
(97. exaltada) 


98. thygaterella 


— 152 — 


As especies que não pude examinar pessoal- 
mente estão tambem incluidas na chave precedente; 
mas devido às descripções nem sempre sufficientes, 
julguei necessario differençal-as, visto que não posso 
responsabilisar-me pela boa posição das mesmas. As- 
sim colloquei entre () todas as especies que me são 
desconhecidas. 


Escudos nasaes, Clypeos e Mandibulas esquerdas de : 


I— Meg. fiebrigi IV — Meg. lwederwaldti 
Il — Meg. bicegoi V — Meg. pseudopleuralis 
HI — Meg. tuberculifera VI — Meg. trigonaspis 
VII — Meg. bertonii . 


Descripção das especies do gen. 
“Megachile” 


1. Megachile assumptionis Schrot ky 


19C8 (Abril) — WM. assumptionis Schrottky, 
Anal. Soc. Cient. Argentina LXV, p. 233 n. 1 Q of. 

1908 (Maio) — M. armigera Friese, Flora og 
Fauna, 69 q. 

@ Preta, a cabeça branco-pilosa, o clypeo com 
um processo bispinoso armado; a cabeça, o meso- 
notum e 6 :cutellum grossamente pontuados, bran- 
cacento-pilosos, sendo os pellos mais densos nas 
pleuras e no segmento mediario; as pernas são 
pretas, os tarsos amarellento-pilosos ; as tegulas são 
ferrugineas, as azas hyalinas, no apice são escuras, 
as nervuras pallidas. O abdomen é preto com 
faixas de curtos peilos deitados, de côr amarella 
sobre a margem apical dos segmentos 1 atê 5; o 
segmento anal densamente coberto por curtissimos 
pellos amarellentos; a escova ventral brancacenta. 
Comprimento 14 mm.; largura do abdomen 4 mm. 


4 Preto, a cabeça globular, o clypeo e a fronte 
cobertos por pellos sericeos muito densos, amarellos; 
o clypeo tem na base um curto processo obtuso-trian- 
gular, nu: o thorax e as azas como da 9; os tarsos 
I em frente com franjas curtas, atraz com franjas 
compridas de pellos brancos; os segmentos abdo- 
minaes 1-5 com faixas amarellentas como a Q, o 
sexto segmento ccncavo, bilobado, os lobulos no 
apice denticulados ; o setimo segmento invisivel, o 
ventre branco-piloso. Comprimento 19 mm., largura 
do abd. 5 mm. 

Hab. Paraguay (Assumpção e Villa Rica), e pro- 
vavelmente sua distribuição alcança até Matto Grosso. 


2. Megachile hypocrita Sm. 


1853 — M. hypocrita Smith, Cat. Hymen. 
Br. Mus. I, p. 184, n. 122 ©. 


— 154 — 


9 Preta, a cara densamente pontuada, o ver- 
tice liso e brilhante, aos lados do clypeo e na in- 
serção das antennas um pouco de pubescencia cin- 
zenta; as mandibulas largas no apice, este armado 
com dous ou tres dentes obtusos muito curtos; nos 
lados do thorax e nas pernas a pubescencia é fusca ; 
em frente e atroz das tegulas e de cada lado 
no segmento mediario um pouco de pubescencia 
branca; todos os tarsos tem em baixo pubescencia es- 
cura, rufo-fusca, em cima ella é densa e fusca escura, 
o articulo basal dos tarsos posteirios é largamente 
dilatado e subconcavo em cima; as azas são fuscas 
escuras, sua margem apical mais pallida. O abdo- 
men é subtriangular, agudo no apice e tem um 
fraco lustre metallico; em cada lado do segmento 
basal uma pennugem de pubescencia branca; em 
baixo a escova ventral é branca-amarellenta. Com- 
primento 13 mm. 

Hab. Pará. 

Nota: O unico exemplar descripto por F. 
Smith é provavelmente um individuo velho e gasto, 
visto como a superficie dorsal quasi não tem pu- 
bescencia e as azas são rotas nas margens; pelo 
aspecto geral parece pertencer a um outro genero ; 
é porem uma verdadeira Megachile. 

(Traducção da descripção original ; não conheço 
a especie). 


3. Megachile fiebrigi Schrottky 
Fig. 4, I, pag. 152: Escudo nasal, Clypeo e Mandibula 


1908 — M. fiebrigi Schrottky, Anal. Soc. Cient. 
Areentina.LXV/"p.,25%, Nao, O. 

1909 — M. planiceps Friese, Deutsche Entom. 
Zeitschr. p. 236, 9. 

@ Preta, fusco-pilosa, o clypeo com a margem 
anterior chanfrada, em simi-circulo, liso no meio, 
nos lados finamente pontuado, o mesonotum coberto 
com pontuação fina e espalhada, o scutellum liso, 
brilhante, sem pontuação, pelo menos no meio, seu 


, 


apice um pouco levantado; o abdomen é nu, quasi 


sem pontuação, o pygidium opaco com pellos muito 
curtos ; as azas são subhyalinas, as nervuras fuscas ; 
as tegulas e as pernas pretas ou fuscas, os tarsos 
em baixo ferrugineo-pilosos; os calcares pallido- 
amarellentos, a escova ventral branca. Comprimento 
12-13 mm., largura do abdomen 4-5 mm. 

Hab. Norte da Republica Argentina ; Paraguay ; 
Estado de S. Paulo. 

Mus. Paul: Est. S. Paulo: 9 Rincão IL 1901; 
Rio Feio 1905. 

Nota. Megachile tergina Vasch. do Perú e 
Bolivia (Rev. Entom. Caen, 1908, p. 223, n. 2) éa 
julgar pela descripção, synonyma de M. fiebrigz ; 
não estou porém seguro da identidade, schando-se 
M. teraina na secção: «Escova ventral preta ou, si 
é pallida na base ou no centro, sempre preta de- 
baixo do sexto segmento» ; a escova da nossa espe- 
cie é totalmente branca. 


4. Negachile nudiventris Sm. 


1893 — M. nudiventris Smith, Cat. Hymen. 
be. Mus... J. p. 486, n.2€ (mec Schrotthy!. Rev. 
Musa Pawls-V op. 489, nui 7): 

@ Preta, a cara com pubescencia preta, curta 
e espalhada, e uma mistura de pellos cinzentos aos 
lados do clypeo; no meio da margem ante ior do 
clypeo uma pequena chanfradura, as antennas em 
baixo amarellentas ; a pubescencia no disco do tho- 
rax é anteriormente preta, posteriormente e nos 
lados do segmento mediario cinzenta; os tarso em 
baixo cobertos com pubescenc a vivamente amarel- 
lenta, no resto as pernas tem uma pubescencia cin- 
zenta, curta, espalhada, um pouco fusca em frente 
das pernas anteriores, os calcares pallido-amarel- 
lentos. O segmento basal do abdomen coberto com 
pubescencia cinzenta; de resto é nú e tem um brilho 
metallico; em baixo a escova ventral é branca. 
Comprimento 13-14 mm. 

Hab. Brazil. 

(Não conheço a especie). 


— 156 — 


4, Megachile nudiventris atahualpa 
n. Suhspe 


2 Mgra, clypeo veritceque fusco-hirtis, la- 
teribus facrer albo-hirtis paucis pilis fuscis inter- 
mats ; clypeo convexo dense punctato inargine 
antica in medio per pauce emarginata ; mandi= 
bulis punctatis, 4-dentatis, dentibus omnibus acu- 
tis. Mesonoto creberrime punctato, disco sparsius 
et subtelius, fuscoque prloso ; scutello rotundato, 
punctalissimo, postice longs pilis fuscis celratis, 
segmento medio dense in medio fusco — lateribus 
albo-piloso, area basal -- ut videtur — impun- 
ctato ; pedibus nigris. fusco — et cinerascents — 
hirtis, tarsis posticis ubsque fusco-hirtis, tegulas 
fusco-ferrugineis, alis subhyalinis, cellula radiale 
infuscata, apice cellulae medranae quoque, nero. 
rec. 2.º paulo ante apicem cell. cub. 2.% mstructo. 
Abdomine sublililer punctulato, segmento primo 
utrinque albo-hirto ; scopa ventrali maxime alba. 
Long. corp. 11 mm. lat. abdom. 3,8 mm. 

Hab. Peru. 

Mus: «Paul. +9) Type... Pert. 

Ao descrever a forma typica de Smith não é 
mencionada a côr das azas; é pois possivel que 
atahualpa seja especie distincta. 


5. Megachile proserpina Schrottky 


1908 — M. proserpina Schrottky, Anal. Soc. 
Cient. Argentina, LXV, p. 233, n. 2, O. 


1902 — Megachile nudiventris (nec Sm.) 
Schrottky, Rev. Mus. Paul. V, p. 439. 


Q Preta; a cabeça branca, pilosa; o thorax 
com pellos pretos e brancos; o abdomen nú, a es- 
cova ventral brancacenta; os tarsos em baixo fer- 
rugineo-pilosos ; o clypeo plano com uma larga 
giba transversal na margem anterior, no disco fina- 
mente pontuado; o vertice, o mesonoto e o scutello 
com escassa pontuação muito fina; o abdomen mais 
densamente pontuado, o pygidium opaco, as azas. 


— 157 — 


pretas com brilho azulado ou violeta, as nervuras 
pretas; as tegulas e as pernas são pretas, os cal- 
cares amarellentos. Comprimento 14 mm., largura 
do abdomen 5 mm. 

Diftere de todas as outras especies pela giba 
transversal do clypeo e pela côr preta das azss. 

Hab. Argentina (Missiones); Paraguay; Est. 
de S. Paulo, Est. do Amazonas. 

Mus. Paul. 99 Est. de S. Paulo: Jundiahy, 
Rio Feio etc., Est. do Amazonas, Manäos. 

Em meu trabalho publicado no vol. V desta 
revista, esta especie foi erradamente indentificada a 
M. nudiventris Sm. 


6. Megachile iheringi 7. sp. 


2 Magra, capite supra omnino albo-hirto, 
tamen vertice, clypeo, area mlerantennali margi- 
nibusque oculorum pilis fuscis vestitis, orbitis pos- 
tacis oculorum brevius fusco-hirtis ; mandibulis ad 
basim parum dense punctatis, longitudinaliter sul- 
catis, apice sinuoso, angulo antico obtuse biden- 
tato ; clypeo dense, paruin crasse punctato ; mar- 
gine antica 4-denticulata ; vertice punciato, par- 
bus reliquis capitis a pubescentia obscondits ; 
antennis nigris. articulo primo flagell: globoso, 
segundo fere duplo longiore, reliquis mimoribus. 
Thorace breviter nigro-hirto, mesonoto crebe pun- 
ctato, sculptura scutelli, segment: medi etc. ab- 
scondita ; pedibus nigris fusco-hirhs, calcaribus 
posticis tegulisque fuscis; alis atris caeruleo-mi- 
cantibus cellula cubstali secunda nervum recur- 
rentem secundum ante apicem acciprente. Abdo- 
mine — ut videtur — crebre punctulato, dense 
nigro hirto, epipygio fusco-hirto, scopa ventral 
fuscatra. Long. (capite extenso) 15 mm., lat. abdom. 
4,8 mm. 

Preta, a cabeca, em geral branco-pilosa, po- 
rém o vertice, o clypeo, a area interantennal e as 
margens interiores dos olhos com pellos fuscos, as 
margens posteriores dos olhos com pellos fuscus mais 


— 158 — 


curtos; as mandibulas na base com pontuação não 
muito densa e com um sulco longitudinal ; seu apice 
é sinuoso, o angulo anterior obtusamente bidenta- 
do; o clypeo com pontuação densa mas não muito 
grossa, sua margem anterior com 4 denticalos ; o 
vertice pontuado, as outras partes da cabeça escon- 
didas debaixo da pubescencia; as antennas são pre- 
tas, o primeiro articulo do flagellum é globoso, o 
segundo é duas vezes mais comprido, os outros são 
mais curtos. O thorax preto com pubescencia curta, 
o mesonotum rugoso-pontuado, a esculptura do scu- 
tellum, do segmento mediario etc. escondida de- 
baixo dos pellos densos; as pernas são pretas e 
fusco-pilosas, os calcares Ill e as tegulas fuscas ; 
as azas são pretas com brilho azulado; a se- 
gunda cellula cubital recebes o egundo nervo trans- 
verso-discoidal antes de seu apice. O abdomen pa- 
rece ter a pontuação muito densa e grossa, mas 
é densamente coberto com pellos pretos, o pygidium 
é fusco-piloso, e a escova ventral quasi preta. Com: 
primento 15 mm., largura de abdomen 4,8 mm, 

Hab. Est. de São Paulo. 

Mus. Paul. 9 Jundiahy, 25, I 1900 (Typo!) 

Dedicado ao illustre director do Museu Pau- 
lista, sr. dr. H. von Ihering. 


7. Megachile rubriventris Sn. 


{S79 — M. rubriventris Smith, Descr. New 
Spec Elym pio, nel eo. 

9 Cabeça e thorax pretos, o abdomen fer- 
rugineo. Com ligeira pubescencia cinzenta na cara, 
preta no vertice; o flagellum é fulvo em baixo. 
O thorax com pubescencia preta em cima; no 
segmento mediario, nos lados em baixo e tam- 
bem nas pernas é cinzenta; em cima é preta nas 
pernas; o articulo unguiculado dos tarsos é ferru- 
gineo; as azas são fulvo-hyalinas, as veias e as 
tegulas são ferrugineas. O abdomen é ferrugineo, 
brilhante e com fina pontuação chata; a pubescen- 


cia é branca em baixo, excepto nos dous segmentos 
apicaes, onde é preta. Comprimento 10 mm. 

Hab. Santarem (Est. do Pará). 

Não vi esta especie. 

Mus. Paul. Equador (Friese det.) 


8 Megachile pulchra Sn. 


1879 — M. pulchra Smith, Descr. New Spec. 
Hym; plie. 28, Gras 

P Cabeça e thorax pretos, vestidos com pu- 
bescencia fulva, o abdomen e as pernas ferrugineas ; 
o flagellum das antennas fulvo em baixo. As azas 
são fulvo- hyalinas, sua margem apical ligeiramente 
escurecida, as nervuras rufo-amarellentas ; as pernas 
algumas vezes ma's ou menos marchadas de preto, 
algumas vezes inteiramente ferrugineas. A margem 
apical dos segmentos abdominaes com ligeiras faixas 
pallidas; em baixo vestido com pubescencia pal- 
lido-fulva. Comprimento 13 mm. 


& Muito parecido à femea, mas tem a metade 
apical das mandibulas ferruginea e as antennas in- 
teiramente dessa côr, sendo sômente um pouco fuscas 
em cima; os tarsos I dilatados, o metatarso es- 
tirado num longo processo que se estende alem dos 
articulos subsequentes; todos os articulos atraz com 
franjas ou pubescencia comprida e encrespada, fusca 
nas pontas; as coxas I armadas com espinhos pre- 
tos; as azas como na femea; o segmento apical do 
abdomen com uma depressão profunda, sua margem 
debil:nente chanfrada. 

Hab. S. Paulo de Olivença, Est. do Amazonas. 

Não conheço a especie. 


9. Megachile ventralis Sm. 


1879 — M. ventralis Smith. Descr. New Spec. 
Hym. p. 75, n. 40, Q. 

@ Preta; o thorax densamente coberto com 
pubescencia cinzenta debilmente tingida de fulvo em 


— 160 — 


cima. O vertice com pallida pubescencia fulva; os 
Jados da cara cinzentos; oclypeo fortemente pon- 
tuado, sua margem anterior arredondada. As azas 
são hyalinas sua margem apical escurecida; uma 
mancha amarella na cellula radial; as nervuras e 
tegulas rufo amarellentas; as pernas cor de breu 
avermelhado-escuras com fraca pubescencia cinzenta, 
a dos tarsos fulvo-pallida, a do metatarso III fusca- 
escura. Abdomen cordiforme, brilhante, com o py- 
gidium opaco e muito finamente pontuado; em- 
baixo o segmento basal e um pequeno espaço no 
meio do segundo segmento com pubescencia branca, 
nas outras partes com pubescencia preta. Compri- 
mento 12 mm. 

Hab. Ega, Est. do Amazonas. 

(Esta especie não é bem caracterisada, e pode 
ser que fique melhor collocada em uma outra secção; 
não a conheço). 


10, Megachile pilosa Sm. 


1879 — M. pilosa Smith, Descer. New Spec. 
Ryne poi Mes a. Ap 

Q Preta, coberta com pilosidade variavel dou- 
rada; a cara com curta pubescencia pallido-dourada, 
em frente da inserção das antennas tem um pouco 
de pubescencia preta; o clypeo fortemente pontuado, 
sua margem anterior serrilhada. O thorax com 
curta pubescencia pallido-dourada; as azas fulvo- 
hyalinas, a margem apical do par anterior fusca, 
mais escura em uma linha que passa pela cellula 
radial; as nervuras ferrugineas, as tegulas amarel- 
lentas; o thorax em baixo, bem como as pernas, 
tem uma pubescencia fina, curta e espalhada, mais 
densa nos tarsos, no par posterior fulvo em baixo. 
Abdomen piloso, os segmentos 4 e 5 com faixas pal- 
lido-fulvas. e sexto densamente piloso ; a escova ven- 
tral é fusca no meio e pallida nos lados. Compri- 
mento 9 mm. 

Hab. Fonteboa, Est. do Amazonas. 

(Não vi esta especie). 


— 161 — 


11. Megachile vigilans Sn. 


1879 — M. vigilans Smith, Deser. New Spec. 
Hym. podia 146; ©. 

9 Preta com a base extrema do abdomen em 
cima e os dous segmentos basaes em baixo ferru- 
gineos. A cara com pubescencia fulva; o clypeo 
nú, pontuado, com um espaço brilhante, não pon- 
tuado no meio; sua margem anterior é emarginada, 
o flagellum é fulvo-escuro em baixo. O thorax com 
curta pubescencia fulva em cima, no segmento me- 
diario mais comprida; as azas pallido-fulvo-hyalinas 
debilmente escurecidas no apice, as nervuras e as 
tegulas ferrugineas; as pernas côr de breu aver- 
melhado-escuro; o par II e III ferrugineos em 
baixo, os tarsos com viva pubescencia fulva em baixo. 
Abdomen brilhante, coberto com fina pontuação 
chata; as margens apicaes dos segmentos franjadas 
lateralmente com pubescencia fulva; o segmento 
apical opaco e coberto com uma fina pilosidade 
cinzenta; a escova ventral fulvo-pallida, mas preta 
nos dous segmentos apicaes. (Comprimento 11 mm. 

Hab. Pará. 

(Compare-se tambem MW. anomala, da qual talvez 
é a forma amazonica; a base ferruginea do abdo- 
men e as pernas mais escuras por emquanto ser- 
vem de caracter differencial à M. vigilans). 


12. Megachile ruficornis Sy. 


1893 — M. ruficornis Smith, Cat. Hym. Br. 
Mus: 1, .p: 188, Dn. 1998, 0. 


© Preta, as antennas e as mandibulas verme- 
lhas, estas ultimas fuscas no apice; a cabeça e o 
disco do thorax cobertos com pubescencia fulva ; 
nos lados e em baixo é cinzenta; as pernas ver- 
melho-amarellentas ; as azas hyalinas. amarellentas 
na sua margem anterior; as tegulas e as nervuras 
pallido-rufo-amarellentas ; todas as margens apicaes 
dos segmentos abdominaes tem uma estreita faixa 
branca; a escova ventral é amarella muito pallida, 


— 162 — 


mesclada nos lados e no apice com pellos pretos. 
Comprimento 13 mm. 

Hab. : Brazil. 

(Descripção demasiado incompleta, faltando todos 
os caracteres inorphologicos ; não conheço especie 
alguma com estas cores). 


13. Megachile moderata Sm, 


1879 — M. moderata Smith, Descer. New Spec. 
Elgin. FD. toll, do TR 

9 Preta com as azas fulvo-hyalinas, as mar- 
gens apicaes dos segmentos do abdomen com faixas 
brancas muito estreitas. A cara com pubescencia 
branca nos lados e entre as antennas, um pouco fulva 
entre cs ocellos; as mandibulas ferrugineas com 
dentes pretos; o flagellum fulvo em baixo com o 
articulo apical preto. O thorax em cima com es- 
cassa pubescencia fulvo-pallida, curta ; no segmento 
mediario, nos lados e em baixo é brancacenta ; as 
pernas côr de breu avermelhado-escuro, mais pal- 
lidas em b:ixo, e cobertas com pillosidade branca, 
deitada ; a dos tarsos em cima mais ou menos fulva, 
em baixo vivamente rufo-fulva ; as nervuras das azas 
e as tegulas rufo-amarellentas. A escova ventral 
fulva, nos lados marginada de preto; o abdomen 
em cima é coberto com fina granulação e tem 
uma curta e escassa pubescencia, visivel quando 
vista de lado. Comprimento 14 mm. 

Hab. : Ega, Est. do Amazonas. 

(Não conheço a especie que, embora não conte- 
nha descripção de caracteres morphologicos, parece 
reconhecivel.) 


14. Megachile incongrua Sn. 


1879 — M. incongrua Smith, Descer. New Spec. 
VID p. 19,00 AS NO so: 

Q Preta, com as pernas ferrugineas. A cara 
densamente coberta com pubescencia branco-amarel- 
lenta; as bochechas tem uma pubescencia analoga, 


— 163 — 


porem mais comprida; o apice das mandibulas é 
ferrugineo. A pubescencia do thorax é semelhante 
à da cabeça; o mesonotum e o scutellum são densa 
e finamente pontuados ; as azas são subbyalinas, sua 
margem apical e a cellula radial escurecidas, as 
nervuras e as tegulas ferrugineas. O abdomen bri- 
Ihante, com o pygidium opaco e coberto com fina 
pontuação chata; es margens apicaes dos segmentos 
franjadas com pubescencia branca, usualmente mais 
ou menos interrupta no meio; a escova ventral 
branca. Comprimento 9 mm. 


d' Do mesmo comprimento; as pernas ferru- 
gineas, mas um tanto manchadas de fusco, os tarsos 
pretos em cima e com franjas de pubescencia branca. 
A fronte revestida com pubescencia fulva, as bo- 
chechas densamente barbadas com pubescencia pal- 
lida; os tarsos I simples. os trochanteres com um 
espinho agudo angular; as azas como na femea. O 
abdomen oblongo, a base profundamente concava, 
as margens dos segmentos constringidas ; as margens 
apicaes lateralmente com franjas brancas; a margem 
do pygidium arredondada; os segmentos ventraes tem 
uma grossa franja branca marginal. 

Hab. : Tonantins, Est. do Amazonas. 

(Não vi esta especie). 


15. Megachile susurrans fai. 


1836 — M. susurrans Haliday, Trans. Linn 
noe) XVI p. 320, nt 13°49. 


@ Cabeça e thorax fulvo-pilosos ; e abdomen 
com faixas brancas ; as tegulas e as pernas ferru- 
gineas ; os femora, as tibias I e os metatarsos no 
lado exterior denegridos. Preta, de estatura entron- 
cada; as pernas amarellento-pilosas ; as azas hya- 
linas, as nervuras ferrusineo-smarellas; a escova 
ventral brancacenta. Comprimento 9 mm. ; expansão 
das azas 19 mm. 

Hab. : Brazil, São Paulo (qual ?) 

(Em vista de ser a descripção tão resumida, 
não me é possivel reconhecer a especie). 


— 164 — 


16. Megachile gracilis Schrottky 


1902 — M. gracilis, Schrottky, Rev. Mus. V 
p. 4395 n. 2 Q. (excl. d). 

P Veja-se a descripçäo no lugar indicado. 

Hab. : Jundiahy, Est. de S. Paulo. 

Mus. Paul. 2 Jundiahy 28. I. 00 (Typo). 


17. Megachile anomala Schroltky 


1902 — M. anomala Schrottky, Rev. Mus. 
Pants Vo dt stl a 

190% — M. campinensis Schrottky, Anal. Soc, 
Cient. Argentina, LXV, p. 236, n. 8, ©. 


9 Especie muito variavel; a pubescencia do 
vertice e mesmo do mesonotum torna-se fusca e 
atê preta; a escova ventral algumas vezes é preta 
sO no apice, outras vezes tambem nos dous ou tres 
segmentos apicaes. Os caracteres constantes são : 0 
espaço não pontuado no meio do clypeo e o scutum 
nasale quasi inteiramente liso. O articulo 2.º do fla- 
gellum é um pouco mais curto do que o 1.º Em 
exemplares frescos não é difficil ver um dente muito 
pequeno na margem anterior do clypeo; o tama- 
nho do corpo varia entre 10 e 12 mm. 

Hab. Brazil, Est. de S. Paulo; Est. do Ama- 
zonas; Paraguay. Argentina, Missiones, Perú. 

Mus. Paul. 99 Est. de S. Paulo, Ypiranga, 
Jundiahy, Campos do Jordão, Rincão; Est. do Ama- 
zonas : Manaos; Peru. 

Nos mezes ‘de Janeiro, named Março, Maio, 
Agosto, Dezembro. 


18. Megachile leucocentra Schrottky 


1908 — M. fossoris leucocentra Sehrotiky, 
Anal. Soc. Cient. Argentina, LXV p. 236, n. 9, 9. 


@ Preta, o clypeo trapeziforme, fina e espa- 
cadamente pontuado ; as mandibulas vermelhas; a 


— 165 — 


cabeça em frente, as pleuras e o peito cinzento- 
pilosos; o vertice, o mesonotum e o scutellum 
fulvo-pilosos, os pellos no disco do mesonotum muito 
curtos e algumas vezes ausentes. O flagellum em 
baixo ferrugineo. A cabeça eo thorax muito densa- 
mente pontuados, opacos; as tegulas ferrugineas ; 
as azas amarellento-hyalinas, com as nervuras fer- 
rugineas ; as pernas fusco-ferrugineas, em algumas 
partes mais claras, fulvo-pilosas, os calcares brancos. 
A base do abdomen é ferruginea e fulvo-pilosa, 
todos os segmentos tên na margem apical cilios 
caducos amarellentos; o pygidium é invertido py- 
riforme; a escova ventral brancacenta, no apice 
preta. Comprimento 13 mm. ; largura do abdomen 
4,9 mm. 

Hab. : Paraguay; Est. de S. Paulo. 

Mus. Paul. : Est. de S. Paulo, Victoria de Bo- 
tucatu, Rincão, Rio Feio. 


Nos mezes de Fevereiro e Outubro. 
Talvez seja identica à especie seguinte ? 


19. Megachile fossoris Sm. 


{879 — M. fossoris Smith, Descr. New Spec. 
Elma Ps | TH) 42; «O: | 

Q Preta, com a base extrema do abdomen e 
as pernas ferrugineas. A cara em cada lado do 
<lypeo com um pouco de pubescencia cinzenta; as 
mandibulas e as antennas em baixo ferrugineas ; 
uma faixa estreita de pubescencia fulva cruza o 
vertice entre os ocellos; a margem posterior do 
vertice com uma faixa semelhante. O thorax em 
cima com pubescencia fulva, curta e escassa no disco; 
no segmento mediario, nas pleuras e no peito de 
côr cinzenta; as azas fulvo-hyalinas com as tegulas 
e as nervuras ferrugineas. As margens apicaes dos 
segmentos do abdomen e a base do segmento pri- 
meiro ciliadas com pubescencia fulva; a escova 
ventral é branca, excepto nos dous segmentos apt 


— 166 — 


caes e nos lados do quarto segmento, onde é preta. 
Comprimento 11 mm. 


Hiab. : Santarem, no Estado do Para. 
Talvez identica à especie anterior ? 
Mus. Paul. Para (Friese det). 


20 Megachile beroni Schrottky 


1902 — M. rubricala Sm. var. beron: Schrottky 
Rev. Mus. Paul. V, p. 437 ¢. 


Q Differt a M. rubricata clypeo antice foveola- 
to-emarginalo ; articulo tertio antennarum (secundo 
flagelli) longiore quam secundo (primo); pedibus 
ferrugineis aut fuscis. Long. 11 min. 

Nos lados do clypeo, no lado inferior da ca- 
beça e no peito com pellos cinzentos; no vertice, 
uma pennugem na frente e no thorax com pellos 
fulvos : os segmentos abdominaes com faixas de pellos 
amarellentos ; as tegulas ferrugineas ; as pernas de 
côr variavel, desde inteiramente ferrugineas até quasi 
completamente fuscas; a escova ventral branca, no 
apice preta. O clypeo é convexo, finamente pontuado e 
em exemplares frescos coberto com curtissimos pel- 
los; a margem anterior tem no meio uma impressão 
pequena semi-circular, bem visivel; algumas vezes a 
pontuação falta em um pequeno espaço liso no meio. 
O scutum nasale é mais densamente pontuado. O 
segundo articulo do flagellum é t 1/2 vezes mais com- 
- prido do que o primeiro. O vertice e o mesonotum 
são muito densamente pontuados. Nas azas a cel- 
lula submediana é geralmente mais curta do que a 
mediana, mas nem sempre; a primeira veia trans- 
verso-discoidal termina um pouco atraz do angulo 
anterior, a segunda quasi no apice da segunda cellula 
cubital. O metatarso JII é tão comprido como a tibia ; 
os caleares são vermelhos ou ferrugineo-amarellen- 
tos, mas nunca brancos; as unhas têm na base um 
denticulo muito agudo. De resto assemelha-se muito 


— 167 — 


ás especies visinhas. Comprimento 11 mm., largura 
do abdomen 4 mm. 

Hab. : Paraguay; Est. de S. Paulo. 

Mus. Paul.: Est. de S. Paulo; Rincão, Rio 
Feio, Victoria de Botucatu, Jundiahy (Typo !) 

Nos mezes de Fevereiro e Outubro. 


2]. Megachile gigas Schrotty 


1908 — M. gigas Schrottky, Anal. Soc. Cient. 
Argentina, LXY, p. 235, n. 7, 0: 


@ Preta, a cabeça e o thorax fulvo-pilosos ; 
as mandibulas ferrugineas, no apice fuscas; o cly- 
peo anteriormente um pouco emarginado, com um 
denticulo acima do meio da margem apical, fina- 
mente pontuado e revestido de cuitos pellos fulvos; 
as tegulas c as pernas inteiramente ferrugineas ; as 
azas amarellento-hyalinas com as nervuras ferrugi- 
neas; o abdomen preto, na base ferrugineo e fulvo- 
pileso, os segmentos nas margens com pellos curtos 
amarellos, que formam faixas completas; a escova 
ventral é branca na base, no meio amarellenta, no 
apice fusca ou preta; as pernas vestidas com curtos 
pellos dourados, os calcares ferrugineos. Compri- 
mento 15 mm., largura do abdomen 4,5 mm. 


Hab. : Est. de S. Paulo. 


22, B¥egachile rubricata Sm. 


1853 — M. rubricala Smith, Cat. Hym. Br. 
Mus opter Ass q! 


© Preta, os lados da cara em baixo da in- 
serçäo das antennas cobertos com pubescencia cin- 
zenta; em cima das antennas até o ocello anterior 
é fulva como tambem na margem do vertice; o 
tronco das antennas é preto, o flagellum vermelho, 
fusco em cima. No thorax a pubescencia é fulva no 
disco, mais pallida nas pleuras e no peito; as azas 


— 168 — 


são amarello-hyalinas, as tegulas e nervuras pallido- 
rufo-testaceas ; as pernas da mesma côr; as coxas 
os trochanteres e a base dos femora pretos, escas- 
samente cobertos com pubescencia fulvo-pallida, os 
tarsos | e II grossamente pubescentes em cima; 0 
metatarso III bastante dilatado. No abdomen os 
lados do segmento basal e as margens apicaes dos 
demais ciliados com pubescencia fulvo-pallida; a es- 
cova ventral é quasi branca com .o “apice' preto. 
Comprimento 13 mm. 

Hab.: Brazil; Peru 

Mus. Paul.: © ‘Pert. 


95. Megachile guaranitica Schrottky 


(Fig. 5 DK; D. coxa anterior d, E. articulos 1 e 2 dos 
tarsos I., F. Mandibula, G. articulos 2-4 das antennas, H. 
I, K. formas do pygidium (todas as figuras representam 0 dj). 


1908 — M. guaranitica Schrottky, Anal. Soc. 
Cient. Argentina, LXV, p. 236, n. 10 Q. 
1908 — M. guaranitica, Schrottky, forma me- 
lanopyga Schrottky, ibid. p. 237, n. 10-a, Q. 

1908 — M. quaranitica uruguayensis Schrottky 
ibd." p. 2o7, 0. 10-, 0 

1908 — M. catamarcensis Schrottky, ibid. p. 
Zoi We 1d O 

1908 — M. gomphrenae Friese, Flora og Fauna 
Silkeborg p. 64 n. 66 9 & (nec Holmberg) ! 

1908 — var. rufula Friese, ibid. p. 65 9 d. 

1908 — var. ferrugineipes Friese, ibid. p. 65 d. 

1908 — var. collaris Friese, ibid. p. 65d. 

Uma das especies mais variaveis, como aliás se 
deprehende da lista dos romes que recebeu num só 
anno. O estudo da morphologia de mais de cem exem- 
plares de ambos os sexos demonstra porem que todas 
as formas são tão ligadas entre si que é impossivel 
distinguil-as como variedades. 


— 169 — 


Assim encontrei na mesma localidade tanto a 
forma por mim denomina- 

A B. da catamarcensis e que 
7 NN o “io. julguei ser ao menos 


NE QUE NE subspecie andina, junta- 
ça mente com a forma ty- 
pica no Paraguay, e bem 
assim cohabitam a mes- 
ma região as formas in- 
termediarias entre estas e 


oF 
todas as outras descri- 
vine PN ptas por mim e por Frie- 


H 
e 2. se. Só ao examinar pou- 
M. cos exemplares parece 
i À possivel distinguir varie- 
Rig. 5 dades; confrcontando- os 
Meg. anisitsi (A-C) com muitos outros, apa: 
am gam-se os caracteres dif- 


ferenciaes. 


@ Preta; a cabeça e o thorax fulvo (até fusco) 
— pilosos ; as mandibulas geralmente pretas ; o clypeo 
convexo, fusco—ou fulvo-piloso, finamente pontuado, 
sua margem anterior crenulada; o flagellum em 
baixo ferrugineo, os articulos 1.º e 2.º de egual 
comprimento ; as azas amarellento-hyalinas, as ner- 
vuras ferrugineas. Os segmentos 2-5 do abdomen 
com largas faixas amarellas, a chitina do abdomen 
de côr preta ou vermelha; o pygidium obtusamente 
triangular ; a escova ventral inteiramente branca ou 
com o apice preto. As pernas são ferrugineas até 
fuscas. Comprimento 12-14 mm., largura do abdo- 
men 4 mm. 

S Semelhante na cor à femea; as mandibu- 
las tridentadas ; os detalhes morpholog:cos veja-se 
na figura 4. Comprimento 10-12 mm., largura do 
abdomen 3,8 mm. 

Hab. : Argentina, Uruguay, Paraguay e Sul do 
Brazil atê Minas Geraes. 

Mus. Paul.: Q Paraguay, Puerto Majoli (Pa- 
raná). 


-— 170 — 
24, Megachile compacta Sn. 


1879 — Megachile compacta Smith, Descr. 
New ‘Spee: Igm.,p-42,'n. 32 9 

2 Preta; o thorax em cima revestido com 
pubescencia fulva. A cara com curta pubescencia 
cinzenta aos lados do clypeo; em cima da inserção 
das antennas é fulva ; o flagellum é fulvo em baixo. 
As azas são fulvo-hyalinas, as nervuras e as tegu- 
las ferrugineas; todos os tarsos com pubescencia 
vivamente fulva em baixo. O abdomen brilhante e 
muito finamente pontuado; as margens apicaes dos 
segmentos com faixas fulvo-pallidas, geralmente mais 
ou menos interrompidas no meio ; o segmento api- 
cal com pellos pretos erectos; a escova ventral de 
iurta cor amarellento-branca. (Comprimento 13 mm. 


Hab.: Santarem, Est. do Pará 


(Não conheço esta especie). Segundo Smith é 
provavelmente a P de M. hilaris. 


25. Megachile opifex Sm. 


1879 — Megachile opifex Smith, Descr. New 
Spec. vim po sl, one MC URE 

Q Preta; as pernas ferrugineas, vestidas com 
pubescencia fulva; a das bochechas e do peito, como 
a base da escova ventral brancacenta, o apice da 
escova vivamente amarellento. As mandibulas no 
apice ferrugineas, escuras; o flagellum em baixo 
fulvo. As azas fulvo-hyalinas, as nervuras ferrugi- 
neas, as tegulas amarellentas. O abdomen coberto 
com curta pubescencia fulva, as margens dos segmen- 
tos têm faixas da mesma côr, porem mais densas e 
mais compridas: o pygidium tem curta pubescencia 
cinzenta e escassos pellos pretos. Comprimento 13 mm. 


d Um pouco menor que a femea, 4 qual se 
assemelha muito. Preto com as pernas ferrugineas, 
sendo as azas eguas. Os tarsos I dilatados e cilia- 


dos exteriormente com pubescencia branca, que é 
marginada de ferrugineo. 

Hab.: S. Paulo de Olivença, Est. do Aam- 
zonas. 

Esta especie se assemelha muito à M. pulchra, 
da qual a femea differe por ter o abdomen preto; 
o macho se distingue pela forma differente dos ar- 
ticulos dilatados dos tarsos I, sendo o primeiro ar- 
ticulo oblongo e mais largo no apice, mas não tem 
o appendice alongado como M. pulchra. 

(Não conheço esta especie). 


26. Megachile paraguayvensis Schrottky 


1908 — M. paraguayensis Schrottky, Anal. 
Soc. Cient. Argentina, LXV, p. 239, n. 6, 9. 


Q Preta; o vertice e o thorax fulvo-pilosos ; 
a cara larga; o clypeo preto--piloso, a margem 
anterior ciliada com pellos fulvos pouco apparentes, 
rugoso--pontuado; as antennas com o flagellum 
fulvo em baixo; as tegulas fulvo--ferrugineas, as 
azas hyalinas, as nervuras fulvo--ferrugineas; as 
pernas pretas, em baixo vermelhas com pellos 
pretos e fulvos, os tarsos em baixo avermelhado — 
pilosos, os calcares ferrugineos. O abdomen preto, 
os segmentos 2--4 ou 2--5 com largas faixas ama- 
rellas; a escova ventral brancacenta, no apice preta. 
Comprimento 10 mm., largura do abdomen 5,75 mm. 

Hab. Paraguay. Muito rara; sem duvida será 
encontrada nos Estados limitrophes do Brazil. 


27. Megachile guayaqui n. sp. 


@ M. anomalae ut ovum ovo similis, differt: 
clypeo scutoque nasali ubique punctatis, pedibus 
atris, fascis segmentorum abdominaluin angus- 
horibus, albescenti--flavidis. Long. 10 min. 


Q Preta, a cabeça em cima das antennas e o 
lado superior do thorax com pubescenc'a fulva, o 
resto com pubescencia brancacenta; o abdomen com 


== 172 Sa 


faixas estreitas de pellos amarello-pallidos ou ama- 
rellento-brancas ; a escova vental branca com alguns 
pellos pretos nos lados; as pernas pretas, os tarsos 
em baixo ferrugineo-pubescentes, os calcares, as te- 
gulas e as nervuras das azas ferrugineas; as azas 
amarellentc- hyalinas. 

As mandibulas 4-dentadas ; o clypeo eo scutum 
nasale com pontuação grossa, mas não confluente. 
O resto da cabeça e o disco do thorax mais densa 
e mais finamente pontuados. O segundo articulo do. 
flagellum é curto, egual ao primeiro. O abdomen 
é finamente pontuado, nos ultimos segmentos com 
curta e escassa pubescencia fulva, que se torna mais 
densa no pygidium. O metatarso III tão comprido 
como a tibia. Nas azas a cellula mediana é mais 
comprida que a submediana, a segunda veia trans- 
verso-discoidal (nerv. rec. 2) quasi intersticial. Gom- 
primento 10 mm., largura do abdomen 3,9 mm. 

Hab. Paraguay, na beira do Rio Paraná (Hohen- 
au); certamente habita tambem as regiões visinhas 
do Brazil. 

(Não é impossivel que seja identica com a M. 
susurrans, cuja descripção é muito deficiente). 


28. Megachile possograndensis Schrottky 


1902 —M. possograndensis Schrotthy, Rev. Mus. 
Paul eW.ap.,4538.1n 2106: 

2 Veja-se a descripção na publicação indicada. 

Hab. : Est. de S. Paulo. 

Mus. Paul. : 9 Poco Grande, 29 Janeiro 1898 


(Typo). 
29. Megachile laeta Sn. 


1353 — M. laeta Smith, Cat. Hym. Brit. Mus. 
lp, 186, me HET 

q Preta, a cara e as mandibulas exteriormen- 
te cobertas com curta pubescencia côr de ochre pal- 
lida, a das bochechas e do thorax em baixo tem a 


mesma cor; em frente do ocello anterior uma pen- 
nugem de pubescencia preta. O thorax no disco 
muito finamente pontuado, brilhante; o seutellum 
perfeitamente polido e um pouco elevado, os lados 
do segmento mediario cobertos com pubescencia 
amarellento-dourada ; as azas subhyalinas; as per- 
nas vermelhas, o metatarso II] largo e chato, egual 
ao comprimento da tibia. Abdomen curto e largo, 
o segmento basal coberto com pubescencia amarello- 
dourada, e as margens apicaes dos segmentos com 
faixas da mesma côr; a escova ventral vivamente 
fulva. Comprimento 13 mm. 

Hab.: Est. do Para: Rio Tapajóz. 

(Não conheço esta especie, que deve ser muito 
semelhante à seguinte). 


30. Megachile anisitsi Schrotthy 


(Fig. 5 A—C; A Coxa e trochanter I, B Metatarso e 
articulo 2º das pernas I, € Tibia II; todos do macho) 


1908 — M. laeta anisitsi Schrottky, Anal. Soc. 
Cient. Argentina, LXV, p. 237, n. 12, ¢ de.) 

1909 — M. flabellata Vachal, Revue d'Ento- 
mologie p. 14, n. 58, d. | 

g Preta, brancacento-pilosa ; as mandibulas 
pretas, o clypeo triangular-obtuso, nu, anteriormen- 
te um pouco emarginado, brilhante, finamente pon- 
tuado ; o scvtellum quasi sem pontuação, muito bri- 
lhante ; as metapleuras, o segmento mediario e o 
primeiro segmento abdominal com pubescencia côr 
de ocre pallida; as tegulas ferrugineas, as azas um 
pouco escurecidas, com as nervuras fuscas; as per- 
nas | e Il pretas e ferrugineas, as tibias e os tarsos 
II ferrugineos, em tudo amarellento-pilosas ; o ab- 
domen quasi liso, os segmentos 1—5 com faixas de 
pellos caducos amarellentos; o pygidium  trapezi- 
forme, coberto com curtissimos pellos amarellos ; a 
escova ventral comprida, amarellenta. Comprimento 
15 mm., largura do abdomen 5 mm. 


& O clypeo e a fronte com pubescencia dou- 
rada, as antennas pretas; o vertice e o thorax ful- 
vo-pilosos ; as tegulas ferrugineas ; as pernas viva- 
mente ferrugineas; os tarsos I branco-amarellentos, 
os articulos no lado dorsal com carina, no lado in- 
terno ciliados com pellos summamente compridos, 
amarellentos, no lado exterior com pellos de com- 
primento egual, amarellentos com o apice fusco; as 
unhas ferrugineas ; as tibias II] curvadas e engros- 
sadas, os metatarsos curtos, amarellento-ciliados. O 
abdomen com os segmentos 1 e 2 com comprida 
pubescencia fulva, os segmentos 1—4 na margem 
apical com curtos cilios fulvos, o quinto cor poucos 
pellos fuscos, o sexto emarginado, o septimo escon- 
dido e menos emarginado do que o sexto. Compri- 
mento 14 mm., largura do abdomen 5 mm. 

Hab. : Est. de S. Paulo, Goyaz, Paraguay. 

Mus. Paul.: & Est. de S. Paulo: Jundiahy, 25 
Janciro 1900. 


ol. Megachile friesei Schrottky 


1902 — M. friesei Schrottky, Rev. Mus. Paul. 
V, pr 459, m 16, Misto. tet eer 


q Veja-se a descripção acima indicada. 
Hab. 2 Fist. (des. Paulo: 
Mus. Paul. : q Est. S. Paulo: Jundiahy (Typo) 


92, Megachile andromorpha n. sp. 


g Nigra capite albido—, verlice fusco-hirto, 
mesonoto breviter fulvo-piloso, thorace reliquo ful- 
vescente-hirlo, cingulis abdominis fulvis, pedibus 
fusco maris, tarsis anticis extus longe  fusco-fim- 
briatis ut & specierum permullarum, alis subhyali- 
mis margine infuscato ; clypeo convexo, punctato, an- 
fice vin emarginalo et subdertalo ; sculo nasalr 
grosse haud dense punclato: articulo lerlio anten- 
narum longiore quam quarto; verlice mesono- 
toque crebre punctatis, opacis ; abdomine sat dense 
punclulato, pygidio breviter fulvo-piloso, scopa ful- 


—— LES — 


va calcaribus pallidis; cellula mediana alarum 
haud longiore quam submediana, nervis recurren- 
tibus ab angulis cellulae cubitalis secundae primo 
magis, secundo minus remotis. Long. 15 mm.; 
Lat. abd. 4,8 mm. 

Hab.: Paraguay (Assumpção); provavelmente 
chega na sua distribuição até o Brazil. 


dd Megachile levimarginata n. sp. 


q Nigra, capite albido—, verlice fuscc-hirto, 
thorace supra griseo-pilos), callis humeralibus ma- 
culaque parva pone tegulas albo-pubescentibus, 
sterno fusco-hirto, cingulis abdoninis angushs, 
albido-flavescentibus ; pedibus fusco-nigris bi eviter 
fulvescenti-hirtis, inetatarsis 1 fusco-hirtis ; alos 
hyalinis margme paulum infuscalo ; clypeo pau- 
lum convexo, punctalo, margine antica recta, 
empurctata, levi; sculo nasali haud dense puncta- 
to; articulo tertio antennarum longiore quam 
quarto; vertice mesonotoque crebre punctatis opacis; 
abdomine parum dense punctulato, pygidio sparse 
nigro-hirto, scopa fulva; alarum nervatura ut M. 
andromorpha. Long. 15 mm.; lat. abd. 4,5 min. 

Hab.: Paraguay (Assumpção). 


54. Megachile aureiventris Schroliky 


1902 - M. aureiventris Schrottky, Rev. Mus. 
Pals Veo Py 44s) ne ÃO q: 


ç 

q A descripção deve ser completada nos pon- 
tos seguintes: 

A pontuação do vertice é escassa, sendo os in- 
tervallos entre os pontos muito maiores do que os 
proprios pontos; o clypco densamente pontuado com 
uma linha logitudinal lisa no meio. O comprimento 
varia entre 12 e 14 mm. 

Hab. : Est. de S. Paulo: 

Mus. Paul.: q Est. de S. Paulo: Jundiahy 
(Typo), Ypiranga, Campinas. 

Nos mezes de Janeiro e Dezembro. 


“ada 


— 176 — 
35. Megachile limae n. sp. 


q Magra, facie albo-hirto, vertice fusco-piloso, 
clypeo scutoque nasal erasse et linea mediana 
excepto dense punctatis, margine antico clypeo 
wx conspicue sinuoso dentem inicroscopice parvum 
in medio ferente ; vertice dense punctato ; antennis 
rufatris, articulis tertio quartoque aequalibus ; 
ocellis posticis maxime ab oculis et magis a mar- 
gine sincipitali quam inter se remotis; mesonoto cre - 
berrime punctato, pleuris breviter, segmento me- 
dio longe fulvo hirtis, sutura anter mesonotum 
scutellumque fulvo-pubescente; fascus abdomina- 
libus fulvis; scopa fulva; pedibus fuscis ; calca- 
ribus testaceis, alis subhyalinis, venulis lequlisque 
rufo-fuscis, nero. rec. 2° apud angulum cellulae 
cubitalis secundae Long. 12-13,5 mm. 

Preta, a cara branca-pilosa, o vertice com 
curtos pellos fuscos; o clypeo e o scutum nasale 
com pontuação grossa, os pontos densos com exce- 
pção do meio, onde ha algumas vezes uma linha 
sem pontuação; a margem anterior do clypeo é 
muito pouco sinuosa e tera no meio um denticulo 
microscopico; o vertice & densamente pontuado, as 
antennas são avermelhado-escuras, seus articulos 3 
e 4 de egual comprimento; os ocellos posteriores 
são muito distantes dos olhos, um pouco menos da 
margem sincipital, e menos ainda entre elles; o 
mesonoto é muito densamente pontuado ; as pleuras 
são cobertas cem curtos pellos fulvos, o segmento 
mediario com pellos compridos da mesma cor; 
a sutura entre o mesonotum e o scutellum tem pu- 
bescencia fulva; as faixas abdominaes e a escova 
ventral são tambem fulvas; as pernas são fuscas on 
avermelhadas, os calcares Ill sempre pallidos ; as 
azas são subhyalinas, as tegulas fuscas ou ferrugi- 
neas finamente pontuadas; as nervuras são fuscas, 
o nerv. rec. 2.º termina perto do angulo da segunda 
cellula cubital. Comprimento 12-13,5 mim., largura 
do abdomen 4,4 mm. 

Hab. Est. de S. Paulo; Paraguay. 


o yo 


ae Paul. q Est. de S. Paulo: Jundiahy 
(Typo!), Rincão, Campinas. Dedicada ao sr. João 
L. Lima, preparador do Museu Paulista. 


Nos mezes de Janeiro, Fevereiro e Novembro. 


Nota: Na Republica do Uruguay existe uma 
especie summamente semelhante que poderá chegar 
a ser confundida com M. limae. E um pouco 
maior, 14 mm.; tem as pleuras preto-pilosas, as 
pernas pretas, o clypeo não tem um denticulo na 
meio mas 4 pequenos dentes de cada lado do meic, 
geralmente cobertos e escondidos pelos pellos do 
clypeo. Chamo esta nova especie, que deve existir 
tambem no Estado do Rio Grande do Sul, Mega- 
chile arechavaletae n. sp. 


56. Megachile rava Vach. 


1908 — M. rava Vachal, Revue d'Entomologie 
pisa ndo gr 

q Preta, as mandibulas avermelhadas perto do 
angulo apical externo. «'s calcares pallidos. Os 
pellos em geral de cor branco-cinzenta suja ; pellos 
bruno-sujos no vertice e transversalmente entre as 
azas ; pellos avermelhado-sujos nos metatarsos em- 
baixo. mas sobre o metatarso 11 uma pilosidade cinzen- 
ta; a escova ventral branco-amarellenta. O pygidium 
com escassos pellos cinzento-amarellentos ; a base dos 
segmentos 3 a à com pellos pretos erectos. A man- 
dibula com a margem externa quasi direita re- 
curvada sômente perto da ponta, a margem interna 
lisa e brilhante. O clypeo apenas convexo, sua 
margem apical apenas sinuosa de um lado ao outro, 
a extrema margem apical finamente amarellada ; 
clypeo e o scutum nasale assaz forte e densamente 
pontuados. O articulo 3 das antennas apenas mais 
comprido do que 0 4.º; a tibia UI com pellos com- 
pridos como tambem a base de seu metatarso. © 
mesonotum opaco, com pontuação assaz grossa, con- 


— 178 — 


fluente. As azas cinzentas, as nervuras fuscas. Com. 
primento 13,5-14,5 mm., aza 9-10 mm. 


Hab. : Est. do Espirito Santo: Santa Cruz. 

O pollen recolbido por esta abelha é aver- 
melhado. 

(Não conheço esta especie). 


37. Megachile gomphrenae Holnbg. 


A888 — M. gomphrenae Holmberg, Act. Ac. 
Nac. Cordoba, V, p. 140, n. 13, Lam. MI, fig. 12, 
AD lara 


q Preta; a cabeça preta, densamente pontuada ; 
o vertice com pellos pretos, a cara branca pilosa 
com mistura de pellos pretos; o clypeo com uma 
lista irregular no meio, coberto com pellos curtos 
pretos, sem pilosidade branca, mas nos lados com pel- 
los branco-sujos ; as antennas pretas, o flagelium em 
baixo bruno, amarellento-subsericeo e finamente 
pontuado; as mandibulas perto da base com cur- 
tissima pubescencia amareliento-cinzenta pelo lado 
exterior, finamente pontuadas com alguns pontos 
grossos, o apice avermelhado e perto delle na mar- 
gem inferior uma curla pennugem ferruginea; a 
parte posterior da cabeça com cerdas pretas, nas 
bochechas porem com muitos pellos brancos. O 
thorax é densamente pontuado e branco-piloso, de- 
traz das tegulas e no segmento mediario branco- 
lanoso, no dorso com muitos pellos curtos e pretos ; 
o scutellum de cada lado da base obliquamente im- 
presso. na margem corn pellos pretos curvados para 
diante; as tegulas escuras, quasi lisas e finamente 
pontuadas anteriormente com gs pellos bran- 
cos; as azas hyalinas sujus, a margem exterior 
e a metade costal da cellula ar um pouco escu- 
recidas, as nervuras fuscas, o stigma fusco-ferru- 
gineo ; as pernas pretas, preto-pilosas, as coxas I e 
as vezes todas fusco-pilosas; os tarsos na parte 
apical avermelhados com pellos preto-avermelhados 


de brilho ferrugineo, as unhas ferrugineas no apice 
fuscas ; o calcar I ferrugineo, de forma regular, os 
outros curtos, côr de breu. O abdomen é preto, os 
segmentos dorsaes lisos e pontuados, os primeiros 
tres na margem apical branco-ciliados, os dous se- 
guintos branco-amarellento ciliados os lados dos 
quatro ultimos ferrugineo-fulvo-pilosos; os demais 
pellos do dorso são curtos e pretos, mais den- 
sos no pygidium; o epipygium é opaco e um 
pouco mais curto do que o hypopygium; a escova 
ventral é fulva, na base do primeiro segmento e nos 
segmentos 2 e 3 com alguns pellos pretos. Com- 
primento 12,5-13,5 mm., largura do abdomen 5 mm. 

3 Preto, a cabeça anteriormente com densos 
pellos amarellentos, no resto com pells mais es- 
cassos e mais brancos, no vertice poucos pellos 
pretos misturados entre a pubescencia amarellenta ; 
a base das mandibulas com pellos deitados branca- 
centos, os demais amarellentos ; o thorax branco- 
amarellento-piloso, em baixo com pellos mais pal- 
lidos; as coxas I com agudo processo triangular 
comprimido, em forma de dente curvado para diante; 
os femora I na metade apical em baixo com uma 
carina elevada, comprimida e no apice recurvada ; 
a tibia I tambem em baixo carinada; os pellos dos 
femora, e das tibias I em cima e atraz pretos, em 
baixo e em frente fulvos ou amarellentos; o me- 
tatarso I um pouco dilatado; o articulo 2.º dos tarsos 
com uma pequena cicatriz oblonga; nua, no meio 
preto em baixo; as outras pernas pretas, os arti- 
culos dos tarsos no apice avermelhados, os pellos 
brancacentos, nos metatarsos II mais compridos e 
lanosos; as unhas na base côr de mel, no apice 
pretas. O abdomen no base brancacento-piloso, as 
margens apicaes dos segmentos 1.º branco-ciliada, 
do 2.º branco-amarellenta, 3.º amarellenta, 4.º e 5.º 
ferrugineo ciliadas, no resto com curtissimos pellos, 
da mesma cor que as franjas, os pellos do segmento 
9.° deitados, amarellentos; o sexto segmento quasi 
nu, opaco ; densamente pontuado, na base sub-giboso, 
no meio com uma carina transversal emarginada ; 


= 180 — 


o ventre com escassos pellos amarellentos. Compri- 
mento 11 mm., largura do abdomen 4,5 mm. 
Hab.: Argentina; Uruguay. E' de suppor que 
exista tambem no Estado do Rio Grande do Sal. 
Nota. A Megachile gomphrenotdes Vach. dis- 
tingue-se na @ pelo sternum preto-piloso. Vi um 
exemplar do Uruguay que especificamente parece 
differente da M. gomplrenae, mas só com material 
mais rico pode-se decidir si é ou não boa especie. 


58. Megachile anthidioides had. 


1874 — M. anthidioides Radoskowski, Bull. 
Soc. mat. Moscow, XEVIL P. Tp. Adi no 
1 He. Ale es 

1902 — M. anthidioides Schrottky, Rev. Mus. 
Paul. V5 pa do D PONT. 

Veja-se a descripçäo no tomo V desta Revista. 

Hab.: Argentina; Uruguay; Paraguay; Est. 
Santa Catharina, Paraná. São Paulo. 

Mus. Paul. o &: Est. de S. Paulo, Jundiahy, 
Campos do Jordão, Victoria de Botucatu, Rincão, 
Rio Feio. 


39. Megachile coelioxiformis Schrottky 


(Fig. 5, pag. 169, L, M ¢; Lcoxal, M, articulos 1 e 2 
dos tarsos I) 


1909 — M. coelioxoides Schrottky, Anal. Soc. 
Cient. Argentina, LXVII,p. 220 9 & (nec Cresson 
1878). 

1910 — M. coelioxiformis Schrottky, Deutsche 
Ent. Zeitsch. Berlim. 

q Preta, a frente assaz dersamente amarellento- 
pilosa: o clypeo grosso-pontuado e coberto com 
curtos pellos amarellentos ; as bochechas apenas pre- 
sentes; as mandibulas são largas, ferrugineo-escuras 
ou avermeihadas com o apice fusco; as antennas 
pretas; o sinciput. fina e densamente pontuado; a 
margem posterior dos olhos larga e coberta com 


— 181 — 


pellos brancos. O mesonoto liso, finissimamente pon- 
tuado, a sutura entre pro e mesonoto densamen- 
te amarello tomentosa, a sutura entre mesonoto e 
scutello com escasso tomento amarello que forma 
sómente em cada lado uma mancha mais distincta:; 
as tegulas amarello-ferrugineas; as azas hyalinas 
com a cellula radial, parte das cellulas cubitaes, o 
apice e a margem exterior escurecidas; as pernas 
ferrugineas com os tarsos escuros até fuscos; as 
pleuras e o sterno com pellos branco-sujos, mais 
densamente nos callos humeraes. O abdomen é in- 
teiramente preto ou com o primeiro segmento fer- 
rugineo, a margem apical dos segmentos !-5 com 
franjas de pellos brancacentos que são caducos no 
meio e mais persistentes nos lados; a escova ven- 
tral é tenue e branca. Comprimento 11-13 mm., 
largura do abdomen 3-3,2 mm. 


& Menor do que a femea, no clypeo e na 
frente com longos pellos branco-sujos ; as antennas 
alongadas; o tomento nas suturas do thorax mais 
pallido e mais tenue; os tarsos I brancacentos, 
largos, posteriormente com compridas franjas ama- 
rellentas ; os segmentos 1-5 do abdomen com franjas 
brancas, o 6.' segmento concavo com uma pequena 
carina basal no meio, os lados e o apice agudos com 
denticulos irregulares e obtusos, em cada lado da 
emarginação mediana. Comprimento 9-10 mm., lar- 
gura do abdomen 2,1-2,3 mm. 

Hab. : Argentina; Missiones ; Paraguay ; Brazil: 
Est. do Paraná, Fóz do Iguassu. 

Nota: A descripçäo da Megachile planula 
Vach. é applicavel a esta especie, mas não men- 
ciona o colorido particular das azas que, juntamente 
com a forma e o colorido do corpo, dão a seme- 
melhança de Coelioxys à nossa especie. 

Caso as comparações ulteriores demonstrarem 
a identidade dessas duas formas, a prioridade ca- 
berá ao nome planula, cujo typo provem da Bo- 
divia. 

Mus. Paul.: Paraguay, Puerto Bertoni, Hohenau. 


— 182 — 


40. Megachile stenodesma 7. «p. 


q Nigra, mngro-hirta, flagello antennarum 
sublus tegulisque ferrugineis, abdomine quinque 
fascus angustis flavis, scopa ventral; fulva wno 
apice fusco, segmentis ventralibus inargine apicali 
breviter albocilatis; pedibus nigris, tarsis ferru- 
gineis, calcaribus albids; als flavido-hyalinis 
margine leviter infuscalo, venulis stigmatique tes- 
taceis ; inandibulis obscure rufis. Clypeo convexo, 
breviter paruin dense albido-hirlo, in medio spar- 
seus, lateribus dense crasseque punctato, margine 
antico paulum emarginato denticulum imecrosco- 
picum en medio ferente; seculo nasali crasse cre- 
breque punctato; flagelli articuli tres prime sub- 
aequalibus ; vertice creberrime punctato; ocellis 
poste smter se el a margine sincipitali aeque das- 
tantibus, ab ocul’s mages remot's. Alarum cellula 
cubital) prima inaiore quam secunda, nervo recur- 
rents secundo cum nervo transverso-cubilali se- 
cundo interstitial. Long. 11™™, lat. abdom. 4572, 

Hab.: Paraguay, Puerto Bertoni. 

Vium só exemplar desta especie, caçado perto 
da fronteira brazileira, razão pela qual M. stenodesina 
foi incluida neste estudo. 


Al, Megachile pullata Sn. 


1879 — M. pullata Smith, Desc. New Spec. 
Hym. p. 74 n. 38 q 


o. 

q Preta, vestida com pubescencia preta. Cly- 
peo densamente e assaz fortemente pontuado, sua 
margem anterior tenuemente emarginada; o flagel- 
lum das antennas fulvo em baixo. O scutellum liso 
e brilhante, a pubescencia no segmento mediario 
preta; as azas paliido-fulvo-hyalinas, as nervuras 
amarello-avermelhadas, as tegulas avermelhado-es- 
curas; os metatarsos em baixo com pubescencia 
fulvo-avermelhada. As margens apicaes dos se- 
gmentos do abdomen com estreitas orlas averme- 
lhado-scuras; a escova ventral do 2.º segmento 


— 183 


fulvo-pallida, as dos segmentos seguintes pretas. 
Comprimento 13™™. 
Hab. Est. do Amazonas, Ega. 
(Apparentemente o exemplar descripto tinha 
perdido as franjas do abdomen; não conheço a es- 
pecie). 


42. Megachile nigropilosa Svhrotiky 


1902 — M. n'gropilosa Schrottky, Rev. Mas. 
Paul Mppo405n.01;s. 

Veja-se a descripção acima indicada. 

Hab: Est. de. S. Paulo. 

Mus. Paul. q Jundiahy (Typo). 


43, Megachile itapuae Sehrotiky 


1908 — M. clapwae Schrottky, Anal. Soc. Cient. 
Argentina LXV, p. 238 n. 13 ¢. 

q Preta, em cima com pellos côr de ochre- 
pallida, em baixo com pellos brancacentos ; as an- 
tennas pretas, em baixo ferrugineas; o vertice e o 
mesonoto rugoso-pontuados; as tegulas ferrugineas ; 
as azas subhyalinas, as nervuras ferrugineas ; as per- 
nas de egual cor, fulvo-pilosas ; o abdomen liso, fina- 
mente pontuado, os segmentos 1-5 com franjas fulvas ; 
o pygidio trapeziforme, amarellento-sericeo ; a escova 
ventral brancacenta. (Comprimento 11 mm, largura 
do abdomen 4 mm, 

Hab.: Paraguay; Est. de S. Paulo. 

Mus. Paul.: ¢ Ypiranga; Jundiahy. 


44. Megachile simillima Sm. 


1893 — M. simillima Smith, Cat. Hym Brit. 
Muss io pel Som ns m8 IDA sos 


¢ Preta, em cada lado da cara uma linha de 
pubescencia branca como neve, as bochechas e os 
lados do thorax com pubescencia tenue ; uma linha 
de curta pubescencia branca em frente das tegulas, 
algumas vezes passando pela sua margem e se- 


— 184 — 


guindo ao longo da base do scutello, geralmente 
mais ou menos interrompida; as azas subhyalinas, 
as nervuras pretas; as pernas algumas vezes ama- 
rellento-avermelhado-escuras, cobertas com curta 
pubescencia cinzenta. O abdomen curto e quasi trian- 
œular, as margens apicaes com estreitas faixas 
brancas; a escova ventral branco-amarellenta. Com- 
primento 7,9-8,0 mm, 

Hab... Para. 

(Acredito que a M. simillima Friese, Flora og 
Fauna Silkeborg, 1908, p. 65, n. 67 não seja iden- 
tica à especie descripta por Smith). 


45. Megachile propinqua Sm. 


1879 — M. propinqua Smith, Descer. New Spec. 
Ele. pe Mn CIRE" 

q Preta, os lados da cara com pubescencia 
branca, misturada com pellos pretos, em cima das 
antennas; o flagellum fulvo-escuro em baixo. O 
thorax muito fino e densamente pontuado ; uma 
linha de pubescencia Eranca na margem do pro- 
thorax, outra semelhante passa desde as tegulas 
para atraz e segue ao longo da base do scutello ; 
“o segmento mediario com pubescencia branca; as 
pernas avermelhado-escuras em cima; mais aver- 
melhadas em baixo ; as azas subhyalinas, as nervuras 
fusco-ferrugineo-escuras. O abdomen debilmente 
brilhante, muito flnamente pontuado e com estreitas 
faixas de pubescencia branca; a escova ventral 
brancacenta, nos lados preta. Comprimento 11. mm. 

Hab.: Est. do Pará e do Amazonas: Ega, Ta- 
pajos e Tonantins. 

(Não vi esta especie). 


46. Megachile paulistana Schrottky 


1902 — Megachile paulistana Schrottky, Rev. 
Mus. Paul. V, p., 440, n, 0.0. 

q Veja-se a descripção acima citada. O clypeo 
tom na margem anterior 6 até 8 denticulos; o 


— 18 — 


terceiro articulo das antennas é um pouco mais: 
comprido do que o quarto. 
Hab. Paraguay; Brazil: Est. de S. Paulo. 
Mus. Paul. 2 & Jundiahy, Itu, S. José do Rio 
Pardo, Ypiranga, Campinas. 


47. Megachile verrucosa Bret). 


1909 — M. vervucosa Bréthes, Ann. Mus. Nac. 
B. Aires XIX, p. 255. 

q M. paulistanae persimilis clypeis margine an- 
tico eodem modo denticulato ; differt: statura mi- 
nore, artículo quarto antennaruin brevissimo, pe- 
dibus fuscatris, tibis tarsisque posticis angustis, 
unguiculis dimidio basal: (usque ad dentem pri- 
mum) encrassatis, corpore omnino elongato, alaruwm 
cellula cubitali prima latiore (altiore). Long. 10™™ 
lat. abdom. 3,3 mm, 

Hab. : Paraguay, Assumpção; Uruguay, Penarol. 

(E” de suppor que exista tambem no Brazil). 


48. Megachile separata 7. sp. 


@ M. limae persimilis, clypei margine antico 
fere eodem modo sinuato sed leviore; differt: me- 
sonoto scutelloque sparsium punctatis, scuto nasal 
perpauce punctato, statura omnino iminore. Long. 
OP bt abdom, 20-4 =. 

A distribuição das cores e o aspecto geral são 
eguaes a M. limae; é somente menor. O ssutum na- 
sale é porem, mais fina e escassamente pontuado, a 
margem do clypeo é mais lisa e a pontuação do 
mesonoto não é confluente nem muito densa, mas 
separada por intervallos maiores que os proprios 
pontos. Como em uma grande serie não encontro 
transições de uma à outra torma, acredito poder 
consideral-as como especies distinctas. 

Hab. Brazil, Est. de S. Paulo; Paraguay ; 
Urugnay ; Norte-Argentina. 

_ Mus. Paul.: 9 Rincão If. 01 (Typo !), Franca 
XII, 02. 


= 166 — 


49. Megachile bicegoi 7. sp. 
(Fig. 4, Il, pg. 152 Escudo nasal, clypeo e mandibula) 


@ Nigra, albido-hirta, imesonoto scutelloque 
breviter fusco seloso, sutura inter mesonotum et 
scutellum albido-tomentosa, segmentorum  abdomi- 
nalium marginibus apicalibus sordide albo-ciliatis ; 
alis ainfuscalis; tegulis testaceis ; pedibus atris 
melalarso postico latiore quam tibia ; clypeo mar- 
gine antico sinuoso et anconspicue in medio den- 
talo, sparse et grosse punctato ; scuto nasali pun- 
clis spursioribus et subtilioribus ; antennarum ar- 
teculis tertio et quarto fere aeque longis ; mesonoto 
crebre punclalo; nervis recurrentibus haud vel via 
interstitialibus; scopa albida, laleribus apiceque 
migra. Long, Al = lat abdom 4/12 

Esta especie é tambem muito semelhante à M. 
lumae, mas distingue-se facilmente da mesma pelo 
clypeo mais chanfrado e menos densamente pon- 
tuado, pelas mandibulas que tem só o dente apical 
bem desenvolvido, pelas tegulas mais claras e pela 
escova ventral que é preta nos lados e no apice. 
Finalmente tambem a proveniencia diversa pode ser 
tomada em consideração. 

Hab. : Amazonas. 

Mus Paul.: ¢ (Typo) de Manãos. 


50. Megachile xanthura Spin. 


1893 — AL xanthura Spinola, Mem. Accad. 
Torino,: Serie 11º, Tom XII p'e6/n A TRUE. 

? 1908 — M. xanthura Vachal, Rev. d’Ento- 
mol. p. 244 ¢. 

Preta, escassamente branco-pilosa, os segmentos 
ablominaes 4-6 densamente vestidos de pubescencia 
curta amarellenta. 


g Comprimento 8 mm largura 3 ™, 4 um pouco 
menor, comprimento um, Relativamente pequena 
comparada às outras especies deste genero. O corpo, 
as antennas c as pernas pretas; o primeiro distin- 


— 187 — 


ctamente pontuado, os pontos munidos de pellos ere- 
ctos irregularmente distribuidos ; no lado anterior 
da cabeça e principalmente no clypeo os pellos são 
mais curtos e mais densos. Atraz o scutellum é 
truncado em linha direita abruptamente. O abdomen 
nos primeiros tres segmentos com faixas amarellas 
compostas de pellos deitados dirigidos para traz, 
os demais com curta e densa pubescencia amarella. 
A escova ventral da ¢ brancacenta. O pygidium do 
S emarginado no meio em forma de arco, as mar- 
gens formam dous pequenos dentes agudos. 

O scutellum abruptamente truncado e cortado 
posteriormente em linha direita, deixa reconhecer 
facilmente esta Della especie. Na maior parte das 
Megachiles o dorso do scutellum é uniformemente 
convexo e termina num arco de circulo. 

Hab. Pará. 

O senhor Vachal diz: Os segmentos abdomi- 
naes 2 c 3 sem vestigio de faixa apical; o ultimo 
segmento ventral tambem com faixa. O clypeo abo- 
badado com franja só no apice. Aza hyalina escu- 
recida de preto ao longo do borde costal. Compri- 
mento 6,9-7mm, aza 9.09%, Guyana francesa, Equa- 
dor, Bolivia (Mapiri). 

Vejo nestas palavras certa contradicção com a 
descripção de Spinola, razão pela qual acredito que 
a especie de Vachal seja identica ou muito seme- 
lhante a M. berlonee. 


51. Megachile terrestris Sckrottky 


1902 — M. terrestris Schrottky, Rev. Mus. 
Eau p. eel AA €. 


Os pellos compridos do segmento mediario per- 
mittem reconhecer esta especie; em exemplares 
velhos, porem, nem sempre é bem visivel este ca- 
racter. Em outra occasião espero poder dar figuras 
das partes caracteristicas desta especie. 


Hab. Est. de S. Paulo, Jundiahy. 


— 188 — 


52. Megachile tuberculifera n. sp. 


Fig. 4. HI, pg. 152 Escudo nasal, clypeo e mandibula 


@ Magra, fusco-pilosa, calhs humeralibus pube: 
alba marginatis ; abdomine breviter fulvo-hirto 
segmentorum marginibus fulvo-ciltatis, pygidio ful- 
vo-setoso ; pedibus nigris calcare ferrug ugineo ; alis 
hyalinis margine costali et apicem versus pa- 
rum imfuscatis; mandibulis 4 dentatis; clypeo 
creberrime punctato, margine antico denticulato, 
bas: tuberculato, tuberculo sat magno; scuto na- 
sali aliquid subtilius crebre punctato ; antennarum 
articulis tertio quartoque aeque longis; capite 
reliquo thoraceque ubique ereberrime punctatis ; 
scopa ventrali fulva. Long. 11,5 ™, lat. abdom. 
4 mm 


o O thorax escuro piloso e o tuberculo perto da 
base do clypeo permittem reconhecer à primeira 
vista a presente especie; todas as partes do corpo 
são muito densamente pontuadas, o abdomen no 
lado dorsal é densamente coberto com pellos amarel- 
lentos, deitados; a margem anterior do clypeo tem 
9 pequenos denticulos. “Nas azas nenhum dos dous 
nervos recurrentes é intersticial, 0 primeiro, porém, 
é mais distante do angulo da cellula do que o se- 
gundo. 

Hab.: Est. S. Paulo. 

Mus. Paul. : q Typo, Campos de Jordão 2-III-06. 


55. Megachile levilimba YVach. 


1908 — M. levilimba Vachal, Rev. d’Entomol. 
p. 241, n. 40 q. 


© Preta, o flagellum vermelho-escuro, em- 
baixo os calcares posteriores amarellento-claros. De 
cor preta ou castanha são os peilos sobre os lados 
e a base do clypeo, sobre o scutum nasale, mes- 
clados sobre a fronte, mais escuros sobre o vertice. 
O abdomen coberto em cima e em baixo de pellos 
avermelhado-sujos, mais pallidos. sobre os segmentos. 


dorsaes 1 e 2, sobre a depressão dos segmentos 3-5 
e sobre a base da escova ventral. O scutum nasale 
e o clypeo com pontuação moderada, confluente 
excepto a margem apical do clypeo que em toda a 
sua largura é liso e brilhante. O mesonoto e o scu- 
tellum são fina e regularmente granulosos. As azas 
cinzento-hyalinas com as nervuras castanhas. Com- 
primento 2 DES qua. 7,0 mm, 

Hab. Goyaz ? 

(Näo vi esta especie). 


54. Megachile luederwaldti 1. sp. 
(Fig. 4, IV, pg. 152 Escudo nasal, Clypeo e Mandibula) 


Q Nigra, albo-fuscoque hirta, abdomine pilis 
erectis fulvo obtecto, marginibus apicalibus se- 
gmentorum fulvo-ciliatis, scopa ventral; fulva bas: 
alba, pedibus nigris, albido vel fulvo-hirtis, cal- 
caribus nigris vel obscure fuscis; alis subhyalinis, 
costa cellula radials et margine apical? parum 
mfuscatis. Clypeo grosse crebreque punctato margr- 
ne antico parum sinuoso-emargimalo; scuto nasalr 
grosse sed sparsius punciato ; mandibulis 4 den- 
tatis; vertce thoraceque creberrime punctatis ; 
segmentis abdominalibus bast coriacea caeterum 
subtiliter dense punctatis; alarum nerv. rec. 2: 
paulum ante apicem cellulae cubitalis secundae 
enstructo. Long. 12-13 mm., lat. abdom. fere 4 mm. 

Preta, os pellos da cara, do prothorax e detraz 
das azas brancos, os do clypeo, scutum nasale, ver- 
tice, mesonoto, scutellum e das pleuras fuscos, as 
pernas pallido-pilosas. O abdomen com densos pellos 
fulvos, e nas margens apicaes dos segmentos com 
franjas da mesma cor. As azas escurecidas no apice 
e perto da veia costal. A pontuação é grossa e 
densa. 

Hab.: Est. de S. Paulo, 

Mus. Paul. : 9 (Typo) Campos do Jordão 16, I, 
06. (H. Liiderwaldt coll. 


— 190 — 


55. Megachile pseudopleuralis 7. sp. 
(Fig. 4, V, pag. 152 Escudo nasal, clypeo e mandibula) 


Q Mgra, albo-fuscoque hirta, abdomine bas: 
fusco-hirta segmentorum marginibus apicalibus 
fulvo-ciliatis, pygido subtiliter fulvo=prumoso, scopa 
ventrali fulva; pedibus niaris breviler albo-ful- 
coque hrtis, calcaribus testaceis, alis hyalimas, 
venulis ferrugineis, apice pauluin anfuscato ; te- 
gulis laete ferrugineis, micruscopice punciulalis. 
Clypeo in medio sparse, lateribus dense grosse 
punctato, margine antico foveola profunda enstru- 
cto, scuto nasali crebrius punctato, mandibulis ob- 
solete 4-dentatis, antennarum articul s tertio quar- 
toque aeque longis : vertice thoraceque crebre pun- 
ctatis ; abdomine subtiliter punctato ; alarun. nero. 
rec. 2º ante apicem cellulae cubitalis secundae 
instructo. Long. 12 mm., lat. abdom. fere 4 mm. 


Q Preta, os pellos da cara, adiante, em baixo 
e atraz das azas brancos, os outros fuscos, o abdo- 
men na base fusco-piloso, e as margens dos se- 
gmentos com faixas fulvas ; as pernas pretas pallido- 
pilosas ; as tegulas ferrugineas, as azas hyalinas com 
as nervuras ferrugineas; a escova ventral fulva. 
Uma impressão forte na margem anterior do clypeo. 

Hab. : Minas Geraes. 

Mus. Paul. : 9 (Typo) Jaguara. 

56. Megachile constructrix Su. 
1849 — M. constructrix Smith, Descr. New Spec. 
ELymeén ip. awd un A AQ. 


@ Preta. A cara coberta de pubescencia fulva ; 
o clypeo brilhante e pontuado com a margem an- 
terior chanfrada; o apice das mandibulas ferrugi- 
neo ; 0 flagellum das antennas fulvo-escuro em baixo. 
O thorax brilhante; o mesonoto fina e não muito 
densamente pontuado; o scutellum sem pontuação ; 
os lados em baixo e o segmento mediario com pu- 
bescencia pall da; o ultimo tem alguma pubescencia 


— I9I — 


+ 


preta atraz das azas; as azas subhyalinas, as ner- 
vuras escuras, a margera apical um pouco escure- 
cida; todos os tarsos com pubescencia ferrugineo- 
avermelhada em baixo; os pares I e II ciliados 
atraz com pubescencia pallida, os calcares tibiaes 
pallido amarello-avermelhados. Abdomen muito fina- 
mente pontuado, brilhante e com finas faixas brancas 
interrompidas nas margens apicaes dos segmentos ; 
o segmento apical com pilosidade cinzenta; a escova 
ventral branca no meio e preta nos lados. Compri- 
mento 13 mm. 

Hab. : Pará (Villa Nova). 

(Não conheço esta especie). 


b1. Megachile trigonaspis n. sp. 
(Fig. 4 VI, pg. 152 Escudo nasal, clypeo e mandibula) 


P Nigra, capite albo-fuscoque hirto, mesonoto 
et scutello pilis nonnullis nigris erectis oblectis, 
pleuris et segmento medio albo hirtis abdomine base 
albo hirta, segmentorum inarginibus fascus albidis 
caducis ciliatis; antennis tegulique fuscis, als 
subhyalinis apice paulum infuscato. Clypeo late- 
ribus densius, medio inconspicue punctato, margi- 
ne antico simecirculariter vel minus exciso in 
medio subdentato; sculo nasali triangulari haud 
punctato ; antennarum aiticulo tertio brevissimo ; 
vertice pone oculos subliliter punclulato. Mesonoto 
scutelloque creberrime punctats, punctis mesanoti 
crassis, confluentibus, punctis sculelli sublilioribus ; 
abdomine punctulato ; pedibus postics calcaribus 
testaceis ; nervis recurrentibus alarum ab angulis 
cellulae cubitalis secundae fere aeque distantibus. 
Long. corp. 12-12,5 mm.; lat. abd. 4-4,2 mm. 

O clypeo liso no meio e chanfrado na margem 
anterior bem como o scutum nasale triangular, liso 
e sem pontuação distincta, permiltem reconhecer 
facilmente esta especie. O vertice tem uma pon- 
tuação muito fina e espalhada, no mesonoto porem, 
os pontos são extremamente grossos e confluentes 


formando rugosidades ; no scutellum a pontuação é 
muito mais fina do que no mesonoto, mas sempre 
densa e forte. O abdomen tem una fina pontuação 
uniforme. 

Hab. : Est. de S. Paulo; Paraguay ; Argen- 
tina (Missiones). 

Mus. Paul.: Q (Typo) Rincäo, Fevereiro 1961. 


58. Megachile inquirenda n. sp. 


2 Nigra, griseo-hirta, clypeo, vertice scutel- 
loque pilis nonnullis fuscis intermixtis ; abdomine 
breviter fusco-hirio, marginibus apicalibus segmen- 
torum 2° — 4 flavescenti-crliatis ; scopa ventral 
pallida ; pedibus nigris breviter cinereo-lurtis, cal- 
caribus testacers ; tegulis fuscrs, als parum infus- 
catis, nervulis fuscis ; angulo postico mesonotr inter 
suturam scutellarem et tegulas utriusque macula 
pubescentiae albæ ornato. Clypeo toto dense cre- 
breque punctato, margine antico subtiliter denti- 
culato; mandibulis quadridendatis ; scuto nasale 
subtilius tamem densissime punctato; antennarum 
articulis tertio quartoque brevissimis ; vertice me- 
‘sonoto scutelloque opacis, crebre punctalis ; abdo- 
mine sparse subtiliterque punctato et microscopice 
punclulato ; tebiws tarsisque posters angustis ; ner- 
ves recurrentibus alarum ab angulis cellulæ cu- 
bitalis secundæ aeque distantibus. Long. corp. 
11 mm.; lat. abdom. 3,4 mm 

Pela conformação do clypeo assemelha-se esta 
especie à .M. verrucosa, da qual differe pela falta 
de pubescencia branca na sutura entre o mesonoto 
e o scutello, pela disposição das nervuras alares e 
outros caractéres menos visiveis. Os denticulos na 
margem anterior do clypeo são menores em M. in- 
quirenda e cobertos pelos pellos do clypeo; para 
distinguil-os é necessario levantal-os com um pe- 
queno pincel. 

i muito interessante a biologia desta especie 
descoberta pelo senhor H. Liiderwaldt; a nidifi- 


cação foi descripta pelo mesmo senhor na Zeit- 
schrift fiir wissenschaftliche Insektenbiologie, 1910. 
Hab. : Est. de S. Paulo. 
Mus. Paul.: Q Raiz da Serra (Typo), Ypi- 
ranga. 


59. Megachile urbana Sn. 


1879 — M. urbana Smith, Descr. New Spec. 
ym po tO, no do Pd: 

© Preta, a cabeça e o thorax opacos, o ab- 
domen com ligeiro brilho. A cara de cada lado do 
clypeo com um pouco de pubesceneia fulvo-pallida 
e em cima do clypeo com leve pubescencia preta. 
A margem anterior do clypeo chanfrada ; as bo- 
chechas com pubescencia cinzenta. O thorax e tam- 
bem a cabeça muito densamente pontuados; a mar- 
gem do pronoto e a margem basal do segmento 
mediario cobertas com uma curta e espessa franja 
de pubescencia branca; as pernas côr de breu aver- 
melhado-escuro ; as azas subhyalinas com uma nu- 
vem fusca na magem anterior; as nervuras pretas ; 
as margens apicaes dos segmentos abdominaes côr 
de breu avermelhado-escuro ; o escova ventral branca. 
Comprimento 11 mm. 


J Preto. A cara densamente coberta com pu- 
bescencia fulvo-pallida; a das bochechas, do corpo 
em baixo e das pernas é cinzenta; os tarsos / ama- 
rello-avermelhados, pallidos, os outros são mais es- 
curos, e todos elles ciliados com comprida pubes- 
cencia branca; uma estreita linha de tomento branco 
cruza o thorax entre as azas; estas são como na 
femea. A margem apical dos segmentos abdominaes 
com uma estreita franja de pubescencia branca, ge- 
ralmente mais ou menos obliterada; os dous seg- 
mentos apicaes cobertos com pilosidade brancaconta ; 
o pygidio chanfrado no meio. Comprimento 6,5 ~ - 
8,7 mm. 

Hab.: Pará (Santarem). 

(Não conheço esta especie). 


60. Megachite brethesi Schrotiky 


1909. — M. brethesi Schrottky, Anal. Soc. 
Cient. Argentina, LXVII, p. 220 9. 

1910 — M. atricostifera E. Strand, Zool. Jahrb. 
XXIX, pag. 534, n. 118 9. 


P Preta; o clypeo convexo, densamente pon- 
tuado e com poucos pellos fuscos; a cabeça em 
geral densamente branco-pilosa; as antennas pretas. 
O mesonoto muito densamente pontuado, anterior- 
mente no meio com uma Jinha longitudinal impresa, 
fusco-piloso ; atraz das tegulas uma mancha de to- 
mento branco; o metanoto com uma linha trans- 
versal de pubescencia branca ; as pleuras branco-pi- 
losas, mais densamente na parte posterior; as per- 
nas pretas com curta pubescencia branca; as te- 
gulas ferrugineo-escuras ; as azas hyalinas, no apice 
da cellula mediana, na cellula radial e no apice das 
azas ennegrescidas. O abdomen é opaco, muito fi- 
namente pontuado, a margem apical dos segmentos 
1 — 4 com franjas brancas caducas pouco conspi- 
cuas; a escova ventral brancacenta. Comprimento 
11 mm., largura do abdomen 3 mm. 

Fab. : Paraguay (Assumpção). 

Esta forma é talvez apenas uma subspecie da 
anterior; ê porém, singular que não se conheça 
ainda nenhuma das duas formas nas regiões inter- 
medias. 


61. Megachile ypiranguensis n. sp. 


@ Mara, albo-hirta, face, pronoto segmen- 
toque medio densius albo-pitosis ; segmentis abdo- 
minalibus 1.º — 5.º margine apical: fulvo-cihatas, 
segmentis 5.º 6.°-que totis breviter pulvo-pilosis, 
scopa ventrali fulva ; pedibus tegulisque nigris me- 
tatarsis intermedrs posticisque obscure rufis ; ales 
subhyalinis celiula radiali apiceque valde anfus- 
calis, venulis mgris. Mandibulis d-dentatis, dente 
apicali (antico vel externo) reliquis conspicue lon- 
grre; clypeo in hoc genere brevissimo, crebre 


punctato margine antico trrequlariter anguloso- 
sinualo ; sculo nasali sparsius punctato ; articulis 
basalibus flagelli brevissims. verlice crebre pun- 
ctato ; sincipite inflato, margine postico profunde 
excavalo ; ocellis posticis ab oculis fere duplo quam 
inter se remolis ; mesonoto sculelloque crebre pun- 
ctatis; abdomine subtilius tamen conspicue sat 
dense punctato ; calcaribus fuscis; nervo recur- 
rente primo ab angulo antico cellule cubitalis se- 
cunde imagis remoto quam nervus secundus ab 
angulo postico ejusdem cellule. Long. corp. 14mm.; 
lat. abdom. 4 mm. 


Esta especie é caracterizada pela conformação 
extraordinaria da cabeça com a parte situada atraz 
dos olhos summamente larga, o clypeo porém tão 
curto como em nenhuma outra especie que conheço. 
No colorido não differe da maior parte de suas 
congeneres, mas a sua estatura é, em relação ao 
tamanho, mais graciosa e esbelta. 


Hab.s-Mst. ide 5 Elano: 
Mus. Paul.: 9 Ypiranga (Typo). 


62. Megachile squalens 7al. 


1836 — M, squalens Haliday, Trans. Linn. Soc. 
XVI; spp d205,. Ney ln Qu 


(2) 1902 — AL. apicipennis Schrottky, Rev. 
Bus’ Pank Vi"p.2 442 miri 200 


(?) 1908 — al. pleuralis Vachal, Revue d Ento- 
MODE LD. 201, 0. ot © dg: 


P Ginzento-pilosa, as faixas do abdomen bran- 
cas; a veia costal das azas ennegrecida. Preta, de 
de estatura pequena, as tegulas e as pernas pretas. 
As azas hyalino-escuras, com o apice fusco, as ner- 
vuras fuscas e a veia costal largamente ennegrecida. 
Comprimento 11 mm., expansão das azas 17 mm. 


2 


_ A descripção de Haliday é certamente muito 
insufficiente ; não obstante acredito tel-a bem inter- 


— 196 — 


pretado, visto que na região typica (S. Paulo) não 
existem muitas especies com o colorido descripto 
das azas. Infelizmente ignoro o paradeiro da colle- 
cção de W. W. Saunders para mandar comparar 
exemplares de M. apicipennis com o typo. Quanto 
à M. pleuralis não duvido que seja identica com a 
especie por mim descripta, mas contendo a descri- 
pção de Vachal ambos os sexos, julgo util tradu- 
zil-a tambem. 

Q Differe da M. rava pelas dimensões meno- 
res, pela metade superior das pleuras com pellos 
pretos (o dorso do mesonoto é glabro), pela base dos 
segmentos dorsaes sem pellos pretos erectos ; da 
M. gomphrenoides differe pelo tamanho, pelo clypeo, 
pelo sterno, pelo lado externo de todas as tibias e 
dos metatarsos II e III com pellos pallidos e pelo 
sexto segmento com pilosidade avermelhada ; differe 
da M. neutra pelas dimensões menores e pela 
metade superior das mesopleuras com pellos pretos; 
differe das tres especies mencionadas por um pe- 
queno chanfro entre dous botões no meio da mar- 
gem apical do clypeo. O lado anterior da mandibula 
é tão reluzente como sua margem anterior. O arti- 
culo 3 das antennas apenas mais comprido do que 
O quarto. 

< Com a cara vestida de branco, o vertice 
com compridos pellos pretos, o dorso com pilosidade 
cinzenta misturada com compridos pellos erectos 
pretos, uma grande pennugem preta debaixo das 
azas; as faixas dorsaes amarellas nos segmentos 
2a 5, o quinto tem alem disso uma faixa basal de 
pilosidade amarellenta, o sexto coberto de uma pi- 
losidade semelhante, os segmentos ventraes 2 a 4 com 
faixas cinzentas no apice. A mandibula tem debaixo 
de seu lado externo um dente triangular, os me- 
tatarsos são pretos, não dilatados, o espinho coxal 
curto e preto, a metade apical do lado anterior do 
femur I descolorido, a crista do segmento anal com 
lados convergentes para atraz e a ponta um pouco 
chanfrada. 9 Comprimento 10,5mm., largura 3,5mm., 
aza 7, omm. co Comprimento 9 mm., aza 6,5mm. 


Hab.: S. Paulo; Santa Catharina, Rio Grande 
do Sul. Argentina (Buenos Aires). 

Mus. Paul.: Q Est. de S. Paulo, Ypiranga. 
30-X 11-93, Santa Catharina: Col. Hansa; Rio Grande 
do Sul: Col. S. Lourenço. 


63. Megachile parsonsiae n. sp. 


Q Parva, nigra, facie, pronoto, macula pone te- 
gulas segmentoque medio albo-hirtis ; cingulis abdominis 
flavescentibus, scopa ventrali fulva ; tegulis ferrugineis 
fusco-muculatis, alis subhyatinis cellula radiali valde in- 
fuscata ; pedibus nigris breviter grisec-pilusis, calearil us 
testaceis. Clypeo conrexo, creberrime punctato, mar- 
gine ontico levi, irregulariter via conspicue sinuoso, scuto 
nasali subtilius dense punctato; antennarum articulo 
quarto brevissimo, tertio parum elongato ; verlice dense 
punctato ; ocellis posticis ab oculis paulum magis quam 
inter se remotis ; mesonsto scutelloque creberrime pun- 
ctatis ; abdomine ubique sat dense purnctulato; alarum 
anticarum nervo recurrenti secundo cum nervo transverso= 
cubitali secundo fere interstitiali, nervo recurrenti primo 
pauium ab angulo antico cellulae cubitalis secundae re- 
moto. Long. 9-10 mm., lat. abdom. 2,8-5 mm. 

& Similis, sed capite antice denstssime flavido hirto, 
infra longe albo-barbate ; epipygio apice semicirculari- 
ter emarginato, utriusque spina dupla maiore prope emar- 
ginationem et spina parva acuta (vel. spinis plurimis 
minusculis) lutere armato; coxis anticis spina magna 
obtusa apice sursum curvato munitis ; tarsis anticis fla- 
vidis, vix dilutatis extus tamen pis longis albis ciliatis. 
Long. 8,5-9mm.; lat. abdom. 2,2-2,4 mm. 

Hab.: Argentina (Missiones). Paraguay (As- 
sumpção, Encarnacion ete.) 

Esta especie muito commum em todo o Para- 
guay tem sido caçada muito perto da fronteira bra- 
zileira, mas não consta até hoje nenhuma localidade 
brazileira para ella; não obstante deve existir pelo 
menos nos Estados do Paraná e Matto Grosso. Visita 
de preferencia as flores de Parsonsia mesostemon 
(Kéhne.) Lythracege. 

Mus. Paul.: 9 o& Paraguay, Villa Encarna- 
‘C10N. 


— 148 — 


64. Megachile xanthoptera n. sp. 


Q Nigra, breviter sordide pilosa, segmentis abdo- 
minalibus quarto quintoque pilis flavis oppressis fasciam 
sat latam formantibus ornatis, segmentis quinto sextoque 
omnino pilis brevibus flavecentibus cbtectis, scopa ven- 
trali fulva, peaibus fuscis, calearibus testaceis ; tegulis 
ferrugineis, alis flavescenti-hyalinis apice infuscato, 
costa ferruginea, venulis testaceis. Clypeo creberrime 
punctato, margine antico denticulato ; scuto nasali crasse 
crebreque punctato, antennarum articulis 2.º, 3.°, 4.°— 
que aequalibus, brevibus ; vertice mesonoto scutelloque 
erebre punctatis ; abdomine subtiliter punctulato ; nervis 
recurrentibus alarum cb angulis celluiae cubitalis se- 
cundae primo magis secundo minus remotis. Long. 
corp. 10,5 mm.; lat. abdom. 5 mm. 


Hab.: Paraguay (Hohenau); provavelmente 
tambem no Est. Parana. 


65. Megachile bertonii Schrotiky 
(Fig. 4, VII, pag. 152 Eseudo nasal, Clypeo e Mandibula) 


1908 — M. bertonii Schrottky, Anal. Soc. Cient. 
Argentina LXV, p. 235 ©. 


@ Preta, com escassos pellos pretos muito cur- 
tos; a cabeça e o thorax opacos, rugoso-pontuados é 
© clypeo mais escassamente pontuado, sua margem 
anterior com um denticulo no meio (algumas vezes 
ha de cada lado deste denticulo um pequeno tuber- 
culo); as tegulas ferrugineas, as azas subhyalinas 
com a margem anterior ennegrecida ; os segmentos 
abdominaes 1 — 3 inconspicuamente fusco-ciliados, 
os dous seguintes com faixas de pellos amarellos 
na margem apical; a escova ventral fulva; as per- 
nas pretas, fusco-pilosas, os tarsos em baixo fulvo- 
pilosos, os calcares fuscos. Comprimento 9 mm., 
largura do abdomen 3 mm. 


S Semelhante, mas a margem anterior do 
clypeo densamente coberta com pellos amarellentos, 
os lados da cara com pellos amarellentos mais cur- 
tos, o lado inferior da cabeça com barba de com- 


pridos pellos brancos. As coxas J completamente 
inermes, os metatarsos / finos e simples. O seg- 
mento mediario com a base concava e sem pon- 
tuação. O pygidium termina em dous espinhos 
agudos, entre os quaes existe um chanfro semicir- 
cular, sua superficie é totalmente coberta com pu- 
bescencia fulva. Comprimento 8,5 mm., largura do 
abdomen 2,3 mm. 


Hab. : Paraguay (Puerto Bertoni). 
Mus. Paul.: 9 Paraguay. 


66. Megachile barbatula Si. 


1879 — M. barbatula Smith, Descer. New Spec. 
Hymen per 0/n 27" 


& Preto, com dous, algumas vezes com tres 
dos segmentos basaes do abdomen ferrugineos. A 
cara com pubescencia fulva; na base do clypeo uma 
pennugem transversal de preto e a parte anterior 
com pubescencia branca; o flagello das antennas 
fulvo em baixo. O thorax com pubescencia fulva em 
cima, mais pallido nos lados e em baixo; as coxas, 
os trochanteres e os femora em baixo mais ou 
menos ferrugincos ; as coxas 7 armadas com fortes 
espinhos ferrugineos ; os tarsos 7 amarellento-palli- 
dos e largamente dilatados, o articulo basal estirado 
em um processo oblongo, que passa além dos arti- 
culos seguintes; tcdos os articulos cobertos com 
curta pubescencia branca em cima e com uma grossa 
e comprida franja de pubescencia branca posterior- 
mente, com a respectiva margem vivamente fulva ; 
o primeiro articulo do tarso é delicadamente mar- 
ginado de fusco anteriormente; os tarsos /// têm 
em baixo pubescencia vivamente fulva, o primeiro 
articulo uma pennugem branca na base; as azas de- 
bilmente fulvo-hyaliuas com a margem apical um 
pouco escurecida. O abdomen é encurvado no apice ; 
os segmentos ferrugineos tem a margem mais ou 
menos preta e têm tambem faixas de pubescencia 


— 200 — 


fulva adeante das margens pretas; o pygidium é 
emarginado no meio. Comprimento 13 mm. 

Hab. : Amazonas (Ega). 

(Não vi esta especie). 


67. Megachile curvipes Sn. 


(Fig. 6 A-E; A. Coxa T; B. Metatarso e articulo 2.º 
dos tarsos J; ©. Femur e tibia III; D. Tibia IF; 
E. Articulos 12 e 13 das antennas) 


1853 — M. curvipes Smith, Cat. Hym. Brit. 
Mns7 po 487 np asi 


S Preto, a cara densamente coberta com pu- 
bescencia vivamente amarello-dourado, na base do 
clypeo uma linha transversal de pellos pretos; o 
flagello fulvo em baixo; as bochechas têm em baixo 
uma linha marginal de pubescencia branca. O disco 
do thorax escassamente coberto com curta pubes- 
cencia fulva, que nos lados do segmento mediario 
é cinzenta; as azas fulvo-hyalinas, as tegulas e as 
nervuras ferrugineas; as pernas J e 1] amarellento- 
avermelhadas, os tarsos 7 largamente dilatados, o 
articulo basal (metatarsc) estirado no apice, formando 
um lobulo arredondado na extremidade; o tarso 
inteiro tem uma grossa franja de pubescencia branca, 
fulva na margem; as coxas / armadas com fortes 
espinhos; os tarsos 1) e as pernas J/J em frente 
têm uma franja branca de pubescencia fraca porém 
comprida; os femora 2/1 têm um dente curto perto 
do meio em baixo, a tibia 7/7 arcuada. O segmento 
basal da abdomen coberto com pubescencia fulva, 
os tres segmentos seguintes com franjas da mesma 
côr; o segmento anal tem uma depressão profunda 
no meio, sua margem é chanfrado. Comprimento 
11 — 12 mm.; largura do abdomen 4 mm. 


Hab. : Argentina (Missiones) ; Paraguay; Est. 
S. Paulo. Goyaz, Bahia. 

Mus. Paul.: & Est. S. Paulo, Rincäo II—901, 
Jundiahy II—0O0: Campos do Jordão 3—1II—06 ; 
Est. Pará, Santarem (Friese det.). 


ee = 


68. Megachile manaosensis n. sp. 


(Fig. 6 F-L.; F. Coxal, G. Coxa II, H. Metatarso e articulo 
2.º dos tarsos I, I. Articulos 2, 3 e 4 dos tarsos Le 
Femur III, Z. Articulos 12-13 das antennas) 


& Nigra; clypeo, scuto nasali lateribusque faciei 
dense aureo-pilosis, mandibulis ferrugineis dimidio ba- 
sali et imo apice nigris; vertice mesonotoque breviter 
fulvo hirtis, 
pedibus fuse 
co-ferrugi- 
neo-variega- 
LOS, | tarsis 
omnino a!- 
bescentibus, 
metatarsis 
anticis luba- 
tas; coxis an- 
ticis spinam 
megnam ob- 

Fig. 6 tusam el co- 

Megachile curvipes (A-E); Megachile manaosensis (F-L.) xis interme- 

dus spinam 

parvam acutam ferentibus ; femoribus pcsticis in medio 

subtus dentatis, tibiis posticis curvatis; alis subhialinis, 

renulis tegulisque ferrugineis. Aldomine creberrime 

punctulato, semi-opaco. bast scrdide albo-hirta, segmentis 

2-5 apice breviter [ulvescenta-vibrissatis , segmento anala 

emarginato (carinom transversalem in medio emu ginatam 
ferenti). Long. 13 mm., lat. abdom 3.5 mm, 

Especie summamente semelhante a M. cur vipes ; 
as differenças são morphologicas e visiveis na fi- 
gura à. O colorido é o mesmo em ambas as especies. 


Hab. : Est. Amazonas. 
Mus. Paul.: Manãos (Typo). 


69. Megachile crassipes Sn. 


1879 — M. crassipes Smith, Descr. New Spec. 
Hymen p. 71, n. 31 dg. 


& Preto, com os femora 7/11 engrossados; a 
cara com pubescencia pallida desde o clypeo até o 


— 202 = 


ocello ante:ior; no vertice a pubescencia é cinzenta, 
no clypeo branca com uma linha transversal preta ; 
o flagello é fulvo em baixo. O thorax com pubes- 
cencia cinzenta; as azas fulvo-hyalinas, as nervuras 
ferrugineas, as tegulas vermelho-amarellentas; as 
pernas 1 em baixo vermelho-amarellentas, os femora 
dilatados, o apice das tibias amarellento em cima; 
os tarsos pallido-amarellentos, dilatados, com os ar- 
ticulos 1.º e 3.º estirados em grandes lobulos, tendo 
o primeiro uma estria longitudinal fusca; todos os 
articulos atraz com franjas compridas de pubescencia 
branca, marginada estreitamente de fusco ; as coxas 
armadas com espinhos pretos; os femora J/ são di- 
latados e em baixo côr de breu avermelhada, como 
tambem as tibias; os tarsos vermelho-amarellentos 
com o apice dos articulos fusco-avermelhado. O ab- 
domen é brilhante, as margens dos segmentos fina- 
mente franjadas com pubescencia cinzenta; a mar- 
gem apical do pygidium debilmente franjada no meio. 
Comprimento 13 mm. 


Hab. : Est. Amazonas (S. Paulo de Olivença). 
(Não vi esta espccie). 


70. Megachile tupinaquina 2. sp. 


(Fig. 7 A— C; A— Coxa I; B — Metatarso e articulos 2 
e 3 dos tarsos I; 0 — Tibia TJ). 


JS Nigra, capite dense aureco-pilcso, clypet basi pilis 
erectts aureis, vertice mesonotoque fulvo-hirtis, mesosterno 
in melio spinam acutam ferenti; pedirus rufis, coxis 
nigris, tirsis pallide flavis ; coxis antices spinam longam 
sursum curvatam ferentibus; metatarsis anticis latis, 
lobatis ; tibiis intermedii: brevibus apice paulum incras- 
satis dentem obtusum subquadratum formantibus ; calcar 
d'est ; tibics posticis vix curvalis; tegulis rufis; alis 
subhyalinis, venulis fuscis. Abdomine opaco, basi fulvo- 
piloso, segnenturum marginibus fulvo-vibrissatis, ano 
rufo apice emaryinats; segmento ventral: primo longi- 
tudinaliter carinato atque ante apicem transverse sulcato. 
Long. 10 mm., lat. abd. 5,8 mm. 


Pelo colorido assemelha-se a M. curvipes, dis- 
tinguindo se della facilmente pela férma differente 
das tibias JJ e Ili e pelo espinho pequeno no meio 
do mesosterno que nenhuma das outras especies que 
conheço possue. 


Hab.: Est. S. Paulo. 
Mus. Paul.: & Jundiahy J, 1900, (Typo! ) 


71. Miegachile vernoniz 7. sp. 


(Fig. 7 D— F; D Coxa I, E Metatarso e articulo 2.º dos 
tarsos I, FW Tibia JZ) 


S Nigra ; capite u que ad ocellos posticos densis- 


sime aureo-piloso ; vertice, mesonoto scutellcque dense 
punctatis atque breviter fusco-hirtis; callis humeralibus, 
angulis anticis scutelli, segmento media» ct basi abdominis 
albo-ptlosis; pedibus ferrugineo-fusco-flavescentique va- 
riegatis, tarsis anticis lobatis, coxis spinam longam acu- 
tam ferentibus; timis intermediis bidentatis, dente primo 
magno, in medio sito, long? fuscescenti-fimbriato, se- 
cundo minore, prope apicem tbiæ sito, ejusdem modo 
sed brevius fimbriato; alis “yalinis, cellulis ra liali cubi- 
talibusque infuscatis, violaceo micantivus. Abdomine al- 
bido pruincs) et breviter fusco-hirto, segmento anali apice 
bidentato inter dentes fere semicirculariter emarginato. 
Long. 13 mm., lat. abd. 3,7 mm. 


As figuras permittem reconhecer esta especie 
que pelo colorido se assemelha muito à M. strenua. 
O sr. E. Strand descreveu em Zool. Jahrb. 1910 
uma especie que talvez seja identica com vernontae 
e que denominou M. fum costa; mas a descripção 
menciona dous espinhos nas coxas I e um só dente 
nas tibias II, caracteres que não correspondem 4 
M. vernoniae. Provavelmente esta pertence a uma 
das especies de vasta distribuição, cuja femea é 
completamente preta. 


Hab. : Paraguay (Assumpção, Puerto Bertcni) 
em flores de Vernonia sp. (Compositae). 


72. Megachile jundiana 7. sp. 


(Fig. 7 G— I; G Coxa I, H. Metatarso e articulo 2.º dos. 
tarsos I, J Tibia IT) 


S Nigra, capite densissime auieo, thorcce abdomi- 
neque fulvescenti-hirtis ; pedibus nigris, tarsis interme- 
diis posticisque fulvo-ferrugineis, anticis albidys, kbatis, 
coxis an- 
licis spi= 
nam bre- 
vem acu- 
tam fe- 
renti bus; 
tibiis an- 
terme diis 


aoe ante api- 
Meg. tupinaquina A-C. — Meg, jundiana G-T. cem spt- 
Meg. vernoniae D-F — Meg. chamacoco K-M nam Lre- 


vem acutam, apice alteram longiorem obtusam ferentibus ; 
tegulis fuscatris, alis subhyalinis, renulis fusris. Aldo- 
mine pilis fuscis longioribus atque fulvescentibus brevio- 
ribus mixtis ; marginibus segmentorum fulvo-fi~briatis, 
epipygio fulvescenti-sericeo, apice nunc latius nunc an- 
gustius emarginato. Long. 11.5-13 mm., lat. abd. 
3,7-4 mm. 

A forma particular da coxa J e da tibia 17 nao. 
permittem confundir esta especie com outra. O co- 
lorido e a pubescencia são sujeitos a certa variação. 

Hab. : Est. S. Paulo. 

Mus. Paul. : 4 Jundiahy, /—00; Botucatu 
29- VII-00. Outro exemplar, cedido em permuta ao 
autor, provinha de Franca, XI— 02. 


73. Megachile chamacoco 7. sp. 


(Fig. 7 K— M; K Coxa I; L Metatarso e articulo 2.º 
dos tarsos Z; M Tibia IT) 


& Nigra, capite densissime aureo-piloso ; vertice, 
mesonoto, scutello, segmento medio pleurisque breviter 
fulvescenti hirtis ; sterno albo-piloso ; pedibus ferrugineis ; 
tarsis anticis flavidis lubatis ; coats anticis spinam ma- 
gnam, obtusam, planam, paulum sursum curvatam fe- 
rentibus ; tibiis intermediis ante apicem dentem brevem, 
latum apicem versus curvatum et apice spinam acutam, 


aliquid longiorem ferentibus; tegulis ferrugineis ; alis 
subhyalinis, venulis fuscis. Abdomine crebre punctulato, 
pilis sat longis fuscis apicem versus hirto, basi segmento- 
rumque marginibus fulvo fimbriatis, epipygio in lami- 
nam trapeziformem apice leviter emarginatam producto. 
Long. 10,5 mm, lat. abd. 5,5 mm. 

Hab. : Paraguay (Assumpção). 


74. Megachile sancti-pauli n. sp. 


(Fig. 8 I—L; I Coxa I; K Metatarso e articulo 2.º dos 
tarsos T; L Tibia II). 


& Nigra, fulvo-pilosa; clypeo lato; mandibulis 
ferrugineis. ayice fuscis ; genis spina obtusa conspicua 
armatis ; pedibus ferrugineis, tarsis anticis aliquid di- 
latatis tamen vix lobatis, coxis anticis spinam magnam 
acutiusculum ferentibus ; tibiis intermediis subtus pilis 
longis pallidis ciliatis ; tarsis posticis fusco-hirtis; te- 
gulis testaceis, alis flavescenti-hyaiinis, venulis ferru- 
gineis ; abdomine breviter fulvescenti-hirto, precipue <eg- 
mentis quarto quintoque, hoc puis fuscis intermictis ; 
segmento anali apice profundo semicirculariterque emar- 
ginato. Long. 13 mm., lat. abd. 4,4 mm. 

As figuras mostram as differenças morpholo- 
gicas que as separam das especies visinhas ; pelo co- 
lorido e tamanho assemelha se tanto a M. gigas, 
que talvez possa ser o macho della ; sem observação 


directa, entretanto, não é possivel affirmal-o. 
Hab. : Est. S. Paulo. 


75. Megachile melochiæ n. <p. 


(Fig. 8 E—H; E Coxa I; F Metatarso e articulo 2.º dos 
tarsos I; G, H Differentes formas do pygidium) 


& Nigra ; capite aureo-piloso ; genis armatis, ni- 
veo-hirtis ; vertice parum crebre punctato ; thorace griseo- 
piloso, pedibus nigris ; tarsis anticis critinis, lobatis, aibo- 
ciliatis ; ecxis anticis spinam longam. gracilem, fere re- 
ctam ferentibus ; tiliis intermediis calcare longo, pallido, 
obtuso et postice denticulo brevi, acuto armatis; tegulis 
fusco-ferrugineis, alis hyalinis, cellula radiali apíceque 
obscuratis, venulis fuscis. Aldomine dimidio antico grisco, 


— 206 — 


postico fusco-hirto, marginibus segmentorum albido-vibris- 
satis, segmento anali in medio emarginato utriusque 
o—d denticulato. Long. 11 — 142,5 mm., lat. abdom. 
3,2 — 3,6 mm. 

Hab. : Argentina (Mendoza); Paraguay (En- 
carnacion). Deve ter uma distribuição vasta. Visita 
as flores de Melochia pyramidata, Stercul acece. 

Mus. Paul.: & Paraguay. 


76. RMiegachile helie tarsus 7. sp. 


(Fig. 8 A— D; A Coxa IT; B Metatarso e os articulos 2.º 


e 3.º dos tarsos J visto de cima, C os mesmos com 
o articulo 4.º visto de lado; D Tibia JJ). 


J Nigra; capite aurco-piloso ; clypei basi linea 
transecrsa pilorum fusecrum erectorum ornata, vertice, 
mesonotoque fwus- 
co-hirtis; segmen- 
to medio sterno- 
que albido-hirtas; 
pedibus  nigris, 
ferrugineo-varie- 
gatis; coxis anti- 
cos spinam obli- 
cuamsubquadra- 
tam ferentibus, 
prope basin ejus 
breviter fusces- 
centi-crinitis vel 
selosis; tarsis an- 
ticos fortis vix 
lobatis nee valde 


Fig. 8 dil rae j 

slatatis emi = 

Meg. helicitarsus (A — D) — Meg. melochiæ (E — H) Aste Ze Ê SA 
Meg. sanctipauli (I— L) ribus intermediis 


post cisque an- 
crassatis; tegults ferrugineis, alis hyalinis, renulis fuscis. 
Alidomine fulvescenti ml si, precipue marginibus se- 
gmertorum ; ano rufo emarginsto. Long. 46 mm., lat. 
ahdom. 47mm. 
Pela forma singular dos tarsos I esta especie 
sera facilmente reconhecida. O grande tamanho me 
faz suspeitar que seja o macho da M. friesei ; são 


porem, indispensaveis observações biologicas, sem as 
quaes nada se poderá decidir a respeito. 

Hab. Est. S. Paulo. 

Mus. Paul. 3 Jundiahy, 29-1-00 (Typo !). 


77. Megachile lobitarsis Sn. 


1879 — M. lobitarsis Smith, Descr. New Spec. 
Hymen. p. 76, n. 44 o. 


& Preto, a cara densamente vestida com pu- 
bescencia pallido-dourada, no vertice a pubescencia 
é escassa e fulva; antennas ferrugineas, em cima 
debilmente fuscas ; as bochechas franjadas com pu- 
bescencia branca. O thorax escassamente vestido de 
fulvo, nos lados e em baixo a pubecencia é branca ; 
as azas são fulvo-hyalinas, as nervuras e as tegulas 
ferrugineas; as pernas são ferrugineas em baixo, 
sendo o par anterior o mais pallido, mais ou menos 
fusco em cima; as tibias I com uma linha preta; 
os tarsos I dilatados, amarellentos, o metatarso oblon- 
go estirado no apice em um lobulo projectado ; os 
articulos seguintes são muito pequenos € estirados 
cada um em um lobulo saliente e longo; os tarsos 
com uma comprida franja branca, encurvada com a 
respectiva margem fusca; os tarsos II e II quasi 
brancos; as coxas 1 armadas com um espinho rombo. 
O abdomen brilhante; a margem dos segmentos com 
uma estreita franja de escassa pubescencia pallida ; 
a margem apical do pygidium profandamente emar- 
ginada. Comprimento 1! mm. 

Hab.: Amazonas (S. Paulo de Olivença). 

(Não conheço esta especie). 


78. Megachile hilaris Sn. 


ENE aid hilaris Smith, Descr. New Spec. 
Elymema po. i2,n. 99.4. 

& Preto; as pernas ferrugineas; os tarsos I 
dilatados; o abdomen com faixas pallidas. A cara 
com pallida pubescencia vivamente dourada, a do 


— 208 — 


vertice e do disco thoraxico é fulxa, a das boche- 
chas e do thorax por baixo branca; o flagello é 
fulvo em baixo. O segmento mediario com pube- 
scencia pallida; as pernas Il e lll cor de breu aver- 
melhada, mais escuras em cima, os tarsos pallidos, 
amarelio-avermelhados ; os tarsos I amarellentos ; os 
articulos dilatados com uma grossa franja de pu- 
bescencia branca, que é fulva em baixo; os cutros 
tarsos com uma escassa franja branca; as coxas I 
com fortes espinhos rombos; as azas hyalinas com 
uma nuvem fusca na margem apical; as nervuras 
ferrugineas, as tegulas amarello-avermelhadas. O ab- 
domen muito fino e densamente pontuado; o se- 
gmento basal com pallida pubescencia fulva, as mar- 
gens apicaes dos segmentos com faxas pallidas, o 
quinto segmento tem pubescercia muito curta e pal- 
lida na base e preta na metade apical, o segmento 
inteiro, com pellos pretos, espalhados e compridos ; 
o sexto segmento com curta pubescencia paliida mis- 
turada com outra comprida da mesma côr; a mar- 
gem apical chanfrada. Comprimento 13 mm. 

Hab. : Est. do Pará (Santarem). 

Segundo a opinião do autor esta especie que 
não vi, é o macho da M. compacta. 


rise Megachile strenua Sm. 


1879 — M. strenua Smith, Descr. New Spec. 
Hymen. p. 73,n. 34 ¢. 

& Preto, com as pernas ferrugineas ; os tarsos 
I dilatados. A cara coberta com viva pubescencia, 
amarello-dourada, a do clypeo e das bochechas mais 
pallida, no vertice existem alguns escassos pellos 
pretos. O vertice e o disco do thorax são densa- 
mente pontuados ; uma mancha de pubescencia branca 
atraz das tegulas; o segmento mediario com pube- 
scencia branca; os tarsos I amarellento-pallidos, o 
articulo apical ferrugineo ; os articulos dilatados 
franjados atraz com pubescencia brancacenta; a 
margem da franja é fusco ferruginea ; as pernas II 
e Ill com manchas fuscas, os tarsos em cima 


o E 


— 20) — 


escuros; uma larga nuvem fusco-escura na margem 
anterior das azas. O abdomen densamente pontuado ; 
na margem apical dos primeiros tres segmentos 
existe uma pennugem de pubescencia branca late- 
ralmente. Comprimento 10 mm. 

Hab. : Est. Amazonas (S. Paulo de Olivença). 

A descripçäo não menciona os espinhos das 
coxas I, os quaes porém, devem existir. Não acho 
tão pouco mencionada a forma do pygidium, a das 
tibias Il e outros detalhes indispensaveis para o re- 
conhecimento da especie. 


80. Megachile lentifera Vach. 


1909 — M. lentfera Vachal, Revue d'Ento- 
mologie, p. 10 n. 53 d. 

Os tarsos 1 dilatados, amarellentos com franja 
comprida branca exteriormente. O abdomen com 
franjas pallidas na margem apical dos segmentos. 
Todos os metatarsos amarellento-pallidos. A tibia 
I preta com o apice vermelho. O articulo 13 das 
antennas dilatado, arredondado; a margem interna 
do metatarso I dilata-se no apice para supportar a 
projecção apical do angulo interno; o articulo 2.º 
mais dilatado para dentro da pequena carena lon- 
gitudinal. O femur JI menos dilatado do que na 
M. rectipalma, a excavação apical em parte com 
compridos pellos. O dorso dos segmentos basaes do 
abdomen menos piloso do que na especie menc onada. 
O espinho das coxas | co:2prido e agudo. Compri- 
mento 10-11 mm., aza 7,7 mm. 

Hab. Rio Grande do Sul. 

E' talvez identica ou muito alliada à especie 
seguinte ? 


8l. Megachile bernardina 7. sp. 


Fig. 9, H-K; H, Coxa I; J. Metatarso e articulo 2.º 
dos tarsos I; K Tibia II) 


3 Nigra, facie densissime aureo-pilosa ; ver- 
fice mesonotoque breviter fulvo-hirtis, crebre et sub- 


—— 210 — 


tiller punctatis ; abdomene segmentorum margini- 
bus fulvo-finbriatis, pygid o aureo-piloso apice se- 
micirculariter emarginato, pedibus fuscis, tras 
maxime ferrugineis, tarsis pallide flavidis, albo- 
fimbriatis, anticis dilatatis, eatus dense albo-fim- 
briatis ; coxis anticis spinam longam, acutam, ni- 
gram, leviter sursum curvatam ferentibus ; tibis - 
intermedriis incrassalis, in dentem latum, trian- 
gularem terminatibus (calcar deest) ; antennis mi. 
gris, articulo apicali pauluin dilatato ; «lis subhy- 
alinis, tegulis venulisque ferrugineis. Long. 13-14 
mm., lat. abdom. 3,8 mm. 

E” indubitavelmente muito semelhante à especie 
precedente e talvez identica. Será necessario com- 
parar o typo da M. lentifera, para verificar si a 
tibia IT é formada do mesmo modo como na M. 
bernardina e si tambem carece do calcar, etc. A 
differença no colorido das pernas é, sem duvida, de 
pouco valor. 

Hab.: Est. de S. Paulc; Paraguay; (San Ber- 
nardino). 

Mus. Paul.: J Est. de S. Paulo, Jundiahy 
TO: 


82. Megachile pallipes Sm. 


1879 — M. pallipes Smith, Descr. New Spec. 
Ely men: (pet lion. 30) dE | 

4 Preto, as pernas ferrugineas com os tarsos 
amarellos. A cara com viva pubescencia amarello- 
dourada; as antennas pretas com o articulo apical 
comprimido e dilatado. A pubescencia no disco do 
thorax é densa, curta e de viva cor amarello-dou- 
rada, no segmento mediario é mais pallida e em 
baixo brancacenta ; as azas fulvo-hyalinas, as ner- 
vuras ferrugineas, as tegulas amarello-avermelha- 
das; os tarsos dilatados, franjados atraz com pu- 
bescencia branca que é fusca em baixo; as coxas | 
com espinhos pretos. As margens apicaes dos pri- 
meiros quatro segmentos do abdomen com delicadas 
faixas de pubescencia fulva; o sexto segmento co- 


oe IE et 


berto com pubescencia branca, a margem apical chan- 
frada no meio; os segmentos ventraes ciliados com 
pubescencia branca. Comprimento 13 mm. 

Hab. Amazonas (S. Paulo de Olivença). 

(Não vi esta especie). 


83. Megachile framea 7. sp. 


S Nigra, facie densissime aureo pilosa, ver- 
tice mesonotoque breviter fulva-hirtis pilis nonnullis 
fuscis ntermitis ; barba pectoreque albido-lanu- 
ginosis ; abdomine segmentis quatuor primis mar- 
gine apicali dense fulvo-fimbriatis, quinto toto fulvo- 
piloso, sexto breviter griseo-hirto, apice profunde 
emarginalo; antennis fuscis, artículo apicalr com- 
presso tamen haud dilatado ; coxis anticis spinam 
perparvam im pubescentia absconditam ferentibus ; 
tabiis intermedirs longe albo-pilosis, calcare dilute 
testaceo; tarsis omnibus flavidis, anticis densius 
reliquiis sparsius albo-ciliatis ; metatarso antico 
elongato angulo apical: interno in lobulum acu- 
tum producto; alis subhyalinis, venulis tegulisque 
[usco-ferrugmers. Long. 10,5 mm., lat. ald. 3,6 mm. 

Entre as especies de tarsos amarellentos, a pre- 
sente pode ser facilmente reconhecida pelos espinhos 
coxaes extraordinariamente curtos; em verdade es- 
tão de tal modo escondidos debaixo da pubescencia 
que sómente removendo esta ultima, elles appare- 
cem. No colorido é muito semelhante às especies 
precedentes. 

Hab. Est. S. Paulo. 

Mus. Paul. : & Jundiahy, XI. 00 (Typo!) 


81. Megachile rectipaima Pac. 


1909 — M. rectipalma Vachal, Revue d'En- 
tomologie p. 11 n. 54 d. 

S Differe da M. lentifera pelo articulo apical 
das antennas não dilatado. A margem interna do 
metatarso I em linha direita, antes reentrante do 
que dilatada, o appendice terminal pequeno. O ar- 


= 2 22 oS 


ticulo 2 do tarso I não dilatado com a carena in- 
distincta. Este tarso é menos amarello, cor de pa- 
lha. A excavação do femur Il lisa; o espinho coxal 
mais curto e rombo. Comprimento 10-11 mm., aza 
7,7-8 mm. 

Hab. : Goyaz. 

(Não conheço esta especie). 


85. Megachile elavispinis Puch. 


1909 — M. clavispinis, Vachal, Revue d'En- 
tomologie, p. 14, n. 99, d. 


& Differe da M. anasitsi pela margem interna 
dos tarsos I, tendo sómente franjas ordinarias muito 
pequenas; o trochanter I sem espinho; o meta- 
tarso Il com franjas muito curtas; o angulo basal 
da expansão da mandibula é applicado por baixo das 
bochechas, escondido na pubescencia e sem larga 
lamina sobresaliente. A crista anal com o fundo 
largo quasi transverso. O metatarso I é truncado 
obliquamente no apice, o angulo apical interno muito 
agudo, não passando da metade do articulo seguinte; 
a elevação no meio dos artículos 2 e seguintes é só- 
mente visivel em forma de um pequeno tuberculo 
no apice de cada articulo ; a metade apical do quinto 
segmento abdominal e o lado dorsal do sexto com 
pellos pretos. O calcar da tibia I é um pouco alar- 
gado e muito preto no apice. Comprimento 11-11,5mm, 
aza 8 mm 

Hab. : Goyaz (?) 

A julgar pela descripçäo trata-se de especie 
muito chegada ou talvez identica 4 seguinte. 


86. Megachile botucatuna 7. sp. 
(Fig. 9 C-G; C Tibia II; D Coxa I; C Metatarso e 


articulo 2.º dos tarsos I; F. Mandibula; G 
articulos 2.º, 3.º e 4.º das antennas) 


S Negra, fulvo-hirta; facie densissime au- 
reo-ptlosa, sutura inter clypeuin et scutum nasa- 


lem longe nigro-pilosa ; vertice mesonotoque fulvo- 
hirtis, sterno dillutiore. Abdomine segmento prime 


Meg. cupra (A-B) — Meg. bernardina (H-K) 
Meg. botucatuna (C-G) — Meg. minuscula (L-N) 


fulvo-hirto ; secundo terticque apice oppresso /ul- 
vo fimbriatis ; quarto dimidioque basal quintr 
fulvo-tomentosis ; dimidio apicali quinté nigro-pi- 
loso ; sexto nigro, pilis nonnullis nigris, apice pro- 
funde emarginato; ventre tenuibus cilas albis. 
Antennis ferrugineis, supra fuscis ; pedibus fer- 
rugineis ; tarsis anticis, flavidis, dilatat s, lobatis 
extus densissime albo-ciliatis, cilia margine fusca. 
Coxis anticis spinam nigram, obtusam ferentibus ; 
tibs intermedus apice calcare testaceo claviforine 
muntis ; metatarsis posticis pilis sat longis fer- 
ruginers obleclis ; tegulis testacers ; alis fulve-hya- 
linis, venulis dilute ferruginers. Long. 10,5 mm. 
Lat. abd. 3,4 mm. 

A forma obtusa do calcar das tibias II, o api- 
ce preto do abdomen e os dous primeiros articulos 
do flagello das antennas muito curtos são caracte- 
risticos para a especie, que deve ser muito chegada 
à anterior. 

Hab.: Est. de S. Paulo. 

Mus. Paul. & Victoria de Botucatu, 15-X-00 
(Typo !}. 


87. Megachile denticalata Sn. 


1893 — M. denticulata Smith, Cat. Hym. Brit. 
Mus. 1, p 185, n. 125 &. 


& Preta, a cara coberta com pubescencia 
branca, o clypeo nu, as bochechas com barba com- 
prida de pubescencia branca; as pleuras vestidas e 
as pernas franjadas com pubescencia da mesma côr ; 
os tarsos alongados, os articulos apicaes ferrugineos, 
os calcares amarellentos ; as azas fulvo-hyalinas, as 
tegulas e as nervuras amarello-avermelhadas. O 
abdomen chato, os segmentos com faixas de pube- 
scencia branca; o pygidium com pubescencia se- 
melhante, com a margem irregularmente denticu- 
lada; no lado ventralas faixas marginaes continuam 
nos segmentos segundo, terceiro e quarto. Compri- 
mento 8,5 mm. 

Hab.: Est. do Pará (Rio Tapajoz). 

(Não vi esta especie). 


88. Megachile orba n. <p. 


3 Ngra, pedibus ferrugineis; facie pallide 
ochraceo pilosa, vertice thoraceque fuivo-hirta ; 
sutura inter mesonotum et scutellum albido tomen- 
tosa ; abdomine bast fuscescenti-pilosa, segments 
reliquis fere nudis, leviter albo-pruinosis, margi- 
nibus apicalibus tenuiter albo-vibrissatis ; pygrdio 
carina transversal integra vel inconspicue sinuala, 
basi carinula longitudinale adreviata, imo apice 
(sub-carina transversal) duobus dentibus parvis 
acutis armato ; segmentis ventralibus albo-ciliats ; 
antennis nigris ; coxis unticis spinam nigram bre- 
vem ferentibus ; tarsis omnibus albido-fimbriatas ; 
bibiis intermedius calcaratis, calcare testaceo ; te- 
gulis testaceis, alis subhyalinis apice infuscato, ve- 
nulis fuscis. Long. 9,5-11 mm., lat. abd. 3-3,7 mm. 

Hab. Paraguay (Puerto Bertoni). 

Mus. Paul. & Paraguay. 


89. Megachile capra 7. sp. 


(Fig. 9 A, B; A Coxa 1.°, B. Metatarso e articulo 2.° 
dos tarsos I) 


fi Nigra; facie densissime aureo-pilosa; ver- 
tece thoraceque fulvo-hirtis; barbe sternoque albo- 


pilosis; abdomine dense fulvo-hirto, marginibus 
apicalibus segmentorum densius fulvo ciliatis, se- 
gmento quinto pilis longioribus fuscis setoso, py- 
gidio obcure ferrugineo, albo-pruinoso (forma 
verosimiliter ut in plurimis speciebus generis, à. e. 
apice emarginato ; in unico specimine typico pygi- 
dium monstruose deformatuim et ejus forma haud 
distinguenda est). Marginibus segmentorum ven- 
tralium longe albo-ciliatis ; antennis n gris, arti- 
culo apicalt compresso, paulum dilatato ; pedibus 
ferrugriners, dimidio basal: femorum intermediorum 
et posticorum nigro ; coxis anticis spinam breve 
aculiusculam ferentibus ; tibs antermedris calca- 
ratis, calcare curvato, testaceo ; tarsis anticis in- 
termedusque breviter, posticis longius sordide al- 
bido-fimbriatis ; alis hyalinis, tegulis venulisque 
dilute ferrugineis. Long. 43 mm., lat. abdom. 
4,1 mm. 

Esta especie não tem apparentemente relação 
com nenhuma outra. Os tarsos I não dilatados e 
os espinhos curtos das coxas I afastam-na das do 
grupo M. bernardina, etc, às quaes entretanto 
muito se parece à primeira vista. 

Hab. : Est. S. Paulo. 

Mus. Paul. 4 Jundiahy 1-00 (Typc! ) 


99. Megachile paranensis n sp. 


S Nigra ; facie densissime aureo-pilosa ; ver- 
tice, mesonota scutelloque fusco-hirtis ; sulura in- 
ter mesonotum et sculellum albo-tomentosa ; se- 
gmento medio sternoque albo-pilosis ; abdomine 
segmentis qualuor primis margine sordide albido- 
cialis, segmentes quinto sextoque fulvescenti-se- 
receis ; pygidio apice emarginato ; marginibus api- 
calibus segmentorum ventralium breviter albo-ci- 
latis, antennis elongatis nigris. articulo apical: 
compresso tamen haud dilatato; vertice mesono- 
toque sat dense punctatis; pedibus nigris, tibis 
tarsisque posticis obscure ferrugine’s ; coxis an- 
bois spinam brevem latam ferenhibus ; t biis in- 


En 


termediis breviter calcaratrs, calcare testaceo; alis 
hyalinis, apice parwmn infuscato, tegulis venulisque 
fuscis. Long. 19 mm. lat. abd. 3,4mm. 

Julguei ser este o macho da M. paulistana, 
mas nao foi encontrado ainda em nenhuma remessa 
de materiaes do Estado de S. Paulo. Em vista disso 
resolvi consideral-a por emquanto como especie 
differente. 

Hab. Paraguay (Puerto Bertoni). 


91. Megachile rubicunda Sm. 


1879 — M. rubicunda Smith, Descr. New Spec. 
Hymen. p. 73, n. 36 ¢. 

S Preto, com as pernas e o abdomen em 
baixo e na base ferrugineos. À cara com densa pu- 
bescencia fulva, a do clypeo é dum vivo branco- 
amarellento; a das bochechas é pallida como a das 
pernas e do corpo em baixo. (O thorax tem em 
cima pubescencia fulva, a do segmento mediario é 
pallida. As azas fulvo-hyalinas, as nervuras ferru- 
gineas, as tegulas pallido-amarello-avermelhadas ; 
as tibias e os femora | com uma estria preta atraz; 
as coxas preias. (O segmento basal do abdomen é 
“ ferrugineo e, como tambem os tres segmentos se- 
guintes tem faixas marginaes fulvas, os segmentos 
seguintes cobertos com curta pubescencia fulva, a 
margem do pygidium inteiriça; os segmentos ven- 
traes são marginados com pubescencia pallida. Gom- 
primento 10 mm. 

Hab.: Est. Amazonas (S. Paulo de Olivença). 

(Não conheço esta especie). 


92. Megachile agilis Sn. 


1879 — M. agilis Smith, Descr. New Spec. 
Hymen. p. 73 n. 35 d 

J Preto, com a base e o apice do abdomen 
ferrugineos. Um pouco de pubescencia branca entre 
as antennas c o clypeo; a da cara e nos lados do 
clypeo é brancacenta, mas mesclada de preto; a do 


vertice é preta; as bochechas têm uma barba 
comprida de pubescencia branca; o flagello é fulvo- 
escuro em baixo. O thorax densamente pontuado, o 
disco escassamente salpicado com curtos pellos pretos; 
a pubescencia do segmento mediario é fulva e pal- 
lida, a do sterno comprida e branca; as pernas 
são cor de breu avermelhado-escuras em baixo, o 
par 1 em baixo ferrugineo, os tarsos Il e III 
da mesma cor; as azas fulvo-hyalinas com uma 
nuvem fora das cellulas cubitaes, as nervuras e as 
tegulas amarello-avermelhadas. As margens apicaes 
dos segmentos do abdomen franjadas com pube- 
scencia fulva : o pygidium chanfrado no meio. Com- 
primento 7,9 mm. 

Hab. : Est. do Amazonas (S. Paulo de Olivença). 

(Não vi esta especie). 


95. Megachile nigribarbis Vach. 


1909 — M. nigribarbis Vachal, Revue d' En- 
tomologie p. 6,n. 47 d. 

& Os tarsos I simples, não dilatados; o py- 
gidium com uma crista, chanfrada no meio. As 
mesopleuras sem pellos pretos; mas debaixo da 
base das mandibulas, na metade basal do clypeo, na 
parte anterior do vertice e a franja posterior dos 
metatarsos III com pellos pretos. Avermelhados 
são: o flagello em baixo, as tegulas, o apice de 
todas as tibias, o calcar da tibia Ill, e o I inteira- 
mente (que é franjado exteriormente de branco), os 
articulos 3-5 dos tarsos Il e III, a parte dobrada 
para baixo dos segmentos dorsaes 1-4, a margem 
apical da crista anal. A margem do segmento ven- 
tral 4 apparece amarella debaixo da franja. O me- 
sonoto e o segmento abdominal 6 tèm pellos bas- 
tante curtos e deitados, de cor cinzento-amarella. O 
metatarso II ciliado com pellos brancos muito com- 
pridos posteriormente. O chanfro do pygidium é 
da forma de uma abobada elliptica transversal, seus 
angulos são menores que um angulo recto. O me- 
sonoto é coberto de uma pontuação densa e assaz 


— 218 — 


grossa; a base da parte central do scutello quasi 
lisa. Comprimento 12-12.5 mm., aza 9,5 mm. 

Hab. : Matto Grosso. 

(Não vi esta especie). 


91. Megachile giraffa n. cp. 


& Nigra; facie dense ochraceo, pilosa ; ver- 
tice mesonoloaue fusco-hirtis ; sutura inter meso- 
notum et scutellum sordide albido-tomentosa ; se- 
gmento medio sternoque albo-hirtis ; abdomine base 
albido, apice breviter nigro-setoso, marginibus se- 
gmentorum appresse albo-ciliatis; pygidio rufo, 
crista fere nulla subintegra; ventre rufo, segmen- 
torum marginibus albo-ciliates ; antenms nigris, 
elongates, articulo apicalt compresso; cox an- 
ticis absolete transversum carinatis, haud spinosis ; 
tarsis anticis intermedisque postice, posticis an- 
tice albo-fimbriatis, omnino, quam partibus reliquis 
obscurioribus ; tegulis testaceis ; alis hyalinis cel- 
lula radiali apiceque anfuscatis venulis fuscis. 
Long. 9,6 mm. ; lat. abd. 3 mm. 

Em colorido muito semelhante a M. orba, mas 
sem espinhos nas coxas I e no pygidio. 

Hab. : Paraguay (Puerto Bertoni). 


95. Megachile lamnula Vach. 


1908 — M. lamnula Vachal, Revue d’Ento- 
molog.e p. 227, n. 11 dg. 

& Como M. encongrua mas sem espinho na 
coxa 1; a franja externa do metatarso I preta; os 
segmentos abdominaes 5 e G com muito pequenos 
pellos brancos, deitados, pouco densos e a crista do 
pygidium quasi nulla e sem chanfro. As pernas 
ferrugineas; as faixas dos segmentas abdominaes 
1-4 interrompidas no meio ; o scutello entumescido 
na base; os pellos do vertice, a parte posterior do 
mesonoto e do scutello com pellos pretos; a base 
do scutellum lisa. Comprimento 9,5—10 mm. ; lat. 
abd. 3,8 mm., aza 8 mm. 

Hab. : Brazil (Goyaz ?) ; Paraguay. 


96. Megachile minuscula 1. sp. 
(Fig. 9 L-N ; L. Coxa I; M. Tibia e metatarso I; N. Pygidium). 


S Nigra; facie densissime aureo-pilosa ; tho- 
race dense fulvo-hirto, sublus dilutiore ; abdom ne 
basi fulvo-hirta, marginibus apicalibus segmento- 
rum appresse fulvo-fimnbriatis, segmento quinto na- 
gro-setoso; pygidio breviter fulvescenti-sericeo, 
pilis nonnullis fusces antermmatis, apice leviter 
emarginalo ; ventre conspicue punctalo, fere nudo, 
segmentorum maqginibus breviler albido vibrissatis ; 
antennis elongatis, articulo apicals compresso, pe- 
dibus nunc ferrvgineis nunc nigris, tibs antrcis 
semper nigris, dilalalis, exlus nigro-ciltatis ; tarses 
omnibus tenuibus, posticis longe fulvescente-fim- 
briatis ; coxis anticis inermibus ; tibes intermedrurs 
calcaralis ; calcare testaceo; als hyalims, legulis 
cenulisque testaceis. Long. 7-10 min. ; lat. abd. 3 mm. 

Examinei uma duzia de exemplares sem en- 
contrar differenças especificas entre os com pernas 
ferrugincas c os com pernas pretas, nem en're os 
exemplares de Minas Geraes e os do Paraguay. 
Parece, porém, que os exemplares menores e com 
as pernas pretas predominam em Minas e os maio- 
res e com as pernas ferrugincas no Paraguay. As 
tibias I dilatadss, os tarsos finos e as coxas sem 
espinhos distinguem esta especie. 

Hab. : Minas Geraes, Rio de Janeiro; Para- 
guay ; Argentina (Missiones). 

Mus. Paul. : gg Est. Minas Geraes (Mar de 
Hespanha; 2-XI-08); Paraguay (Puerto Bertoni, 
2-I11-09). Est. Rio de Janeiro: Campo Itatiaya. 


97. Riegachile exaltata Sy. 


1853 — M. exaltata Smith, Cat. Hym. Brit. 
Mus. 1, p. 189, n. 126 &. 


& Preto; a cabeça grande, mais larga do que 
o thorax; a cara densamente coberta com pube- 
scencia de um vivo amarello pallido, a das boche- 
chas é comprida, densa e branca. O thorax forte- 


— 220. 


mente pontuado ; as azas hyalinas, uma nuvem fus- 
ca occupa a cellula radial e passa à margem apical ; 
as tegulas amarellentas, as nervuras ferrugineas ; 
as pernas ferrugineas. Os tarsos II 3 III pretos, 
as unhas ferrugineas. O abdomen curto e obtuso. 
no apice; em cada lado as margens tem uma curta 
franja de pukescencia branca, muito estreita, mas 
inteira no quinto segmento; a margem do pygidium 
inteira; os segmentos ventraes 3-5 franjados de 
branco. Comprimento 7,5 mm. 

Hab.: Est. do Pará (Rio Tapajós). 

(Não conheço esta especie). 


98. Megachile thygaterella n. sp. 


g Nigra; capite sordide albido-hirto ; bast 
clypei longissumis pilis nigris vestila ; vertice me- 
sonotoque densissime fulvo-ferrugineo-pilosis ; pleu- 
ris fusco-pilosis ; abdominis segmentis 1=5 fascus 
latis flavis ornatis ; pygidio longe nigro-piloso ; pe- 
dibus ferrugineis, metatars:s nigro-hirtis ; tabs in- 
termediis, calcaratis calcare dilute ferrugineo ; 
coxis anticis anermibus, alis flavescenti-hyalinis, 
tegulis venulisque ferrugineis. Long. !0 mm., lat. 
abdom. 3 mm. 

O aspecto desta especie não é o de uma Mega- 
chile, entretanto ella pertence bem a este genero. 
Em colorido é muito semelhante a uma pequena 
Anthophorida, Thygater bifasciata (Sm.) ¢, mas a 
sua estructura é naturalmente differente. 

Hab. : Paraguay (Puerto Bertoni). 


Este estudo já estava quasi terminado quando 
recebi o trabalho do sr. Embrik Strand nos «Zoolo- 
gische Jahrbiicher» 1910; descreve numerosas espe- 
cies novas do Paraguay que não me teria sido possivel 
incluir no presente trabalho sem transformar funda- 
mentalmente as chaves synopticas e a maior parte 
do texto. Por isto limito-me a chamar a attenção. 
do leitor, que se interessar pelo assumpto, 4 minha 


= 22 Mu 


publicação do anno de 1911 —sob o titulo «Las es- 
pecies Argentinas del genero Megachile» e que trata 
d'um modo analogo como o presente, de todas as 
especies conhecidas até agora das Republicas Ar- 
gentina, Uruguay e Paraguay, tendo em conta tam- 
bem as das regiões visinhas. 


A direcção do Museu Paulista, cuja collecçäo 
já é bastante rica, receberá com prazer novos ma- 
teriaes de todos os Estados brazileiros, compromet- 
tendo-se estudal-os promptamente, para que possam 
ser incluidos no Catalogo geral das abelhas brazilei- 
ras, trabalho este que já tenho elaborado e que em 
breve será publicado como VI volume dos «Cata- 
logos da Fauna Brasileira» editados pelo Museu 
Paulista. 


REGISTRO ALPHABETICO 


(Os synonimos em grypho) 


agilis.. 
andromorpha .. 
anisitsi 

anisitsi (lacta) 
anomala .. 
anthidioides 
apecipennis 
arechavaletae.. 
armigera . 
assumptionis Se 
atahualpa (nudiv entris) 
atricostifera 
aureiventris 
barbatula.. 
bernardina 
beroni. REN ahs 
beroni (rubricata). 
bertoni 
bicegoi 
botucatuna 
brethesi 
campinensis 
capra.. 
catamarcensis . 
chamacoco 
clavispinis. 
coelioxiformis 
c elioxoides 
collaris 
compacta .. 
constructrix 
crassipes .. 
curvipes 
denticulata 
exaltata 


198 e 


208 e 


216 
174 
175 
JT 
164 
180 
195 
INA 17 


SR O 


| 
166 | 
| 


186 | 
91194 


| 
| 
| 


ferrugineipes.. 
fiebrigi 
flabellata .. 
fossoris à 
fossoras (leucocentra).. 
framea 

friesei 
fumicosta.. 
gigas. 

girafa . 
gomphrenae 
gomphrenae .. 
gomphrenoides 
gracilis 
guaranitica 
guaranitica 


pyge) 


guar anitica (wr uguay- 


ensis) . 
guayaqui.. 
helicitarsus 
hilaris. 
hypocrita.. 
iheringi 
incongrua.. 
inquirenda 
itapuae 
jundiana .. 
laeta .. 
laeta (anisitsi). 
lamnula 
lentifera . 
leucocentra 


leucocentra (fossoris).. 


levilimba.. 


174 e 2 


180 e 


a 


levimarginata. 
Emide. M Pas 
lobitarsis .. 
luederwaldti .. 
manaosensis 


melanopyge (guarani- 


tica). 
melochiae.. 
minuseula. 
moderata.. 
neutra. 
nigribarbis 
nigropilosa 
nudiventris 


nudiventris atahualpa. 


opifex. 

orba 

pallipes 
paraguayensis.. 
paranensis 
parsonsiae 
paulistana 
pilosa.. 
planiceps.. 
planula 
pleuralis .. 
possograndensis 
propinqua. 
proserpina. 
pseudopleuralis 
pulchra 
pullata .. 


155 
170 
214 
210 
1k 
215 
197 
184 
160 
154 
181 
196 
172 
184 
156 
190 
159 
182 


rava aid 
rectipalma. … 
rubicunda. 
rubricata .. 


rubricata beroni .. 


rubriventris 
ruficornis .. 
rufula. 
sancti-pauli 
separata 
simillima.. 
squalens 
stenodesma 
strenua 
sussurrans. 
tergina 
terrestris .. 
thygaterella 
trigonaspis 
tuberculifera .. 
tupinaquina 
urbana 
uruguayensis (g 
nitica) .. 
ventralis .. 
vernoniae . 
verrucosa... 
vigilans 
xanthoptera 
EMO MOC po À nc 
ypiranguensis . 


uara- 


177 
211 
216 
167 
166 
158 
161 
168 
205 
185 
183 
195 
182 
208 
163 
155 
187 
220 
19 
188 
202 
193 


168 
159 
203 
185 
161 
198 
186 
194 


Diagnose de uma Eucoela (ilymenopt, Cynipida) 


Parasita das moscas das fructas 
POR 
RODOLPHO VON IHERING 


Em 1905 eu havia creado varias vezes um 
Cynipida parasita das larvas das moscas das fructas 
que eu então estudava pela primeira vez. 

Varios exemplares foram enviados ao dr. Ho- 
ward, que os fez classificar pelo especialista dr. 
Ashmead. Pouco depois tive communicação de que 
se tratava de uma nova especie da subfam. Hucoe- 
lanae e que o nome sob o qual seria descripta pelo 
dr. Ashmead seria Hexamerocera brasiliensis. Nas 
minhas publicações ulteriores servime pois desse 
nome, como tambem o fizeram varios outros au- 
ctores que se occuparam dos parasitas das Trypa- 
neidas, suppondo que a respectiva diagnose seria 
publicada mais cedo ou mais tarde pelo auctor. 
Entretanto hoje o operoso hymenopterologista norte- 
americano já é fallecido e o nome por elle es- 
colhido já foi empregado paia designar outra es- 
pecie do mesmo genero, descripta pelo P.º J. J. 
Kiefer (Eucoela brasiliensis n. sp. do Pará, «Descer. 
de nouv. Cynipides gallicoles», Bull. de la Soc. 
d'hist. nat. de Metz. Vol. 26, 1909, pag. 74). 

Segundo este ultimo auctor Hexamerocera 
Kieff. é apenas um subgenero de Eucoeta Westw. 

Desta forma, como até agora só haviamos em- 
pregado um «nomen nudum», hoje preoccupado, 
a nossa especie em questão deve receber outra de- 
nominação. Limitamc-nos a modifical a em 


Eucoela (Hexamerocera) eobrasiliensis 7. sp. 


Hexamerocera brasiliensis Ashm. in lit. (nec 
Kieffer, 1909). 

Idem, 1905, R. von Ihering, As Moscas das 
fructas, Folheto da Secretaria da Agricult. do Est. 
de S. Paulo, pag. 12 sine descript.. 


Idem, 1910, Silvestri, Bol. Lab. Zool. Portici, 
Bol. IV, pag. 243, n. nudum. 

Idem, 1912, Rodolpho von Ihering, op. sup. 
cie ed pepe at. fie. I. 

idem JBI2 A. L. . Quaintance U. S. Dep. 
Agric. Bureau of Entomol. Circular n. 160, pg. 16. 

Q Length 1,75 mm. Polished brownish pi- 
ceous, antennae reddish brown, except the scape 
which is light brownish yellow like the mandibles; 
legs yellowish. 

Antennae 13- jointed, not extending beyond 
the middle of abdomen; the first joint of funicle 
the longest; 5 club-joints, alls strongly fluted, the 
first oblong, the second more ovated, the following 
moniliform ; these club chaped joints provided with 
stronger and more close-set hairs as the other ones. 
Scutellum closely punctured ; 
the cup of scutellum ovate, an- 
teriorly «pediculated», smooth 
and polished, with a single 
round fovea on posterior part. 
Wings hyaline, ciliated, the 
veins yellowish brown. Abdo- 
men witb a distinct but nar- 
row griseous pubescent girdle 
at base. 

d Length 1,50 mm. An- 
tennae 15-jointed, extending 
nearly to the tip of wings; 

Eucoela (Hexam.) eobrasiliensis; all joints except the first, 
com aza e antennas do macho e fluted: otherwise as in the 
da femea, ? 

female. 

São Paulo, from maggots of fruitílies (Try panei- 
dae : Ceratitis capitata or Anastrepha fraterculus?). 
Oviposition observed at 20-J1-905; four specimens 
eclosed at 17 & 19-III. Four days after an Anastre- 
pha fraterculus from the same peach. Silvestri, loc. 
sup. cit. supposed them to be parasits of Drosophila, 
as he knows an other Cynipid (Gnasis mustis Rond.) 
as parasit of these little decayed-fruit flies. 


O genero Parachartergus R. v. Ih. 


(Vespas sociaes) 


POR 


RODOLPHO VON IHERING 


Quando em 1904 (Rev. Mus. Paul. VI pag. 118) 
estabeleci o genero «Parachartergus», tomando por 
typo a especie que então tambem me parecia nova 
(P. bentobuenoi— P. fulgidipennis Sauss.) assim pro- 
cedi a exemplo de K. Moebius que egualmente havia 
separado genericamente a vespinha Lerpomeles la- 
mellaria, baseado em caracter identico; em ambos 
os casos os palpos labiaes constam apenas de 3 ar- 
ticulos, quando, sem outras excepções nesta familia 
de hymenopteros, a regra é serem esses palpos 
quadriarticulados. Alem desse caracter morpholo- 
gico accresce ainda outro, oecologico, da forma dos 
ninhos: tanto cs de Leipomeles lamellaria como 
os de Parachartergus fulg:d'pennis são laterini- 
deos, inteiramente diversos dos que até então se 
conhecia. 

Em trabalho posterior o sr. A. Ducke mostrou 
que tambem varias outras especies que eram con- 
sideradas como pertencentes ao genero Chartergus 
possuem o mesmo caracter de palpos triarticulados, 
a saber: Ch. frontalis, colobopetrus, sin thi, wa- 
gnerr e apcals. 

Mais tarde o mesmo auctor, em seu trabalho 
«Revision de Guêpes soc. polygames d'Amerique, 
1910, Ann. Mus. Nat. Hungar. VIII, pag. 527» 
ampliou muito a diagnose do genero Paracharter- 
gus, de forma a comprehender não só as especies 
com o caracter supra citado, como tambem especies 


com palpos labiaes quadriarticulados, como Chart. 
compressus e pusillus, Pseudopolybia vesp ceps e 
Parachart. dfficilis Ducke. Assim procedeu te- 
mendo não se poder distinguir snfficientemente, só 
por meio do caracter mencionado, as diversas es- 
pecies, que apparentam analogia geral. 

Ao meu ver devemos entretanto restabelecer a 
distincção, de accordo com minha diagnose original, 
mórmente como tambem a nidificação, agora co- 
nhecida para quasi todas as especies do grupo, con- 
firma essa diversidade, que consideramos generica. 

Assim as diversas especies em questão agru- 
par-se hiam da seguinte forma : 

PARACHARTERGUS À. v. Th. com palpos labiaes 
5-articulados, segue em sua nidificacäo o typo la- 
terinideo. P. fulgid pennis e frontalis fazem ni- 
nhos com pouca differença eguaes ais de ZLeipo- 
meles ; P. ap'calis e colobopterus, obedecem a ar- 
chitectura bem diversa, sem que no emtanto seja 
difficil reconhecer o mesmo principio commun, isto 
é laterinideo; P. smithr & especie tão chegada ao 
P. colobopterus, que o proprio sr. Ducke acredita 
que o respectivo ninho, atê agora desconhecido, não 
poderá apresentar grande diversidade; finalmente de 
P. wagner: nada se sabe da nidificação. 

PsEUDOPOLYBIA Sauss. A especie typica P.ves- 
piceps, descripta por Saussure (Melanges Hymen., 
II, 1865, pg. 67, fig. 27) fora estabelecida origi- 
nalmente como «Polybra, Division Pseudopolybia»; 
os palpo labiaes são 4-articulados; o ninho é do 
tvpo rectinideo. Além de P. vespiceps estão nas 
mesmas condições: P. drfficilis Ducke e P. com- 
pressus Sauss. e ainda P. pusillus Ducke ; só desta 
ultima ainda não se conhece o ninho. 

Comquanto sempre tivesse a preoccupação de não 
augmentar o numero dos generos aliás já bastante 
elevado na subfam. Vespinae, neste caso não po- 
demos deixar de separar estes dous grupos, diffe- 
renciados ao mesmo tempo pela morphologia e pela 
oecologia. 


— 228 — 


Em seu «Catalogo das Vespas sociaes do 
Brazil» (Vol. V dos Catalogos da Fauna Brazileira 
editados pelo Museu Paulista) ora no prelo, o sr. A. 
Ducke adoptou essa nossa divisão generica; mas já 
anteriormente, comquarto mantivesse reunidas todas 
as especies de que aqui se trata, sob a denominação 
generica Parachartergus, o nosso distincto collega 
estabeleceu a differenciação destes dous grupos, sob 
ponto de vista da nidificação. Assim em sua arvore 
phylogenetica das vespas sociaes, no trabalho ja 
mencionado (Revision des Guepes soc. polygames) 
à pagina 404, viu-se obrigado a distinguir as es- 
pecies de nidificação rectinidea «Parachartergus I» 
(equivalente a Pseudopolybia Sauss.) das outras, 
laterinideas, «Parachartergus Il» (R.v. Ih.,s. str.) 

Na mesma arvore phylogenetica o sr. Ducke 
tambem já previa a necessidade de separar as es- 
pecies de «Stelopolybia J», de ninho gymnodomo, 
das outras «Stelopolybia Il» de ninho calyptodomo 
rectinideo. Agora em seu Catalogo acima mencio- 
nado, o sr. Ducke estabeleceu o nome generico 
novo Gymnopolybia para o primeiro destes Gous 
grupos. 


Ementes ao Gatalogo das Ghrysididas do Baal O 


POR 


ADOLPHO DUCKE 


(Entomologo do Museu Goeldi — Para) 


Tendo sómerte agora a continuação (paginas 
172-178) da obra n. 12 da literatura enumerada no 
Catalogo das Chrysididas, (R. du Buysson, Vespides 
et Chrysidides em Embrik Strand, Zoolog. Jahrbii- 
cher) verifiquei tornarem-se necessarias as seguintes 
modificações no systema das especies do genero 
Holopyga. 


14. Holopyga kohli Buysson 1901. 


Holopyga kohli Baysson, 1910. 

Holopyga pallidolimbata Ducke 1913. 

Holopyga piliventris (exemplaria maioria) Du- 
cke 1910. 

Holopyga kohli var. piliventris Buysson 1910. 

Distr. : Amazonia inferior (19), Ceará (Serra 
de Baturitê «Brazil» (1). 


14,a. Holopyga wagnereila Buysson 1904 


Holopyga wagnerella Buysson 1910. 
Holopyga piliventris Ducke 1907. 
— Holopyga pilivantris (exemplaria minoria) Du- 
‘ke 1910. 


(*) As presentes notas destinadas a serem impressas em 
appendice no proprio «Catalogo das Chrysididas», publicado 
‘como Vol. IV dos Catalogos da Fauna Brazileira editados 
pelo Museu Paulista, chegaram-nos à mão quando o fasci- 
«culo já estava sendo distribuido. — Eprr. 


— 230 — 


H. kohli piliventris Ducke, Cat. Chrysidid. 1913 
pg. 14. 

Distrb.: Estado do Maranhão (Codó, Caxias,) 
E. do Ceara (Caridade), E. de Minas Geraes (12), 
Rep. Argentina, Mendoza (12). 

Mus. Paul. : E. do Maranhão, Codo. 


14, b. Hlolopyga obsoleta (Say) 


Hedychrum obsoleluin Say 1836. 

Hedychrun. z immerimanni Dahlbom 1845. 

Holopyga obsoleta Mocsäry 1889. 

Holopyga obsoleto Buyssin 1910. 

Distv.6.: E. U. da America: Illinois, Pennsyl- 
vania (26), «Brazil» (12). 


16. HHEolopywga maculata (Fabricius) 


Chrys's maculata Fabricius 1798. 

Hedychrum inaculatum Lepeletier 1806. 

Holopyga maculata Mocsáry 1889. 

Holopyga maculata Buysson 1910. 

Holopyga dohrni Dahlbom 1854. 

Holopyga ventralis Mocsäry, 1889, ex-parte 
(não Hedychrum ventrale Say). 

Holopyga boutheryi Brèthes 1902. 

Holopyga anaculata var. boutheryi Buysson 
1910. 

Holopyga dohrn; Ducke, Cat. Chrysidid. 1918, 
g. 14 
À Dstrb.: E. U. da America: Baltimore (9), 
Haiti (5), Mexico, (12), Guyana Franceza (12) 
Amazonia inferior (!9), Maranhão (22) Ceará (22), 
Rep. Argentina: San Juan (2), e Mendoza (1,9). 

Mus. Poul: : Bridor Pará Paro: 


s 


Os Bugios do genero Alouatta 


POR 


HERMANN VON IHERING 


(Com duas estampas ns. IV e V) 


As poucas especies de «bugios» (simios do 
genero Alcuatia (*) que habitam a America do Sul e 
Central ainda não foram até agora bem estudadas, 
e isto, em boa parte, devido às multiplas difficul- 
dades materiaes com que sempre tiveram de luctar 
os naturalistas. Mencionaremos apenas o dimor- 
phismo sexual, as diversidades do aspecto das pelles 
determinadas principalmente pelas variantes do co- 
lorido conforme o sexo e a edade do exemplar exa- 
minado e ainda o numero em geral reduzido de es- 
pecimens completos de que se dispõe para tal fim. 
Devido a estas e a outras circumstancias analogas, 
ainda nestes ultimos annos tem sido descriptas pre- 
tendidas especies novas, augmentando assim a con- 
fusãc. Em vista disto resolvi dar publicidade, desde 
ja, às minhas observações a respeito, adiantando deste 
modo um capitulo da Monographia dos Mammife- 
ros do Brazil meridional. 

A especie que, hoje em dia, se qpresenita co- 
mo a mais intrincada e o bugio Alouatta belzebul 
L., aliás ha tanto tempo conhecido. 

Possuindo o Museu Paulista uma boa serie de 
pelles e craneos desta especie, colligidos no Mara- 


(*) O Thomas escreve «Alouatta», Trouessart conserva 
a forma «Alouata»; não disponho da necessaria literatura 
para examinar a questão. 


nhão, tive opportunidade de sujeitar a um exame 
critico a exposição recentemente publicada pelo Sr. 
G. Dollman (*) sobre este mesmo assumpto. 

Os especimens maranhenses da nossa collecçäo 
provêm de Miritiba, onde o sr. Æ. Schwanda tein 
reunido bons materiaes para o nosso Museu. Se- 
cuindo as minhas indicações, este colleccionador foi 
aperfeiçoando os seus methodos de preparação, de 
modo a nos fornecer boas pelles ; mas, como não raro 
acontece aos principiantes, houve confusão das pelles 
com a respectivos craneos. Foi preciso tomar em 
consideração os varios caracteres de sexo e edade 
bem como outros siguaes, taes como os da bala ou 
chumbo, para poder rectificar os enganos; mas ainda 
assim por este motivo dous exemplares tiveram de 
ser excluidos das considerações comparativas. 

O sr. Ferdnand Schwanda prestou durante 
muitos annos relevantes serviços ao Museu Paulista 
e por isto registramos aqui, com pezar, o seu fal- 
lecimento, occorrido em Miritiba (Maranhão) no dia 
10 de Junho de 1913. 

Como mais adeante todas as medidas do corpo 
e do craneo se acham reunidas em forma de tabella, 
é dispensavel repetil-as ao descrever cada uia dos 
exemplares; limito-me pois à descripção do colorido 
das pelles. 

Vejamos primeiro os exemplares do sexo mas- 
culino. 

O especimen mais novo da serie parece ser o 
de n. 2750; os orgãos genitaes são os do macho, 
ainda que o craneo que o acompanhava não com- 
binasse. 

Os pellos do dorso são bruno-escuros no meio, 
nos lados mais pallidos, bruno-pardos com pontas 
amarello-claras, e de brilho sedoso ou dourado. No 
alto do dorso ha um rodopio de pellos bruno-ama- 
rellados divergentes entre os hombros bruno-pretos. 
A nuca e o vertice da cabeça são bruno-escuros 


(E) D. G. Dollman, a & Mag. of Nat. History 
eer. 8, vol. VI, 1910, pe. 422 — 494: 


— 233 — 


com pontas amarelladas ; na testa encontra-se outro 
rodopio de pellos divergentes. A barba curta é 
preta como tambem o braço; o ante-braço vae to- 
mando colorido bruno mais claro, a mão é bruno- 
avermelhada, os dedos tem pellos amarello-claros. 
Sobre o meio das costellas passa uma larga faixa 
denegrida. A metade basal da cauda é de côr bruno- 
avermelhada, pallida, com salpicos amarellados; a 
metade apical é bruno-clara. 

N. 2749 é um individuo adulto mas que ainda 
não tem o colorido definitivo. Os cabellos da mar- 
gem anterior da testa são erectos mas só em uma zona 
estreita. A côr predominante das costas é bruno- 
avermelhada, os pellos pela maior parte são ligeira- 
mente encrespados e providos de pontas amarellas. 
A barba e as extremidades são bruno-escuras, os 
pèse as mãos tem pellos bruno-vermelhos, pallidos. 
O queixo e a barba são bruno-pretos, a cauda é 
bruno-vermelho-clara tornando-se mais avermelhada 
para a ponta. 

N. 274% assemelha-se muito ao individuo pre- 
cedente, mas o seu colorido é bem mais escuro. 
Cabeça e nuca são pretas com pontas de pellos bruno- 
vermelhas. Os cabellos longos dos flancos são bruno- 
vermelhos, claros, a cauda é preta com ponta bruno- 
vermelha, denegrida. 

N. 2484 é “de colorido bruno- “pallido nas costas, 
mais escuro no meio. Os pellos longos dos flancos 
são em parte vermelho-amarellados, pallidos, em 
parte tem pontas douradas. As extremidades são 
bruno-escuras ou mesmo quasi pretas. A cauda é 
preta com pellos bruno-vermelhos entermeiados, 
pellos estes que se tornam mais claros para a ponta. 
Os pellos da margem da testa são erectos, formando 
franjas. A pelle abaixo e atraz da orelha é bruno- 
amarellada, pallida. Pés e mãos tem pellos bruno- 
vermelho-pallidos, mais amarellados junto aos dedos. 

Esta pelle corresponde, portanto, bem ao que 
foi descripto com o nome de A. d'scolor. 

N. 2879 é um grande especimen, typico de A. 
belzebul com pellos pretos brilhantes no lado dorsal, 


— 234 — 


que gradativamente tomam a côr ruivo-escura ao 
passar para os flancos. À cauda é preta quasi uni- 
forme, só na metade apical entremeiada com poucas 
cabellos curtos, bruno-avermelhados. Dessa mesma 
cor são os cotovellos, e os pellos das orelhas, dos 
pês e das mãos. Na margem da testa uma larga 
faixa de cabellos erectos, terminando lateralmente 
junto ao bordo externo das orbitas. 

Em comparação com o exemplar anterior, este 
aqui descripto mostra ser de individuo mais velho, 
com o tupete (nimbus), bem desenvolvido. As cris- 
tas temporaes approximam-se no seu prolongamento 
sobre o frontal, distando entre si apenas 19 mm. ; 
no exemplar n. 2747 esse intervallo é até de 11 mm. 
apenas. quando na maior parte dos craneos de exem- 
plares machos adultos essas cristas distam de 22 a 
29 mm. umas das outras. 

N. 2747 é typicamente a forma belzebul, fa- 
zendo-se abstracção do colorido mais claro dos flan- 
cos; a dentição está quasi tão gasta como a do 
exemplar 2879, mas q tupete ainda é baixo, pouco 
desenvolvido. 

Entre os exemplares de sexo feminino a nossa 

serie contem especimens bem mais novos que entre 
os machos. 
“A pelle n. 2907, do mais novo dos individuos 
presentes é de côr bruno amarellada, com alguns 
tons bruno-vermelhos, principalmente atraz dos hom- 
bros; no meio das costas ê um tanto mais escuro. 
As extremidades são brunas, os pês e as mãos de 
côr bruno vermelha, clara, a cauda bruna, entre 
meiada de pardo-amarellado, com a metade apical 
bruno-vermelha clara. O tupete já se acha regu- 
larmente desenvolvido com pellos bruno-amarellados 
e adiante, no meio pretos. No respectivo craneo 
ainda faltam os dous molares posteriores. 

N. 2881 é a pelle de um exemplar pouco mais 
velho que o precedente; a côr é bruno-amarellada, 
mais escura na cabeça, extremidades e a cauda, bem 
como no meio da costa. As mãos e os pés são 
vermelho-amarellados, na base um tanto averme- 


lhados ; a ponta da cauda é mais clara, pardo-ama- 
rellada. Os cabellos da testa formam tupete. 

Mais ou menos semelhantes são os especimens 
de n. 2485 e 2486, bem como 2751 e 2753. 

N. 2754 tem côr ruiva predominante, os ca- 
bellos, especialmente dos flancos são um pouco cres- 
pos, longos com ponta dourada. O tupete é largo e 
quasi de egual comprimento, um pouco inclinado para 
traz. A metade apical da cauda é ruiva uniforme. 

O n. 2748 tem o tupete reduzido a um trian- 
gulo estreito entre os olhos; os respectivos pellos que 
se encontram formam uma crista. A côr geral da pelle 
é pardo amarellado-clara. nos flancos com tons bru- 
no-avermelhados, com pontas amarellas, côr de ouro. 

N. 2752 tem tupete reduzido a uma orla es- 
treita; a côr geral é bruno-avermelhada, apagada, 
misturada com pardo; a barba, os hombros, a base 
das extremidades e a cauda são bruno-pretas; pelo 
meio da cauda passa uma faixa bruno-avermelhada. 
O couro n. 2880 é quasi inteiramente preto, ou 
preto-bruno, restando-lhe apenas os tons averme- 
lhados do vertice e parte do dorso. 

A metade apical da cauda, os pés e as mãos 
tem pellos bruno-avermelbados. O tupete é estreito, 
reduzido à região entre os olhos. 

Com relação aos craneos, observa-se que as 
cristas temporaes dos machos são bem desenvolvi- 
das, mas bastante diversas quanto à respectiva ap- 
proximação. Ha tambem craneos femininos com 
cristas temporaes bem desenvolvidas, mas estas fi- 
cam bem distantes entre si. 

Os craneos são em sua forma geral, um tanto 
achatados, os ossos nasaes são longos e só bem pouco 
concavos na raiz. A margem orbital superior é 
delgada em geral só com 2mm., de espessura. 
Bastante caracteristico tambem é o angulo da cur- 
vatura dos ossos palatinos, levantados atraz. Os ca- 
ninos fracos e as menores dimensões do craneo fe- 
minino são os principaes distinctivos confrontados 
com os primeiros machos; tambem os ossos na- 
saes do craneo feminino são mais curtos e concavos. 


— 236 — 


Tabella das dimensões do corpo e do craneo de A. belzebul 


: Dimensões do corpo Dimensões do craneo | 
adido E Es |sels 22, | 
E |BEI|S Es | 83 | SL | RE | 285 
2900, 380 450) 11} 92,5) 71 iol 51 
2881| 420) 515 12 S| O(2 50 10 ATO tg 
2485) 500 990, 12] . 03 80, 12) 52,5 ol 
2751] 460 920, LH 202) t8L, 511 dd 46 301 
2486, 450) 565, 11,5] 105 84 10) 5L5 31) 
2753} 460) 540 11,5) 104 80! 1} 46,5 51 
2754) 490} 575 13] 108 85). 13) 51,5/(32) 33 
2880 450} 490 12,3) 109) Soltt3l 51] 305) 

| 


9748| 460| 500! 110] — | 101125] 50 3 

2749) 540) 530] 12,6] 123,8] 104158) 52 35 
2847| 530} 590] 14,0] 125] 104165] 54 37 
2484 570) 600] 140] 127,5) 105) 15) 54 35 
2879! 590 590] 13,5] 126,5] 105,5] 15,5] 54] 36,8) 


Comparando as medidas dos craneos da tabella 
supra com os caracteres dos couros, verifica-se que 
estes animaes que alias cohabitam a mesma região, 
pertencem todos a uma só especie. Nem os cra- 
neos fornecem dados que pudessem auctorizar uma 
separação especifica, nem tão pouco a côr do pello, 
visto como as variantes observadas devem ser at- 
tribuidas em boa parte à edade dos respectivos in- 
dividuos. A phase inicial do colorido é um tom 
pardo-amarellada com a parte mediana do dorso: 
mais escura. Depois em alguns casos o pello tor- 
na-se mais ruivo (ns. 2749, 2748, 2754), com as 
pontas dos cabellos reluzindo a seda ou ouro, o que 
é bem característico. Taes exemplares correspon- 
dem ao Stentor stramineus Geoff. ou Simia stra- 
minea Humb. Em geral o tom pardo-amarello con- 
serva-se por mais tempo, aecrescendo certos tons 


bruno-avermelhado, principalmente nos flancos e esta 
é a forma que Spix denominou Alowatta discolor. 

Finalmente os especimens como o nosso n. 
2750 parecem-se com A. palliata Gray, emquanto 
os de n. 2747 e 1879, 2870 e 2752 representam 
a forma adulta de A. belzebul. Observa-se entre- 
tanto, que esta ultima phase do colorido em alguns 
individuos é alcançada mais cedo, em outros só vem 
mais tarde, e assim explica-se porque tambem se 
encontra individuos velhos ainda com o pello de 
forma de A. discolsr. Da mesma forma como o 
colorido, tambem o desenvolvimento do tupete não 
corresponde sempre à edade do respectivo especimen. 

Por todos estes motivos cheguei à conclusão de 
que o colorido caracteristico do A. belzebul só o 
tem os individuos relativamente velhos e que A. 
straminea Geoff. e discolor Spix. representam a 
roupagem dos especimens mais novos e semi-adultos 
e assim consideramos refutadas a asserção de Doll- 
man quando attribue a A. dscolor os carecteris- 
ticos de especie bem differenciada. 

Estes resultados do meu estudo no laboratorio 
concorda perfeitamente com o que observou o nosso 
colleccionador em suas caçadas. O sr. F. Schwan- 
da me escreve a este respeito : 

«Quanto ao colorido dos bugios, ao meu vêr a 
affirmação do sr. G. Dollinan não corresponde a 
realidade, visto como nos bandos constituídos por 
7 ou, no maxime, 9 individuos, ha especimens de 
qualquer das variantes : pretos, ruivos e bruno-par- 
dos. Creio que a côr do pello independe de qual- 
quer outro factor e nem mesmo tem relação com a 
edade, porque tambem se encontram filhotes que 
não combinam com as suas mães no colorido. 

Os bugios em geral vivem na matta virgem 
Junto aos rios, mas sempre de forma que haja perto 
a terra firme. 

Onde não ha agua, elles tambem não param. 

De madrugada, ao amanhecer elles roncam, em 
geral todos reunidos sobre uma das arvores mais 
altas; depois vão procurar o alimento e pelo meio 


— 238 — 


dia recolhem para lugares sombrios, nas arvores e 
entre as trepadeiras, descançando assim durante as 
horas mais quentes. Pelas 3 horas da tarde vão no- 
vamente em busca do que comer, para depois se 
reunirem todos sobre uma arvcre frondosa, onde 
tem lugar o concerto da tarde. No tempo das 
chuvas os bugios tambem roncam muitas vezes du- 
rante o dia, indo acquecer no sol, principalmente 
quacdo estão molhados.» 

Antes de passar ao estudo detalhado de cada uma 
das especies sul-americanas de Alouatla e de sua 
distribuição geographica, precisamos ainda tomar 
em consideração varios caracteres osteologicos mais 
importantes. 

Convenci-me de que as nossas especies podem 
ser agrupadas de accordo com a estructura da mar- 
gem superior da orbita. O primeiro destes grupos 
tem uma margem orbital fina, tenne, com apenas 
1,9 a 2,5 mm. de espessura, sem rebordo. São estes : 
A. belzebul, seniculus e straminea. Margens or- 
bitaes grossas, de 3 a 6 mm. de espessura tem 4, 
fusca > caraya. Estas duas especies divergem, en- 
tretanto, na conformação deste detalhe de estructura: 
a margem orbital de A. caraya termina na gla- 
bella, emquanto que em A. /usca ella se prolonga 
em forma de bordo entumecido por sobre a glabella, 
em direcção à do lado opposto. Átraz deste rebordo 
tranversal da glabella a testa é concava, emquanto 
que ella é quasi uniformemente plana em A. caraya. 
Alem disto estas duas especies que habitam a região 
ao sul da Amazonia ainda tem de commum a confor- 
mação da metade posterior do osso palatino, que é 
quasi horizontai, emquanto que nas especies ama- 
zonicas, especialmente nos machos adultos este osso 
soffre atraz uma curvatura para cima. 

A crista nasal da À. caraya & quasi rectilinea ; 
em A. fusca eila é concava, em forma de sella. 
Entre as especies da margem septentrional do Ama- 
zonas tambem A. siraminea tem o osso nasal curto 
e concavo, emquanto que as cutras especies o tem 
apenas muito pouco curvo, quasi direito. 


Hensel deu certo valor à forma do maxillar 
inferior, isto é à grande proeminencia do mesmo 
em A. fusca em comparação com A. seniculus ; 
entretanto na nossa serie ha craneos em que esta 
differença não existe e tainbem a largura dos in- 
cisivos tão pouco como o comprimento da serie dos 
molares não tem valor differencial. 

Em geral os caracteres especificos bem pronun- 
ciados observam-se melhor nos machos velhos e 
durante os meus estudos apreciei, em especial, o 
valor dos seguintes caracteres: a conformação da 
margem orbital superior e dos ossos palatinos e 
nasaes. Alem disto verifiquei que ainda um outro osso, 
que até agora não hava sido estudado, deve ser 
tomado em consideração: é o osso hyo de. A por- 
ção principal deste osso que designamos como sendo o 
corpo, é entumecida na sua parte anterior-superior, 
por onde se estende a cavidade geral. A margem 
inferior d-sse corpo, de onde, de cada lado partem 
os longos e bem desenvolvidos cornos posteriores, 
é que menos tranformações soffreu. 

Ainda que em todas as especies de Alouatia 
esse osso hyoide tenha passado pelas modificações 
necessarias para a sua funcção de capsula resonante, 
comtudo a respectiva forma é caracteristica para 
cada especie, de modo que só por elle é possivel 
fazer a classificação dos especimens. No proprio 
corpo do osso, na sua porção entumescida, encon- 
tram-se diversidades, como sejam o estreitamento 
posterior, que falta apenas em A. belzebul, especie 
esta que aliás entre todas tem o osso hyoide mais 
entumescido. À porção mais caracteristica é em 
especial a margem posterior e a lamella que, partin- 
do dahi vae ter em cima à abertura larga do corpo, 
lamella esta que denominaremos «tentorio». Em A. 
sen culus este tentorio é pronunciadamente arqueado- 
convexo com margem anterior ou superior recta. 

Em A. belzebu! elle é concavo, en A. fusca 
chato ou ligeiramette concavo, de modo que a 
margem livre superior é quasi sempre convexa. 
Em A. caraya o tentorio falta de todo ou, havendo 


vestigios, é chato, baixo, com margem superior recta. 
A margem posterior do tentorio entre os dous cor- 
nos trazeiros é chanfrada em A. caraya, estreita 
em A. belzebul, um tanto larga em A. fusca e muito 
larga e arqueada em A. seniculus. 


Fig. A 


Larynge e osso hyoide de Alouatta fusca, vendo-se emcima o osso 

com a sua abertura dirigida para d'ante ; dos processos posteriores parte O 
«ligamento», pelo qual se une à larynge. 

Caracteristica tambem é a altura do tentorio 
considerada na proporção da abertura de resonancia, 
como se o verifica pela tabella seguinte. Expri- 
mem essa relação em percentagem da altura da 
abertura de resonancia os seguintes algarismos da 
altura do tentorio: A. caraya 0-11; A. belze- 
bul 35, A. fusca 48-66; A. seniculus 71, sempre do 
sexo masculino. 


E” evidente que assim A. senzculus com ten- 
torio extraordinariamente longo e muito arqueado 
bem como A. caraya com tentorio muito reduzido 
ou de todo ausente se distinguem sem difficuldade 
das demais especies. 

Si tomarmos em consideração tambem os exem- 
plares femininos e juvenis vemos que os tentorios 
nestes casos são sempre muito baixos ou faltam in- 
teiramente, o que explica a forma deste orgão em 
A. caraya. Nas femeas adultas de A. belzebul o 
tentorio tem apenas metade da altura que se obser- 
va no macho, e na femea de 4. fusca elle é pro- 
porsionalmente ainda mais baixo; na femea de À. 
caraya o tentorio falta inteiramente. Em um ma- 
cho novo de A. fusca n. 40%, ao qual ainda fal- 
tam os dous molares posteriores, tambem o ten- 
torio ainda não existe. 

Para melhor comprehensão do que fica exposto 
com relação a estas particularidades do osso hyoi- 
deo, reproduzo desenhos desses orgãos de todas as 
espacies brazileiras; quanto aos detalhes relativos 
às dimensões, reunimol-os na seguinte 


Tahella das medidas do osso hyotdeo 


ESPECIE | Ee EE = É Si E 

Zé | E2 | = JEES| EESER 

Werbelvebul) game gh. Elid a 39,0 3D 
AL phelzebul’ Qui vse.) > BAhox2B8hdo eee 20 30 
A. fusca 2204 gy. .| 58) 32/14,5] 30 48 
AtGfusca.. 22080 Setesiie 62/88) 21811227; 0066 
Motes Glad: sey 4411028400 Gre 22 27 
A. seniculus q . .| 66|39,5| 18,5) 26 71 
A. caraya g . . .158,5| 33,5) 4,5) 40,5 11 
Aicaray antqdesar WN 54) «52 One 0 
Aa VD, er) «Bb 0 


— 242 — 


Das especies Alouatta vllosa e palliata infe- 
lizmente não disponho de material. Será facil ve- 
rificar pelo respectivo exame si os ossos hyoideos das 
especies central-americanas pertencem ao grupo de 
sen.culus ou de caraya. Entre os numerosos ossos 
hyoideos de A. caraya do Museu Paulista ha um 
exemplar com uma estreita lamella transversal en- 
tre os cornos posteriores e ainda um outro especi- 
men com lamella identica, atraz da qual se encaixa 
uma exigua cavidade em forma de sacco. 


A margem posterior é arredondada em A. se- 
nevlus e belzebul, rhomba ou um tanto chanfrada 
em A. fusca e nitidamente chanfrada em A. caraya. 


Uma outra questão que ainda deve ser men- 
cionada é a feição dos cabellos frontaes, dispostos 
em rodopio mais ou menos triangular e que des:- 
gnamos como o «tupete»; já o mencionei ao des= 
crever A. belzebul e observo que tambem nos exem- 
plares de machos velhos de A. seniculus e stra- 
minea da nossa serie os tupetes estão bem desen- 
volvidos. 


A’ maior parte dos exemplares de A. caraya 
que tenho presentes elle falta, mas Sclater o figura 
em seu trabalho nos Proc. Zool. Soc. London, 1872, 
p. 6 e tambem Burmeister menciona-o na Descri- 
ption phys. I], 1879, p 48. Mais adiante à pa- 
gina Ol Burmeister acha que o tupete falta à es- 
pecie 4. fusca, o que entretanto devo desdizer à 
vista dos nossos exemplares. Evidentemente Bur- 
me ster não conheceu exemplares machos bastante 
velhos e assim tambem & de suppor que, ao ser 
examinada uma boa serie de machos velhos de 4. 
v.llosa, se verifique ser erronea a opinião de Sclater, 
quando diz faltar o tupete a esta especie. E” pre- 
ciso tomar em consideração que é muito bem pos- 
sivel que taes caracteres proprios aos individuos mais 
velhos, em alguns delles nunca cheguem a se de- 
senvolver. 


Esse conjuncto de caracteres que até aqui vi- 
mos estudando, uma vez examinado com relação a 


— 243 — 


todas as especies do genero, permittirá o agrupa- 
mento natural das mesmas. 

Tomandc em consideração só as especies bra- 
zileiras podemos, nesta base, estabelecer dous gru- 
pos, dos quaes um abrange as especies do Brazil 
medio e meridional, emquanto que ao outro perten- 
cem as especies amazonicas. O primeiro delles tem 
uma margem orbital larga, emquanto que na se- 
gunda ella é fina. Caso isto levasse au estabeleci- 
mento de dous subgeneros, Alouatla s. str. com- 
prehenderia as especies amazonicas que são as que 
ha mais tempo foram descriptas, inclusive os typos 
dos varios nomes genericos propostos. 

Por outro lado A. caraya contrasta com todas 
as demais especies, principalmente com relação à 
forma do osso hyoideo. Nestas circumstancias e 
emquanto não disponho de informações precisas 
sobre as especies central-americanas, prefiro deixar 
apenas apontadas estas questões, para resolução ul- 
terior. 

A grande dificuldade nesta discussão é que nos 
faltam em absoluto quaesquer dados para a apre- 
ciação do desenvolvimento phylogenetico do orgão 
de resonancia em que se transformou o osso hyoideo. 
Varios outros macacos, como por exemplo os Ateles 
possuem dilatações analogas da garganta ou da la- 
ringe mas não ha ahi nenhuma interferencia do osso 
hyoideo. Não podemos esperar que obtenhamos 
esclarecimentos da parte de achadcs paleontologicos 
e assim apenas nos resta a comparação morpho- 
logica como base para a discussão. Evidentemente 
os saccos de resonancia a principio da frente se 
justapuzeram ao corpo do osso hyoideo, vindo a 
ficar collocados, depois, em uma simples depressão 
do mesmo, o que successivamente conduziu a uma 
concavidade e finalmente redundou nessa entume- 
scencia do corpo do osso hycideo. 

A ultima phase desta transformação parece ter 
consistido no desenvolvimento da parte posterior da 
cavidade e assim ainda hoje esta porção do orgão 
é pequena ou falta de todo em A. caraya. 


O grande crescimento deste recesso posterior, 
a conformação arredondada e entumescida da mar- 
gem posterior e o desenvolvimento da lamella as- 
cendente são as ultimas phases deste processo evo- 
lutivo. Está de accordo com esta interpretação o 
que vimos nos especimens femininos, em que este 
orgão não sO é menor, como tambem a lamella 
ascendente, isto é o tentorio, ê muito mais curta e 
o recesso posterior menos volumoso. F7 que a fe- 
mea se assemelha mais neste respeito à forma ju- 
venil commum aos dous sexos, ou por outra, as fe- 
meas mantem durante toda a vida os caracteres 
juvenis, emquanto que nos machos quanto mais 
velhos, tanto mais pronunciadamente nelles se evi- 
denciam as particularidades caracteristicas da especie. 

Do que fica exposto resulta que, sub ponto de 
vista phylogenetico ha a distinguir no desenvolvi- 
mento do genero — Alouatta duas phases, distinctas 
com relação à transformação peculiar do osso hy- 
oideo ; por emquanto nos é conhecida só uma 
dellas, a da formação do tentorio com o recesso 
posterior que elle inclue. 

Este ultimo processo já é a phase final e on- 
togeneticamente elle se repete, visto como o tentorio 
ainda falta nos machos novos; é muito provavel 
que nas femeas novas se dê o mesmo, mas infe- 
lizmente não pude examinar taes especimens. As 
femeas conservam-se durante toda a vida nesta phase 
de macho novo e em uma das especies, 4. caraya 
geralmente nem nos machos velhos o tentorio não 
se desenvolve. Neste sentido A. caraya apresenta 
a modalidade mais primitiva desta evolução e, pa- 
rece-me que tambem quanto aos demais caracteres, 
em especial aos do colorido, podemos suppor o mes- 
mo. Deste modo deveremos considerar aquellas es- 
pecies, cujos machos velhos tomam um vivo colo- 
lorido vermelho, como as que soffreram as modi- 
ficações mais profundas. 

O colorido primitivo do genero Alouatta seria 
portanto semelhante ao que actualmente ainda obser- 
vamos em A. caraya, isto é pardo ou pardo-ama- 


rellado nos individuos novos e nas femeas velhas 
e bruno-escuro até quasi preto nos machos velhos. 

Um exame meticuloso das bolsas resonantes e 
dos outros caracteres que vierem ao caso nos ge- 
neros Zriodes, Cebus e outros affins tomando em con- 
sideração tambem as formas juvenis, dará certa- 
mente os melhores resuitados, no sentido de se poder 
concatenar as modalidades, que se observarem nesses 
generos aparentados, com as que ficam descriptas para 
Alouatia, cujo osso hyoideo transformado, portanto, 
ainda se nos afigura como um caso isolado. 


Para facilitar a classificação das especies da 
mossa fauna, elaboramos a seguinte 


Chave de classificacao das especies brazileiras do genero Alouatta 
segundo caracteres osteologicos 


A Margem orbital superior 
grossa, com 3 a 6 mm. 
de espessura; face dos 
palatinos horizontal, 
margem inferior do osso 
hyoideo chanfrada ; ten- 
torio curto ou ausente: 


a Margem orbital supe- 
rior entumescida, ex- 
tendendo-se até a gla 
bella; ossos nasaes cur- 
tos, concavos: tentorio 
não muito longo, em 
geral plano ou concavo. A. fusca 


aa Margem orbital superior 
pouco entuinescida, ter- 
minando aquem da gla- 
bella; ossos nasaes alon- 
gados, quasi planos; 
tentorio ausente ou mui- 
tO pequenos === À. “caraya 


AA 


CC 


bb 


— 246 — 


Margem orbital supe- 
rior fina, com 2-3 mm. 
de espessura ; margem 
inferior do osso hyoide 
arredondada ou alarga- 
da; tentorio bem des- 
envolvido. 

Face dos palatinos cur- 
vada para cima; ossos 
nasaes longos, apenas 
ligeiramente concavos : 
Frontal acima da gla- 
bella plano; compri- 
mento basilar nos ma- 
chos de 111 a 113 mm.; 
recesso posterior do osso 
hyoideo largo, tentorio 
longo e convexo. 
Frontal acima da gla- 
bella ligeiramente con- 
cavo, muitas vezes la- 
teralmente com covinha 
antes do inicio da crista 
temporal; comprimento 
basilar do macho de 101 
a 106 mm. (excepcional- 
mente até 111mm), Re- 
cesso posterior do osso 
hyoideo de tamanho re- 
gular, tentorio concavo. 
Face dos palatinos ape- 
nas curvados para cima 
quasi horizontaes. Ossos 
nasaes curtos, fortemen- 
te curvados, concavos. 
Frontal acima da gla- 
bella quasi plano ; com- 
primento basilar de 90 
a 100 mm. Osso hyoi- 
deo desconhecido 


e 


A, 


As 


seniculus 


belzebul 


straminea 


Parte especial das especies brazi- 
leiras do genero Alouatta 


Alouatta fusca Gcofr. 


São synonymos desta especie Myceles urs nus 
de Wied e Hensel, c tambem a figura publicada 
por Humboldt representa o mesmo animal, emquanto 
que a descripçäo do mesmo auctor se refere a uma 
outra especie. Em consequencia deste equivoco, 
isto é por ter sido a descripçäo de uma especie do 
Orinoco, acompanhada da figura deste nosso bugio, 
o nome especifico ursinus frequentemente tem sido 
mal applicado. 

Esta especie occorre 20 Brazil meridional desde 
o Rio Grande do Sul ao longo da Serra do Mar, 
até a Babia, e segundo Burmeister até ao rio S. 
Francisco. 

Desta forma temos no Estado de S. Paulo a 
especie 4. fusca na região littoral, emquanto que 
na região do Oeste vive A. caraya. 

Em geral só os exemplares machos adultos, 
mais velhos adquirem a côr ruiva-viva, emquanto 
que os mais novos são mais escuros; nas femeas 
predomina o colorido bruno, quasi preto. 

Pelo exame do material da collecçäo do nosso 
museu distingo duas formas locaes; uma meridional 
que occorre entre o Rio Grande do Sul e o Rio 
de Janeiro e outra septentrional, da Bahia, Espirito 
Santo e regiões adjacentes de Minas Geraes. A esta 
ultima forma refere-se Juhl, segundo o qual no 
Museu de Paris havia destes especimens trazidos 
pelo principe Wied. Tambem a descripçäo mais an- 
tiga de Geoffroy refere-se a esta subspecie, como 
se deprehende da indicação de que as pontas dos 
pellos dorsaes são de côr amarello-dourada. 


— 248 — 


Os nossos exemplares do Espirito Santo e 

de Theophilo. Ottoni, todos da região do rio 
Doce, comquanto de 

colorido variavel, tem 

a particularidade ca- 

racteristica em am- 

bos os sexos de ter- 

minarem os pellos 

dorsaes em longas 

ra 1 pontas amarello-pal- 
lidas. Nas femeas em 
geral o colorido é 
mais escuro. A côr 
Secções mediaria: do osso hyoide Alo- ruiva quando mais 


ualta fusca fusca Geoffr. (fig. 1) e Al. fusca 


gugriba Ih. (fig. 2), machos adultos. Osal- avi 2 ] = 
garismos estao collocados no recesso poste- evidente, à; Malls 78s 


dente aa fama membrana sseer” cura do que na varie- 
dade meridional. 

Ao contrario, nesta ultima, predomina nos ma- 
chos o tom ruivo e bruno-vermelho e as femeas 
são bem mais brunas, denegrides, quasi bruno-pre- 
tas. A esta subspecie meridional damos a denomi- 
nação de ALOUATTA FUSCA GUARIBA subsp. n. 

Os machos velhos tem um tupete bem desen- 
volvido ; varios auctores o puzeram em duvida, mas 
“sem razão. EK’ muito provavel que não haja especie 
alguma de Alowatta na qual os individuos mais 
velhos, ou ao inenos parte delles, não adquira um 
tupete. 


Alouatta caraya Hunb. 


Esta especie foi descripta em 1811 com o no- 
me de Simia caraya por A. v. Humboldt e em 
1812 como Stentor niger por E. Geoffroy ; ambos 
os auctores referem-se à descripção de Azara. Troues- 
sart reuniu correctamente a synonymia; accre- 
scentaremos que H. Winge (E Museu Lundi, VI, 
2, p. 4) empregou para a mesma o nome Mycetes 
seniculus. A. caraya & especie do Brazil central, 
occorrendo tambem na Bahia e nas regiões occi- 
dentaes dos Estados de São Paulo e Paraná. Na Ar- 


— 249 — 


gentina encontra-se segundo Burmeister no Grão 
Chaco e em Corrientes. Conhece-se esta especie 
ainda de varias regiões do Matto Grosso, e da Bo- 
livia e Paraguay. A indicação de Trouessart, de 
que A. caraya tambem se encontre em Borba, no 
curso inferior do rio Madeira, baseia-se em indica- 
ção erronea. Entretanto é certo gue os afluentes 
da margem direita do Amazonas são habitados em 
seu curso inferior por outras especies de bugios que 
não as do curso superior. Desta forma a expedição 
de Castelnau obteve A. caraya no curso superior 
do rio Araguaya e A. belzebul no curso inferior ; 
Natterer que caçára o A. sen'culus no rio Madeira 
obteve o A. belzebul 

proximo a emboca- 

dura do mesmo rio. 

O. Thomas mencio- 

j na A. caraya de 

Inambari do sudeste 
de Perú e EL. Festa 


a L (Boll. Mus. Zool. To- 
LORIE rino, A VII, n. 438, 
sg. 3e E 8 AO 

Secções medianas do osso hyoideo de 1903, P- 3) obteve 


Alouatta caraya Hemb., machos adultos. Os 4 k li - 
algarismos estão collocados à esquerda da exemplar Es do Ho 


Fe Jamina ascendente do tentorium, que ral do Equador perto 
alta no n. 4. 1/2 do tamanho natural. zs 

de Vinces, estabele- 
cendo para os mesmos a subspecie equatorialis. 
Como se deprehende de nosso mappa, as zonas de 
distribuição de 3 especies diversas de Alouatta con- 
finam na região de Chapada no Matto Grosso e 
circumvisinhanças, portanto das cabeceiras do rio 
Paraguay e ao norte dellas. Comprehende-se, pois, 
que as varias expedições que percorreram essa zona 
tenham obtido ahi especies diversas de bugios. Nat- 
terer colleccionou A. caraya nas cabeceiras e no 
curso superior do rio Paraguay, emquanto Castelnau 
menciona A. chrysura ou siraminea dessa zona. 
E' muito provavel que nesse caso a proveniencia do 
exemplar tenha sido mal indicada, porque o espe- 
cimen, que alias é A. seniculus, não fora obtido nas 
cabeceiras do Paraguay mas na zona adjacente do 


systema do Amazonas. Em geral mesmo as rotula- 
ções de Castelaau devem ser acceitas com certa 
reserva, como o mostra o caso de uma concha do 
genero Lela do systema Araguaya, que aquelle 
auctor menciona como proveniente do Rio de 
Janeiro. 


Alouatta belzebul L. 


Ja demos acima informações detalhadas sobre 
esta especie; a distribuição da mesma limita-se à 
zona dos afiluentes da margem direita do Amazonas, 
do rio Madeira até o littoral. Cope recebeu-a de 
Herbert-Snuth, de Chapada no Matto Grosso. O 
que Cope affirma com relação à direcção dos ca- 
bellos da testa, não é exacto, ou antes é uma ge- 
neralização menos acertada de um caso isolado. 
Natterer caçou esta especie em Borba no curso in- 
ferior do Rio Negro. Do Pernambuco ella foi men- 
cionada já em 1648 por Marcgrave e Piso, mas 
de então para cá nunca mais houve confirmação a 
respeito. Seria tempo que o governo de Pernam- 
buco dedicasse alguma attenção à exploração scien - 
tifica da flora e fauna do respectivo Estado, o que 
ja agora ha mais de 250 annos não se faz. Spix 
obteve esta especie no rio Tocantins, Castelnau no 
rio Araguaya. 


Alouatta straminea ‘pz 


Foi Spa quem em 1823 primeiro descreveu 
esta especie, segundo exemplares do nordeste do 
Brazil, isto é do Amazonas superior e do rio Negro. 
Seis annos mais tarde E. Geoffroy deu-lhe o nome 
de Mycetes chyrsurus descrevendo exemplares da 
Colombia; habita tambem a Venezuela, de onde 
procede o nosso exemplar. O respectivo couro, cuja 
cor geral é bruno-vermelha, tem no dorso e na 
metade apical da cauda, os pellos terminados em 
pontas amarello-douradas. Não se trata apenas de 
uma variante do colorido de A. sen'culus porque 


3 


o craneo é sensivelmente menor. As cristas tempo- 
raes ficam um pouco mais distantes umas das ou- 
tras do que em A. sen'culus, ainda que, como 
nessa especie, ellas se prolonguem sobre a margem 
orbital externo. A margem orbital externa é fina, 
só pouco engrossada e prolonga-se sobre a glabella 
em direcção à do 

= lado opposto. Os 
rae palatinos mostram 
ap2nasligeira cur- 

vatura posterior. 
São de notar as 
pequenas dimen- 
sões e a forma 
concava dos ossos 
nasaes. Neste sen- 
tido a presente 


especie approxi- 
Secções medianas do osso hyoide de 4. 


belzebul (fig. 5) e 4. seniculus (fig. 6). Os alga- ma-se Mais de vale 


rismos estão collocados no recesso posterior, li- : a De 
mitado à direita pela curta Jamella a-cendente fusca, especie es 
do tentorium; figuras de machos velhos, 1/2 de ta na qual Os 


tamanho natural. 

ossos nasaes dos 
machos velhos não medem senão 19-20mm., em- 
quanto que em A. seniculus, alem de medirem 20-26 
mm., são apenas ligeiramente curvos. Para o fim 
de facilitar a comparação dos craneos damos a se: 
guinte 


Fig. 5 e 6 


Tabella das medidas dos craneos de Alouatta straminea e A. seniculus 


| 


ESPECIE 


res superiores 


silar 
bital 


— 
Ss 
= 


Comprimento to- 
Comprimento ba- 
Largura inter-or- 
Largura maxima 
Série dos mola- 
Comprimento dos 
OSSOS nasaes 


Numero 


A straminea & B.20 116, 100 a 50,0] 36,8] 17,8 
A. seniculus “| 769! 133,5] 112) 14| 52,5] 38,5] 25,5 
A. seniculus | 771) 134] 110) 15/50,4] 30) 26 
A. seniculus Q| 766} — | &8 12,8) 52,5) 33) 16 
A. seniculus ¢| 773) 115) 89,5) 11) 52! 36/ 19,8 


— 252 — 


Alouatta seniculus L. 


EK” uma especie amazonica, que falta apenas nos 
afluentes da margem direita do Amazonas, entre o. 
rio Madeira e o littoral, sendo que ahi é substituida 
por A. belzebul. Quanto às affinidades de À seni- 
culus com a especie septentrional A. straminea, 
veja-se o que ficou dito acima, ao me referir a esta 
ultima. 

Ao que parece a presente especie é mais ow 
menos constante no seu colorido ; ha comtudo va- 
riedades com pello dorsal ruivo claro, mas não com 
metade apical da cauda amarellada. Humboldt dew 
a esta especie o nome wrsina, e por engano illus- 
trou sua diagnose com uma figura do bugio do 
Brazil meridional; dahi, como já o dissemos, provêm 
os frequentes enganos de ser dado o nome wrsinæ 
à nossa 4. fusca. Em geral a synonymia estabelecida 
por Trowessart & correcta, com excepção de A. seni- 
culus Winge, que pertence à synonymia de A. caraya. 

Um incidente engraçado deu-se ainda ultima- 
mente com relação a exempiares desta especie. 

D. G. Elliot (Annals and Magasin of Natural 
History, 8 Sec., Vol. V, London 1910, p. 80) des- 
creveu especimers do rio Juruá como representan- 
tes de uma especie nova, que elle denominou A. 
juara porque como explica, provinham do rio Juara 
em seu curso em territorio peruano. Tão pouco se trata 
de uma especie nova, nem mesmo de uma subspecie 
indescripta, como não ha nenhum rio com o nome 
de «Juara». Alem disto Ællot não consultou nem 
mesmo mencionou a unica publicação existente com 
relação aos simios da zona do Juruá e que fora 
por mim publicada no Vol. VI desta revista, 1904, 
pg. 408. 

Finalmente o auctor em questão nem de passa- 
gem se refere aos exemplares de A. seniculus que por: 
este museu foram enviados ao Britsh Museum, a 
cuja collecçäo entretanto se refere. Entretanto foi 
especialmente com o fim de evitar desatinos como. 
este aqui exemplificado que o vffereci ao mur 


— 253 — 


seu londrino uma serie quasi completa dos dupli- 
catas da nossa collecçcäo de macacos do Juruá. E 
ainda que o British Museum tivesse recebido effe- 
ctivamente bugios da região peruana do rio Juruá, 
teria sido necessario, a bem do estudo mais apro- 
fundado da questão, comparar esse material com os 
exemplares recebidos do Museu Paulista e colligidos 
pelo sr. Ernesto Garbe. Ao quanto eu saiba não 
houve outra exploração scientifica da região do 
Juruá, alem da que foi promovida pelo Museu Pau- 
lista e si portanto as indicações do sr. [ll oi se re- 
ferem aos especimens colligidos por esta occasião, 
tambem é falso que exemplares de macacos em 
questão provenham da região peruana do Juruá, 
visto como o sr. Ernesto Garbe trabalhou apenas 
em territorio brazileiro, do mesmo afiluenle do 
Amazonas. 

A respeito das duas especies central-americanas 
A. palliata e villosa qre talvez devam ser consi- 
deradas como der:vadas ou de A. belzebul ou de 
A caraya, nada posso adiantar aqui, por me fal- 
tarem os necessarios dados sobre os seus caracteres 
osteologicos. 


A distribuição geographica dos bugios 


A distribuição geographica dos simios tem im- 
portancia capital para a apreciação da historia da 
região neotropica e suas provincias e de entre as 
respectivas especies, é em especial o genero Alouattu 
que mais nos deve interessar, porque ao menos uma 
parte desses bugios não vive adstricta à região das 
mattas virgens. (Queremos crer que o mappa da 
distribuição geographica de Aloualta à qual aqui 
damos publicidade tambem poderá ser considerada 
como typica para os demais macacos, bem como 
outros animaes que habitam as florestas. 

Tomando por base as considerações acima ex- 
postas e confrontando no mappa a distribuição das 


— 254 — 


varias especies de Aloualla, verifica-se desde logo 
o facto de que em cada uma das zcnas geographicas 
assignaladas não se encontra senão uma unica es- 
pecie do genero em questão. Naturalmente, nas 
regiões limitrophes as duas especies confinantes co- 
habitam a mesma zona, em extensão variavel, mas 
ainda assim com certas restricções, porque as con- 
dições de vida favorave's para cada especie variam. 
Assignalamos neste sentido o que se observa com 
relação ao bugio preto, A. caraya, que tempora- 
riamente pode adaptar-se à vida nas caatingas e 
que mesmo chega a emprehender a travessia 
das regiões dos campos. À enorme area de dis- 
persão dos bugios pretos que, atravessando todo o 
continente, se extende desde a região cafeeira do 
Estado de S. Paulo até os cacoaes do Equador, 
explica-se em virtude do modo de vida desses ma- 
cacos, como deixamos assignalado ; atravessando os 
campos ou seguindo a vegetação das margens dos 
rios ou vivendo mesmo nas capoeiras, foi-lhes pos- 
sivel realizar taes migrações. 

Uma zona inteiramente a parte habita a es- 
pecie das mattas virgens da serra do Mar do Brazil 
meridional, Alowatla fusca. 

Está claro que a zona actualmente occupada 
por estas especies & apenas uma pequena parcella 
da antiga area, extensissima, e que o centro de 
dispersão das especies de Aloualta devem ter sido 
as mattas tropicaes do pé da cordilheira dos Andes 
da Bolivia, do Perú e Equador. E singular que a 
especie venezuelana evidencie maiores affinidades cra- 
neologicas com a especie do Sul do Brazil do que 
com A. seniculus, principalmente no que diz res- 
peito à forma dos ossos nasaes e palatinos; por 
outro lado A. fusca occupa uma posição isolada 
pelos caracteres das margens orbitaes da glabella. 
Evidentemente existiram antigamente formas de 
transição e precursores desses bugios ruivos; delles 
descende A. fusca, que veiu ter ao Brazil meridio- 
nal, emquanto que na região em que elle se origi- 
nou, essa raça se extinguiu. 


— 255 — 


Ha ainda varios outros dados zoogeographicos 
que tambem nos assignalam a antiga existencia de 
uma zona de mattas ou pelo menos de terras altas 
que se extendiam da Bolivia pelo Matto Grosso até 
São Paulo e Rio de Janeiro; mais tarde a solução 
d: continuidade foi acarretada pela formação dos 
valles dos rios Paraguay e Parana. 

Gorroborando taes conclusões, podemos lembrar 
a distribuição dos generos de caracoes Strophochei- 
lus ou Bulimaus; a este respeito fiz uma communi- 
cação à Academia de Sciencias de Paris apresentada 
pelo pref. E. Bous.er, (Compt. Rend. 1911, n. 16, 
p. 1065-1067). 

Os animaes que habitam as mattas e que são 
dotados de meios de dispersão limitados, são detidos 
em suas migrações, tão bem pelos campos abertos 
como pelos mares. Si portanto existirem especies 
identicas ou affins em mattas separadas por esta 
forma, devemos suppór que ao tempo da respectiva 
dispersão, as zonas de mattas e campo devem ter 
apresentado outra configuração. 

E' isto justamente que nos mostram as condi- 
ções zoogeographicas da America do Sul e Central, 
e, quanto mais adiantada se revelar a distintção es- 
pecifica dos elementos faunisticcs hoje em dia iso- 
lados, tanto mais antiga deve ser a separação dessas 
zonas. 


EXPLICAÇÃO DAS ESTAMPAS 
ESTAMPA IV 


Ossos hyoides de bugios vistos de frente, com 
a margem posterior para baixo. Tamanho natural. 

Fig. 1. Hyoide de A. fusca Geoffr. n. 2201, 4. 

Fig. 2. Hyoide de À. susca guar.ba lh. n. 
ROME. 

Fig. 3. Hyoide de A. fusca guarba lh. n. 
413 q. 

Fig. 4. Hyoide de A. fusca guar.ba jh. n. 
PRE eee 


— 256 — 


ESTAMPA V 


Com excepção da figura 7, em que o osso é 
visto do lado, as demais figuras representam o osso 
hyoide de frente. Tamanho natural. 

Fig. 5. Hyoide de A. seniculus L. ¢ 
Fig. 6. Hyoide de A. belzebul L. ¢. 

. 7. Hyoide de A. caraya Humb. n. 1472, g. 


Fig 
Fig. 8. Hyoide de A. caraya Humb. n. 1401, q. 


Die Briillaffen der Gattung Alouatta 


VON 


H. VON IHERING 


(Mit Taf. IV u. V) 


Der sexuelle Dimorphismus, die mannigfachen 
Veränderungen, welche das Fell, mamentlich in Be- 
zug auf seine Färbung, nach Geschlecht und Al- 
tersstadien durchläuft, die zumeist ungeniigende Zahl 
der untersuchten Exemplare und andere ähnliche Ver- 
haltnisse haben dahin gefiihrt, dass man gegenwirtig 
über die wenigen Arten von Brüllaffen, welche in 
Súd-und Mittel-amerika leben, noch ganz unvoll- 
kommen unterrichtet ist. So ist es gekommen, dass 
man noch in den letzten Jahren die Zahl der ver- 
meintlichen Arten vermehrt hat und es scheint mir 
daher angemessen, meine eigenen Erfahrungen, welche 
ich in der begonnenen Monographie Jer Säugetiere 
Siidbrasiliens niederlegen will, schon jetzt hier kurz 
mitzuteilen. 

Die schwierigste Art ist zur Zeit wohl die 
am längsten bekannte A. bezebul L. Gerade von 
dieser Art aber besitze ich jetzt eine gute Serie von 
Bälgen und Schädeln aus Maranhão, welche mich in 
die Lage verserzt, die kürzlich veróffentlichte Darstel- 
lung von G. Dollman (1) einer kritischen Priifung 
unterziehen zu kônnen. 

Die erwähnte Sammlung stammt von Miritiba 
im Staat Maranhão und ich verdanke dieselbe dem 
fiir unser Museum erfolgreich tätig gewesenen Natu- 
raliensammler Herrn F. Schiwanda, dessen Tod wir 
aufrichtig beklagen. Derselbe hat meinen Anwei- 


(1) G. Dollman, Ann. & Mag. Nat. Hist. Ser. 8, vol. 
VI, 1910, pag. 422-424 


— 258 — 


+ 


sungen entsprechend allmahlich sich in der Prärpara- 
tion der Felle vervollkommnet, leider aber, wie das 
Neulingen nicht selten passiert, die Schidel zum 
Teil verwechselte. Ich habe daher nach den Ge- 
schlechts — und Alterscharakteren der Felle und Schã- 
del, Schusswunden usw. eine sorgfältige Kritik geübt 
und zwei Exemplare aus der Betrachtung ausgeschie- 
den. Die weiterhin gegebene Liste von Massen tiber- 
hebt mich einer eingehenden Besprechung der einze- 
nen Exemplare, und ich gebe daher hier nur die Far- 
benverhältnisse der verschiedaen Felle an. Zunächst 
die Exemplare männlichen Geschlechts: Das jüngste 
der mir vorliegenden Individuen ist mutmasslich N.º 
2750, durch das anhängende Scrotum als Männchen 
erwiesen, aber mit falschem Schädel versehen. 

Das Riickenhaar ist in der Mitte dunkelbraun, 
an den Seiten blass graubraun mit hellgelben Spitzen 
von Seiden — oder Goldschimmer. Am Anfang des 
Riickens liegt zwischen den schwarzbraunen Schultern 
ein Wirtel gelbbrauner, divergierender Haare. Nacken 
und Oberkopf sind dunkelbraun, mit gelblichen Spi- 
tzen, ein kleinerer Wirtel divergierender Haare hegt 
vorn auf der Stirn. Der kurze Bart ist schwarz wie 
auch der Oberarm; der Unterarm wird heller bräun- 
lich, die Hand ist rostbraun, die Fing r sind blassgelb 
behaart, über die Riickenmitte zieht ein schwärz- 
licher, breiter Streifen. Die Basalhilfte des Schwanzes 
ist blass-rotbraun, mit gelblicher Sprenkelung, die 
Endbälfte dos Schwanzas hellbraun. 

N. 2749 ist ein erwachsenes, aber noch nicht 
ausgefärbtes Individuum. Die Haare am Vorderrand 
der Stirn sind aufgerichtet, aber nur ia schmaler 
Zone. Die vorherrschende Farbe am Riicken ist rot- 
braun, die Haare sind grossenteils leicht gekrau- 
selt und mil goldigen Spitzen versehen. 

Die Extremitäten sind dunkelbraun, ! üsse und 
Hinde blass-rotoraun behaart. Kinn und Bart schwarz- 
braun, der Schwanz hell-rotbraun, gegen die Spitze 
mehr rótlich. 

N, 2747 schliesst sich unmittelbar an das vo- 
rausgehende Individuum an, ist aber von bedeutend 


= Ugo 


dunklerer Färbung auf Kopf und Nacken schwärz- 
lich mit rotbraunen Spitzen. Die langen Haare der 
Flanken sind hell-rotbraun, der Schwanz schwarz 
mit diister-rotbrauner Spitz. 

N. 2484 hat auf den Rücken blassbraune Fär- 
bung mit dunklerer Mitte. Die langen Haare der 
Flanken sind teils blass-rotgelb zum Teil mit gold- 
gelben Spitzen, die Extremitäten dunkelbraun bis 
Schwärzlich. Der ScEwanz schwärzlich, mit rot- 
braunen Ilaaren durchsetzt, die nach der Spitze 
etwas heller werden. Die Haare am Vorderrande der 
Stirne sind in schmalen Streifen vertikal aufgerichtet, 
das Fell nater und hinter demOhr ist blass-gelbbraun. 
Hände und Füsse sind blass rotbraun, behaart 
nach den Fingern hin mehr gelblich. Dieses Tell 
entspricht somit ziemlich gut jenem der A. discolor. 

N. 288) ist ein grosses, typisches Stück von 
A. belzebul mit glinzend schwarzem Haar auf der 
Oberseite, welches an den Flanken in dunkel-kas- 
tanienrot iúbergeht. D:r Schwanz ist fast einfarbig, 
schwarz, nur in der Endhilfte sparsam mit kurzen 
rotbraunen Haaren durchsetzt. Ellenbogen, Ohrrand 
sowie Hiinde und Füsse sind rotbraun behaart. 
Eine ziemlich breite am Aussenwinkel der Augen 
endende Binde aufwärts gerichteter Haare nimmt 
den Vorderrand der Stirne ein. 

Im Vergleiche zu dem vorhergehenden Yelle 
erweist sich dieses durch den Stirnschmuck aufgeri- 
chteter Haare, den Nimbus wie ich ihn im Folgenden 
nennen werde, als iilter. Die Temporalcristen nähern 
sich einander in ihrer Verlingerung über das Stirn- 
bein auf1) mm., aber bei n. 2747 bis auf 11 mm. 
wahrend sie bei der Mehrzahl der erwachsenen männ- 
lichen Schädel 22-25™ von einander entfernt bleiben. 

N. 2747, welches von der helleren Seitenfär- 
bung abgesehen, ganz dem typischen belzebul gleich- 
kommt, hat das Gebiss fast so stark abgenutzt wie 
n. 2879, aber die Stirnplatte aufgerichteter Haare 
ist noch niedrig nnd wenig entwickelt. 

Unter den Individuen weibiichen Geschlechts 
liegen mir jiingere Stadien vor als bei den Männchen. 


— 260 — 


Das Tell n. 2900, das jiingste der mir vorlie- 
genden, ist von gelbbrauner Farbe, zum Teil na- 
mentlich hinter den Schultern rotbrann überlaufen. 


Uber der Riickenmitte etwas dunkler. Die Extremitã- 
ten sind braun, Hiinde und Fiisse blass-rctbraun, der 
Schwanz braun und gelbgrau gesmischt, in der End- 
halfte blass-rotbraun Auf dem Kopfe ist der Nim. 
bus schon deutlich, indem die Stirnhaare, welche 
gelbbraun und nach hinten und aussen anliegend 
sind. An dem zugehórigen Schädel sind die beiden 
hintersten Molaren noch nicht durchgebrochen. 

Das nächst-ältere Fell n. 2881 ist von grau- 
gelber Farbe, am Kopfe, den Extre nitäten und dem 
Schwanze sowie auf der Rückenmitte dunkler. 
Hände und Füsse sind rotgelb, respective an der 
Basis rôtlich tiberlaufen; die Schwanzspitze ist hel- 
ler, graugelb gefärbt. Die Haare in der Mitte des 
Vorderrandes der Stira sind aufgerichtet. 

Mehr oder minder ähnlich sind die Felle n. 
2485 und 2486 swie 2751 und 2754. 

N. 2054 ist von vorherrschend rotgelber Farbe, 
die Haare, namentlich an den Seiten, leicht gekräuselt, 
lang, mit goldiger Spitze. Breit und fast ebenso tief 
ist der Nimbus, dessen Haare aufrecht sind. Die 
- Endhälfte des Schwanzes ist einfarbig heil rotbraun. 

Bei n. 2148 ist der Nimbus auf eine schmale, 
dreieckige Stelle zwischen den Augen beschränkt und 
bilden die zusammenstossenden Haare eine Crista. Die 
Gesammtfarbe des I elles ist hell gelbgrau, nach den 
Seiten hin rotbraun, vielfach mit goldgelben Spitzen. 

N. 2752 hat den Nimbus auf einen schmalen 
Saum beschränkt; die Grundfarbe ist ein mattes 
Rotbraun mit Grau durchmischt; Bart, Schaltern, die 
Basis der Extremitäten und des Schwanzes sind 
schwarzbraun, über die Mitte des Schwanzes läuft 
ein rotbrauner Streifen, die Endhälfte des Schwan- 
zes ist gelbraun. 

Das Fell n. 2880 ist fast ganz schwarz oder 
schwarzbraun und hat die rotbraune Fárbung auf 
den Scheitel und die unregelmässigen Partien des 
Rückens beschrânkt. 


— 261 — 


Die Endhälfte des Schwanzes, Füsse und Hinde 
sind rotbraun behaart. Der Nimbus ist schmal, auf 
die Gegend zwischen den Augen beschränkt. Was 
die Schädel betrifit, so sind die Temporalcristen bei 
Männchen wohl entwickelt, aber in ihrer Annihe- 
rung erheblich verschieden. Es gibt auch weibliche 
Schädel mit deutlich entwickelten Temporalcristen, 
die aber etwas weit auseinander stehen. 

Die Schädel sind im ganzen etwas niederge- 
drückt, die Nasenbeine sind lang und an der Wurzel 
nur wenig konkav. Der obere Orbitalrand ist fein, 
meist nur 2mm. breit. Besonders auffallend ist auch 
der Winkel, in welche; die Gaumenbeine nach 
hinten aufwärts gebogen sind. Die schwicheren 
Eckzihne und die geringeren Dimensionen des Schä- 
dels lassen denjenigen der weiblichen Tiere leicht 
von den minnlichen unterscheiden. Auch sind die 
Nasenbeine am weiblichen Schiidel kürzer und konkav. 


Tabelle der Schädel und Kôrpermasse 


von A. belzebul 


—== |] 


| Kôrpermasse Schädelmasse 


| 


= 


ES Ee . IE IE D 
= ER =< “o = — co — =] co 
G| 2900] 380] 450] 11] 92,5] 71] 10) 51] ? 
9881} 420) 515] 12, 97] 72,5! 10/475] 2 
2485] 500] 550) 12) 103] 80] 12525 31] 
j 8751] 460] 525] 11) 102) 81,5) 11| 46 30 
2486] 4£0| 565] 11,5] 105] 84] 10) 51,5 3 
“| 2753] 460] 540) 11,5) 104] 80} 11] 46,5 31 
2754| 490] 575) 13) 108, 85) 13) 51.5) (32) 33 
2880] 450) 490) 12,3} 109} 85118] 51 30,5 
9748] 460] 500| 11,0) — 101] 12,5] 50 33 
| «| 2749) 540] 530} 12,6] 123,8] 104] 15,8] 52 35 
d'| 2847] 530] 590 14,0) 125) 104] 16,5) 54 37 
2484] 570| 600} 14,0] 127,5| 105] 18] 54 35 
3 2879) 590) 590} 13,5] 126,5] 105,5] 15,5) 54] 36,8 


ee ee AE mae nan 


— 262 — 


Kine Vergleichnng der Schiidelmasse der vor- 
stehenden Tabelle und der Charaktere der Felle weist 
darauf hin, dass diese zusammenlebenden Tiere einer 
und derselben Species angehóren. Es ist aus den 
Schiideln keinerlei Anbalt zu gewinnen fiir eine Tren- 
nung verschiedener Species und die beträchtlichen 
Variationen in der Farbe des Felles hängen gros- 
senteils vom Alter der Individuen ab. Das Anfangs- 
stadium der Färbung ist ein graugelber Ton mit 
dunklerer Rückenmitte. Weiterhin wird die Far- 
bung bei einzelnen Fellen lebhafter gelbrot (n 
2749-2748-2754), wobei der Seiden-oder Goldgianz 
der Haarspitzen besonders auffällt Dies ist Stentor 
stranuneus Geoffr. oder Simia strammea Humb. 
In der Regel erhilt sich lingere Zeit der graugelbe 
Ton, unter Beimischang von rotbraun, besonders 
an den Seiten und dies ist die Form, welcbe Spx 
A. discolor nannte. Felle endlich, wie n. 2750 
ähneln A. pzlliata Gray, wogegen die Felle n. 2747 
und 2879, 2880 und 2652 die ausgebildete Form 
von A. belzebul darstellen. Es ist hierbei zu be- 
merken, dass die letzte Alierstufe der Färbung bei 
einigen Individuen friiher, bei anderen spiiter er- 
reicht wird, und so erklärtes sich, dass man auch 
alte Exemplare im Kleide von A. discolor antrifft. 
Ebenso ungleich wie der Uebergang zur Altersfär- 
bung vollzieht sich auch die Ausbildung des Nimbus 
ober der dreieckigen Stirnplatte von aufgerichteten 
Haaren. Ich komme hiernach zu dem Ergebnisse, 
dass dis charakterische Färbung von A. belzebul 
erst in relativ hohem Alter erreicbt wird, und dass 
A. straminea Geoffe. und discolor Spix das Kleid 
der jiingeren und mittleren Alterstadien repriisen- 
tleren. 

Die Darstellung von Dollman, wonach A. dis- 
color als gute Species anzuerkennen wire, ist somit 
als unrichtig zurückzuweisen. 

Dieses Ergebniss meiner im Laboratorium ange- 
stellten Studien steht ganz im Einklang mit den von 
dem Sammler im Walde gewonnenen Erfahrungen. 
Herr F. Schwanda schreibt mir Folgendes dariiber : 


— 263 — 


«Was die Haarfarbe der Briillaffen anbetrifft, 
ist die Behauptung des Herrn G. Dollman nach 
meiner Ansicht nicht zutreffend, da in den sich 
zusammen haltenden Familien (bis 7 oder hôchs- 
tens ) Stick) sich Individuen mit ganz verschiedenen 
Farben befinden, schwarz, gelbrot und graubraun. 
Ich glaube die Pelzfarbe ist ganz unabhingig, weil 
man auch Junge findet, die mit ihren Miittern in 
der Iarbe tibereinstimmen. 

Die Briillaffen leben meistens bei den Fliissen, 
jedoch so, dass irgendwo in der Nihe festes Land 
ist, wo sie bequem Friichte holen kônnen. Wo kein 
Wasser vorhanden ist, halten sie sich nicht auf. 
In der Frühe bei Tagesgrauen brüllen sie gewühn- 
lich, versammelt auf einem der hóchsten Bäume, 
dann gehen sie der Nahrung nach und um die Mit- 
tagszeit suchen sie schattige Bäume und Schlingplan- 
zen auf und ruhen während der heissen Zeit. Um 
3 Uhr gehen sie wieder essen und versammeln sich 
auf einem hohen Baum zum Abendkonzert. In der 
Regenzeit brüllen sie auch beim Tage sehr oft und 
wirmen sich gerne an der Sonne, besonders wenn 
sie nass geworden sind.» 

Bevor ich auf die einzelnen südamerikanischen 
Arten von Alouatta und deren Verbreitung niher 
eingehe. müssen noch einige Angaben über die ent- 
scheidenden, csteologischen Charaktere gemacht wer- 
den. 

Meinen Erfahrungen zufolge zerfallen diese 
Arten nach der Beschaffenheit des oberen Randes 
der Orbita in zwei Gruppen. Bei der ersten der- 
selben ist der Orbitalrand fein, diinn, meist nur 
1,5-2,9 nm. dick, nicht aufgeworfen. 

Hierhin gehóren A. belzebul. seniculus und 
straminea. Stark verdickten, 3 bis 6 mm. breiten 
oberen Orbitalrand haben A. fusca und caraya. 
Letztere beiden Arten verhalten sich aber darin 
verschieden ; bei A. caraya endet der Orbitalrand 
an der Glabella, bei A. fusca setzt er sich als wuls- 
tig vrdickter Streifen auf dieselbe fort in der 
Richtung gegen jene der anderen Seite. Hinter 


— 264 — 


diesem queren Glabellarwulst ist die Stirne konkav, 
wihrend sie bei caraya fast gleichmässig eben ist. 
Diese beiden, siidlich des Amazonengebietes lebenden 
Arten stimmen unter einander auch darin überein, 
dass die hintere Hälfte des Gaumens fast horizontal 
verläuft, wiihrend sie bei den Amazonas-Arten be- 
sonders bei erwachsenen Männchen hinten aufwärts 
gekriimmt ist. Der Nasenrücken ist fast gradlinig 
bei caraya, sattelformig konkav bei fusca. Von 
den nôrdlich des Amazcnas lebenden Arten hat 
straminea eine ebenfalls kurze und konkave Gestal- 
tung der Nasenbeine, während dieselben bei den 
anderen beiden Arten schwach gebogen, fast ge- 
rade sind. 

Hensel hat auf die Form, respective das starke 
Vortreten des Unterkieferwinkels, bei A. fusca im 
Vergleiche zu A. sen culus Wert geleget, aber unter 
meinen Schideln befinden sich solche, bei denen die- 
ser Unterschied nicht zutrifft und auch die Breite 
der Schneidezihne bietet keine sicheren Anhaltspunkte, 
ebenso wenig wie die Linge der Backenzahnreihe. 

Im Allgemeinen sind die unterscheidenden Art- 
charaktere am besten bei alten Mirnchen ausge- 
bildet und habe ich, wie oben bemerkt, von beson- 
‘deren Wert die Beschaffenheit des oberen Orbital- 
randes sowie der Palatina und Nasalia gefunden. 
Daneben hat sich éin andere:, bisher nicht beach- 
teter Knochen als wichtig herausgestellt, das 
Zungenbein. Der Kôrper desselben ist durch die 
an seinem Vorderteile nach obenhin eindringende 
Hohlung blasig aufgetrieben. Am wenigsten Ver- 
anderungen hat der Unterrand dieses Kürpers er- 
fahren, von welchem an jeder Seite die langen und 
mächtigen hinteren Horner entspringen. 

Das Zungenbein hat zwar bei allen Arten von 
Alouatta die gleiche Tmbildung in eine Schallblase 
erfahren, aber dis Ausbildung ist im Einzelnen 
charakteristisch verschieden, sodass man die Arten 
danach unterscheiden kann. Schon der aufgeblasene 
Teil des Kürpers bietet Verschiedenheiten dar und 
ist in dieser Hinsicht namentlich die Verschmäle- 


— 265 — 


rung nach hinten bemerkenswert, welche nur bei 
A. belzebul vermisst wird, welche Art überhaupt 
den breitesten, am meisten aufgeblasenen Zungenbein- 
korper besizt. Charakteristisch ist nun vor allem der 
Hinterrand und die von ihm ausgehende, zur weiten 
Offnung des Kôrpers hin aufsteigende Lamelle, welche 
ich im Folgenden als Tentorium bezeichnen werde. 
Dasselbe ist bei A. seniculus stark gewülbt mit grad- 
linigem, vorderem oder oberem Rande. Bei A. bel- 
zebul ist es konkav, bei A. fusca flach oder leicht 
konvex, so dass der freie obere Rand fast immer 
kovex ist. Bei A. caraya fehlt das tentorium in der 
Regel gänzlich und wo es sich findet, ist es flach, nie- 
drig, mit geradem Oberrande. Der Hinterrand des 
tentorium zwischen den beiden hinteren Hórnern ist 
zugescharft bei A. caraya, schmal bei A. belzebul 
ziemlich breit bei A. fusca, sehr breit und gewólbt 
bei 4. seniculus. 

Charakteristisch ist auch die Hohe des tentorium 
im Vergleiche zu jener der Schallüffnung, wie sich 
das aus der beiliegenden Tabelle ergiebt. In Pro- 
zenten der Héhe des Schalloches beträgt die Hohe des 
tentorium bei A. caraya O-11, bei A. belzebul 35, 
bei A. fusca 48-66 und bei A. seniculus TI im 
minnlichen Geschlecht. 

Es ist hiernach klar, dass A. seniculus mit aus- 
serordentlich langem, stark gewülbten und A. caraya 
mit extrem reduziertem oder giinzlich fehlendem 
Tentorium ohne weiteres von den übrigen Arten 
zu unterscheiden sind. Von A. belzebul besitze ich 
eine Serie von Exemplaren, welche eine ziemliche Va- 
riabilitaet erkennen laesst. Im Allgemeinen ist das 
tentorium flach und in der Mitte von einer breiten De- 
pression eingenommen, ein Zungenbein aber (N. 2943) 
hat das tentorium sehr gewoelbt wie bei seniculus, 
ist aber doch in der Mitte concav. Bei diesem Zun- 
genbein inserieren sich die Hoerner hoch am Seiten- 
rand wie bei sen'culus, sie sind aber gracil, subcylin- 
drisch wie bei den anderen Stuecken, denen sich dieses 
Hyoidbein anch darin anschliesst, dass das Schalloch 
“2 mm hoch, im Verhaeltnis zur Hoehe des Kno- 


— 266 — 


chens (67 mm) wie 48 : 100 sich verhaelt, waehrend 
bei seniculus das Verhaelinis wie 35-40: 100 sich 
gestaltet. 

Wie oben bemerkt, sind die hinteren Zungen- 
beinhoerner schlank, fast cylindrisch bei A. belzebul, 
wogegen sie bei den anderen Arten comprimiert 
sind, breit, fast bandfoermig; nur bei A. caraya 
sind sie zuweilen schlank, subeylindrisch. 

Von besonderer Bedeutung fuer die Unterschei- 
dung ist das Schalloch. In seiner Laenge entspricht 
es bei & in Prozenten der Laenge des Hyoidbeines 
dieses zu 100 gesetzt, 35 — 40 º bei A. seniculus, 
33-47 º/o bei A. fusca, 48-58 ‘/, bei A. belzebul nnd 
69-76 º/, bei 4. caraya. Die weiblichen Tiere haben 
dieselben Verhaeltniszahlen, nur bei A. fusca sind 
sie groesser, 06-610/o, in Foige der geringeren En- 
twicklung des tentorium. In dieser geringeren Entwi- 
cklung des tentorium unterscheidet sich A. fusca 
von A. seniculus im weiblichen Geschlechte, darin 
der 4. caraya sich naehernd. 

Die Breite des Schalloches kommt bei 4. belzebul 
nahezn jener der Laenge des Loches gleich, ueber- 
trifft sie aber um ein Geringes bei A. seniculus 
und fusca, wogegen bei 4. caraya ihr Mass weit 
hinter jenem der Laenge zurueckbleibt. 
| Die beiden Unterarten von Alouatta fusca un- 
terscheiden sich auch charakteristisch im Zungenbein. 
Dasjenige alter Maennchen von 4. fusca fusca ist 
04-97 mm lang, mit flachem, niedrigen tentorium, 
dessen itoehe 10-14 mm betraegt, mit wenig ge- 
schwungenen, fast geradlinigem, freiem Rande. 

Bei alten & von 4. fusca guarida misst der 
Knochen 61-68 mm in der Laenge, das tentorium 
ist 19-20 mm hoch, meist in der Mitte bogig vor- 
springend, mit stark verdicktem, etwas aufwaerts 
gebogenem, freiem Rande. Nur ein Exemplar hat 
das tentorium ziemlich gewoelbt und seinen freien 
Rand fast geradlinig. 

Ziehen wir nun auch das weibliche Geschlecht 
und jugerdliche Exemplarem mit in Betracht, so 
lernen wir die Verhältnisse bei A. caraya verstehen, 


— 267 — 


insofern nämlich das Tentorium sehr niedrig ist oder 
ginzlich fehlt. Beim erwachsenen q von 4. belzebul 
ist dasselbe nur halb so hoch als beim &, beim ¢ 
von A. fusca verhiltnissmissig noch niedriger. Dem 
Q des A. caraya fehlt das tentorium gänzlich. Ei- 
nem jugendlichen ~ von A. fusca N. 409, bei 
welchem die beiden hinteren Molaren noch nicht 
durchgebrochen sind, fehlt das Tentorium. Zum 
Verständniss des hier Bemerkten gebe ich die 
Abbildungen der Zungenbeine aller brasilianischen 
Arten sowie eine Tabelle der beziiglichen Masse. 


| 


ART 


Prozenten der Hohe 
der Schalliftnung 


genbeines 


cenbeines 
Hôhe des Tentorium 


Grüsste Hohe des Zun- 
Grüsste Breite des Zun- 
Hohe der Schalloffnung 
Hühe des Tentorium in 


neles ul Ab 4 


| 
A | 40} 121355 | 35 
Assbelzelml O o poda | 5 28: h:6:14. BP 30 
A. fusca & 2204. | 58 | 32 [445] 30) 48 
Aes inseay sg 22-32. [1062 | 38 | 18 | 27 | 66 
Ae disc Os a posa Ao lit 22 Gamer 2k 
A. seniculus o”. .| 661895 |185| 26| 71 
A. caraya & . . | 58,5 |33,5 | 4,5 | 40,5 | 11 
A. caraya ¢ | 54 | 32 0 A. dd 
A. earaya O, senalbusdb 121 Deja rude 


Von A. villosa und palliata besitze ich leider 
kein Material. Es wird sich spiter leicht danach 
entscheiden lassen, ob die Schallblase der zentrala- 
merikanischen Arten in die Gruppe von seniculus 
oder von caraya gehort. Unter den zahlreichen 
Schallblasen von A. gra befindet sich eine mit einer 
schmalen, queren Lamelle zwischen Hinterhérnern 
und eine andere mit einer ebensolchen Lamelle, 
hinter welcher sackformig eine schmale Héhlung 
sich einschiebt. 

Der Hinterrand selbst ist gerundet bei A. se- 
niculus und belzebul, mehr oder minder kantig bei 


SD 


A. fusca, scharfkantig bei A. caraya. Ein anderer 
Punkt, welcher hier noch besprochen werden muss, 
ist der Nimbus. Ich habe diese mehr oder minder 
dreieckige Stirnplatte aufgerichteter Haare schon 
von A. belzebul erwähnt und bemerke, dass sie 
auch bei den mir vorliegenden alten Minnchen von 
A, seniculus und stramimea gut entwickelt ist. 
Bei meinen Exemplaren von 4. caraya feblt sie 
meinstens, aber Sclater bildet ste (Proc. Zool. Soc. 
London, 1872, p. 6) ab, und auch Burmeister (\eser. 
phys. II, 1899, pag. 48) bespricht sie. Weiterhin 
pag. 9! meint Burmesster, dass dieser Nimbus bei 
A. fusca fehle, was ich durch unsere Exemplare 
ais unrichtig widerlegen kann. Offenbar haben 
Burmeister keine alten Mânnchen vorgelegen und es 
ist daher zu vermuten, dass auch Sclaters Meinung 
von dem Fehlen des Nimbus be A. villosa sich 
beim Studinm von Serien alter Exemplare, zumal 
männlicher, als irrix erweisen wird. 

Dabei ist immer zu bendenken, dass es wohh 
môglich ist, dass derartige, in späterem Alter auf- 
trerenden Kennzeichen bei einer Anzahl von Indi- 
viduen überhaupt nicht zur Ausbildung gelangen. 

Die in vorausgehenden erodrterten Verhältnisse 
werden, sobald sie einmal fiir alle in Betracht kom- 
menden Arten feststehen, gestatten, eine natürliche 
Anordnung derselben zu unternehmen. 

Bei Berücksichtigung der brasilianischen Arten 
ergeben sich zwei Gruppen, deren eine dem mittle- 
ren und südlichen Brasilien angehort, walrend die 
andere amazonisch ist. Erstere hat einen breiten Or- 
bitalrand, be: letzterer ist derselbe schmal oder dünn. 
Sollte man hiernach zwei Untergattungen unter- 
scheiden, so wiirde Alomata s. str. den amazonischen 
Arten zugehoren, welche die am längsten bekannten 
sind und fiir welche die verschiedenen Gattungsna- 
men aufgestellt wurden. Andererseits ergibt sich 
aber auch ein Gegensatz zwischen A. caraya und 
allen iibrigen Arten, namentlich mit Riicksicht auf 
die Schallblasen. Ich ziehe es unter diesen Um- 
stiinden, so lange mir Genaueres iiber die centrala- 


— 269 — 


merikanischen Arten nicht bekannt ist, vor, die 
Frage nur anzuregen. 

Hine grosse Schwierigkeit fiir diese Diskussion 
erwiichst aus dem gänzlichen Mangel von Anhalts- 
punkten fiir die Beurteilung der phylogenetischen 
Entwicklung des Schallaparats. Sackformige Ausstiil- 
pungen des Kehlhopfes kommem auch bei anderen 
Affen vor, wie z. B. auch bei Ateles, aber sie haben 
keinerlei Beziehung zum Zungenbein. Palaeonto- 
logisches Material wird nach dieser Richtung hin 
kaum zu erwarten sein und so bleiben nur die mor- 
phologischen Verhiltnisse für die Diskussion übrig. 
Offenbar baken die Schallsiicke zuniichst von vornhe 
dem Kúper des Zungenbeines sich angelagert und 
sind «ann allmäblich in eine schwache Einsenkung 
desselben zu liegen gekommen, die successive durch 
Vergrosserung zur Aushéhlung und blasiger Auf- 
treibung des Zungenbeinkirpers fiihrten. 

Ver letzie Vorgang in diessem Processe scheint 
die Ausbildung des hinteren Teiles des Hohlraumes 
gewesen zu sein, und wir finden noch heute bei A. 
caraya den hinteren Teil der Zungenbeinhühle nicht, 
oder nur in geringem Grade ausgebildet. 

Die Vergrésserung dieses hinteren Recessus, 
die Rundung und Auftreibung des Hinterrandes uud 
die Vergrósserung der aufteigerden Lamelle sind 
dann die letzten Stadien dieses Entwickelungspro- 
zesses. 

Damit in Einklang steht es, dass die Schall- 
blase des weiblichen Tieres nicht nur kleiner ist, 
sondern auch die aufsteigende Lamelle resp. das 
Tentorium kiirzer, den Recessus posterior weniger 
umfangreich hat. Das Weibchen steht eben auch in 
dieser Hinsicht der gemeinsamen Jugendform niher, 
respective es behält zeitlebens infantile Charaktere, 
während bei dem Männchen, je älter es wird, um so 
mehr die charakteristischen Besonderheiten der Art 
zum Ausdruck kommen. 

Auf die Literatur neber den Kehlkopf und die 
Stimmsiicke der Briillaffen gehe ich hier nicht ein. 
Genaue Intormationen findet man in dem Buche von 


— 270 — 


Brandt: Observationes anatomicae de instrumento 
vocis mammalium, Berolini 1826, p. 14, bei G. Cuvier 
Leçons d’anatomie comparée, vol. IV, p. 467, T. I» 
und bei Meckel, «Vergleichende Anatomie, vol. IV, 
p. 725».  Besonders eingehend behandelt diese 
Frage das treffliche Werk von M. Weber: «Die 
Säugetiere, 1904», wo p. 78 das Zungenbein, p. 223 
der Kehlkopf behandelt ist und eine gute Darstel- 
lung vom Larynx und Hyoid von Mycetes resp. 
Alouatta nach J. Müller fig. 177 gegeben wird. 


Zur Erleichterung der Bestimmung der brasilianischen Arten moge 
der folgende, auf osteologische Charactere gegriindete Schliissel 
dienen. Schliissel zur Bestimmung der brasilianischen Alouatta- 
Arten nach osteologischen Characteren. 


a Oberer (rbitalrand — stark. 
3-6 mm. dick; Gaumenfliche 
der Palatina horizontal ; un- 
terer Rand des Zungenbeines 
kantig ; aufsteigende Lamelle 
kurz oder fehlend. 

b Oberer Orbitalrand wulstig 
verdickt und auf die Glabella 
hin verlangert. Nasenbeine 
kurz, bogig eingesenkt ; auf- 
steigende Lamelle des Zun- 
genbeinkórpers nicht sebr 
lang, meist plan oder konkav. fusca 

bb Oberer Orbitalrand wenig 
verdickt, vor der Glabella 
endend; Nasenbeine ziemlich 
lang ; fast eben ; aufsteigende 
Lamelle des Zungenbeinkor- 
pers fehlend oder ganz klein. caraya 

aa Oberer Orbitalrand diinn, 2-8 
mm. dick; Unterrand des 
Zungenheinkórpers abgervn- 
det und verbreitert; aufstei- 
gende Lamelle gut entwickelt. 


— 271 — 


c Gaumenfliche der Palatina 
nach aufwirts gebogen; 
Nasenbeine lang, nur leicht 
konkav. 

d Stirn über der Glabella eben ; 
Basilarlinge beim Männchen 
111-113 min. Recessus poste- 
rior des Zungenbeines weit, 
aufsteigende Lamelle lang 
Wa nen O load 

dd Stirn über der Glabella leicht 
konkav, oft seitlich mit Grube 
vor dem Ursprunge der Crista 
temporalis ; Basilarlinge des 

& 101-106 mm. (ausnaims- 

weise bis 111 mm.) Recessus 
posterior des Zungenbeines 
mässig gross, aufsteigsnde 
Lamelle konkav . . . . belzebul 
aa Gaumenfläiche der Platina 

kaum aufwärts gebogen, fast 

horizontal, Nasenbeine kurz, 

stark gekriimmt, konkav. 

Stirn über der Glabella fast 

plan; Basilarlänge 90-110. 

Zungenbein unbekannt . . straminea 


seniculus 


Aus den vorstehenden Erürterungen ergibt sich, 
dass in phylogenetischer Hinsicht in der Entwicke- 
lung der Gattung Aloualta zwei verschiedene Stufen 
in Bezug auf die eigentümliche Ausbildung des Zun- 
genbeines zu unterscheiden sind, von denen nur eine 
bis jetzt uns bekannt ist, nämlich die Entstehung des 
Tentoriums und des von ihm eisgeschlossenen hin- 
teren Recessus. 

Dieser letzte Prozess ist das Endstadium und 
er wird ontogenetisch insofern wiederholt, als bei 
jungen & das Tentorium noch fehlt, offenbar auch 
bei jungen ¢, die mir noch nicht bekannt sind. Bei 
den © bleibt die Stufe des jugendlichen «& zeitlebens 
erhalten und bei einer Art, A. caraya kommt es 


auch beim alten 4 in der Regel nicht zur Ausbil- 
dung des Tentorium. In dieser Beziehung hat also 
A. caraya die primitiven Verhiltnisse am reinsten 
erhalten und ich glaube, es steht nichts im Wege, 
dies auch in Bezug auf die iibrigen Charaktere, 
namentlich diejenigen der Färbung, anzunehmen, 
Wir wiirden danach die Arten, bei welchen das 
alte & eine lebhaft rote Färbung annimmt, als die 
am meisten modifizierten anzusehen haben. 

Die primitive Färbung wiirde fiir die Gattung 
Alouatta ziemlich ähnliche Verhältnisse dartun, wie 
wir sie heute noch bei A. caraya beobachten, grau 
oder graugelbe der alten Q und jugendlichen Tiere, 
dunkelbraune bis schwarzbraune bei den alten &. 

Eine griindliche Untersuchung der Stimmsicke 
und aller einschlägigen Verhiltnisse bei Æriodes, 
Cebus und verwandten Gattungen und die Beriicksich- 
tigung der Jugendstadien wird ohne Zweifel auf 
dem hier beschrittenen Wege weitere Erfolge zeiti- 
gen und es ermoéglichen, die vorläufig isoliert da- 
stehende Ausbildung der knéchernen Schallblase von 
Alouatta mit den bekannten Verhältnissen bei ande- 
ren, verwandten Gattungen in Zusammenhang zu 
bringen. 

Ich lasse nun die Besprechung der einzelnen 
Arten folgen : 


A. fusca Geoffr. 


Zu dieser Art gehüren Mycetes ursinus Wied 
und Hensel, aber nicht die Beschreibung von Sima 
ursina Humboldt, wohl aber die von demselben 
veroffentlichte Figur. Infolge dieses Versehens, dass 
nimlich zu einer Art des Orinoco eine Abbildurg 
der siidbrasilianischen Form gegeben wurde, ist der 
Speciesname wrsinus oft verkehrt angewendet worden. 

Diese Art kommt in Siidbrasilien von Rio Gran- 
de do Sul aus lings des Kiistengebirges bis nach 
Bahia hin vor und nach Burmeister bis zum Rio 
S. Francisco. So kommt es, dass in den westlichen 
Gebieten des Staates S. Paulo A. caraya Iebt und 
im Kiistengebiete A. fusca. Im Allgemeinen kommt 


die lebhaft fuchsrote Farbe nur alten, erwachsenen 
männlichen Tieren zu, die jiingeren sind dunkler, 
bei den Weibchen herrscht diistere, schwarzbraune 
Färbung vor. Nach dem Materiale unserer Samm- 
lung muss ich 2 Lokalformen unterscheiden: eine 
siidliche, von Rio Grande do Sul bis Rio de Janeiro 
angetroffene, und eine nôürdliche von Bahia, Espi- 
rito Santo und den angrenzenden Teilen von Minas. 
Auf letztere Form bezieht sich Auhl, demzufolge 
vom Prinzen Wed herriihrende Exemplare sich im 
Par ser Museum befanden. Auch die ältere Beschrei- 
bung von Geoffroy bezieht sich auf diese Unterart, 
wie aus der Angabe hervorgeht, dass die Spitze der 
Riickenhaare goldgelb gefirbt sei. 

Unsere Exemplare von Espirito Santo und Theo- 
philo Ottoni in Minas, alle vom Gehiete des Rio 
Doce, sind zwar in der Färbung variabel, haben 
aber in beiden Geschlechtern eine charakteristische 
Eigentümlickeit, ziemlich lange, blassgelbe Spitzen 
an den Haaren des Riickens. Das Colorit ist im all- 
gemeinen bei den Weibchen dunkler. Die rotbrau- 
ne Farbe, wenn sie deutlicher hervortritt, ist dü- 
sterer als bei der siidlichen Varietät. 

Im Gegensatze dazu iiberwiegen bei den Miinn- 
chen der siidbrasilianischen Form fuchsrote und 
rotbraune Tinten, und die Weibchen sind auffallend 
diister braun, mehr oder minder schwarzbraun ge- 
firbt. Diese südliche Unterart mõôge den Namen 
A. FUSCA GUARIBA subsp. n. fiihren. 

Bei alten Männchen ist der Nimbus der Stirn 
wohl ausgebildet. Mehrere Auturen haben dies 
bezweifelt, aber mit Unrecht. Es ist sehr wahrschein- 
lich, dass es keine Art von Alouatta gibt, bei wel- 
cher nicht im húheren Alter und wenigstens bei 
einem Teil der Individuen der Nimbus zur Ausbil- 
dung gelangt. 


A. ecaraya Humb. 


Diese Art wurde 1811 von A. o. Humboldt 
unter dem Namen Simia caraya und 1812 von 
E. Geoffroy als Stentor niger beschrieben. Beide 


Autoren beziehen sich dabei auf die Beschreibung 
von Azara. Trouessart hat die Synonymie richtig 
angegeben, doch ist derselben hinzuzufiigen, das 71. 
Winge (E Museo Lundi, 11, 2, p. 4) die Art Myce- 
tes senicuius genannt hat. A. caraya gehort 
durchaus dem centralen Brasilien an, kommt aber 
sowohl in Bahia wie in den Staaten S. Paulo und 
Parana in den westlichen Teilen ihres Gebietes vor. 
In Argentinien lebt nach Burmeister diese Art im 
Gran Chaco und in Teilem von Corrientes. 

Man kennt sie von Bolivien, Paraguay, und 
von verschiedenen Teilen von Matto Grosso. Trou- 
essart's Angabe, dass die Art auch in Borba am 
unteren Rio Madeira vorkomme, beruht auf einem 
Irrtume. Richtig ist dagegen, dass di» südlichen 
Zufliisse des Amazonas zum Teil in ihrem Unterlau- 
fe von anderen Arten von Briillaffen bewohnt wer- 
den als am Oberlauf. So erhielt die Expedition 
von Castelnau am Oberlauf des Rio Araguaya A. 
caraya, am Unterlaufe 4. belzebul und Nalterer, 
welcher am Rio Madeira A. seniculus jagte, erhielt 
nahe der Miindung des Flusses 4. belzebul. O. Tho- 
mas erwihnt A. caraya von Inambari in Süd-ost- 
Peru und # Festa (Boll. Mus. Zool: Torino, XVIII, 
No 435, 1903, p. 3) erhielt Exemplare im Kiisten- 
gebiet von Equador bei Vinces, fiir welche er eine 
Subspecies equatorzalis aufstellte. Wie aus unserer 
Karte ersichtlich ist, stossen im Gebiete von Cha- 
pada in Matto Grosso und seiner weiteren Umge- 
bung, also an und nôrdlich von dem Quellgebiete 
des Paraguaystromes, die Verbreitungsgebiete von 
> verschiedenen Arten von Alouatta zusammen. Es 
ist daher begreiflch, wenn die verschiedenen Expe- 
ditionen aus dieser Gegend verschiedene Arten von 
Brüllaffen mitbrachten. Natterer sammelte sm 
Oberlauf und im Quellgebiet des Rio Paraguay A. 
caraya, Während Castelnau von dort A. straminea 
angibt. Aller Wahrscheinlichkeit nach liegt hier eine 
Ungenauigkeit in Bezug auf den Fundort vor und 
das betreffende Exemplar, welches zu A. seniculus 
gehôrt, wird nicht im Quellgehiet des Paraguay, 


— 275 — 


sondern im angrenzenden des Amazonas- systemes 
_gejagt worden sein. Die Fundortangaben Castelnaw’s 
‘sind überhaupt mit einer gewissen Reserve aufzu- 
nehmen. So hat er z. B. eine bekannte Mvschel der 
Gattung Leila des Araguyastromes filschlich als 
von Rio de Janeiro stammend bezeichnet. 


A. belzebul L. 


Diese Art, über welche schon oben Niheres 
mitgeteilt wurde, ist in ihrer Verbreitung auf die 
südlichen Nebenflüsse des Amazonas, vom Madeira 
bis ziir Kiiste beschränkt. Cope erhielt sie durch 
Herbert Smith von Chapada in Matto Grosso. Was 
Cope iiber die Richtung der Haare an der Stirn sagt, 
ist unrichtig, respective eine unzutreffende Verallge- 
meinerung eines einzelnen Befundes. Natterer 
erhielt die Art bei Borba am unteren Rio Negro. 
Fiir Pernambuco wurde sie schon 1648 von Marc- 
grave und Piso bescrhieben, aber seitdem nicht wieder 
aufgefunden. Es wire an der Zeit, dass die Re- 
gierung des States Pernambuco der naturhistorischen 
Erforschung des Landes diejenige Aufmerksamkeit 
zuwendete, deren sie sich seit mehr als 250 Jahren 
nicht mehr zu erfreuen hat. Spex erhielt die Art 
am Rio Tocantins, Castelnau am Rio Araguaya. 


A. straminea Spix 


Diese Art wurde zuerst von Spix 1825 beschrie- 
ben nach Exemplaren aus Nordwestbrasilien vom 
oberen Amazonas und dem Rio Negro. Sechs Jahre 
spiter gab ihr E. Geoffroy nach Exemplaren aus 
Columbien den Namen Mycetes chrysurus. Sie kommt 
in Venezuela vor, woher unser Exemplar stammt. 
Das Fell, welches im Allgemeinen rotbraun ist, nat 
an Riicken und an der Endbilite des Schwanzes 
goldgelde Haarspitzen. Dass nicht blos eine Farben- 
varietät von A. seniculus vorliegt, beweist der Schädel, 
der erheblich kleiner ist. Die Temporalcristen stehen 
etwas weiter von einander ab als bei senzculus, ver- 
lingern sich aber wie dort auf den äusseren Orbi- 


— 276 — 


talrande. Der obere Orbitalrand ist diinn, nur schwach 
verdickt und setzt sich tiber die Glabella hin gegen 
jenen der anderen Seite hin fort. Die Palatina sind 
nach hinten nur wenig aufwirts gebogen. Sehr auf- 
fallig ist die Kiirze und die konkave Form der Na- 
senbeine. Hierin passt die Art besser zu A. fusca, 
bei welcher alte Männchen die Nasenbeine nicht 
linger als 19-27 mm. haben gegen 25-26 mm. bei 
A. seniculus. wo dieselben nur schwach gebogen 
sind. Die folgende Tabelle mag zur Vergleichung 
des Schädels von A. straminea mit jenem von A. 
seniculus dienen. 


Tabelle der Schädelmasse von A. straminea und seniculus 


Q © : 1 

© = e Ro] [e] 

o A 

bo H o © 

© a ä bi ai 

bo 13 : mA :H © 
õ a Ts 2 © vo oH 
= 28 5 E e A oo 
E = E © a og a 
a ot mn a ci dora 
A pe a © :0 ta O 85 
5 © a +» em os Em 

A a mA A Lo) pá 4 


‘A. straminea o |B 26] 116) 100) 12 90,5 36,8} 17,8 
À. seniculus & | 769/133.5| 112] 14] 52,5, 58,5) 25,5 
A. seniculus & | 771| 134/110| 15/50,4 39) 26 
A. seniculus Q| 766) — | 88128/52,5] 33) 16 
A: seniculus © | 773] 115895] 11] 52] 36) 19,8) 


A seniculas L. 


Es ist dieses die Art des Amazonas-Gebietes, 
welche nur en den südôstlichen Nebentliissen dieses 
Stromes, zwischen dem Rio Madeira und der Kiiste 
fehlt, wo sie durch A. belzebul ersetzt ist. Auf die 
nordliche A. straminea und das Verhältniss derselben 
zu À. seniculus kam ich bei jener Art zu sprechen. 

Wie es scheint, ist diese Art in ihrer Färbung 
ziemlich constart, doch kommem auch Variationen 
mit hell-rotgelbem Riicken vor, aber nicht mit gelber 
Endhälfte des Schwanzes. Humboldt hat dieser Art 
den Namen wrsina beigelegt und aus Versehen ein 


— 277 — 


südbrasilianisches Tier dazu abgebildet. So ist es 
wohl gekommen, das manche Autoren den Species- 
namen wrsina filschlich fiir die siidbrasilianische 
A. fusca angewandt haben. Im allgemeinen ist die 
Synonymie dieser Art von Zrouessart richtig an- 
gegeben, doch gehôrt 4. seniculus Winge in die 
Synonymie von A. caruya. Ein komischer Zwi- 
schenfall wurde kürzlich noch durch 8. G. Elliot 
geschaffen. Er hat auf die Exemplare von Rio Ju- 
ruä eine neue Species gegriindet, die er A. juara 
nannte, und von der er angab, dass dieselbe dem 
Rio «Juara» und zwar dem peruanischen Teile die- 
ses Flussgebietes entstamme. Dabei ist zu bemerken, 
dass es sich nicht um eine neue Art und nicht 
einmal Unterart handelt und dass es auch keinen 
Juara gibt. Ferner hat Kllot die einzige Abhand- 
lung über die Affen des Juruä-Gebietes. diejenige 
welche ich in Band VI der Revista do Museu Pau- 
lista 1904, p. 408 verüffentlicht habe, nicht berück- 
sichtigt und überhaupt nicht erwähnt, dass die Samm- 
lung des britischen Museums, auf welche er sich 
bezieht, Exemplare von A. seniculus von mir erhalten 
hat. Lediglich um Missgriffe wie den hier erwiihn- 
ten zu verhiiten, habe ich dem britischen Museum 
eine fast vollstândige Suite von Doubletten unserer 
Juruä-Ausbeute von Affen zugesandt. Sollte tatsäch- 
lich das britische Museum Brüllaffen vom perua- 
nischen Gebiete des Rio Juruá erhalten haben, so 
hatte es die wissenschafiliche Priifung des betref- 
fenden Materiales erheischt, das Verhiltnis zu den 
vom Staatsmuseum in S. Paulo eingesandten und von 
Herrn E. Garbe gesammelten Exemplaren klar- 
zuiegen. Ich meinerseits kenne keine andere zoolo- 
gische Exploration des Juruá-Gebietes, als die von 
dem mir unterstellten Museum unternommene und 
wenn Hiliot’s Angaben sich auf Exemplare dieser 
Expedition beziehen, so ist auch die weitere Behaup- 
tung unrichtig, dass die betreffenden Exemplare vom 
peruanischen Teile dieses Stromgebietes stammen, 
denn Herr E. Garbe hat nur die brasilianische Re- 
gion desselben besucht. 


Auf die beiden centralamerikanischen Arten, 
welche sich entweder von A. belzebul oder von 
A. caraya abgezweigt haben mógen, kann hier 
beim Mangel der nútigen osteologischen Anhalts- 
punkte nicht eingegangen werden. 


Geographische Verbreitung der 
Brullaffen 


Die Verbreitung der Briillaffen ist fiir die Beur- 
teilung der Geschichte der neotropischen Region und 
ihrer Provinzen von besonderer Wichtigkeit und unter 
ihnen sind wiederum die Briillaffen hesonders be- 
deutungsvoll, weil sie wenigstens in einzelnen Arten 
nicht absolut an den Urwald gebunden sind. Es 
steht zu vermuten, dass die Verbreitungskarte der 
Alouatta Arten, die hier mitgeteilt wird, auch für 
die übrigen Affen und waldbewohnenden Tiere sich 
als tvp:sch herausstellen wird. 

Wenn wir auf Grund der vorausgehenden Erorte- 
rungen und unter Benutzung der beigefiigten Karte 
die Verbreitung der Arten der Gattung Alouatta 
untersuchen, so ist zuniichst eine Tatsache sehr 
auffällig, die nämlich, dass in jedem besonderen 
geographischen Bezirke nur eine einzige Art der 
Gattung angetroffen wird. Naturgemäss werden an 
den Grenzgebieten sich zeitweise zwei verschiedene 
Arten begegnen, aber auch das nur in beschrinktem 
Masse, denn die Lebensweise ist bei einigen dersel- 
ben etwas verschieden. Besonders gilt dieses fiir 
den schwarzen Briillaffen A. caraya, welcher sich 
nicht scheut, auch in den Catingas zeitweise zu le- 
ben und mithin auch Wanderungen durch die Cam- 
pos zu unternehmen. 

Vor der Hand bleibt das Verhältnis der beiden 
centralamerikanischen Arten A. pallzata und villosa, 
von denen letztere auch noch in Ecuador angetroffen 
wird, zu den übrigen Arten der Gattung noch unklar. 
Erst die Untersuchung von Schädeln und Schallblasen 
kann darüber Entscheidung bringen. 


é 

Die enorm weite Verbreitung der schwarzen 
Brüllaffen, welche sich quer aurch den Continent von 
den Kaffeeplantagen S. Paulo’s bis zu den Cacao- 
Pflanzungen im Küstengebiete von Ecuador hin er- 
streckt, erklirt sich durch die oben angedeutete Le- 
bensweise dieser Affen, der einzigen Art, welche 
über Campos hin oder lings der Vegetation der Fluss- 
liufe von einem Waldgebiete zum anderen wandert 
und auch niederen Buschwald nicht verschmäht. 

Ganz isoliert ist das Vorkommen von 4. fusca 
in der schmalen Urwaldszone des Kiistengebirges von 
Siidostbrasilien. Es ist klar, dass die heutige Ver- 
breitung ein sehr diirftiger Rest einer einst weiter- 
reichenden ist und dass das Verbreitungscentrum 
der Aloualta-Arten die Tropenwaldungen am Fusse 
der Cordilleren von Bolivien, Perú und Ecuador, 
waren. Sonderbarer Weise steht die venezuelanische 
Art in wichtigen craniologischen Charakteren der 
stidbrasilianischen Art niher als 4. seniculus, be- 
sonders in Bezug auf die Nasen-und Gaumenbeine, 
wihrend andererseits À. fusca in der Bildung der 
Orbitalränder und der Glabella eine isoierte Stel- 
lung einnimmt. Offenbar gab es früher Ubergangs- 
formen und Vorläufer dieser roten Brüllaffen, von 
denen ein3 Art nach Südbrasilien gelangte und in 
ihrem Ursprungsgebiete erlosch. Auch andere z00- 
geographische Tatsachen weisen darauf hin, dass 
von Bolivien aus über Matto Grosso ehemals eine 
bewaldete Gebirgskette oder doch hüher gelegene 
Landschaft nach S. Paulo und Rio de Janeiro hin 
führte, welche spiterhin im Zusammenhavg mit dem 
Einbruche der Flusstäler des Paraguay und des Para- 
nastromes unterbrochen wurde. Besonders müge hier 
noch aut die Verbreitung der Gattung Strophochecus 
oder Bulimus hingewiesen sein, welche zu ganz 
übereinstimenden Schlussfolgerungen führt, wie ich 
ineiner von Prof. E. Bouvier der Pariser Aka- 
demie der Wissenschaften vorgelegten Mitteilung 
ausfiihrte. (Compt. Rend. 1911, N. 16, p. 1065-1067). 

Waldtiere mit beschriinkten Verbreitungsmitteln 
sind durch Steppen von anderweiten Waldgebieten 


— 280 — 


genau so vollkommen abgetrennt w.e durch Meere. 
Finder sich gleichwohl identische oder ähnliche Arten 
in räumlich gesonderten Waldgebieten, so muss zur 
Zeit der Ausbreitung eine andere Verteilung von 
Wald und Steppe bestanden haben.  Darauf eben 
weisen uns die zoogeographischen Verhältnisse von 
Süd-und Mittelbrasilien hin und je weiter die spe- 
zifische Sonderung der jetzt isolierten faunistischen 
Elemente gegangen ist, um so linger muss schon 
die Trennung bestehen. 


Tafelerklárung 


Alle Hyoidknochen sind von vorne gezeichnet, 
mit dem Hinterrande nach unten gerichtet. Na- 
tiirliche Grosse. 


TAFEL V 


Fig. 1 Schallblasc von Alouatta fusca Geoff. 
o et Cr. 

Fig. = Schallblase von A fusca guarida lh. 
N. 1671, ¢ 

Fig. .5 Schallblase von 4. fusca guarda lh. 
Ni 41, 0. 

Fig. 4 Schallblase von A. fusca guarida Th. 
N. 319, 9- 


TAFEL VI 


Karte zur Erliuterung der geographischen 
Verbreitung der Brüllaffen der Gattung Alouatta. 


TAFEL VII 


Nur Fig. 7 ist in Seitenansicht gezeichnet ; die 
úbrigen Hyoidknochen sind von vorne gesehen. 
Natiirliche Grosse. 

Fig. 5 Schallblase von Alowatia seniculus L., 3, 

Fig. G Schallblase von A. belzebul i. 2: 

Fig. 1 Schallblase von A. caraya Humb. N. 
1402 dg. 

Fig. 8 Schallblase von A. caraya Humb. N. 
1401, a 


As especies hrazileiras de Nilionidas 
(Coleopteros) 


e a posição systematica da familia, pelo estudo das larvas 


POR 


RODOLPHO VON IHERING 


(Estampa III, figs. 2 e 3) 


(Com um resumo em allemäo — Mit einer deutschen Zusam- 
menfassung) 


Os besouros da pequena familia Nilionidae, os 
quaes pelo seu aspecto lembram certas especies de 
«vaquinhas» (da familia Coceinellidae), têm sido 
assumpto de muitas discussões relativas à posição 
systematica que lhes deva ser assignalada. 

Os auctores antigos divergiam muito uns dos 
outros e assim collocavam os Nelzonzdae ora junto 
às Coccinellas, ora entre os Tenebrionidae. Mo- 
dernamente havia prevalecido a opinião de conside- 
ral-os affins às familias inferiores dos Heteromeros 
(ou Meloideae mihi). 

Emquanto se conheciam apenas as formas adul- 
tas, a systematica realmente nada mais podia fazer 
senão julgar pela conformação do corpo, extremida- 
des, partes buccaes, etc. ; faltava o estudo das larvas 
para decidir definitivamente qual o verdadeiro paren- 
tesco desses besourinhos. Foi por isto que apro- 
veitamos o ensejo de termos encontrado as larvas, 
para completar esse estudo de uma familia pura- 
mente neotropica e sobretudo brazileira. 

A classificação das especies existentes no Museu 
Paulista levou-nos à revisão de todo o grupinho, do 


— 282 — 


qual aliás até hoje não se conhecem senão 26 es- 
pecies, sendo 17 dellas brazileiras, inclusive as 9 
especies novas que aqui descrevemos. 


* 
* * 


Caracteres da Fam. Nihonidae. Corpo he- 
mispherico, convexo. Cabeça vertical, bem ajustada 
ao prothorax ; olhos transversaes ; antennas com 11 
articulos, sendo o 3.º sempre bem maior que os 
outros ; clypeo transverso ; palpos maxillares com 4, 
os labiaes com 3 articulos ; mandibulas curtas, grossas, 
com dous dentes apicaes. Prothorax largo, trans- 
verso, nos lados foliaceo e no meio abahulado ; elytros 
hemisphericos, muito convexos, com recorte semilu- 
nar na margem anterior (com uma ou duas excepções 
apenas), nos lados com margem foliacea (larga adiante, 
atraz terminando em ponta). Abdomen com 9 se- 
ementos. Pés curtos, coxes transversaes, 0 par an- 
terior com intervallo minimo ou nullo; tarsos fili- 
formes, com 5 articulos nos pares anterior e medio, 
4 articulos no posterior. 

Trata-se de um conjuncto de especies muito 
homogeneo no aspecto geral e conformação do corpo. 

O unico genero Nelo que constitue a familia, 
pode apenas ser dividido em tres grupos de espe- 
cies, tomando em consideração o caracter, aliás muito 
secundario, da disposição da pontuação dos elytros. 

Só uma especie, N. pusillus é um tanto aber- 
rante, pela conformação do corpo, muito mais alon- 
gado e menos alto (não hemispherico, senão antes 
achatado). Veja-se o que fica dito a respeito à pag. 298. 

Thomson e ainda o catalogo de Gemmiger e 
Harold incluiam nesta familia os generos Catapotra 
Thom. do Mexico e Hades Thom. de Java; mas ja 
no «Coleopterorum Catalogus» de Junk e Schenkling 
(Pars 2, +. Borchmann, 1910) esses dous generos 
foram desligados dos Nilionidae. 

Notas Oecologicas. O que até agora se sabia 
do modo de vida das especies de. Nilto resume-se 
quasi exclusivamente às informações de Lacordaire 


— 283 — 


(Ann. Se. nat. XXI pg. 152 (1) e no vol. V dos 
Genera Col., pag. 919); Thomson na sua Monogra- 
phia nada poude accrescentar, e não nos consta que 
em literatura mais moderna se encontrem observa- 
ções mais detalhadas. 

Do sr. H. Luederwaldt, preparador de entomo- 
logia do Museu Paulista obtive varios dados refe- 
rentes a N. bouvieri mihi, observados no Ypiranga 
(Sao Paulo) e nós mesrtos encontramos varias vezes 
o N. lutzi com sua cria no taquarussu da Serra 
da Cantareira, S. Paulo. As larvas foram encon- 
tradas no mez de Maio 1912. 


A larva de Nilio bouvieri mili 


Long. 4 mm. Larg. 4 mm. Os lados são pa- 
fallplos a começar da maior largura do prothorax 
em seu bordo posterior até o 9.º se- 
gmento abdominal; os segmentos res- 
tantes estreitam-se gradativamente, for- 
mando o 8.º segmento a curva poste- 
rior, porque o 9.º segmento não 
apparece quasi, visto de cima, devido 
à curvatura da metade posterior do 
abdomen. A caheça é egualmente 
curvada para baixo, com o clypeo e 
a fronte verticaes. 


Fig. 1 B . o . 
Larva de Nitiobou- Cabeça attingindo a maior largura 


24>? maraltura. dos ocelloss um pouco» es- 
treitada para traz, na frente convergindo em angulo 


(1) Transerevemos as interessantes notas do celebre en- 
tomologista. 

« Nilio (Latr.) — Ces insectes vivent sur le tronc des 
arbres, contre lesquels on les trouve collés ou grimpant len- 
tement. Quand on les touche, ils se cramponnent assez for- 
tement aux aspérités de l’ecorce, et ramènent leurs antennes 
sous le corselet; lorsqu’on les tient, ils contractent leurs 
pattes à la maniére des Coccinella et restent assez long temps 
immobiles. Leur odeur est assez forte et pareille à celle des 
Helops. On trouve communément au Brésil deux espéces, 
N. fasciculatus et reticulatus, Dej. J’en ai rapporté une 
autre qui paraît rare, N. fusculus Dej. n. sp.». Estes tres 
nomes especificos são «nomina nuda»; veja-se a lista destes 
no fim da enumeração das especies (pag. 300). 


aa 284 = 


recto; fronte quasi plana, vertice ligeiramente ar- 
queado com um sulco mediano. Os desenhos das 
mandibulas, dos palpos maxillares e labiaes e da 
antenna dispensam-nos de descripção detalhada. 

Os ocellos são em numero de 4 de cada lado; 
3 dos mesmos formam um triangulo muito alonga- 
do, no mesmo plano da antenna, emquanto que o 
4.º ocello fica collo- 
cado muito abaixo, 
na face. 

Com relação à an- 
tenna observa-se que 
o articulo basal é 
mais largo quecom- 
prido ; 0 2.º artículo, 
de diametro circular, 
torna-se gradativa- 
mente mais fino em 
direcção à ponta; 
5 esta termina em um 
c' tubercalo que póde 

ou não ser conside- 

rado como 8.º articu- 
= lo; cousa semelhan- 
te observa-se na fig. 
14: Est. XIV destra- 
balho de Schioedte 
(1879, e na respe- 
ctiva descripçäo de 
Fig. 2 Lagria hirta o au- 


, ize a 3 o 
Larva de Nilio bouvieri n. sp. ctor diz : «art. pa nus 


A — Mento e palpos labiaes ; B — Maxilla o a o 
com palpo ; C, C’ — Mandibulas, direita e es- apice extremo an 


A Ca nl 
membranaceo». 

O prothorax é egual em seu comprimento aos 
dous segmentos seguintes reunidos ; em posição natu- 
ral é enclinado, formando angulo de 45º com a ho- 
risontal, representada pelos meso e metathorax ; destes 
segmentos o primeiro é apenas um pouco mais 
comprido que o segundo; comquanto pouco mais 
largos, destacam-se bem dos segmentos abdominaes. 


— 285 — 


Destes apenas o ultimo, apical, merece menção es- 
pecial, porque a respectiva forma parece ser bastante 
caracteristica nas larvas dos Heteromeros. No pre- 
sente caso, como se vê da fig. J, a valvula superior 
deste segmento tem apenas uma incisão mediana com 
os respectivos bordos só pouco divergentes, de modo 
que as Guas pontas que dahi resultam, são curtas e 
pouco separadas. E' com pouca differencao que se 
observa em Lagria, emquanto que nas outras fami- 
lias, de resto muito affins, como nos proprios Tene- 
brionidae, esta valvula anal sempre offerece cara- 
cteres variados, formando em geral espinhos ou gan- 
chos, que funccionam como orgãos de locomoção, no 
caso do retrocesso. (*) 

Os pês são antes curtos e fortes, os tres pares, 
com ligeira differença, eguaes entre si. 

A côr geral é bruno-castanha ; nas larvas ainda 
novas ha apenas a notar as linhas claras transversaes, 
da divisão dos segmentos; quando um pouco mais 
crescidas, nota-se uma mancha escura no prothorax, 
orlada de claro e um tanto recortada no meio. Nas 
larvas crescidas, a capeca, as duas manchas confluentes 
do prothorax e duas faixas lateraes, do mesothorax 
ao penultimo segmento anal, são bruno-averme- 
lhadas, separadas pela porção mediana mais pallida. 

O corpo todo, emcima, é revestido de espinhos 
curtos e de longos pellos, os mais compridos com 
cerca de metade da maior largura do corpo. 

De um dos exemplares do nosso material estava 
justamente sahindo a nympha, achando-se a chitina 
larval fendida na linha mediana do thorax apenas. 


(*) Interessante será, neste sentido, averiguar a posi- 
ção do gen. Phymatodes, tido geralmente como Tenebrionida, 
mas que tanto Erichson (Archiv f. Naturg. VIII, 1842, pg. 
370) como Schiédte (Bibl. 8, 1879, pg. 521, Est. XIV, fig. 
1-8) collocaram na fam. Lagriidæ. Esta classificação parece 
que não prevaleceu, visto como no «Catal. Coleopterorum» 
(Bibl. 2, 1910, II) este genero não foi incluido em tal fa- 
milia. Entretanto o 9.º segmento abdominal da larva, «ro- 
tundatum, inerme», parece, antes, indicar afinidade com 
Lagritde ; comtudo ha varios caracteres aberrantes que de- 
mandam estudo comparativo. 


— 286 — 


A nympha só pudemos estudar por esse espe- 
cimen em via de eclosão e examinando as pelles 
das quaes haviam sahido os besouros adultos. As 
larvas, reunidas em massa compacta, em numero 
de 20 a 40 sobre uma area de 2 ou 3 centimetros 
quadrados apenas, depois de terem defecado, pren- 
dem-se (collam-se ?) pelo segmento anal à casca da 
arvore. Os pés das larvas as vezes auxiliam a fi- 
xação, encravando as unhas nas rugosidades; fre- 
quentemente, porém, a parte anterior fica em posi- 
ção elevada, de forma que as extremidades não to- 
cam a base. Pela fenda thoraxica da pelle larval 
surge a nympha. Nesta,o que ha de mais caracte- 
ristico são os 5 pares de «tuberculos halteriformes» 
dos 5 segmentos abdo- 
minaes anteriores. Muito 
semelhantes aos «pro- 
cessi motorii» da nympha 
de Lagria hirta, figu- 
rada por Nchiddte (1. s. 
elit. isto XIV ie aaa): 

Nympha de N. bouvieiri, segmentos ab- em Nilo bouviert E Sta 
dominaes II e Ill ; os «tuberculos halteri- forma é mais pronuncia- 
formes» («processi motorii» de Schiddte). : 

damente a de meio halter 
ou cabeça de alfinete (fig. 3, T) (1). São justamente 
os O segmentos providos destes corpusculos que emer- 
gem da pelle larval; os segmentos restantes não 
possuem taes corpusculos. 

Larvas de N. lutzr foram encontradas em Maio 
nos septos abertos de taquarussú (2)e, a julgar pelo 
material secco de que unicamente dispomos de mo- 


Fig. 3 


(1) Reservamos para um outro artigo o estudo detalha- 
do destes «tuberculos halteriformes» como os denominaremos, 
ao nosso vêr com mais propriedade. Comquanto ainda não 
tenhamos feito o estudo histologico, parece-nos que os cor- 
pusculos em questão não devem ter funeçäo motora, como o 
suggere a denominação dada por Schiódte; a nympha de 
Nilio não se locomove, permanecendo fixa na pelle larval. 

(2) Juntamente com as larvas destes besouros foram 
encontrados, nos mesmos septos, varios outros insectos, taes 
como formigas (Camponotus), Fulgoridas (N. 16773) e cocci- 
das da fam. Dactylopine: Ripersia taquare Hemp. 


== 287 e 


mento, ellas não differem das larvas de N. bouvieri, 
acima descriptas senão pelo colorido. A cabeça, o 
prothorax e os pês são amarello-ochre, em alguns 
pontos tirante ao bruno; os demais segmentos são 
pretos com ligeiro tom oliva; só nos tres ultimos 
segmentos abdominaes reapparece um pouco de co- 
lorido amarellado, pcrém mais denegrido. Os longos 
pellos que revestem todo o corpo e especialmente 
os flancos, são branco-sujos. 


Affinidades da familia 


Tratando-se de besourinhos que modernamente 
pouco tem sido estudados, torna-se difficil dizer qual 
a posição systematica que tenha preval:cido. Fazendo 
abstracção dos auctores antigos, os Nilionidae foram 
collocados naturalmente no grupo dos Heteromera, de 
accordo com o numero de artículos tarsaes (5 nas patas 
le Il,e 4 nas patas III). Neste grupo o Prof. Kolbe 
distinguiu um conjuncto de «familias inferiores», com 
as covinhas coxaes do prothorax abertas atraz, co- 
xas anteriores cônicas e epimeros do mesothorax 
alcançando as covinhas coxaes (fam. Meloidae, Py- 
rechroidae, Pythidae, Anthicidae, Uedemeridae, 
etc.); em um outro grupo ou «familias superiores», 
as covinhas coxaes do prothorax são fechadas atraz 
pela connexão dos epimeros com o prolongamento 
prosternal intercoxal; as coxas anteriores são coni- 
cas, proeminentes ou esphericas e embutidas : taes 
são as fam. Olhnidae, Lagridae, Cistelidae, Tene- 
brionidae, Aegralitilue e Tentyrudae ; na respe- 
ctiva enumeraçäo das familias (loc. cit. pag. 391) 
a que aqui estudamos, foi apenas mencionada, sem 
indicação quanto às suas affinidades com este ou com 
aquelle grupo. Mas em um outro trabalho anterior 
do mesmo auctor (Bibl. 4, pg. 140) a familia dos 
Nilionidae acha-se collocada no grupo das familias 
inferiores, por terem sido consideradas as covinhas 
coxaes como sendo abertas atraz. Mas o exame de 
um bom numero de exemplares mastrou-nos antes o 
contrario; essas covinhas possuem um bordo poste- 
rior que as delimita contra o mesothorax, um septo 


-— 288 —— 


apenas, mas que em todo caso ncs obriga a collocar 
esta familia no mesmo grupo dos Zenebriomdae e 
Cistelidae, ainda que nestes ultimos o bordo em 
questão seja bem mais espesso. Nos Meloidae, Mor- 
dellidae, ete. a covinha coxal é aberta atraz, ou in- 
teiramente ou ao menos até a metade do 1ado interno. 

Pelo estudo que fizemos das formas larvaes 
pudemos reconhecer ainda varios outros caracteres 
importantes para a posição systematica da familia ; 
infelizmente, porera, não possuimos material suffi- 
ciente de larvas de outras familias de Heteromeros, 
nem tão pouco pudemos saber de descrirções de 
larvas de varios desses pequenos grupos, egualmen- 
te até hoje vem pouco estudados. De especial valor 
foi-nos para tal estudo, entre os trabalhos ao nosso 
alcance, a admiravel serie de publicações sobre lar- 
vas de coleopteros do Prof. J. G. Schiôdte no «Na- 
turhistoriske Tidsskrift» (Vol. 11, Tenebrionidae e 
Vol. 12, Lagriidae). 

As larvas dos Nilionidae tem innegavelmente 
varios traços característicos em commum com as 
dos Zenebrionidae, de modo a poderem ser consi- 
deradas como mais chegadas a esta familia do que 
a outros Heteromeros do grupo dos Meloideae (*). 
Mas no mesmo grupe dos Zenebrioideae (*) a fa- 
milia dos Nilionidae avisinha-se muito mais, pela 
forma larval, da fam. Zagriüdae ; dos outros Te- 
nebriordeae conhecemos larvas ou descripções destas, 
apenas dos Cistelidae e Aegiahtidae, que differem 
sensivelmente da familia que aqui estudamos; dos 
Tentyrvidae parece-nos que se pode aftirmar outro 
tanto. Assim collocamos os Nliondae entre os 
Lagrudae e Tenebrronidae. 


(*) Em falta de uma denominação para cada um dos. 
dous grupos de familias de Heteromeros, a que o Prof. 
Kolbe se refere como «familias de organização inferior» e 
«familias superiores», propomos os seguintes nomes : 


HETEROMERA 


Sect. MELOIDEAE n. (familias inferiores com covinhas 
coxaes I abertas atraz): Melandryidae, Mordellidae, Rhipi— 


— 289 — 


Descripção das especies novas 


Nilio lutzi 7 sp. 
(Estampa III, fig. 3) 


Long. & mm; Lat. 7 mm. 

Elytra obscure atro-viridis, caput, antennarum 
art. 1-3, prothcrax, scutellum, elytrorum margines 
flavi, subtus testaceus, pedes flavescentes, antennarum 
art. 4-5 rufo-brunnei, caeteri nigri; caput protho- 
raxque pilis aurentiis, elytra pilis stramineis obtecta. 

Caput et prothoracis pars media confertim et 
leviter punctulata, cujus elytrorumque latera validius. 
Elytra Ôaemispherica, convexa, antice lunata, se- 
riebus 148 longitudinalibus punctorum instructa, in- 
ter has series levae. 

Hab.: Typus (N. 16771, Mus. Paul.) Cantareira, 
São Paulo. 

Istam speciem novam dedico praeclaro colle- 
gae Dr. A. Lutzo in die commemorationis festivae 
studiorum biologicorum XXXV ennos ad glorizm 
scienciae brasiliensis peractorum. 30. III. 913. 


Nilio coffeatus n. sp. 


Long. 8-9 mm.; Lat. 7-8 mm. 
Supra brunneo-nigricans vel coffeatus, pubes- 
cens ; antennae, caput, prothoracis pars media, pec- 


dophoridae, Cephal idae, Oedemeridue, Pythidae, Anthici- 
dae, Pidilidae, Xyl phiidae, Monommidae, ‘Trictenomidae ; 

Sect. TENEBRIOIDEAE 2. (familias superiores, com covi- 
nhas coxaes I fechadas atraz): Othniidae, Cistelidae, La- 
griidae, Nilionidae, Tencbrionidae, Aegialitidae, Tentyriidas ; 

A proposito do nome da penultima familia acima citada, 
derivado do nome generico Aegialites (Mannerh. 1853), lem- 
bramos a confusão que estabelece pela sua quasi perfeita 
homonymia com Aegialitis (Boie, 1822, Aves, fam. Chara- 
dréidae); a familia que se estabelecesse com esse genero de 
ave por typo, teria egualmente o nome Aegialitidae. As 
ambiguidades que dahi resultam, ja nos referimos em nosso 
Catalogo das Aves do Brazil, 1907, pg. XVII, e aqui nos 
limitaremos a assignalar essa falha das Regras Internacio- 
naes de Nomenclatura. codigo esse que entretanto respeita- 
remos incondicionalmente. 


tus abdomenque nigrum, pedes nigri, art. tarsorum 
ferrugiveo-pubescentes. Sutura lineola testaceo-fer- 
ruginea notata; elytra ornata fasciis alternatim obs- 
cure castaneis et nigris cum seriebus punctorum 
colincidentibus. 

Elytra haemispherica, convexa, antice lunata, 
seriebus 18 longitudinalibus punctcrum instructa, 
inter has series tenuiter et confertim punctulata, 
caput prothoraxque aeque punctnlata : subtus pedes- 
que tenuissime punctulati. 


Hab.: Typus (N. 6547, Mus. Paul.) Franca, 
Est. São Paulo. 


Nilio bouvieri 7. sp. 


Long. 6,9 mm.; Lat. 5,7 mm. 

Supra fulveo-olivaceo-grisescens, vel totus pi- 
lis griseis tectus ; caput nigrum simulque prothorax 
in medio, ille in lateribus, elytrorum margines et 
sutura testaceo-flavi, scutellum brunneam; subtus 
pedesque testaceo flavi; tarsi clare brunnei, aureo- 
villosi; partes buccaliae, antennarum art. 1-3 fer- 
ruginei, art. 4-11 gradatim rubro-brunnei. 

Prothoracis pars media elevata, tenuissime pun- 
ctulata, subnitida; cujus latera, elytrorum margi- 
nes crassius punctulati; elytra haemispherica, con- 
vexa, quasi tantum longa quam amba sunt larga, 
antice lunulata, seriebus 22 longitudinalibus puncto- 
rum instructa, inter has series subtiliter punctulata; 
subtus pedesque laeves. 


Hab.: Est. São Paulo: Typus (N. 11510 Mus. 
Paul.) Ypiranga; N. 9616, Jundiahy. 

In honorem docti et professores E. Bouvieri 
plena veneratione hasc species est denominata. 


Nilio paralanatus n. sp. 


Long. 7,5 — 8 mm.; Lat. 7,3 — 7,5 mm. 
Niger; caput prothoraxque flavi, aurantii-pilosi, 
laeviter punctulati; pedes obscure brunnei; elytra 


nitida, extra punctulationem laevissimam cum panctis 
majoribus, irregularibus, in linea recta vel flexuosa 
(propius scutellum), modo in orbem aut vermicula- 
tionem incedentibus, instructa; intra istas figuras 
pubescentia elytrorum est flavo-viridis, extra eas 
nigra. é 

Hab.: Typus. Valle do Rio Pardo, Est. de S. 
Paulo (E. Gounelle leg. XII, 1898); Guayrá, Est. 
Paraná (CG: Schrottky leg. XI, 01910). 


Nilio varius n. :p. 
(Estampa III, fig. 2) 


Long. 6 mm. : [eats ocmm, 

Caput rufo-brunneum, prothorax in medio dito, 
lateribus flavidioribus ; elytra brunneo-nigra, con- 
fertim fasciolis vel maculis numerosissimis, irregu- 
laribus ochraceo-flavis ornata, marginibus (neque 
sutura) ejusdem coloris; antennae pedesque rufo- 
testacel. 

Caput prothoraxque valde et confertim pun- 
ctata; elytra nitida, extra generalem punctalationem 
laevissimam, punctis majoribus circum maculas tes- 
taceoflavas instructa. 

Pars inferior capitis aureo-pilosa, frons, pro- 
thoraxque pilis nigris munita; pubescencia colore 
elytrorum concordat, sic supra maculas testaceas 
sunt fasciculae pilornm flavarum. Elytra haemisphe- 
rica, convexa, antice quasi recta. 

Hab. : Est. S. Paulo, Typus (N. 2502) Canta- 
reira,S. Paulo; Raiz:da Serra: 

Var. a Differt a forma typica : elytra eviden- 
ter lunata; color macularum flavidior ; magnitudine 
forma typica. 

Hob. = São Paulo, Ypiranga (N. 720% 7224, 
Mus. Paul.) 


Var. b Haec forma typo appropinquat, sed 
magnitudine differt: Long. 8,5 mm., Lat. 7 mm. 


Hab.: Franca, Estado de S. Paulo. 


t9 


we) 


4 


| lex 


CHAVE PARA A CLASSIFICAÇÃO DAS 


ESPECIES 


Elytros com pontuação dis- 
posta em 18 series regula- 
ses . 

Elytros com “pontuação dis- 
posta em 22 series regula- 
res . 

Elytros com pontuação irre- 
gularmente disposta, nunca 
em series longitudinaes . 
Especies cujas diagnoses são 
deficientes, motivo pelo qual 
não puderam ser incluidas 
na chave supra. 

Elytros sem outra pontuação 
entre as 18 series. 

Elytros com pontinhos me- 
nores entre as 18 seres re- 
gulares 

Corpo e elytros amarellos 
Elytros escuros. 

Sem faixas longitudinaes SO 
bre os elytros 

Com 6 faixas longitudinaes 
avermelhadas sobre os ely- 
tros. : 
Especie grande, 10 mm. 
Especies “medias, T-Smim. 
Especies pequenas, 4-Omm e 
o bordo anterior dos elytros 
não é concavo como de regra 
Bruno-avermelhado, margens 
do prothorax e dos elytros e 
sutura vermelho-amarellados, 
pellos ruivos; artic. das an- 
tennas 4-11 pretos. 
Semelhante à especie prece- 
dente, mas só os artic. 6-11 
das antennas pretos; a pontua- 


(10) 

4 

(9) 

1) N. testaceus 
2) N. perwvianus 


3) N. villosus 
(7) 


(6) 


4, N. fulvopilosus 


=1 


(9,0) 


10 


it 


13 


ção dos elytros muito mais 
grosseira, principalmente nos 
lados e no apice. 
Antennas com articulos 
amarellos. . . 
Antennas com articulos 1-3 
amarellos. ‘ 

Com sutura amarella. 

Sem sutura amarella : ely- 
tros pretos, sua margem, 
prothorax e cabeça amarellos 
Cor mais escura, pontuação 
dos elytros mais forte, pre- 
thorax maior 

Bruno menos escuro, pontua- 
ção dos elytros mais o 
prothorax menor 
Elytros escuros, brunos ou 
pretos ou pretos, com ou 
sem desenho de outra côr . 
Elytros vermelhos ou cas- 
tanhos. 


1-9 


vermelho-casta- 


Côr geral 
nha, sem outro desenho, 
7mm 


‘ Or geral vermelha, articu- 
culos 3-1] das antennas Ea 
tos, 9 mm 
Em cima o colorido é uni- 
forme . 

Em cima o colorido não é 
uniforme; pelo menos com 
sutura ou frisos de outra 
cor eke ua 0 2 SOO 
Corpo globoso e com lar- 
gura quasi egual ao compri- 
mento, que é de 4ômm.; 
de côr azul metallica em 
eum: 

Corpo antes achatado, alon- 
gado (muito mais do que em 


9. N. thomson: 


6. N. coccine!- 


loides 
(8) 
(9) 


mA lbs 


8 N. pilosus 


9. N amazonicus 


(12) 

(11) 

10. N. rubrocas- 
taneus 

11. N. lafertei 

(14) 

(14) 

12. N. aeneus 


14 


15 


16 


17 


—— 294 -- 


qualquer outra especie do ge- 
nero), 4-4,omm. de compr. 
por 2,9 mm. de largura; 
bruno, só com os lados do 
prothorax mais claros (ama- 
rello brunos) e antennas de 
egual côr nos articulos ba- 
saes, os seguintes cada vez 
mais brunos e só os 4 ulti- 
mos positivamente pretos 
Com frisos de côr mais viva, 
pelo menos a sutura. 
Elytros sem frisos de côr 
mais viva. 5 Apa EEE 
Elytros brunos, com pon- 
tuação mais forte entre as 
18 series e no resto do cor- 
po; antennas brunas, cabe- 
ça e prothorax ochre, 9,5mm. 
Toda a pontuação muito le- 
ve; elytros e antennas de 
côr preta, o resto amarello, 
SD mm, ken rasder pe aeiienvt 
Apenas a sutura com listra 
muito delicada, as margens 
dos elytros parecem amarel- 
las, apenas devido à transpa- 
recia ; cor de fuligem (café), 
corpo, antennas, cabeça e 
centro do prothorax pretos. 
Especies brunas ou mais es- 
curas, com colorido amarello 
ou ochre abundante, tambem 
na cabeça e protborax 
Margem anterior dos elytros 
direita (sem concavidade) ; 
centro do prothorax escuro. 
Margem anterior dos ely- 
tros concava, elytros. (exce- 
pto os frisos) brunos, protho- 
rax inteiramente amarello .. 


13. N. pusillus 
(16) 
(15) 


14 0h suuralis 


15240. collaras 


16. N. coffeatus 


17. A. lebasec 


18 


19 


dO 
ty 


Subpubescente ; artic. das an- 
tennas 1-3 amarellos, os de- 
mais pretos; 6mm 

Todo o corpo em cima com 
longos pellos densos; artic. 
das antennas 1-5 sesamin 
45 min : : 
Sem pontuação entre. as 22 
series, elytros sem frisos, 
antennas inteiramente bruno- 
avermelhadas E 

Com fina pontuação entre as 
22 series, elytros con sutu- 
ra e frisos destacados; an- 
tennas mais claras na base, 
gradativamente mais escuras 
Elytros pretos umforimes (fa- 
zendo-se abstracção da côr 
dos pellos); cabeça e pro- 
thorax amarellos 
Elytros com manchas irre- 
gulares, amarelladas 
Pubescencia verde escura 
( «viridi-obscura» Thoms. ) ; 
Long. 10mm.; Lat. 8,5mm. 
Pubescencia verde clara («fla- 
vo virens» mihi), alternada 
com tufos pretos; Long. 
7.0-10mm À 

À pontuaçäo dos ely tros é 
irregular e independente das 
manchas amarellas ; margens 
dos elytros e suturas ama- 
rellas . 

A pontuação dos elytros for- 
ma os limites de cada uma 
das manchas amarellas 

As manchas dos elytros são 
regulares, ovaes, não muito 
chegadas umas às outras e 
de côr ferruginea . 


18. N. sallez 
19.AN. chiriquen- 


SUS 


20. N. brunneus 


21. N. bouviere 


22 UN. lanatus 


25. N. parala- 
nalus 


24. N. maculatus 


(23) 


. 20. N. pantherinus 


em 296 = 


— As manchas dos elytros são 

irregulares, de tamanho va- 

rio e muito chegadas umas 

às outras, de forma a con- 

fluirem às vezes; a côr das 

mesmas e das margens dos 

elytros é amarello-testacea . 26. N. varius 
24—N. fascicularis Germ. Certamente pertence ao 

grupo O. 

Por ser especie brazileira repetimos aqui a dia- 
gnose segundo Thomsos: «Pallidus, elytris margi- 
natis, disco fuscis, fasciculato pilosis; magnitudine 
N. villosi; caput parum cum antennis pallidum ; 
prothorax villosus, fuscis, lateribus dilatatis, palli- 
dis; elytra fusca, pilis gilvis fasciculata, margine 
reflexo pallido; corpus subtus totum pallidum». 

— N. margmellus Erichs. Pela diagnose pode 
pertencer tanto ao grupo A. como B.; talvez oc- 
corra tambem na Amazonia. Será difficil reconhe- 
cer esta especie e da qual o auctor diz apenas: «Ni- 
ger, subtiliter aequaliterque cinereo puberulus, ely- 
tris punctatissimis obsolete punctato-striatis, sutura 
margineque tenuiter flavo-circumscriptis. Long. 8-9 
mm. (e não «3 mm. 2/3» como escreve Thomson, 
que não converteu a medida original (linhas) em 
milimetros). Patria: Perú. 


Fam. NILIONIDAE 
Gen. NILIO Lair. 1802 


Latreille, Ilist. Nat. Crust. et Ins. III, 1802, 
po Mimos 
Thomson, Bibl. 9, p. 5-12 e 45. 


N. 1. IN. testaeeus Thoms. 


Thomson, Bibl. 9, pg. 9, Est. 3, fig 10 Para. 
Mus. Paul.: Para. 


N.2. NW. peruvianus Thoms. 


Thomson, Bibl. 9, pg. 9 e 45. Perú, Amazonas. 
N. 3. BW. willosus Fabr. 


Fabricius, Mant. Ins. II, append. 1787, pg. 579 
Thomson, Bibl. 9, pg. 9. Guyane fr., Ama- 
zonas. 


N. 4. NW. fulvopilosus Chomp. 
Champion, Bibl. 3, pg. 471, Panama. 
N. 5. NW. thomsoni Champ. 


Champion,, Bibl. 3, pg. 471, Est. 21 fig. 20. 
America Central. 


N. 6. IN. coccinelloides Cast. 


DOT - 
eel ys 


Castelnau, Hist. nat. Col. II, 1840, pe. 
Thomson, Bibl. 9 pg. 10. Brazil. 


N. 720 mM Imtzit Ro volh. 


R. von Ihering, cf. antea. pg. 289; Est. TIL fig. 3. 
Mus. Paul.: (Typo) Cantareira, Est. S. Paulo. 
N. 8. IN. pilosus (Cast. 
297 


Castelnau. loc. s. cit. 1840, pg 227 ; 
Thomson, Bibl. 9, pg. 9 e 40. Colombia, Ama- 


zonas. 


N. 9. MW. amazonicus Thoms. 


Thomson, Bibl. 9, Est. 3, fig. 2. Amazonia. 


N. 10. NW. rubrocastaneus Thoms. 


Thomson, Bibl. 9, pg. 11, Est. 4, fig. 1, Guya- 
na fr. e provavelmente Pará. 


— 298 — 


N. 11. NW. laferti Thons. 
Thomson, Bibl. 9. pg. 9, 11, Golombia. 


N. 12. MN aeneus 70m. 


Thomson, Bibl. 9, pg. 45, Amazonia. 


N. 15. NN. pusillus Kuhnt 


Kunht—ubi? 

Mus. Paul. : (teste C. Bruch)... Rep. Argen- 
tina, Prov. Jujuy. 

EK’ o typo mais aberrante neste conjuncto tão 
homogeneo e não extranharemos si houver quem 
o separe — subgenericamente ? Nao pudemos en- 
contrar a diagnose original; os especimens da nossa 
colleccäo devemos ao sr. Carlos Bruch, do Museu 
de La Plata. 


N. 14 B®. suturalis Thoms. 


Thomson. Bibl. 9, pg. 10, Santa Cruz, Bolivia. 


N. 15. IN. collaris Thoms. 


Thomson, Bibl. 9, pg. 11, Est. 4, fig. 2, Go- 
lombia. 


N. 16. Ne. coffeatus fF. v. lh. 


R. von Ihering, cf. antea pg. 290. 
Mus. Paul.: (Typo) Franca, Est. deS. Paulo. 


N. t7. MN. lebasei Thoms. 


Thomson, Bibl. y, pg. 10, Est. 3, fig. 3. Co- 
lombia. 


N. 18. MW. sallei Zhoms. 
Thomson. Bibl. 9, pg. 10, Est. 3, fig. 4, Mexico. 


N. 19 N. chiriquensis Chanp. 


Champion, Bibl. 3, pag. 471, Est. 21, fig. 21. 
Panamá. 


N. 20. N brunneus Thos. 


Thomson, Bibl. 9, pg. 11, Est. 3, fig. 5, Brazil. 


N. 21. MW. bouvieri ZX. v. Th. 


R. von Ihering, cf antea, pg. 290. 

Mus. Paul.: (Typo) Ypiranga; Jundiahy, Est. 
S. Paulo. 

Os especimens de Jundiahy parecem differir um 
pouco dos typos do Ypiranga. Como porem a serie 
destes mostra certa variabilidade no colorido (ely- 
tros mais claros no meio), não pensamos que seja 
o caso de distinguir subspecies. 


N. 22. N. lanatus Gorm. 
Germar, Ins. Spec., 1824, pg. 161 ; 
Guerin, Icon. Regn. An. Cuvier, 1&43, pg. 


122 Est Sl, fig. 8: Thomson, Bibk' 9) pg; 12. 
Brazil. 


N.25 MW. paralanatus 2. v. lh. 
R. von Ihering, cf. antea pg. 290. 
Mus. Paul.: (Typo) Valle do Rio Pardo, Est. 


S. Paulo; Puerto Majoli, Guayra, Rep. Paraguay ; 
Chaco, Miss'ones, Rep. Argentina. 


N. 24. IN. maculatus Germ. 


Germar, loc. s. cit, 1824 pe. 162. 
Thomson, Bibl. 9, pg. 12, Brazil. 


N. 25. MW. pantherinas Vhs. 


Thomson, Bibl. 9, pg. 12, Est. 4, fig. 3, Brazil. 


N. 26. MW. warius ZX. v. lh. 


R. von lhering, cf. antea, p. 291, Est. III, fig. 2. 

Mus. Paul.: (Typo) Cantareira. Ypiranga, 
Franca: Est. S. Paulo. 

Nota-se alguma variabilidade entre os espe- 
cimens das varias procedencias, sendo que as man- 
chas amarellas dos elytros as vezes confluem, for- 
mando estrias maiores. Sera preciso um maior 
numero de exemplares para verificar si ha alguma 
constar.cia que possa motivar o reconhecimento de 
subspecies. 


Especies incertas 


MW. fascicularis Germ. 


Germar, 100.8. ci 1621, pe. 1072 
Thomson, ‘Bibl. 9, pes 12) Brazil 


N. marginellus Zrichs. 


Erichson, Wieginann’s Archiv f. Naturg. XII, 
154 ep: 1205 
Thomson, Bibl. 9. pg. 2, Peru. 


Nomina nuda 


N. RECTICULATUS Dej.—? N. maculatus Germ. 

Lacordaire, Ann. Sc. Nat. XXI, 1830, p. 152. 

Comte Dejean, Cat. Coleopt. 1837, pg. 220, 
Brazil. 

N. ruscuLous De}. 

Lacordaire 1. cit; Comte Dejean loc. cit. 
Brazil. 

N. rascicutatus Dej.—? N. lanatus, Germ. 

Lacordaire, loc cit.; Comte Dejean, loc. cit., 
Brazil. 

N. pistinctus Dejean, loc. cit. Colombia. 

N. romentosus Dejean, loc. cit. Cayenna. 


Bibliographia 


1) Catalogus Coleopterorwa, Gemmiger & 
Harold, vol. VII, 1870. 

2\ Coleopterorum Catalogus, W. Junk & 
Schenkling. Pars 2, F. Borchmann : Nilionidae ete., 
1910, 

3) Champion, Biolog. Centr. Americana, Col. 
IV; E 1888 po 40; 

4) Kolbe, H. J. Vergl. morphol. Untersuch. 
an Coleopt. u. Grundiage zum System ; Arch. f. Na- 
turg. 67, Beiheft, 1901, p. 89-- 100. 

5) Kolbe, H. J. Mein System der Coleopteren, 
Zeitschr. f. wiss. Insektenbiol., Vol. XIII, 1908 ; 
pgs. 286 e 391. 

6) Lacordaire Mem. hab. Col. Amer. merid.; 
Ann. Sciences Nat. XX. 

7) Lacordaire Genera des Coleopt. Vol. V, 
pa 919: 

8) Sehiddte, J. C. De Metomorph. Elguthera- 
torum observationes; Naturhist. Tidsskrift; Vol. 
XI, 1877-78 (Tenebriones, etc.); Vol. XII, 1879-80 
(Lagriæ, etc.) 

9) Thomson, J., Monogr. fam. Nilionides ; 
Musée scientifique ou Recueil d'Hist. Nat. Paris, 
1860, pg. 9-11 & 45-46. 


Die systematische Stellung der kleinen 
Käferfamilie der Nilioniden 


Die systematische Stellang der neotropischen, 
mit Vorzug brasilianischen Käferfamilie der Nilio- 
niden war bisher schwankend, indem die einen Au- 
toren sie den Tenebrioniden, wieder andere neuer- 
dings den «niederen Familien der Heteromeren» 
zuteilten. Durch die Beschreibung ihrer Larven 
glaube ich neue Gesichtspunkte beibringen zu kôn- 
nen, unter denen sich die Frage entgiltig erledigen 
lasst. 

Bei meiner Bestimmung des diesbezüglichen 
Materiales im Museu Paulista ergab sich, dass von 
den 26 bekannten Nilioniden-Arten einschliesslich 
der 5 neuen, 17 Brasilien zugehóren. Die nachfol- 
gende Zusammenfassung beschränkt sich auf das 
Neue, welches der portugisische Text bringt, wah- 
-rend fiir das bereits Bekannte auf die immer noch 
wertvolle Arbeit Thomson's (Bibliographia, n. 9) 
verwiesen sei. 


Im Allgemeinen ist die Gruppe sehr hemogen 
und nur eine Art, N. pusellus Kuhnt, ist abwei- 
chend durch ihre viel gestrecktere und weniger 
g-wôlbte Form. Die Beschreibung dieser Art war 
mir nicht zugânglich und ich verdanke ihren Namen 
sowie einige Exemplare dem Hrn. Carlos Bruch am 
La Plata Museum. 


Ueber die Lebensweise dieser Käfer hat von 
den iilteren Autoren besonders Lacordaire beri- 
chtet; ich selber und Hr. Lüderwaldt hatten dann 
Ofters GelegenLeit, Exemplare von N. bouvieri und 
lulzi zu sammeln, letztere Art speciell auf dem 
R iesenbambus. 


e 


Beschreibung der Larve von 
N. bouvieri whi 


9 mm lang, 4 mm breit. Die Ränder der Kür- 
perabschnitte verlaufen vom Prothorax bis zum 5. 
Abd. Segmente parallel, die übrigen verschmilern 
sich successive am Abdomen und schieben sich 
übereinander, wodurch die Wolbung dieses Korper- 
teiles erreicht wird; ebenso wülbt sich der Kopf 
nach unten; er hat seine grósste Breite in der 
Hôhe der Ocellen und verschmilert sich dann etwas 
nach hinten. Die Stirne ist beinahe flach, der 
Scheitel etwas gewolbt mit einer Furche in der 
Mitte. Die Zeichnung (Fig. 2) erübrigt eine ge- 
nauere Beschreibung der Mundteile. 

Auf jeder Seite befinden sich 4 Nebenaugen ; 
drei davon bilden ein recht stumpfwinkliges Dreieck 
in gleicher Ebene mit dem Fübler, während das 4. 
viel tiefer im Gesichte liegt. Betreff der Fitihler ist 
zu bemerken, dass das Basalglied viel breiter als 
lang ist, das zweite von kreis‘Ormigem Durchmesser, 
nach der Spitze zu sich verjiingend; das an der 
Spitze befindliche Külbchen endlich kann als 3. 
Glied aufgefasst werden. Jedenfalls handelt es sich 
um ein ähnliches Gebilde, wie es Schiüdte in sei- 
ner Arbeit (Bibl. 8, 1872, Taf. XIV, Fig. 14) für 
Lagria hirta bescheibt: .. «articulo segundo....... 
apice extremo angustiore, globoso, membranaceo ». 


Die Linge des Prothorax kommt der der bei- 
den folgenden Segmente zusammengenommen gleich. 
Von den Abdominalsegmenten ist nur noch das 
letzte besonders zu erwähnen, weil seine Form bei 
allen Larven der Heteromeren charakteristisch ist; 
seine obere Klappe hat bloss in der Mitte einen 
Einschnitt mit wenig divergierenden Rändera (Sei- 
ten), sodass die dadurch gebildeten Spitzen nur kurz 
und wenig voneinander abstehen. Es verhält sich 
damit ungefähr wie bei Lagria. wiihrend bei den 
anderen, übrigens nahe verwandten I*amilien, wie 
den eigentlichen Tenebrionidae, die Analklappe je- 


— 304 — 


desmal seine characteristiche Verschiedenheit auf- 
weist, indem sie im Allgemeinen in Dornen oder 
Haken ausläuft, die beim Riickwiirtsgehen als Fort- 
bewegungsorgane dienen. (*) 

Die Beine sind ziemlich kurz und stark und 
die drei Paare unter sich ungefähr gleich. Die 
Hauptfarbe ist kastanienbraun, die jungen Larven zei- 
gen bloss an den Segment-Absätzen helle Transver- 
saliinien, wiihrend bei etwas iilteren Larven auf dem 
Prothorax ein dunkler Fleck mit weissem Rande 
und in der Mitte mit einem Ausschnitt erscheint. 
Auf unserer Figur sieht man die Zeichnung der 
ausgewachsenen Larve. Der ganze Kôrper ist oben 
mit kurzen Stacheln versehen und ausserdem mit 
langen Haaren, von denen die längsten etwa die 
Halfte der Breite des Kürpers erreichen. Ein Exem- 
plar unserer Sammlung befindet sich eben im Mo- 
ment der Häutung, wobei die Nymphe gerade aus 
dem mittleren Rückenspalt herauskriecht. Nur an 
diesem Exemplar konnten wir die Nymphe studie- 
ren. Nymphenhiiute findet man ôfters an Baumrin- 
den hängen. So besitzt unsere Sammlung verschie- 
dene Belegstiicke, wo man 20 — 40 Häute auf 2 — 
3 qem vereinigt sieht, nur mit dem Abdominalse- 
ement an der Rinde fest gekittet. Manchmal un- 
terstiitzen auch die Füsse der Larve die Befesti- 
vung, meist ist aber der Vorderteil des Koérpers so 
zuriickgebogen, dass die Fiisse nicht mehr die Un- 
terlage beriihren. Das Interessanteste an der Nym- 


(*) In diesem Zusammenhange wire es interessant, auf 
die Stellung des Genus Phymatodes, welches gewohnlich zu 
den Tenebrioniden gerechnet wird, hinzuweisen. Erzchson 
nämlich (Archiv f. Naturgeschichte VIII, 1842, fig. 370) wie 
Schiédte (Bibl. 8, 1879, p. 521), stellten es in die Familie 
der Lagriiden. Doch scheint diese Einreihung nicht berück- 
sichtigt worden zu sein, ef. Coleopt. Catal. (Bibl. 2, 1910, 
II); trotz vorhandener Verschiedenheiten passt aber die 
Beschreibung des 9. Abdominalsegmentes: «... rotunda- 
tum, inerme...» eher auf die Lagriiden. 


phe sind die 5 Paare hantelformiger Tuberkeln (*) 
der ersten 5 Segmente, welche grosse Aehnlichkeit 
mit den «processi motorii» der Nymphen von La- 
gria hirta nach der Darstellung Schioedte’s (I. c. 
Taf. XIV, Fig. 21) haben. 

Gerade diese fiinf mit den hantelfürmigen Aus- 
wiichsen versehenen Segmente treten aus der Lar- 
venhaut hervor, wihrend die übrigen unter der Haut 
liegenden Segmente keine derartigen Gebilde aufwei- 
sen. 


Die Larven von N. lwtz: wurden im Mai ver- 
eint mit anderen Insekten resp. Larven in dow In- 
ternodien des Riesenbambus gefunden. Nach dem 
mir zur Verfiigung stehenden Material unterschei- 
den sie sich wenig von der vorhergehenden Art. 
Kopf, Prothorax und Füsse sind ockergelb, an ei- 
nigen Stellen ins Bräunliche sp'elead Der iibrige 
Teil des Korpers ist schwarz, ins Olivengrüne ab- 
tonend. Nur die drei letzten Abdominalsegmente 
zeigen wieder eine gelbliche Farbe, aber etwas 
dunkler als die Vorderteile. Die langen Haare, 
welche den ganzen Korper, speciell die Flanken 
bedecken, sind schmutzig weiss. 


Prof. Kolbe unterscheidet unter den Heterome- 
ren eine Gruppe von «nieteren Familien», bei wel- 
chen die Coxal-Grübchen des Prothorax hinten of- 
fen sind (Fam. Meloidae, Pyrochroidae etc.) und 
eine Gruppe der «hóheren Familien», bei welchen 
diese Coxalgrübchen geschlossen sind (Fam. Othnz- 
dae. Lagriidae etc...). In seinem System der Co- 
leopteren (Bibl. 5) sagt der Autor nicht, in welche 


(*) Ich gehe hier nicht näher auf die Bestimmung die- 
ser «tuberculi halteriformes» ein ; doch scheint es mir ange- 
bracht, den von Schioedte vorgeschlagenen Namen durch 
einen zutreffenderen zu ersetzen, da diese Auswiichse gewiss 
nicht als Fortbewegungsorgane dienen. Ich hoffe gelegentlich 
durch histologische Untersuchungen dieser Kérpercheu einen 
niheren Einblick in ihre Funktionen zu erlangen. 


— 306 — 


dieser beiden Familien er unsere hier studierten 
Nilioniden eingereiht sehen will. Aber in einer 
älteren Arbeit (Bibl. 4) erwihnt er die Nilioniden 
als zur Gruppe mit offenen Coxalgriibchen gehü- 
rend (niedere Familien) Die Untersuchung einer 
ganzen Anzahl von Exemplaren zeigt uns aber eher 
das Gegenteil: diese Griibchen haben einen Hinter- 
rand, welcher sie gegen den Mesothorax abtrennt, 
ein nur unscheimbares Septum, welches aber ent- 
schieden für die Stellung der Nilioniden in der Gruppe 
der «hóheren Familien» spricht. Auch aus der Be- 
schreibung der Larven ergiebt sich schon ohne 
Weiteres, dass die Nilioniden mehr Beziehung zu 
den héheren Tenebrioniden aufweisen, als zu den 
mederen ‘ amilien. 

Um übrigens diese unhandliche Unterscheidung 
in «hdhere» und «niedere» Familien durch einen 
fasslicheren Terminus zu ersetzen, schlage ich vor, 
die oben als «héhere Familien» bezeichnete Gruppe 
TENSBRIOIDEAE die als « niedere » bezeichneten Fa- 
milien MELOIDEAE zu nennen. In der Gruppe der 
TENEBRIOIDEAE weissen die Nelzonzdae in ibrer 
Larvenform specielle Beziehungen zu den Lagrvidae 
auf Von den anderen Familien der Tenebrioideae 
kennen wir die Beschreibungen der Larve nur 
von Cistelidae und Aegialitidae, welche jedoch 
merklich von unserer Familie abweichen. Das Ver- 
hiltnis zu den Zentyridae scheint ein Aehnliches 
zu sein. Deswegen halten wir es für angebracht, 
die Nilioniden zwischen die Familien der Lagriidae 
und Tenebrionidae zu setzen. 


George Marcgrave 


O primeiro sabio gue veiu estudar a natureza do 


Bracil — 1636 a 44 
POR 


RODOLPHO VON IHERING 


O primeiro naturalista que veiu à terra de Santa 
Cruz para estudar a flora e fauna, as terras e es- 
trellas da nossa patria, bem merece ser conhecido 
mais de perto por todos nós que nos interessamos 
pelo desenvolvimento intellectual de nossa patria. 

E quiz a fortuna que esse precursor dos nossos 
«Meyer's» fosse uma das personalidades das mais 
sympathicas e de mais ampla ilustração; George 
Marcgrave, autor da «llistoria Rerum Naturalum 
Brasiliae», publicada em 1648. 

As infcrimações que a seu respeito encontramos 
nas encyclopedias limitam-se a dizer que esse 
naturalista allemão viera ao Brazil em com- 
parhia do principe Mauricio de Nassau, governador 
das conquistas hollandezas no Pernambuco, que aqui 
re dedicou a estudos de historia natural e que, de 
collaboração com William Piso, escreveu o livro 
que acima mencionamos. 

São, francamente, por demais laconicas taes in- 
formações biographicas, em se tratando de um vulto 
da nossa historia, do valor do Marcgrave, e assim 
cremos que será bem acolhido um resumo do es- 
tudo do dr. E. W. Gudger (Popular Science Mon- 
hly. IX, 1912), em que esse scientista norte ame- 
ricano reune e commeata todas as informações que 
poude obter acerca do collega. 


= 308 = 


Julgamos ainda opportuno accrescentar alguns 
dados relativos ao livro de historia natural brazi- 
leira de Marcgrave, preciosidade bibliographica de 
inestimavel valor, da qual se encontra um exemplar, 
em optimo estado de conservação, na bibliotheca 
particular do dr. H. von Ihering. 

de 

veorge Marcgrave nasceu em 10 de Setembro 
de 1610 em Liebstadt, na Sa xonia, Allemanha, e era 
filho de familia illustre — ao menos sabe-se que 
tanto o pae como o avô materno de George eram 
versados em theologia e sabiam latim e grego, o 
que naquelles tempos certamente correspondia a ser 
doutor hoje em dia. Aos 17 annos de edade, man- 
daram o joven percorrer o mundo, para que culti- 
vasse as suas naturaes inclinações para os estudos e 
approveitasse as suas disposições musicaes e de pin- 
tura. Assim esteve Marcgrave em dez universidades 
(acalemias) aliemäs, onde estudou mathematicas, 
botanica, chimica e medicina; por fim, não satis- 
feito ainda com tanto saber, dedicou-se ao estudo 
da astronomia, e assim trabalhou durante dous annos 
no observatorio de Leyden, onde se distinguiu pela 
ilustração e pela actividade, produzindo trabalhos 
originaes que mereceram francos elogios dos seus 
mestres. 

Gontava Marcgrave 2% annos quando travou 
relações com Jean de Laet, director da Companhia 
das Indias Occidentaes, homem de grandes mere- 
cimentos e apreciador da boa sciencia. Estava, pois, 
o jovem naturalista bem recommendado ao conde 
de Nassau, que procurava formar em Pernambuco 
(ou melhor «Mauricia») a sua corte intellectual. 

Effectivamente, convidado por Nassau para 
prestar os seus serviços na exploração scientifica da 
nova colonia hollandeza, e tentado pelas maravilhas 
que lhe contavam da natureza brazileira, embarcou 
Marcgrave em 3.º de Janeiro de 163%, para dahi a 
a dous mezes pisar em terras pernambucanas. 


t — — 309 — — 


Mauricio de Nassau sentia-se bem nesta roda 
de homens de sciencia e deartistas; alem de Marc- 
grave, ahi estavam W. Piso, medico; o capellão 
Franz Plate, ulteriormente professor de th2ologia 
em Breda; IH. Gralitz, jovem geographo allemão, in- 
felizmente pouco depois victimado pelas febres ; Elias 
Herkman, autor de nma monographia sobre a ca- 
pitania da Parahyba; Peter Post, architecto de no- 
meada e tambem o irmão deste ultimo, Franz Post 
pintor de merecimento e autor de numerosos quadros 
de grandes dimensões, que representavam scenas da 
nossa natureza, alguns dos quaes foram: offerecidos 
depois a Luiz XIV. 

Era este o meio intellectual em que Marcgrave 
ia desenvolver a sua actividade. Pela sua cultura 
variada, que se extendia mesmo à architectura mi- 
litar, o conde de Nassau tinha-o em alta conta, e 
assim lhe proporcionava todas as facilidades e re- 
cursos de que necessitava. 

Era a primeira vez que um astronomo expe- 
rimentado se dispunha a estudar o céo do hemis- 
pherio meridional e por isto o preclaro principe 
installou um observatorio em uma das torres de 
seu palacio «Freiburg», na ilha de Antonio Vaz, 
(Recife). Ahi Marcgrave passava as noites a es- 
tudar as constellações e os planetas. Sabe-se mais 
que o conde déra ordem aos capitães de navios que 
colligissem os dados astronomicos de que Marcgrave 
necessitasse para completar as suas observações. 
Um grande tratado de astronomia foi o resultado 
desses trabalhos e o manuscripto, dividido em tres 
partes, trazia o titulo «Progvmnastica Mathematica 
Americana». 

Desgraçadamente, porem, esse precioso ma- 
nuscripto, antes de ser impresso, foi emprestado a 
uns e outros dos astronomcs de reputação na Hol- 
landa, e assim perderam-se duas partes do mesmo, 
e só uma das tres foi impressa em 1658, o «Tra- 
ctatus Topographicus et Metereologicus Brasiliæ cum 
Eclipst Solaris». 

Assim, pouco nos resta das primeiras obser- 


vações astronomicas feitas no nosso hemispherio, 
sahidas do primeiro observatorio que se erigiu na 
America. 

Marcgrave vrestava ainda bons serviços à nova 
colonia hollandeza, traçando plantas ae cidades e 
fortificações e confeccionando mappas das regiões 
conquistadas. Eram de sua lavra os mappas que o 
conde Nassau mandou gravar na Hollanda, mappas 
estes que então muito commumente se encontravam 
nas melhores casas hollandezas, como ornamento 
dos vestibulos. 

Mas, já na sua segunda edição, esses mappas 
não lembravam mais o nome de seu autor. 

Ainda a respeito de outro trabalho, muito pro- 
vavelmente de Marcgrave, ha duvidas que talvez não 
seja possivel esclarecer. 

E” a magnifica collecçäo de aquarellas em que 
são representadas innumeras especies da nossa 
flora e fauna; esta série, bem como uma outra no 
mesmo genero, pinturas a oleo, provavelmente de 
outro artista, ao todo 1.460 figuras, acham-se na 
Real Bibliotheca de Berlim. O Eleitor de Bran- 
denburg adquirira as mesmas do principe Mauricio 
(então governador de Berlim) pelo preço de 50 mil 
thalers. Não se sabe o que deva ser attribuido a 
Marcgrave, visto como tambem ha os trabalhos de 
F. Post, ao qual já nos referimos, mas cujas obras 
principaes, pa:zagens, etc., desappareceram. 

“Assim, por toda a forma, a fatalidade, combi- 
nada talvez à inveja, procurav? fazer esquecer o 
nome illustre deste desventurado scientista. Resta 
apenas o seu livro «listoria Rerum Naturalium 
Brasilize». 

Para a confecção do mesmo Maregrave em- 
pregou os melhores dos seus esforços e, incangavel, 
durante os seis annos que permaneceu no Brazil, 
colligiu toda sorte de animaes e plantas, e descreveu 
e figurou-os de forma a ssrem facilmente reconhe- 
cidos; reuniu o que poude quanto a informações 
biologicas interessantes, indicando sempre os res- 
pectivos nomes em lingua indigena, bem como em 


portuguez e hollandez. Menciona o livro ao todo 
301 especies de plantas, des quaes 200 são figu- 
radas, e 367 descripções de animaes, acompanhadas 
de 222 desenhos. 

No palacio Freiburg de Nassau, o naturalista 
mantinha um pequeno jardim zoologico e acquarios 
tanto para peixes do mar como da agua doce. 

Dos diarios de Marcgrave (que aliás se perde- 
ram depois de 1730) sonbe Manget que o nosso 
scientista fizera varias excursões à Parahyba, ao Rio 
Grande do Norte e para o interior; isto nos annos 
de 1638 a 40. Os diarios de 1641 a 44, si existi- 
ram, não foram vistos por Manget ou quem por el- 
le escreveu a biographia de Marcgrave, na Biblio- 
theca Scriptorum Medicorum, de 1731. Devia ter 
sido immenso o material zoologico e botanico reu- 
nido por esta forma ; o principe Nassau tinha verda- 
deira paixão por esses estudos, não duvidando mes- 
mo em transformar o seu sumptuoso palacio Frei- 
burg em verdadeiro museu. Marcgrave examinou 
ahi mesmo especimens provenientes da Africa, e sa- 
be-se de uma expedição ao Pacifico, de onde lhe 
trouxeram a lhama chilena, que vem figurada pela 
primeira vez na nossa Historia Rerum Nat. Bra- 
silize. 

Ao regressar para a Europa o conde carregou 
comsigo todas essas collecções e tantas riquezas havia 
reunido o nosso Marcgrave, que sem empobrecer 
as suas proprias collecções, Nassau poude presentear 
os dous museus da Hollanda e ainda varios gabine- 
tes de naturalistas particulares, com um sem nume- 
ro de especimens. 

Em 1644 Marcgrave escrevia a seus collegas 
da Europa, que tencionava voltar em breve à patria, 
para ahi concluir os seus manuscriptos e entregal-os 
ao prélo. Mas, inesperadamente, teve ordem de 
seguir para a Africa. Ahi, apenas aportou em An- 
gola, foi poucos dias depois victimado pelas febres 
(julho ou agosto de 1644). Era o destino que se 
interpunha à brilhante carreira, que dahi em deante 
estaria aberta ao jovem naturalista, então apenas 


com 34 annos de edade. Os seus conhecimentos 
extendiam-se por todos os ramos da sciencia natural : 
e, com outro tanto de vida que lhe fosse concedido, 
como sexagenario, qual Aristoteles, elle teria abran- 
gido todo o saber humano de seu tempo. 

Si para a sciencia do seculo XVII, a morte 
prematura de Marcgrave foi lastimavel, no Brazil 
esta perda avalia-se pelo estacionamento da investi- 
cação scientifica, que veiu como que deplorar o 
mallogrado naturalista: dois seculos quasi de luto 
fechado. Effectivamente, só depois de 1820 as nossas 
riquezas naturaes conseguiram attrahir novamente 
scientistas de valor, como os Spixe Martius, Wied, 
Castelnau, d'Orbigny, etc. 

Resta-nos ainda dizer alguma cousa sobre o 
grande livro de Historia Natural do Brazil do nosso 
autor, unico legado scientifico pelo qual hoje em dia 
podemos aquilatar os meritos de Marcgrave. E ainda 
aqui predomina a triste nota do infortunio. Como | 
vimos, Marcgrave não teve tempo para concluir a | 
sua obra principal; o seu manuscripto consistia em 
folhas esparsas, cada uma das quaes estudava uma 
determinada especie e poucas são as paginas de con- 
siderações geraes. Não fora a paciencia de seu 
grande amigo, Jean de Laet, ao qual já nos refe- 
rimos, e não teria sido possivel imprimir o pre- 
cioso manuscripto. E accresciam ainda circumstancias 
que difficultavam sobremaneira este trabalho já em 
si tão arduo para quem, como Laet, era leigo na 
materia, verdadeiros «handicaps», na expressão do 
biographo dr. Gudger. 

Talvez, pelo facto de serem officiaes do mesmo 
officio, Marcgrave e W. Piso, o medico de Nassau, 
não conseguiram manter relações de boa camara- 
dagem, e o procedimento ulterior do «physicus» 
parece revelar-nos que fôra o caracter pouco leal de 
Piso que motivára as desavenças. 

Prevendo talvez a sua morte prematura, e te- 
mendo que o seu trabalho fosse usurpado pelo col- 
lega, Marcgrave escrevia todos os seus trabalhos 
botanicos e zoologicos em caracteres cifrados ; outro 


tanto não fez em astronomia, materia à qual Piso 
era inteiramente extranho. 

O proprio Laet no prefacio da Historia Na- 
tural diz que a decifração secundum alphabetum se- 
creto relictum lhe custou trabalho insano. 

Assim, por um lado a difficuldade da leitura 
do manuscripto, e por outro a natural desordem em 
uma monographia não concluida, teriam feito desa- 
nimar quem não se consagrasse ao trabalho com a 
dedicacão e a pertinacia do benemerito Laet. 

Finalmente, em 1648, foi publicada a obra. As 
132 primeiras paginas são da lavra de W. Piso: 
«De Medicina Brasiliensi»; a Historia Natural de 
Marcgrave comprehende 303 paginas, ilustradas 
com 429 figuras. 

Não é nossa intenção fazer aqui uma apreciação 
do valor sicientifico dessa obra; nem isso seria ne- 
cessario, porque varios scientistas de nomeada já se 
deram ao trabalho de analysal-a ponto por pcnto. 

Mencionaremos Lichtenstein, que em 1814 iden- 
tificou à maior parte dos animaes descriptos por Marc- 
grave e von Martius, que realizou egual estudo com 
relação à botanica 

Poderiamos citar ainda Cuvier e tantos outros 
naturalistas que enaltecem o valor dessa obra, que tão 
vantajosamente se distingue das outras congeneres, 
de seu tempo. 

Gesner e Aldrovandi eram os autores de maior 
cotação nesse tempo. 

Elles, porem, limitavam-se a citar e confrontar 
os textos dos classicos e quem encontrasse a refe- 
rencia mais antiga, ainda que ella fosse a mais ab- 
surda, tinha dado prova da maior competencia e 
erudição. 

Infelizmente, não raro ainda hoje, essa erudição 
medieval consegue, entre nós, offuscar... certas classes. 

Marcgrave, pelo contrario, estudava no grande 
livro da Natureza, onde dia por dia encontrava no- 
vas maravilhas. 

O perigo consistia justamente em que o natu- 
ralista, tão preoccupado em observar os factos e seus 


314 — 


detalhes, perdesse de vista as leis geraes que o seu 
espirito philosophico estava talhado para investigar ; 
ou por outra, por fazer tanta analyse, poderia es- 
quecer-lhe a synthese. 

Devemos lembrar, porem, que Marcgrave devia 
tratar antes de tudo de colligir os materiaes, para 
depois, mais commodamente na Europa se entregar 
às locubrações philosophicas. Temos noticia de tra- 
balho iniciado nesse sentido pelo nosso naturalista : 
eram considerações sobre a distribuição geographica 
das plantas (test munham-no Driesen e de Laet), 
thema biogeographico este que só muito moderna- 
mente mereceu melhor conceito na sciencia. 

Queremos mencionar ainda que Piso parece 
ter ficado muito descontente com as homenagens 
que Laet prestou a Marcgrave ao editar a obra 
deste em 1648; ao menos em 1658 Piso reeditou 
a mesma obra, já agora com outro titulo («Indiae 
utriusque Re Naturali et Medica» Amsterdam). Laet 
Já não contava mais entre os vivos para detender 
Marcgrave e a sua obra, e assim nessa segunda 
edição, Piso modificon tudo a seu sabor. 

Mas alem de se apoderar da propriedade litera- 
ria do collega fallecido, ao qual só se refere inci- 
dentemente, o medico de Nassau deturpou de tal 
forma os escriptos de Marcgrave que a cada 
passo se encontram inverdades ou erros que não 
existiam na primeira edição e que devem ser 
attribuid's, pela maior parte, 4 falta de conheci- 
mento nesses assumptos por parte de Piso. Desta 
forma o companheiro de Marcgrave, em vez de co- 
lher maiores louros, com essa edição de 1658, 
só conseguiu baixar o conceito em que será tido 
pelos seus criticos. Discutam os latinistas a inter- 
pretação que devam dar aos qualificativos com que nos 
prefacios da 1.º e 2.º edição elle se refere a Marcgra- 
ve;anós parece que mesmo na primeira dellas já se 
descobre uma pontinha de inveja mal soffreada. E por 
ahi se vê que bem avisado andou Marcgrave escreven- 
do os seus trabalhos em caracteres cifrados, para 
evitar que alguem se approveitasse dos seus manus- 


— 315 — 


criptos, si por acaso viesse a fallecer antes de pu- 
blical-os («si forte quid humanitus ipsi accidisset 
antequam ipse illos posset publici juris facere. ..» 
Laet, Prefacio 1648). 

Reconhecendo, pois, cs altos meritos do natu- 
ralista que nos deu a primeira Historia Natural do 
Brazil, é de justiça salientar ao mesmo tempo o 
quanto devemos ao Principe Mauricio de Nassau, que 
proporcionou ao jovem sabio todos os meios para 
escrevel-a. E ainda é a Jean de Laet, o testa- 
menteiro literario do nosso autor, que devemos a 
boa impressão da obra, que sem a intervenção desse 
seu amigo se teria perdido. 

Eis abi, em summa, o que hoje sabemos da 
vida do mallogrado sabio, que com tanto enthu- 
siasmo dedicära os melhores annos de sua vida à 
exploração scientifica do nosso paiz. 

Por mais que se procurasse, fui impossivel des- 
cobrir algum retrato de Marcgrave; os restos mor- 
taes, sepultados como os de um desconhecido, estão, 
talvez para sempre, perdidos na costa africana. 

Um monumento, porem, «aere perennius», elle 
proprio se levantou — a Historia Rerum Natura- 
lium Brasilice. 

Quando algum dia um scientista moderno puder 
escrever uma obra que venha a corresponder ao 
que foi, em seu tempo, o livro do naturalista de 
1640, uma obra original, illustrada, que estude o 
céo e a terra, as gentes, os animaes e as plantas do 
nosso paiz, quando essa obra se imprimir, o livro 
de Marcgrave terá festejado seu tricentenario e te- 
remos feito justiça ao seu autor. 


PROTECÇÃO AS AVES 


OR 


HERMANN VON IHERING 


O problema 


O homem torna-se cada vez mais senhor do. 
giobo, aproveitando todos os recursos que a natu- 
reza lhe offerece. Como o direito não nasce tão 
sômente da conveniencia e da reflexão, mas tam- 
bem da força, e como o homem exerce o seu poder 
sobre todas as riquezas naturaes, claro é, que elle está 
no seu direito quando se utilisa de taes vantagens. Este 
direito, entretanto, não é absoluto, impondo-se o res- 
peito não só à geração actual, mas tambem às ge- 
rações vindouras. Não se mata a gallinha, que põe 
os ovos de ouro, e neste sentido as riquezas natu- 
raes, particularmente a flora e a fauna, representam 
um capital de valor inestimavel, cujo usofructo à 
destinado tão bem às épocas futuras como à presente. 
Infelizmente a ganancia do homem já causou es- 
tragos immensos, extinguindo numerosas especies 
de animaes e plantas, e entre ellas muitas de grande 
valor economico. 

Entre os animaes os que mais soffrem na actua- 
lidade e que mais attrahem a solicitnde dos amigos 
da natureza e dos governos, são as aves. 

Ja se contam às centenas as especies brutalmente 
extinguidas pelo homem. 

Ii como si a caça desenfreada já não fosse suf- 
ficiente, são innumeros ainda os factores, que di- 
minuem ou destroem as condições favoraveis à exis- 
tencia das aves. As estradas de ferro e as linhas 


me ieee 


telegraphicas e telephonicas causam a morte de in- 
numeras aves, e outras tantas são victimas dos 
pharoes. A cultura intensa do sólo, que cada vez mais 
augmenta sua area, expulsa as aves. A destruição 
de mattas, capões e cercas vivas tira-lhes os nltimos 
refugios e os lugares apropriados para a nidificação. 

Nestas condições comprehendeu-se por toda parte 
a necessidade de oppôr obstaculos ao desappareci- 
mento de tão bellas e sympathicas creaturas, mor- 
mente si tomarmos em consideração, que as aves 
por seu modo de viver e particularment: pelo ex- 
terminio de numerosos insectos e outros animaes 
nocivos à agricultura, silvicultura, etc. são valiosos 
auxiliares do homem e quasi seus alliados. 

Na Europa, a Allemanha, a Inglaterra e a 
França são os centros desta louvavel propaganda, e 
alem das leis regularisando a caça e determinando 
a protecção das aves, jd existem numerosas reser- 
vas florestas ou parques naturaes bem como esta- 
ções de protecção ornithologica. 

Iniciativas semelhantes notam-se na America 
do Norte, nas Indias e na Australia. Na America 
do Norte já existem 10 grandes parques nacionaes 
com uma superficie total de 2.00 kilometres qua- 
drados, e na Australia se contam 99 de taes re- 
servas naturaes. Acontece deste modo, que as aves 
têm mais protecção em Honolulu e na Nova Ze- 
landia, nas Ilhas Bahamas, em Malacca e Hongkong, 
do que no Brazil. Mesmo o interior da Africa 
está actualmente transformado num centro de pro- 
tecção aos animaes silvestres, graças a uma con- 
venção internacional dos respectivos governos eu- 
ropeus. 

Deste modo já ha muita cousa feita em favor 
da conservação de aves raras e muito perseguidas. 
Nem sempre, entretanto, a fiscalisação das respe- 
ctivas leis é sufficiente. Na Australia, as aves são 
divididas em tres classes, que comprehendem respe- 
ctivamente as que são protegidas durante o anno 
inteiro, as que é prohibido matar na época da in- 
cubação, e as que não gosam de protecção alguma. 


As multas para as infracções da lei variam entre 
1 e 25 libras esterlinas. Na maior parte dos paizes 
tropicaes a lei prohibe a exportação das pelles ou 
plumas de aves, como por exemplo nas Indias inglezas. 
Mesmo na China, onde a matança de faisões, garças, 
etc. para fins de exportação se desenvolveu tanto, 
póz-se termo a este commercio. As aves de pa- 
raizo, cujo exterminio estava imminente, hoje têm a 
sua existencia garantida pcr convenção dos respe- 
clivos governos europeus, e os unicos exemplares, 
que ainda de vez em vez se caçam, são os destinados 
aos museus. 

Ao passo que assim nos paizes tropicaes a 
protecção das aves está bem encaminhada por parte 
das potencias europeas, na Europa mesmo persiste 
um abuso dos mais lamentaveis e vergonhosos, a 
carnificina sangrenta com que os italianos, anno por 
anno, dizimam as aves de arribação. 

Todos os protestos dos ornithologos e da im- 
prensa do mundo civilisado não tiveram até agora o 
resultado desejado, por causa da reluctancia do go- 
verno italiano. Tratando da questão de uma ma- 
neira imparcial, deve-se reconhecer, que ha grandes 
capitaes empregados neste ramo de industria e que 
não se pode exigir a prohibição desta caça sem 
indemnisar os empreiteiros e proprietarios pelos 
prejuizos directos, que terão de soffrer. 

Na America meridional a exportação de pelles 
de aves já diminuiu um tanto. Antigamente o Rio 
de Janeiro exportava passaros em grande quanti- 
dade, tendo o negociante Beske em Nova Friburgo 
organisado a matança dos passaros em grande escala. 

Nos ultimos decennios a Bahia tornou-se o 
centro da exportação de plumagens de passaros, que 
em geral são vendidos em leilão na Inglaterra. Ha 
15 annos mais ou menos a plumagem de beija-flores 
não está mais em moda, e a ave mais perseguida 
é agora a garça. A respeito della existe uma grande 
literatura, provocada particularmente pela Sociedade 
Real de Protecção às Aves na Inglaterra, que fez 
distribuir largamente um folheto intitulado «A His- 


toria da Garça». A sociedade affirma que a maior 
parte desta plumagem, que annualmente é vendida 
nos mercados europeus, é obtida pela caça das aves, 
e não pela colheita das pennas perdidas, como faziam 
constar os negociantes. Uma recente publicação do sr. 
A. Ménégaux, (J) do Musée d'Histoire Naturelle de 
Pariz defendeu os interesses destes ultimos. Se- 
gundo este autor ha no interior da Venezuela, es- 
pecialmente na região do Orinoco, numerosas co- 
lonias destas garças, que nidificam todos os annos, 
nas mesmas mattas. E alli, que os indigenas re- 
colhem as plumas tão apreciadas, conseguindo cada 
um delles recolher até 25 kilos durante a es- 
tação. Os donos destes valiosos «garceiros» não ad- 
mittem a matança das garças. que além disso por 
lei de 12 de Margo de 1910 são protegidas. A 
exploração das plumas da garça é uma industria do 
Estado, para o qual é uma fonte de renda. Ha gar- 
ceiros tambem nos Estados de Matto Grosso e Goyaz, 
cujos productos são vendidos em Buenos Aires. 
Procurei debalde informações minuciosas e fidedi- 
guas sobre aquella industria. 

Um decreto (2) do nosso governo federal, de 15 
de Janeiro de 1909 prohibe a caça das emas, gaivotas, 
andorinhas do mar, jabirús e garças; mas como a 
execução da lei depende das camaras municipaes, O 
resultado não pode ser o desejado, sem falar na dif- 
ficilima fiscalisação. 

Não quero pôr em duvida a affirmação do meu 
distincto collega, de que na Venezuela existam gar- 
ceiros, isto é, localidades em que as garças, reu- 
nidas em grande numero, nidificam em colonias, e 
que em taes garceiros se recolham as celebres pen- 
nas ornamentaes. Mas está fora de duvida que tam- 
bem mesmo na Venezuela se mata immensa quan- 


1) A. Ménégaux, La protection des oiseaux et Vindus- 
: po 
trie plumassière: Bull. Soc. Philom. Paris III, 1911, pags. 
9-28. Veja-se tambem a publicação do mesmo auctor: «Ame- 
5 . . 4 : r . r 
grets as victims to fashion», Zoologist, London 2 
rican egrets as victims to fasl , Zoologist, London XIII, 
1909, pgs. 246-252. 
2) Não consegui descobrir este decreto mencionado 
pelo «Birds News». 


tidade de garças, facto esse que foi provado pela 
communicação ao Congresso Ornithologico Interna- 
cional de Berlim, segundo o qual naquella republica 
em 1898 foram mortas e exportadas 1.538.738 
garças e em 1908 apenas 257.961. Faz pouco 
tempo que correu pelos jornaes uma noticia sobre 
o cuidado com que os indios do Matto Grosso re- 
colhiam es plumas das garças. As experiencias do 
pessoal deste Museu não confirmam absolutamente 
taes historias e a mesma observação já foi publicada 
pelo sr. Hagmann, ex-funccionario do Museu do Pará. 
O nosso naturalista viajante, sr. ÆZrneslo Garbe 
a meu pedido indagou a frequencia das garças e sua 
caça nos Estados de Minas e Bahia ao longo do Rio 
de S. Francisco. As garças alli são muito perse- 
guidas, matando-se indistinctamente machos e fe- 
meas. As plumas de «osprey» pagam-se com 3g a 
gramma, podendo-se obter de uma ave 3-4 grammas. 

Em geral o commercio de plumagens passou 
por uma transformação completa no correr dos ul- 
timos annos. Segundo Ménéqaux existem em Pariz 
mais de OCO fabricas e ateliers, que se occupam 
com trabalhos de plumas. Esta industria da pluma 
emprega mais de 50.000 operarios de ambos os 
sexos, importando o valor total da producção em 
150 milhões de francos. Taes fabricas não se podem 
utilizar da grande variedade de typos, que a caça 
no exterior fornece. O que elles necessitam, são ar- 
tigos mais ou menos uniformes, disponiveis em 
grande quantidade, para serem beneficiados pelos 
methodos mais modernos da chimica e da tin- 
turaria. Deste modo consegue-se imitar os diverscs 
typos de plumas, inclusive as da garça, e mesmo 
passaros inteiros se fabricam com elles. O ganso, 
a galinha, a marreca, o perú e outras aves domes- 
ticas contribuem largamente para o supprimento 
destas fabricas, para as quaes as plumagens de aves 
caçadas importam apenas em 2 porcento da materia 
prima empregada. Dá-se o caso, que os proprietarios 
de pavões brancos delles tiram por anno e por ave 
um lucro de 100 francos. No meio destas aves domes- 


ticas encontram-se varias, que só de alguns decennios 
para cá são oljecto de criação. Da avestruz havia 
apenas uma criação de 69 aves na colonia do Cabo 
em 1565, quando se começou a domestical-a. Actual- 
mente alli e nas colonias vizinhas existem mais de 
900.000 destas aves, que rendem para mais de 50 
m'lhões de francos por anno. Nas republicas Argen- 
tina e do Uruguay já se criam perto de 100.000, 
dando cada uma €00 grammas de plumas por anno. 

A intenção dos propagandistas e dos governus 
na Europa e na America do Norte é por conseguinte 
acabar com a matança de aves silvestres, destina- 
das a fins commerciaes, e substituil-as por aves 
domesticas ou criadas pelo homem. Deste modo 
será possivel satisfazer as exigencias da moda, os 
interesses do respectivo commercio e defender a 
existencia das aves silvestres. Ha tendencias para 
influir directa e indirectamente sobre as acções dos 
governos de paizes extra-europeus, que ainda não 
comprehenderam a necessidade da protecção às aves. 
Mas afinal verificou-se que por este modo nada 
se consegue em definitivo. Chegou-se à convicção, 
que não é só o direito, mas o dever dos governos 
de zelar pela conservação das riquezas ornithologicas 
de seus paizes, dever sagrado este, exigido pelos 
interesses economicos não sómente da geração actual, 
mas tambem das gerações futuras. . 

A Real Sociedade de Protecção às Aves em 
Londres declarou, que os paizes que até agora menos 
acautelaram esta parte de suas riquezas naturaes, 
são o Perú e o Brazil. Não me consta que no Perú 
já existam medidas officiaes para impedir o ex- 
terminio das aves. No Brazil já foi publicado (2) o 
decreto acima mencionado, de protecção de diversos 
animaes uteis à agricultura. Este decreto é de 
pouco valor pratico, por falta de observancia. Mas 
nem por isso deixa de significar o começo de uma 
nova éra de defesa das riquezas naturaes do paiz. 
Actualmente pela creação do Ministerio da Agri- 
cultura já se acha em funcçäo uma repartição pu- 
blica, encarregada da defesa de todos os interesses 


da prodvcção agricola. Que nos seja permittido 
exprimir a esperança de que o ministerio não tarde 
em elaborar leis sobre a caça e a protecção às 
aves. Já em 1902, no volume V da Revista do 
Museu Paulista publiquei um estudo : «Necessidade 
d'uma lei federal de caça e protecção das aves», 
que porém até agora não produziu effeito pratico. 
A merte do illustre estadista paulista Dr. José Bo- 
nifacio de Oliveira Coutinho interrompeu a elabo- 
ração do projecto de lei, que tencionavamos redigir 
de collaboração, de modo que julguei conveniente 
apresentar o meu esboço ao exmo. sr. dr. Pedro de 
Toledo, então Ministro da Agricultura. 

Effectivamente são grandes as difficuldades, que 
se oppõem à realisação de emprehendimentos desta 
natureza. Acontece as vezes que as melhores in- 
tenções do governo federal são anniquiladas por dis- 
posições contrarias da legislação ou da constituição. 
O meio mais simples para impedir a exportação de 
innumeras pelles de aves ou de immensas quantida- 
des das mais bellas orchideas das nossas mattas se- 
ria a creação de um imposto de exportação bastante 
elevado ; mas para tanto o governo federal não tem 
competencia. 

Peior do que neste caso é a situação com re- 
lação à caça, cuja regularisação cabe aos municipios. 
Deste modo o governo federal vê-se impedido de 
agir, emquanto das camaras municipaes, quando muito 
um por cento dellas toma a serio o direite, que a 
constituição lhes attribue. Não obstante, o assumpto 
não é de aspecto tão desesperador como parece. 
Incumbindo os municipios da legislação sobre a caça, 
a constituição naturalmente havia comprehendido a 
impossibilidade de decretar leis de caracter geral, 
em vista das grandes diferenças, que existem em 
clima, fauna, flora e população entre os diversos 
Estados da republica. A constituição deveria entre- 
tanto, ter incumbido os governos dos Estados, e 
não as camaras municipaes cesta legislação, seguindo 
tambem neste ponto o exemplo dos Estados Unidos. 

Tomando mesno a situação tal qual é, com- 


pete às camaras apenas a elaboração dos respectivos 
regulamentos, emquanto que é da alçada do gover- 
no federal a definição da caça e a protecção das 
aves. Matar passarinhos, beija-flores, pica-paus, ants, 
bem-te-vis, etc. ninguem pode considerar como caça. 
E será da competencia do Ministerio da Agricul- 
tura e do Congresso Legislativo da União, definir o 
sentido da palavra «caça», declarar quaes sejam os 
animaes de caça e animaes nocivos que se podem 
matar, e proteger todos os outros. Claro é, que as 
condições locaes, as quaes a constitução quer tornar 
respeitadas, podem differir no mesmo Estado e em 
diversos annos. Acontece, que um periquito ou 
passaro em um municipio prejudica a lavoura, sem in- 
commodal-a num outro vizinho. Em taes casos 
pode ser permittida a destruição da especie no- 
civa, mas só pelo prazo de um anno, e em taes 
eventualidades não ha necessidade de recorrer aos 
municipios, sendo sufficientes as providencias do 
governo estadual. 

Em geral das camaras municipaes do interior 
dos Estados pouco se pode esperar no interesse da 
regularisação da caça, e mesmo as grandes cidades 
não souberam até agora desempenhar-se de modo 
satisfactorio destes deveres. A camara municipal da 
capital de S. Paulo, já por varias vezes mostrou seu 
interesse pela protecção das aves e conseguiu pôr 
termo à venda de sabiás, gaturamos, pintasilgos etc. 
nos mercados. Mas no que diz respeito à caça pro- 
priamente dita, ninguem se importa da respectiva 
lei. Durante o anno inteiro rapazes e pessoas des- 
occupadas percorrem os arredores da capital, de 
espingarda ao hombro, matando não raras vezes 
gallinhas e cabras ou atirando sobre os proprietar:os 
que lhes prohibem a entrada em terreno particular 
e cercado. O grande defeito desta lei é a falta de 
fiscalisação. Sem a ajuda dos postos policiaes, sem 
confiscação das armas e pagamento da metade da 
multa aos guardas municipaes ou estaduaes, que 
prenderem os caçadores não autorisados, não haverá 
possibilidade de chegar a condições normaes neste 


— 324 — 


municipio da capital. Ao meu vêr ha um unico meio 
para regularisar a caça : suspendel-a pelo prazo de 
10 annos, dando-se deste modo aos animaes dizi- 
mados o tenipo necessario para sua regeneração, e 
à população a occasião de acostumar-se à nova si- 
tuação. Esta medida entretanto não pode produzir 
effeito, si não fôr tambem prohibida e punida da 
maneira mais severa, a caça de aves por meio de 
armadilhas de qualquer feitio. Nos arrabaldes de 
S. Paulo, é grande o numero de moleques, que deste 
modo perseguem os ultimos passaros, que por ven- 
tura escaparam ao «pica pau» de caçadores desclas- 
sificados. 

Esta perseguição dos passarinhos chegou a tal 
ponto, que no Ypiranga, por exemplo, quasi nem cor- 
ruiras não existem mais. 

Resumindo nossas considerações chegamos à 
conclusão, que em primeiro lugar é mister, que O 
governo federal se occupe da protecção das aves 2 
dos demais animaes, que não são de caça, e que 
por lei seja definido o sentido da palavra «caça». 
Dos congressos estaduaes deve-se esperar, que com- 
pletem por sua parte as disposições sobre o assumpto, 
declarando-as obrigatorias para os municipios, que 
não tem regulamentos de caça. 


Conclusões e conselhos praticos 


A’s linhas precedentes, escriptas ha mais de 2 
annos, desejo accrescentar mais algumas observa- 
ções referentes particularmente à legislação sobre a 
caça e protecção às aves. 

Quem não ê versado no assumpto, mal pode 
imaginar a extraordinaria proporção que quasi em 
todos os paizes assumiu a carnificina exercida pelo 
homem entre os elegantes passarinhos e outras aves. 
Na Europa todos os ensaios de supprimir esta ma- 
tança das aves, tem sido inutil, por causa da op- 
posição feita pelos governos da França e da Italia. 


Calcula-se em 2 milhões o numero das codornizes 
consumidas annualmente na França; não é pos- 
sivel por hora pôr um termo ou ao menos dimi- 
nuir a perseguição dos passarinhos. Assim, por 
exemplo, na provincia de Udine (Friaul) foram ex- 
portadas durante os tres mezes de Setembro até 
Novemiro de 1891 ao todo 4309 kilos de passari- 
nhos, correspondendo a 206.800 aves, e é certo que 
o consumo local fci pelo menos tres vezes maior. 
Nas portas de Brescia em 189l pagou-se imposto 
por 423.792 passarinhos. Salvador: calcula que no 
Trentino captura-se 1/2 milhão de passaros por anno. 

Não menos exigentes são as senhoras com as 
suas vaidades e doudices da moda. Assim sómente 
na gare de Hendaye da França, perto da fronteira 
da Hespanha entraram 149 caixas com pelles de 
aves, pesando 11.000 kilos, provenientes de mais de 
2.600.000 de aves. ‘Todas estas andorinhas, coto- 
vias, etc. foram importadas em i895 e nos primeiros 
mezes de 18Y6. A moda do bello sexo, entretanto 
não se contenta com as aves europeas, importando- 
as em grande quantidade do extrangeiro. Neste sen- 
tido a America Meridional contribue largamente. 
E' celebre e de grande actualidade a questão das 
«aigrettes», de nossas bellas garças brancas (Hero- 
dias egretta Gm.) cujo macho na época nupcial tem 
as costas ornadas daquellas bellas e singulares pen- 
nas que o commercio conhece sob o nome de os- 
prey. Já na primeira parte deste escripto (pg. 319) 
referi-me à defesa dos interesses dos negociantes 
por parte dosr. Ménégaux. 

Sabe-se que a moda já não se utilisa mais da 
plumagem dos beija-flores, mas assim mesmo (se- 
gundo «Bird Notes» London 1912) é facto que no 
anno de 1911 nos leilões em Londres foram ven- 
didas 40.000 pelles de bDeija-flores, e ao mesmo 
tempo foram accumuladas grardes quantidades de 
beija-flores preparados nos negocios de Berlim. Os 
negociantes contam com as mudanças caprichosas 
da moda, não duvidando que qualquer dia o beija- 
flor venha a ser outra vez artigo de alta novidade. 


— 326 — 


Tanto na Europa (*) como na America do 
Norte existe uma propaganda energica para melho- 
rar a protecção as aves. A lei allemã sobre «Vogel- 
schutz» de 22 de Março de 1888 prohibe a destruição 
de ninhos e ovos, restringe a captura de aves e pro- 
hibe a sua matança na epoca de 1 de Março até 15 
“de Setembro, com excepção, apenas, de 14 especies 
de aguias, corvos, etc. que são nocivos à agricul- 
tura, silvicultura e caça. Na America do Norte é 
immensa a somma de leis estaduaes sobre a caça e 
protecção às aves, existindo relatorios annuaes sobre 
o assumpto, e que são publicados pelo ministerio da 
agricultura. Na Argentina onde o assumpto não 
parece sufficientemente resolvido, as diversas leis, 
decretos, etc., assim mesmo perfazem um folheto de 
77 paginas, editadas pelo mesmo ministerio no anno 
de 1903. 

Desde 15 annos procura-se na Europa obter 
combinações internacionaes sobre a protecção às aves, 
servindo como base as resoluções do Congresso In- 
ternacional de Ornithologia, que no anno de 1900 
se reuniu em Pariz. A principal consequencia desta 
propaganda foi a convenção «pour la protection des 
oiseaux utiles à Agriculture» que foi assignada em 
Março de 1902. Infelizmente a França foi o pri- 
meiro palz a nao se importar da convenção. e a 
Inglaterra, centro da mais energica propaganda a 
favor da protecção das aves, até agora não conse- 
guiu obter leis de caracter decisivo. E' mister re- 
conhecer que questões de alta importancia como 
esta, não podem ser resolvidas apenas de conformi- 
dade com aspirações nobres. Um dos principaes 
centros do commercio e da industria de plumas é 
Londres. Calcula-se que o numero de pessoas oc- 
cupedas neste ramo de industria seja de 20.00) em 
Berlim e de 50.000 em Pariz. O problema está 
em transformar os materiaes empregados nestas fa- 


(*) Compare-se: «Comparative legislation for the pro- 
tection of Birds», The gold medall Essay of the pee 
Society for the Protection of Birds, London, 1909. 


— 327 — 


bricas, de modo que a industria não soffra e que as 
aves silvestres não continuem a ser exterminadas. 
Parece que se acham bem encaminhados os respe- 
ctivos esforços. Antigamente matavam-se as ave- 
struzes da Africa para obter as suas preciosas plu- 
mas; hoje a quantidade das mesmas estä sendo 
augmentanda immensamente, devido aos numerosos 
estabelecimentos de criação de avestruzes que existem 
em varias partes do globo. 

Do mesmo modo já é grande o numero de es- 
tabelecimentos nos quaes se faz a criação de jaca- 
rês e tantos outros carnivoros cujos couros são apre- 
ciados. Assim tambem poder-se-hão criar garças e 
outras aves cujas plumas são procuradas. O que 
deve acabar é a perseguição às aves silvestres e 
esta convicção já está ganhando forma pratica em 
varios actos legislativos. De alto valor neste sen- 
tido é a nova tarifa aduaneira (Tariff Bill of the 
U. S. A. de 1913) que prohibe a importação de 
«aigrettes» e outras plumas bem como de pennas e 
couros de todas as aves silvestres, com excepção 
das que se destinam a fins scientificos e das plumas 
de avestruzes e aves domesticas. As leis federaes 
e estaduaes na America do Norte parecem actual- 
mente bastante severas para acabar com a captura 
e caça das aves silvestres. 

Com energia extraordinsria procurou-se defen- 
der e garantir a existencia das aves indigenas na 
Australia. As respectivas leis prohibem a exporta- 
ção de pelles de garças e aves de paraizo. Ao mesmo 
tempo sabemos que no Egypto foi promulgada uma 
lei em 1912, que prohibe matar e guardar em es- 
tado vivo ou morto todas as aves protegidas, às 
quaes pertencem tambem as garças das aigrettes, e 
sendo fixado em 10 lbs. a licença para servir-se de 
uma espingarda. 

Infelizmente entre nós o interesse pela natureza 
e pela sciencia natural é quasi nullo. Só ha um 
ramo de sciencia em que a onda. de trabalho serio 
internacional já entrou em nosso meio — a medi- 
cina, facto este que registramos com grande satis- 


— 328 — 


facção. Pelo mesmo motivo são os estabelecimentos 
do serviço medico-sanitario que mais entram em re- 
lação directa com o Museu Paulista, ora precisando 
in ormaçües biologicas, ora pedindo a classificação 
de animaes prejudiciaes à saude, ou interessantes por 
seus parasitas ou pela transmissão dos mesmos. De 
egual modo recorrem sempre ás nossas collecções 
os scientistas dedicados à agricultura. Assim o ser- 
viço de informação do Museu já cresceu notavel- 
mente. Em geral, os poucos Musens da America 
meridional destinados ao estudo e à illustração da 
fauna e flora e historia antiga dos respectivos pal- 
zes tem cada um as suas especialidades. O Estado 
de S. Paulo tem as collecgdes zoologicas mais ricas 
e mais bem estudadas, possuindo alem das collecções 
expostas ao publico outras muito mais amplas para 
o estudo scientifico, ao lado de uma boa bibliotheca 
sobre as materias de historia natural e anthropolo- 
gia. Mas tudo isto parece ser desconhecido dos il- 
lustres membros do Congresso do Estado, de modo 
que as intenções e a utilidade do estabelecimento 
foram objecto de critica severa, mas completamente 
falsa, no Senado, e ainda ha pouco na Camara dos 
Deputados discutiu-se a eventualidade do fechamento 
do Museu. E os valiosos thesouros de ricos ma- 
teriaes, illustrando a natureza e a historia do paiz, 
os quaes sem a continua conservação por pessoal com- 
petente se perdem — serão sacrificados, como já acon- 
teceu uma ou duas vezes em Manãos ?! 

A nossa cultura esta ainda naquelle estado de 
infancia em que a sciencia só é respeitada de con- 
formidade com os resultados praticos que fornece à 
vida diaria. Debalde protestou esta revista contra 
a devastação das mattas, contra o exterminio da 
caça e das aves. As seccas que successivamente se 
estão tornando endemicas neste Estado, são o justo 
castigo a esses desmandos. A cultura do cafeeiro 
tira as ultimas reservas do solo uberrimo e passa 
sobre nosso Estado como uma enchente devastadora. 
As fontes em grande parte seccam ou já desappa- 
receram, a quantidade de agua nos rios e arroios 


diminue. As estradas de ferro, que ellas mesmas 
são prejudiciaes gastadoras de lenha, tornam acces- 
siveis os municipios mais remotos, e assim por toda 
a parte o mesmo triste espectaculo — derrubadas e 
devastações, sem o minimo ensaio de regeneração 
das mattas. A distribuição de mudas a particulares 
é iuxo bem dispensavel: o que, porem, é indispen- 
savel é a defesa, o registro e regeneração das mattas 
do Governo. Ninguem melhor do que o pessoal do 
Museu conhece o grão a que chegou a devastação 
da fauna e flora do Brazil, e especialmente do nosso 
Estado. E por este motivo mais uma vez: deve- 
mos pensar no futuro e procurar salvar a fauna, as 
mattas, o clima, os elementos essenciaes da produ- 
cção agricola. 

As pessoas que viajam de S. Paulo a Santos 
ou ao Rio, tem perante a sua vista as extensas varzeas 
planas que nada são do que os residuos de antigos 
lagos. A deterioração do nosso clima, diminuição 
das precipitações athmosphericas são factos incon- 
testaveis; o solo de S. Paulo antigamente coberto 
de numerosos e extensos lagos e banhados é hoje 
pobre neste sentido. Portanto, se governar é prevêr, 
convem com a maior urgencia oppôr-se à transfor- 
mação completa do nosso clima, impedir a «serto - 
nisação» do Estado, processo que já ha muito co- 
meçou e que agora, por nossa culpa, rapidamente 
está ganhando terreno. E” a biologia que neste sen- 
tido nos deve guiar com seus ensinamentos e é ella 
tambem que recentemente recommenda a protecção 
das aves e a regularisação e fiscalisação da caça. 

Examinando as condições da Jegislação sobre 
caça e protecção às aves no Brazil, peço ao leitor 
comparar o meu artigo acima mencionado, sobre a 
necessidade de uma lei federal, regularisando o as- 
sumpto. E’ de lastimar que se tenha escolhido a 
instituição das camaras municipaes, como base para 
a legislação sobre caça, visto como a experiencia 
tem mostrado que ellas, em grande parte, não estão 
na necessaria altura para comprehender a importan- 
cia desta missão e não podem, portanto desempe- 


ee 


nhar-se della com habilidade. Aqui mesmo na ca- 
pital do Estado o respectivo serviço deixa muito a 
desejar e seriam talvez sufficientes as respectivas 
disposições sobre “aga e pesca, se a observancia dos 
regulamentos fosse garantida por uma fiscalisação 
efficaz. Não basta a acção dos fiscaes municipaes, 
particularmente nos arrabaldes da cidade. Seria neces- 
sario incumbir desta missão tambem os postos po- 
licises e autorizar todos estes orgãos a exercer a 
fiscalização em geral e a confiscação das armas, uru- 
prcas etc.; em caso de infracções às leis a metade 
das respectivas multas seria o seu premio. Por toda 
a parte dentro do perimetro da cidade e durante o 
anno todo é continua a matança das aves por ca- 
cadores não autcrizados e por-toda a parte vêm-se ra- 
pazes com as suas armadilhas a capturar os ultimos 
passarinhos. No mercado continua o escandalo, ven- 
dendo-se os pobres dos passarinhos em gaiclas mi- 
nusculas amalhados em grande numero e sem cui- 
dado, sem alimento e sem agua. Exijam-se gaiolas de 
50x40x40 em. com restricção do numero das aves 
a um casal por gaicla ou, melhor ainda, prohiba-se 
completamente a venda de aves silvestres, punindo- 
se severamente a captura de passaros, e será possivel 
acabar em pouco tempo com os actuaes abusos. 

O que antes de tudo é necessario, é a coopera- 
ção do Congresso e do Governo Federal na decre- 
tação das leis e regulamentos sobre caça e prote- 
eção das aves. 

A opinião de que a acção do Puder Federal 
seja impedida pela constituição, não é exacta, feitas 
às restricções a que já ime referi As condições 
aqui, essencialmente, não differem das outras de 
grandes paizes da Europa e da America do Norte. 

Na Allemanha existe uma lei federal de pro- 
tecção às aves de 1888, mas as suas dispos:ções 
são em grande parte completadas por leis estaduaes 
ou provinciaes. Na America do Norte são innume- 
ras as leis estaduaes de protecção ds aves. Mas ao 
lado das mesmas existem nada menos de 5 las fe- 
deraes tratando do mesmo assumpto. Estas são: 


ma ÎLE = 


1) The Lacey-Act, que regulariza a importa- 
ção de animaes de caça e seu transporte de Estado 
a Estado; 

2) The Tariff-Act de 1897, creando impostos 
sobre aves e pelles importadas do extrangeiro ; 

3) as leis de caça para os districtos de Co- 
lumbia, Alaska, ete, ; 

4) a lei tratando da protecção às aves nas 
reservas florestaes e parques nacionaes; 

o) The Tariff-Bill de 1913, prohibindo com- 
pletamente a importação de aves silvestres e suas 
plumas, 

Na America do Norte a experiencia de mais 
de seculo mostrou que a disposição da Constituição 
confiando a legislação sobre caça aos Estados não 
foi feliz. Os varios Estados, vizinhos uns dos ou- 
tros decretaram leis contradictorias, que tornaram il- 
lusorios os seus fins. Na questão: servir ao inte- 
resse commum ou respeitar em absoluto a constitui- 
ção, o poder legislativo optou pela primeira alternati- 
va. O Lacey-Act de 1900 e o Mac-Lean-Act de 
1912/13 são violações da Constituição, mas que fo- 
ram votados por terem sido considerados necesarios 
ao interesse commum. A divisa medieval: ‘ Fiat 
justitia et pereat mundus’? — (cuinpram-se as leis 
embora -pereça o povo) não corresponde mais 4 
nossa época, que não se deixa estrangular por laços 
de papel, embora tão sagrados como o da Consti- 
tuiçäo. Ha um unico ponto de vista, apenas, com- 
pletamente decisive: o interesse publico ou commum. 
«Alem dos poderes conferidos pela Constituição» disse 
Roosevelt (*) «resta inherente à nação um poder 
decisivo em todosos casos em que a acção dos Estados 
falha, conferindo a força que em geral é exercida 
pelas nações soberanas.» 

Parece-me que entre nós taes conflictos só podem 
apparecer entre as administrações municipaes e es- 
taduaes, devendo vencer em taes casos a autoridade 


(*) R. Th. Zillmer, The significance of the national 
Bird-Law. Science, Garrison, N. Y, N.º 989, 1913, pg. 841. 


== 534 = 


do Governo do Estado e reservando-se aos municipios 
o direito de votar modificações que por ventura se 
tornarem necessarias. 

Em theoria no Brazil não teremos difficuldade 
com relação à legislação sobre caça e protecção as 
aves, uma vez que a execução das disposições da lei 
e sua fiscalisação em geral competem acs Governos 
estaduaes que, alem dos seus orgãos adequados, ain- 
da dispõem do auxilio da força publica. 

A constituição do Brazil, em grade parte mo- 
delada segundo a dos Estados Unidos da America 
do Norte, poe o Governo Federal na posição de pro- 
ceder de maneira egual. Se bem que os detalhes da 
regulamentação da caça caibam 4 administração esta- 
dual, disposição aliás muito sabia em vistas da im- 
mensa diversidade climatologica e biologica dos dif- 
ferentes municipios de tão vasto paiz, claro é que 
cabe à União a protecção às avese a de outros ani- 
maes, e por este motivo compete a este poder defi- 
nir a palavra caça, dar a lista dos mammiferos, aves 
etc., que é licito matar, pegar, caçar etc., estabele- 
cendo deste modo as bases geraes para a legislação 
subre a caça e protecção às aves. Alem disto pode 
a União e respectivamente o Poder Legislativo Fe- 
deral impedir ou diminuir, por meio de alto im- 
posto, a importação de aves, suas pelles e plumas 
e tomar a iniciativa com relação à exportação dos 
artigos mencionados, bem como de orchideas e ou- 
tros elementos da fauna e flora do paiz. 


Duas especies novas de Peixes da 
Fam. Cichlidae 


Gen. CRENICICHLA («Joanninhas » ) 


POR 


RODOLPHO VON IHERING 


Crenicichia biocellata 7. sp. 


215 mm.; D. XXI, 13; A. III, 9; linha lateral 
=; cabeça 3 vezes no corpo; olhos 6 vezes na 
cabeça e 1 1/3 no espaço inter-orbital; preoperculo 
distinctamente serrilhado em sua porção mediana ; 
o angulo maxillar extende-se até a vertical tirada da 
margem anterior da orbita; a nadadeira dorsal ex- 
tende-se até a base da caudal e a nadadeira anal é 
ainda 1 diametro ocular mais curta; ha 4 series 
de escamas entre a linha lateral e o primeiro raio 
articulado da dorsal; pedunculo caudal mais longo 
que alto : narinas muito mais proximas ao olho que à 
ponta do focinho; 4 series de dentes no maxillar in- 
ferior, 6 no superior; 10 cerdas na margem ante- 
rior do primeiro arco branchial. 

Denegrido em cima, brancacento no lado ven 
tral; uma larga faixa escura extende-se da ponta do 
focinho, por cima do olho, à base da caudal; neste 
ponto ha uma mancha ocellada quasi do tamanho do 
olho; o traço obliquo abaixo do olho é apenas per- 
ceptivel ; duas grandes manchas ovaes, ocelladas na 
dorsal entre os XII e XX espinhos. 

Hab. Rio Doce, Est. do Espirito Santo, E. Garbe 
leg. 1906. 


534 = 


Um outro exemplar de 185 mm., de Porto Ca- 
choeiro, Rio Doce, Est. Espirito Santo, que de resto 
combina bem com o typo acima descripto, differe 
unicamente por ter a segunda mancha ocellada da 
dorsal menos nitida ; o centro preto é um pouco apa- 
gado e o annel branco que o circunda é constituido 
por uma serie de manchinhas brancas. 

Esta especie é muito alliada à que Hasemann 
descreveu do rio Parahyba sob o nome de Cr. dor- 
socellata e da qual possuimos alguns exemplares da 
Lagoa Teia, Est. Rio de Janeiro, do mesmo sys- 
tema do rio Parahyba (240 9 300 mm.) Nossa 
especie, que talvez de futuro possa ser considerada 
subspecie daquella, é o representante da forma do 
rio Parahyba, differindo entretanto sensivelmente 
pelo maior numero de escamas (76-77 em vez de 
60-62), pela menor extensão do maxillar e por ter 
duas manchas ocelladas na dorsal. 

O n. 2722 mencionado por Hasemann como tal- 
vez pertencente a Cr. dorsocellata e proveniente de 
Santarem, certamente é especie diversa; tratando-se 
de um unico especimen muito novo de 4 centime- 


tros apenas, é impossivel identitical-o correctamente. 


Crenicichla biocellata n. sp. 


210mm. 5) D. XXI; 13/47 1159: inatas 
77 scales in the first row below the lateral line; 
head 3, eyes 6 in head and 1 1/3 in inter; 
orbital space; preoperculum distinctly denticulated 
on its median portion; maxillar extending just to the 
vertical from anterior margin of eye; dorsal ray 
extending just to the beginning of the cauda; anal 
ray still 1 ocular diameter shorter; four rows of 
scales between the lateral line and the first dorsal 
rays; caudal peduncle longer than deep; nostrils 
much nearer the eye than to the tip of the snout; 
4 rows of tesths in the lower jaw, 6 in the upper, 
10 gill-rakers on the lowcr anterior arch. Dar- 
ker above white on the ventral side; a broad dark 
lateral band from tip of the snout passing over the 


De EE Pace 


eye to the base ofthe cauda ; there is an large ocel- 
lated spot; the oblique raye below the eye some- 
what discoloured (faded) ; two large distinctly ocel- 
lated spots between the 12th. and 28th. spines. 

Hab. Rio Doce, Est. Espirito Santo, E. Garbe 
leg. 1906. 

Another specimen, 185 mm. Porto Cachoeiro, 
Rio Doce, Est. Espirito Santo, otherwise exactly 
like the type, differs only by the second dorsal spot 
being not as well defined; the black spot is some- 
what vanished and the white ocellus around is 
brecken in several spots, instead of being sharply 
defined. ‘This species is closely allied to Cr. dor- 
socellata Hasem., differing only by the larger num- 
ber of scales (77 instead of 60-62), the extension 
of the maxillary and by having 2 ocellated dorsal 
spots. By a future revision this species may be 
considered as a northern subspecies of C. dorsocel- 
lata Hasem. which hitherto has only been found 
in the rio Parahyba, wherefrom the Museu Paulista 
received also some specimens collected by M. E. 
Garbe (240-300 mm., Lagoa eia, Est. Rio de Ja- 
neiro). Mr. Hasemann’s n. 2722 from Santarem is 
surely not the same species; it is impossible to 
identify correctly that single specimen which measu- 
res only 4 cm. 


Crenicichla mucuryna 2. sp. 


120-90; nme Do XXI-X AMS dh A ITs 837 
linha lateral ==, 96-57 escamas na primeira 
serie abaixo da linha lateral; cabeça 3 vezes, al- 
tura 5 vezes no comprimento; olho quasi 5 vezes 
na cabeça, um pouco maior que o espaço interorbital ; 
a angulo maxillar extende-se até a vertical tirada 
da margem anterior do olho; os dentes formam 5 
series no maxillar superior, 4 no inferior; 9 cerdas 
na margem anterior do primeiro arco branchial; a 
altura da dorsal augmenta gradativamente até o 8.º 
espinho, o qual mede 1/3 da cabeça; o ultimo (21.º) 
espinho é apenas muito pouco maior; o 7. raio 


= da 


molle da dorsal ë o mais longo, egualando à base 
da dorsal molle com mais os dous espinhos ante- 
riores. Nadadeiras pectoral e ventral attingem a 
vertical tirada do 12.º espinho da dorsal. Pedun- 
culo caudal um pouco mais longo que alto. 

A côr geral é bruna, as margens dos labios 
tem uma faixa preta, um traço obliquo abaixo do 
olho, outro horizontal do olho à pectoral; a partir 
desta nadadeira começa uma serie de 9 faixas 
verticaes, a ultima das quaes se acha sobre a pri- 
meira escama do ramo inferior da linha lateral; a 
começar d'ahi estas escamas com poros são brancas 
na metade anterior, pretas na posterior; não ha ves- 
tigio de mancha caudal. As nadadeiras verticaes 
tem varias series horizontaes de manchinhas pretas 
(3 na parte anterior da dorsal, 4 ou O na posterior). 
Pectoraes e ventraes incolores. 

Un terceiro especimem da mesma proveniencia 
é um pouco maior, 135 mm.; D. XXII, 11; A. IH, 
8; poros +, com 57 escamas na primeira serie 
abaixo da linha lateral. A côr geral é um pouco 
mais escura, bem como a dorsal, que tem apenas 
algumas manchinhas entre os ultimos raios. Pare- 
ce, entretanto, ser da mesma especie que aqui descre- 
vemos e cujos especimens novos tem o colorido mais 
vivo. 

Hab. Typo: Theophilo Ottoni, rio Todos os 
Santos, affl. do Mucury, Est. de Minas Geraes; E. 
Garbe leg. 1908. 

A presente especie, do systema fluvial do Mu- 
cury, pertence ao grupo da Cr. saxatilis e neste 
grupo mostra maiores affinidades com Cr. jagua- 
rensis Hasem. 


Crenicihela mucuryna n. sp. 


120-90 mm. D. XXI-XXII, 11; A. II s-%; 
pores $4; 56-57 scales in the first row below the 
lateral line; head 3, depth 5 in length, eye nearly 
9 in head, and somewhat larger than interorbital ; 


maxillary extending to the anterior margins of the 


= DM = 


eyes; teeth forming 5 series in the upper jaw, 4 
in the fower; 9 gill-rakers on the lower part of 
the anterior arch. Dorsal slightly increasing to the 
8 th. spine, which is three times in the head, the 
21 th. only very. little longer; 7 th. soft dorsal the 
longest, equal to base of soft dorsal plus 2 spines. 
Pectoral and ventral extending to the vertical of 
the 12th. dorsal spine. Caudal peduncle somewhat 
longer than deep. 

Brownish, tips of both lips black, a very short 
oblique strip below the eye, another longitudinal 
from the eye to the pectoral; beginning by this fin, 
a series of nine vertical bars until the first scale of 
the lower ramus of the lateral line; the following 
scales of the lateral line are white on the anterior 
half and black on the posterior; no caudal spot. 
Vertical fins with several series of dark spots (three 
on the anterior dorsal, four to five on the posterior 
part). Pectorals and ventrals colourless. 

A third specimen from the same river is so- 
mewhat larger, 435 mm., D. XXII, 41; A. IILS ; 
pores =>: 57 scales in the first series below the 
lateral line. The general colour is somewhat dar- 
ker as well as the dorsal fin, which has only some 
dark spots between the soft rays. It seems how- 
ever to be the same species, which has brighter co- 
lours in the youth. 

Hab.: Typo: Theophilo Ottoni, rio Todos os 
Santos. Est. de Minas Geraes, E. Garbe leg. 198. 

Our species from the Mucury-systeme, a small 
river which empties into the sea above the Rio 
Doce, seems to be the nearest relative of Cr. jagoa- 
rensis Hasem., hitherto known only from Jagoára, 
Rio Grande, from the Paraná-systeme, Minas-Geraes. 


Os gamhäs do Brazil 


Marsupiaes do genero Didelphis 


Com resumo em aliemão 
POR 


DR. HERMANN VON IHERING 


Já por outra occasião, isto é, ao discutir as 
especies dos generos Cebus e Canis, chamei a at- 
tenção ao facto singular de que muitas vezes entre 
os mammiferos do Brazil, são as especies mais com- 
muns e geralmente conhecidas cuja classificação 
zoologica muito deixa a desejar. Uma tal cruz 4 
zoologia é o genero, Didelphis, no sentido restri- 
cto. Estes gambas, que por toda parte são conhe- 
cidos na visinhança das habitações do homem, pos- 
suem duas particularidades que difficultam o estudo 
das especies: a duração illimitadada do crescimento 
ao qual só a morte põe termo e a variabilidade co 
colorido tão ampla como não é conhecida em ne- 
nhum outro genero. 

Que o crescimento é realmente continuo, mesmo 
nos individuos bem velhos, vemol-o não só no couro 
como no craneo. En: geral, para as respectivas especies 
um comprimento total do craneo de 100 mm., para 
as especies grandes pode ser considerado como a 
medida typica do craneo adulto. Accresce entretanto, 
que pela maior parte as suturas do craneo persistem 
abertas durante toda a vida e assim não é de extra- 
nhar encontrar-se tambem craneos de individuos bem 
velhos, cujo comprimento importe em 116-120 mm. 


Toe oo 


Aqui no Museu surprehenderam-nos as Gimen- 
sões extraordinarias de animaes de Did. aurila 
que foram caçados na costa meridional de Sta. Ca- 
tharina até S. Paulo e que taes animaes grandes e 
pesados, pela maior parte de cor preta, muitas ve- 
zes se distinguem por uma cauda extraordinaria- 
mente grossa. Já uma vez, devido à variabilidade 
das especies de Didelphis, fui induzido a descrever | 
uma especie nova, a qual mais tarde não pude mais 
reconhecer como bem fundamentada, e por esta razão 
procedi desta vez com todo o cuidado, obtendo uma 
colleeção tão rica de couros e craneos das diversas 
regiões do Braz], que posso emprehender o ensaio 
de definir os caracteres decisivos e a distribuição 
das diversas especies. Apesar da differença acima 
mencionada nas dimensões dos craneos obtem-se, 
como quasi sempre em taes casos, um bom auxilio 
para o julgamento da edade pelo exame da denta- 
dura e particularmente da serie dos molares; estes 
caracteres não enganam, visto que as dimensões cos 
dentes não são alteradas pelo crescimento do craneo. 
A serie dos quatro molares superiores que, mor- 
phologicamente, corresponde ao ultimo premolar e 
aos tres molares, fornece os melhores dados para se 
julgar das dimensões do craneo. Devemos conside- 
rar juvenis todos aquelles individuos nos quaes o 
ultimo molar ainda não appareceu e nos quaes o 
terceiro premolar ainda persiste na forma de dente 
de leite ou está p:estes a ser substitu do pelo dente 
definitivo. 

Como adultos designamss todos aquelles exem- 
plares cuja dentadura é completa e finalmente con- 
sideramos como individuos de edade avançada todos 
aquelles cujos premolares já faltam em parte e cujos 
molares já estão, inais ou menos gastos. 

A segunda difficuldade, já acima mencionada, 
para o julgamento especifico representa a côr das 
cerdas denominadas grannos («Grannen»). Estes pellos 
rijos e compridos são encontrados em grande nu- 
mero no dorso e nas costas das especies do genero 
Didelphis entremeiando o pello curto mais ou menos 


— 340 — 


crespo. Taes cerdas são brancas em alguns exem- 
plares, pretas em outros, e deste modo os respecti- 
vos individuos tomam um aspecto totalmente diffe- 
rente, apparecendo aquelles individuos como sendo 
branco-cinzentos, os outros como sendo de côr preta. 
Nada sabemos da causa de tão singular variabilidade, 
que de modo algum podemos pôr em relação com 
os costumes biologicos. Tanto eu mesmo, como a 
maior parte dos zoologos que viajaram pelo Brazil, 
sabemos por experiencia que, às vezes embora ra- 
ramente, no meio dos filhótes da mesma cria ha in- 
dividuos da variedade branca bem como da preta. 
Qualquer que seja a razão desta variabilidade, sem- 
pre podemos imaginar, que esta mesma causa pro 
duza un effeito às vezes maior as vezes menor, e 
que afinal as condições que provocam uma ou outra 
destas variações de côr, possam prevalecer em uma 
determinada especie ou em certa região. Obtem-se 
assim a impressão de que nestas variações observa- 
mos caracteres de especie em evolução, caracteres 
que successivamente podem fixar-se dertro das di- 
versas especies e regiões, de maneira que só raras 
vezes o antigo colorido 1eapparece por atavismo. 


Talvez a experiencia venha provar que assim 
já succedeu em certas regiões e por este motivo é 
necessario constatar a frequencia porcentual das fa- 
zes branca e preta para cada uma das respectivas 
especies e localidades. 


A monographia mais antiga e tambem a melhor 
sobre as especies brazileiras de Dedelphis foi pu- 
blicada em 1856 por H. BURMEISTER e a sua des- 
cripção é tão exacta e em quasi todos os pontos 
tão certa que custa comprehenter como até agora 
poude perdurar a lamentavel confusão de especies. 


O. THomas em seu catalogo dos marsupiaes, 
publicado em 4880 reuniu todas as especies americanas 
isto é, todas as especies vivas, que se conhecem do 


— 341 — 


genero Didelphis, foram consideradas como sendo 
uma unica especie, denominada marsupealis Linné, 
procedimento summario com o qual não concordou 
nenhum dos naturalistas que no Brazil fizeram in- 
vestigações sobre mammiferos. Em seguida.l. A. 
ALLEN, occupou-se com bom successo, em tres dif- 
ferentes estudos da systematica das especies de Di- 
delphis da America do Norte e mais tarde tambem 
das da America meridional, mas tambem este auctor 
não foi feliz com relação às especies do Brazil. 
Entre estes diversos estudos de ALLEN O que para 
nossos fins tem a maior importancia é o de 1902 
sobre os « Opossums » da America meridional, no 
qual distinguiu dous grupos de especies: o de D. 
marsupials com orelhas pretas e o de paraguay- 
ensis cujas orelhas são brancas ou pallido-encarna- 
das com manchas escuras; menciona apenas duas 
especies do Brazil, D. marsupialis aurita Wied e 
D. paraguayensis Oken. Com relação a estas es- 
pecies temos de observar que D. aurta é uma 
especie bem caracteristica, cuja distribuição é li- 
mitada ao Brazil; alem disto a sua especie D. pa- 
raguayensis comprehende confundidas, duas especies 
bem differentes e faceis de distinguir. Não sei por 
hora se a forma typica de marsupralis Linnê, cuja 
distribuição parece limitada à Venezuela oriental, ás 
Guyanas, e regiões visinhas do Brazil, e que occorre 
tambem no Pará, como Bm meister e Goeldi affir- 
mam, talvez ainda viva no Brazil, até o Rio de 
Janeiro e São Paulo. O certo é que no Museu Pau- 
lista estão representadas tres especies brazileiras em 
numerosos exemplares, e o fim deste estudo é dis- 
cutir a sua distribuição. Observo ainda que ha dous 
annos mandei à redacção dos «Proceedings of the 
Zoological Society of London» um estudo sobre as 
Didelphidas brazileiras, mas que não chegou a ser im- 
presso devido ao parecer do meu amigo sr. O. Tho- 
mas. Dou-me à esperança que em vista da dis- 
cussão seguinte este meu distincto collega não tera 
mais duvidas quanto à exactidão dos resultados dos 
meus estudos. 


= ie 


Didelphis marsupialis L. 


Didelphis marsupialis LixnÊ, Systema nat. X, 
1798, p. 94. 

Didelphis marsupialis ALLEN, Bull. Am. Mus. 
Nat. Bist) MIA 022970 

Didelphis marsupials GopLDI E HAGMANN, 
Bol. Mus. Paraense vol. IV, 1906, p. 99 (Para. 

Didelphis karkinophaga ZIMMERMANN, Geogr. 
Gesch. I, 1780, p. 266; idem, ALLEN loc. s. cit. 

Le Crabier Burron, Hist. nat. Suppl. III, 1776. 
p. 272 (Cayenne) Pl. 54. 

Didelphis concrivora GmeLIN, Syst. nat. IJ, 
Li SSP pmetos: 

Dipelphis cancricor a BuRMEISTER, Erl. Fauna 
Brasiliens., 1856, p. 66, Taf. IV (animal); Taf. V fig. 
2 und Taf. VI fig. 2 (craneo), Syst. Uebersicht. 1, 
185%, p. 129"(partim): 

H. Winge, E. Museo Lundi II, A, 1893, p. 
49, (pertim) Pl. 1 fig. 9, (Venezuela). 


O pello desta especie é mais curto do que em 
qualquer das outras, valendo o mesmo tambem da 
cauda. Em geral a cor do pello é amarello-parda 
ou bruno-amarellada. As pernas são pardo-escuras 
como tambem o pavilhão das orelhas. A cabeça é 
um tanto mais clara sem faixas escuras, sómente 
no vertice apparece uma mancha escura. apagada, e 
outra egual ao redor dos olhos. O pello lanoso é 
amarello-pardo com pontas brunas. Os grannos cur- 
tos e pardos são um pouco mais claros que os outros 
pellos das costas. Na barriga o colorido é um pouco 
mais pallido, amarello- -pardacento. 

O craneo distingue-se pela crista alta do ver- 
tice e por ser o occiput largo e proporcionalmente 
baixo. O comprimento total deste animal importa 
geralmente em 712 até 767 mm., dos quaes 381 
até 419 mm. cabem à cauda. O comprimento do 
pé posterior é de 51-57, a altura da orelha 51-57 mm. 

A zona da sua distribuição comprehende as 
Guyanas, a Venezuela e a visinhança do Pará. 


né le 
Didelphis aurita Wied 


Didelphis marsupralis WieD, Beitraege zur 
Naturgeschichte Brasiliens, II, 1826, p. 387. 

Didelphis aurita Wisp, Beitraege z. Naturg. 
Bras: 11; 1826,p 1895. 

Didelphis aurita BuRMEISTER, Systemat. Uener- 
sicht der Thiere Brasiliens, 1854, p. 180. — Er- 
laeuterungen zur Fauna Brasiliens, 1856, p. 64, 
Path animal) *eioTaf: V fig. «3, i Tak. WI fig. # 
(craneo),—E. Gontpr, Proc. Zool. Soc. London 1894 
p. 497 (Serra dos Orgãos, Rio de Janeiro. 

H. von iHERING, Mamm. Rio Grande do Sul, 
1892, p. 99 (p. 6 c. s.; Rev. Mus. Paul. VI 1904. 
p. 425 Rio Juruá, Amazonas. 

Didelphis cancrivora Hexsez, Phys. Abteilg. 
Akademie der Wissensch. Berlin, 1&72, p. 114. 
Taf. I, fig. 2u.5; A. von Pezzerx. Verhandlungen 
der zool. bot. Ges Wien XXXIU. Anh. 1883, p. 110 
(Sapitiba); H. Winer, E Museu Lundi. II, A, 1892, 
p. 44, Taf. UI, fig. 4, Taf. IV fig. 10 (partim, Lagoa 
Santa). 

Didelphis koseritai H. von ImerINS, Ann. Rio 
Grande do Sul. 1892, p. 99 (p. 6 copia separada) 
Var. nigra. 

Os grannos desta especie são compridos, tam- 
bem o pello da base da cauda se acha bem desen- 
volvido. O colorido fundamental é pardo-escuro, 
um tanto mais claro na cabeça, e com bochecha 
amarello-pallida. Deante dos olhos ha uma mancha 
pardo-escura, que se estende para traz da região 
orbital. O meio da fronte e o vertice são pardo- 
escuros; uma mancha amarella apparece por cima 
dos olhos. Queixo e cantos da bocca são amarel- 
lados; os grannos que nas costas, nos lados e na 
base das extremidades e da cauda são bastante es- 
pessos, são ora de côr branca ora preta. Accresce 
“que as listas pretas da cara, muitas vezes, não são 
bem distinctas e assim os especimens com grannos 
brancos parecem tão differentes dos animaes escuros 
e quasi unicolores-pretos, que fui induzido a dar o 


ae SE 


nome especial de Didelphis hoseritzr a esta forma 
preta. 

O comprimento total do animal importa em 
680-810 mm, inclusive 300-390 mm. da cauda. Os 
pés trazeiros medem 53-60, a orelha 59-55 mm. 
Todavia são raros os animaes com orelhas tão com- 
pridas, como os que ALLEN descreve; as orelhas, 
alem disto, são menos largas do que em Did. mar- 
supralas. 

A distribuição desta especie brazileira esten- 
de-se do norte do Estado do Rio Grande do Sul 
por todo o Brazil até o Amazonas, de onde temos 
varios exemplares de Manãos e do Rio Juruá, tendo 
Natterer caçado a especie em Borba, Rio Madeira. 


Didelphis paraguayensis Oken 


Micouré premier Azara, Quad. Parag. I, 1802, 
p. 209, (e 1801, p. 244, teste Allen.) 

Didelphis paraguayensis Oxen, Lehrbuch der 
Naturgeschichte. I]. Abt. II. 1816 p. 1147; ALLEN, 
Bull. Am. Mus. Nat. Hist. XVI, 1902, p. 267, partim. 

Did. azarae Temminck Mon. Mamm. 2.º 
Monogr. 1825, p. 36. — RENGGEr, Naturg. Tiere 
Paraguay, 1830, p. 223 (Gran Chaco, Entrerios, 
- Uruguay). BURMEISTER, System. Uebersicht, 1. 1854, 
p. 131. — Erl. Fauna Bras. 1856, p. 61 Taf. I.; 
KR. HenseL, Phys. Abt. Akademie Wiss. Berlin, 1872, 
p. Ill, Taf. 1, fig. 1 u. 4; H. von Inprine, Mamm. 
Rio ‘Grande: do Sul, 1892) 'p.98(p.' S"copssepa: 

Did. lechei Il. von IxERING, Mamm. Rio 
Grande do Sul 1892, p. 95 (p. da cop. separ.) 

Did. leucotis WAGNER, Abh. Ak. Wissenschaf- 
ten, Miinchen, V, 1847 (1850) p. 127 u. Schrebers 
Saeugetiere. Supp. V. 1800, p. 225. 

Did. poecilonota Scuinz, Syn. Mamm. I, 1844, 
p. 904 (Rio Grande do Sul. 

A cabeça e o pescoço são brancos, uma listra 
escura começando entre os olhos vae até a nuca . 
onde, aos poucos se perde no dorso. Outra listra 
estreita de cada lado passa pelo oiho até a orelha, 
cuja côr é brancacenta com manchas desmaiadas, 


ne = 


pardo-escuras ; as costas, os lados e as pernas são 
pardo-escuras, os pellos da parte inferior são ama- 
rello-pallidos com pontas pardo-escuras e são estas 
ultimas que assim dão à parte inferior um tom es- 
curo. Nas costas, nos lados e na base das extre- 
midades e da cauda ha muitos grannces compridos e 
fortes, de côr em geral branca, mas às vezes tam- 
bem preta. A parte núa e escamosa da cauda é 
escuro-pardo-cinzenta na primeira metade, côr de 
cerne na segunda. 

O comprimento total varia de 793-957mm., com- 
prehendida a cauda de 330-425 mm. O comprimento 
do pê posterior importa em 42-54 mm., o compri- 
mento das orelhas em 26-31 mm. 


Didelphis albiventris Lund 


Carigueya brasiliensibus MarcoravE, Hist. 
Nat. Bras. 1648. p. 222 (Pernambuco). 

Tai-ibr brasiliensibus MarcaravE, Hist. nat. 
Bras. 1648, p. 223 (Pernambuco). 

Did. albiventris Lunp, K. Dansk. Vidensk. 
Selsk. Afhandl. VIII, 1841, p. 236 (Lagoa Santa). 
BuRMEISTER, Syst. Uebers. I, 1851. p. 132; 
Burmeister Erl. Fauna Bras. 1806, p. 62. Taf. TI 
(animal) Taf. V. fig. 4-5, Taf. VI, fig. 4, (craneo). 

Did. poecilotus Waaner, Archiv f. Naturg. 
1842, I, p. 358 (“Angaba”, Cuyabä, Matto Grosso); 
A. von PeLzELN: Verh. zool.-bot. Ges. Wien, 
XXXII. Anh. 1483. p. 109. 

Didelphis marsupialis var. albiventris Winck 
E Mas. Lundi, ll, A. p. 46 (partim) Taf. JII, fig. 
3; Taf. IV fig. 9 (Lagoa Santa). 

Did. paraguayensis ALLEN, Bull. Am. Mus. 
Nati dist. XVI 1902,:p: 267, -partim: 

Esta especie é a mais chegada à antecedente, 
mas é menor, com pello mais comprido e orelhas 
maiores. A cabeça é branca com tres listras pretas, 
bem distinctas e destacadas. A nuca e as costas são 
pardas, a parte inferior de côr branca pura, as per- 
nas são pretas. A cor dos grannos das costas e dos 
lados é geralmente branca. 


= BY = 

O comprimento varia de 630 760 mm. inclusive 
310-360 da cauda. O pé posterior mede 43-4& mm., 
a orelha 43-94 mm. 

Esta especie pequena e bem caracteristica acha- 
se limitada em sua distribuição à região dos campos 
do interior do Brazil, de onde o Museu a recebeu 
de Ituverava, Rincão e Franca; alem disto temos 
especimens do Ceará e de Villa Nova, da margem 
do Rio São Francisco no Estado da Bahia. Lund 
descreveu-a de Minas Geraes, Natterer colleccionou-a 
em Matto Grosso. 


Seguem aqui algumas palavras sobre os nomes 
triviaes dos marsupiaes brazileiros. As especies pe- 
quenas do tamanho de ratos ou de dimensões me- 
nores são designadas jupati. Metachirus oppossum 
L. e especies alliadas conhecem-se sob a denomina- 
ção de Cuica. Para as especies de Didelphis são 
usadas varias denominações. No roteiro de Gabriel 
Soares encontra-se o nome de serzgoé. B. G. Al- 
meida Nogueira escreve sarigue e outros autores 
escrevem sarohé ou sarigoy; Marcgrave nos da o 
nome de cariqueya, palavra que no primeiro mo- 
mento parece differente mas na qual no «c» falta 
a cedilha, de modo que antes teriamos de escrever 
sarigoea. A segunda denominação tai-ibi, ou «tai 
do chão» é corruptéla de sari. 

A segunda denominação, geralmente usada na 
Amazonia, é «mucúra» e a mesma palavra encontra- 
mos no Paraguay onde Azara escreve micuré. 
Neste caso não é difficil encontrar a elymologia. 
Almeida Nogueira traduz mbicu por raposa e diz que 
mbracu quer dizer: dar liquido ou leite. Micu-li 
significa o zorilho «todo branco» e micu-rê signi- 
fica segundo Montoya e Bertoni raposa «hedionda» 
ou «feia». Ne ou neme quer dizer: fedendo. 

A disposição systematica das especies de Di- 
delphis é ainda um assumpto dificil e controverso. 
ALLEN separa as especies com orelhas brancas das 
que as tem pretas. Não posso conformar-me com 
tal classificação, em vistas das condições especiaes 


re ee 


de D. virgin'ana que tem não só as orelhas mas 
tambem toda a cabeça branca. Isto é um caso de 
albinismo parcial que affecta tambem a côr da ore- 
lha, caso bem differente do das especies brazileiras. 
Nestas se desenvolvem manchas escuras nas orelhas 
brancacentas, manchas que em parte das especies, 
paraguayensis e albiventris, se conservam por toda 
a vida, em outras, marsupralis e aurita, confluem 
successivamente, do que resulta um colorido uni- 
forme preto. 

A prova da exactidão desta conclusão é dada 
por caracteres osteologicos. A extremidade anterior 
do osso zygomatico é grossa e alta em virginiana, 
marsupialis e aur ita, fina e apontada em para- 
quayensis e albiventris. Alem deste caracter ha 
outro que distingue os dous grupos, como já Hensel 
e Winge o mostraram: a largura relativamente 
grande ou pequena do terceiro premolar superior 
definitivo. Este dente é estreito, comprido em pa- 
raguayensis e albiventris, largo e curto nas outras 
especies indicadas. Pode-se distinguir conforme este 
caracter dous subgeneros : 

Didelphis s. str. com Didelphis marsupralis L. 
como typo e Lencodidelphis subg. n. com Didelphis 
paraguayensis como especie typica. As especies do 
ultimo subgenero são limitadas na sua distribuição ao 
extremo Sul do Brazil, Uruguay, Paraguay e Norte 
da Argentina b-m como no sertão do Brazil, isto é, 
o Brazil central e Estados do Noroeste do Brazil 
desde o Maranhão até Alagoas. 

De grande interesse é a occorrencia de Didei- 
phis marsupialis no Para ao Sul do Rio Amazo- 
nas. Este facto prova que as especies das Guyanas 
puderam extender-se ao Pará e taivez até o rio Pa- 
rahyba ao fim da epoca terciaria e então não exis- 
tia o caudaloso rio que hoje separa as regiões se- 
ptentrionaes e meridionaes do Estado do Pará. Tam- 
bem as especies do genero Cebus que vivem no Ma- 
ranhão e Pará são encontrados nas Guyanas isto é 
Cebus apella L. e C. capucinus L. 


Die hrasilianischen Arten der Gattung 
Didelphis (!) 


Schon bei friiherer Gelegenheit, bei Diskussion 
der Arten der Gattungen Cebus und Canis, hatte 
ich Gelegenheit, auf die merkwiirdige Erscheinung 
hinzuweisen, dass es vielfach gerade die allerge- 
meinsten und bestbekannten Säugetiere Brasiliens 
sind, beziiglich deren die zoologische Classification 
uns mehr oder minder im Stiche lässt. Ein solches 
Crux der Zoologie ist auch die Gattung Didelphis 
im engeren Sinne. Diese ‘Tiere, welche überall in 
der Näbe der menschlichen Wohnungen angetroffen 
werden, besitzen zwei Eigentümlichkeiten, welche 
das Studium der Arten erschweren: Die Zeitlebens 
anhaltende Wachstumsdauer und die Variabilität 
in der Färbung, die eine so weitgehende ist, wie 
wir sie kaum in irgend einer Gattung kennen. 

Was zunächst das Wachstnm anbetrifit, so 
lässt sich dessen stete Fortdauer nicht nur an den 
Fellen, sondern auch am Schädel nachweisen. Im 
Allgemeinen dürfte eine Schädellänge von 100 mm. 
fiir die grósseren der in Betracht kommenden 
Arten als diejenige des ausgewachsenen Schädels 
gelten; da aber die meisten Schädelnähte zeitle- 
bens offen bleiben, so finden wir bei besonders alten 
Exemplaren auch solche, deren Schädel 116-120 mm. 
ir der Liinge messen. Hier im Museum fiel es uns 
auf, dass von der Didelphis aurita an der Kiiste von 
Säo Paulo und weiterhin bis Sta. Catharina besonders 


(1) In Bezug auf die Synonymie der einzelenen Arten 
hitte ich die vorausgehende Darstellung zu vergleichen. 


= BAG 


häufig grosse, schwere Tiere angetroffen werden, vor- 
wiegend in schwarzer Phase, und häufig durch unge- 
wohnlich dicke Schwaenze ausgezeichnet. Nachdem 
ich einmal früher durch die Variabilitaet der Arten 
von Didelphis zur Aufstellung einer Art mich habe 
verleiten lassen, die ich späterhin nicht mehr anzuer- 
kennen vermochte, bin ich nunmehr mit aller Vorsicht 
zu Wege gegangen und bin so allmählich in den 
Besitz einer so reichen Sammlung von Fellen und 
Schädeln aus den verschiedensten Teilen Brasiliens 
gekommen, dass ich den Versuch unternehmen darf, 
die Abgrenzung und Verbreitung der einzelnen Ar- 
ten zu praecisieren. 

Was die oben erwähnte Differenz in den Di- 
mensionen der Schädel betrifft, so hat man, wie 
immer in derartigen [illen, an dem Gebisse und 
besonders an der Reihe der Backenzähne ein gu- 
tes Hilfsmittel zur Beurteilung der Altersverhält- 
nisse, welches auch in sofern nicht triigt, als die 
Dimensionen durch die erwähnte grosse Zunahme 
des Schiidelsnicht beeinflusst werden. Die Reihe der 
oberen vier Molaren, welche morphologisch dem 
vierten Praemolar und den drei Molaren entspricht, 
liefert die besten Hilfsmittel für die Beurteilung 
der Schädeldimensionen. Als jungendliche müssen 
wir alle diejenigen Individuen bezeichnen, bei wel- 
chen der letzte Backenzahn noch nicht hervorgebro- 
chen und der dritte Praemolar noch als Milchzahn 
entwickelt ist oder im Begriff steht, durch den Dauer - 
zahn ersetzt zu werden. Als erwachsen gelten dann 
alle jenen Exemplare mit vüllig ausgebildetem Gebiss, 
(adult) und als sehr alt (vetust) solche, bei welchen 
die Praemolaren schon zum Teil ausgefallen und 
die Molaren abgekaut sind. 

Die zweite, schon angedeutete Schwierigkeit 
fiir die Beurteilung der specifischen Charactere bildet 
die Farbe der Grannen. Diese steifen, langen 
Haare stehen bei den Arten der Gattung Di- 
delphis am Rücken und an den Seiten zwischen 
den übrigen kurzen, mehr oder minder wolligen 
Haaren des Pelzes dicht gedriingt. Sie sind bei 


einzelnen Tieren weiss, bei anderen schwarz und 
dadurch bekommen die betreffenden Individuen 
ein ganz verschiedenes Aussehen, indem die einen 
weissgrau, die anderen schwarz erscheinen. Wir 
wissen nichts von der Ursache dieser merkwiirdigen 
Variabil:taet und kôünen sie in keiner Weise mit 
den Lebensgewohnheiten zusammenbringen. Sowohl 
ich selbst wie die meisten anderen, in Brasilien tätigen 
Zoologen haben die Erfahrung gemacht, dass zu- 
weilen, wenn auch selten unter den Tieren ein und 
desselben Wurfes, sowohl Formen der weissen als 
solche der schwarzen Phase vorkommen. Was immer 
auch die Ursache dieser Erscheinung sein mag, so 
kúnnen wir uns wohl vorstellen, dass eben diese 
Ursache bald in geringerem, bald in stärkerem 
Masse ihren Ausdruck findet und dass schliesslich 
auch die Verhältnisse, welche eine der beiden 
Färbungen veranlassen, in einer bestimmten Art 
oder in einer bestimmten Gegend das Uebergewicht 
bekommen kônnen. Wir werden uns daher vor- 
stellen diirfen, dass es sich dabei um werdende Art- 
charaktere handelt, welche successive innerhalb der 
verschiedenen Arten und Wolinbezirke sich dermassen 
fixieren werden, dass nur noch selten atavistischer 
-Weise die verloren gegangene Färbung wieder 
auftritt. Vielleicht werden auch Erfsbrungen dartun, 
dass diess schon in einzelnen Gegenden der Fall ist 
und wire daher das Prozentverhältnis der schwarzen 
und weissen PEase fic die einzelnen Arten und 
Oertlichkeiten festzustellen. 

Die älteste und beste Monographie der brasi- 
lianischen Arten von Didelphis hat uns 1856 H. Bor- 
MEISTER geliefert und seine Darstellung ist so ge- 
nau und fast in allen Punkten so zutreffend, dass 
es schwer begreiflich erscheint, wie noch bis auf 
unsere Tage die Diskussion und die Confusion der 
betreffenden Arten hat anhalten kénnen. O. THomas 
in seinem 1888 ver6ffentlichten Katalog der Marsu- 
pialia hat alle amerikanischen Arten, d. h. aiso be- 
kannte, lebende Arten von Didelphis in eine einzige 
Art D. marsupialis L. zusammengezogen, ein sum- 


DE ae 


marisches Verfahren, mit welchem sich keiner der 
Naturforscher einverstanden erklärt hat, welche in 
Brasilien selbst Säugetiere studiert haben. Weiterhin 
hat dann I. 4. Allen in 3 verschiedenen Abhandlungen 
die Systematik, zunächst der nordamerikanischen, ua 

weiterhin auch der siidamerikanischen Dzde!phis- 
Arten gefordert ; seine Darsteliung ist aber in Bezug 
auf die brasilianischen Arten keine glückliche ge- 
wesen. Für unsere Zwecke am wichtigsten ist die 
1902 veróffentlichte Abhandlung über südameri- 
kanische Opossums, in welcher zunächst 2 Gruppen 
von Arten unterschieden werden, die marsupials 
Gruppe, deren Arten schwarze Ohren besitzen und 
die paraguayensis-Gruppe, in welcher die Ohren 
weiss oder blass fleischfarben mit dunklen Flecken 
sind. Es werden nur 2 Arten aus Brasilien aufge- 
fübrt, D. marsupialis aurita Wied und Didelphis 
paraguayensis Oken. Zu dieser Darstellung haben wir 
zunächst zu bemerken, dass die À. aurila eine 
gut charakterisierte Art undinihrem Verbreitungs- 
gebiet auf Brasilien beschränkt ist und dass in D. 
paraguayensis zwei sicher und scharf zu trennende 
Arten confundiert sind. Ob die typische D. marsu- 
piales L., deren Verbreitung auf Ostvenezuela, Guiana 
und die angr-nzenden Teile des nôrdlichen Brasilien 
beschränkt ist, auch noch weiter siidlich von Pará 
vorkommt, vermag ich zur Zeit nicht zu beurteilen. 
Sicher ist, dass in unserem Museum drei Arten aus 
Brasilien in zahlreichen Exemplaren vertreten sind 
und deren Unterscheidungsmerkmale und Verbrei- 
tungsverhältnisse zu erórtern, ist der Zweck der 
folgenden Zeilen. Ich bemerke dabei, dass ich schon 
vor 10 Jahren an die Redaktion der «Proceedings 
of the Zoological Society» eme Abhandlung über 
die brasilianischen Didelphiden einsandte, deren 
Druck auf Wunch meines Freundes, Herrn O. Tho- 
mas, abgelehnt wurde. Ich gebe mich der Hoffnung 
hin, dass die folgenden Erórterungen auch bei 
diesem, meinem verehrten Collegen keine Zweifel 
mehr an der Richtigkeit meiner Darlegungen lassen 
werden. 


Didelphis marsupialis L. 


Der Pelz ist bei dieser Art kiirzer als bei allen 
anderen, ebenso auch die Behaarung an der Basis 
des Schwanzes. Im Allgemeinen ist die Farbe des 
Pelzes gelbgrau oder bräunlich gelb. Die Beine sind 
dunkelbraun, die Ohrmascheln ebenso, sehr breit. 
Der Kopf ist etwas heller ohne dunkle Streifen, 
nur ein schattenformiger, dunkler Fleck liegt aus 
dem Scheitel, em ähnlicher ums Auge herum. 
Das Wollhaar ist gelbgrau mit brauner Spitze. Die 
kurzen, grauen Grannen sind etwas heller gefärbt 
als die übrigen Riickenhaare. Am Bauch ist die 
Firbung etwas blasser, gelbgrau. 

Der Schädel ist durch hohen Scheitelkamm aus- 
gezeichnet und dadurch, dass das Hinterhaupt breit 
und verhältnismässig niedrig ist. Die Gesamtliinge 
des Tieres betrigt im Allgemeinen 712 bis 776 mm., 
wovon 381-419 «uf den Schwanz entfallen. Die 
Liinge des Hinterfusses beträgt 51-57, die Hohe 
des Ohres 51-57 mm. (?). 

Das Veroreitungsgebiet liegt in Guiana und Ve- 
nezuela und Pará: die Ausbreitung der Art in Bra- 
silien, siidlich des Amozonasstromes ist noch nicht 
bekannt. 


Didelphis aurita Wied 


Bei dieser Art sind die Grannen lang, auch 
die Behaarung an der Schwanzbasis ist stark enwi- 
ckelt. Die Farbung ist im Wesentlichen eine schwarz- 
braune, der Kopf ist etwas heiler, mit blass gelben 
Backen. Vor dem Auge liegt ein schwarz-brauner 
Fleck, der sich nach hinten übers Auge fortsetzt. 
Die Stirnmitte und der Scheitel sind gelblich; die 
langen Grannen, welcbe am Ricken, an den Sei- 
ten und an der Basis der Extremitaeten und des 
Schwanzes ziemlich dicht stehen, sind b:ld weiss, 
bald schwarz. Hierzu kommt, dass die schwarzen 
Streifen des Gesichtes oft nicht sehr deutlich ausge- 


“Te RE 


prägt sind und so erscheinen die mit weissen 
Grannen durchsetzten Tiere von den dunklen, fast 
einfarbig schwarzen Tieren so verschieden, dass ich 
dadurch veranlasst wurde, der dunklen Varietaet 
einen besonderen Namen, Ldelphis hoseratza, zu 
geben. Die Totallänge des Tieres wechselt von 
680-810 mm, wobei auf den Schwanz : 00-390 mm. 
entfallen. Die Länge des Hinterfusses beträgt 
53-60, die des Ohres 39-25 mm. Doch kommen 
Tiere mit so langen Ohren wie die von Allen er- 
wihnten wohl sehr selten vor. Die Ohren sind 
übrigens minder breit als bei Did. marsupialis. 

Die Verbreitung dieser brasilianischen Art 
erstreckt sich von der nordlichen Halfte des Staates 
Rio Grande do Sul über ganz Brasilien bis zum 
Amazonas, von wo wir Exemplare aus Manäos und 
vom Rio Juruä haben. 


Didelphis paraguavensis Oken 


Kopf und Hals sind weiss, ein dunkler Streifen 
zieht, zwischen den Augen beginnend, bis zum Na- 
cken, wo er in die schwarzbraune Farbe des Rii- 
ckens übergehr. Kin anderer, schmaler Streif zieht 
sich jederseits durchs Auge hin bis gegen das Ohr, 
dessen Farbe weisslich, mit matten, dunkelgraüen 
Flecken ist; Riicken, Seiten, Beine sind schwarz- 
braun, die Haare der Unterseite sind blassgelb mit 
dunkelbrauner Spitze, wodurch die ganze Unterseite 
ein düsteres Aussehen gewinnt. Auf dem Riicken, 
an den Seiten und an der Wurzel der Extremitaeten 
und des Schwanzes stehen zahlreiche, lange, starke 
Grannen, deren Farbe in der Regel weiss, zuweilen 
aber schwarz ist. Die nackte, schuppige Partie des 
Schwanzes ist in der ersten Hälfte dunkelgrau, 
in der zweiten fleischfarben. 

Die Totallinge variiert von 793 bis 957, mm., 
wovon 330 bis 426 auf den Schwanz entfallen. Die 
Linge des Hinterfusses beträgt 42 bis 54 mm., die 
Linge des Ohres 26 bis 31 mm. 


mt x 
Didelphis albiventris Lund 


Diese Art ist mit der vorausgehenden nächst- 
verwandt, aber kleiner, mit längerem Haarkleid 
und grósseren Ohren. Der Kopf ist weiss, mit 3 
schwarzen, scharf abgesetzten Streifen. Nacken und 
Riicken sind grau, die Beine sind schwarz, die Un- 
‘terseite rein weiss. Die Farbe der langen Grannen 
des Riickens und der Seite ist in der Regel weiss. 

Die Totallinge variiert von 630 bis 760 mm., 
wovon 3!0 bis 360 auf den Schwanz entfallen. Die 
Linge des Hinterfusses betrigt 48 bis 48 mm., 
die des Ohres 43 bis 54 mm. 

Diese kleine und sehr characteristische Art ist 
in der Verbreitung durchaus auf die innere Cam- 
pos-Region des mittleren und nôrdlichen Brasiliens 
beschriinkt. Sie wird in São Paulo im Westen an- 
getroffen, von wo das Museum sie aus Ituverava, 
Rincão und Franca besitzt. Unser Museum erhielt 
sie ausserdem von Ceará und von Villa Nova am 
Rio São Francisco im Staate Bahia; Lund beschrieb 
sie aus Minas, Natterer sammelte sie in Matto Grosso. 


Zum Schlusse mógen hier einige Worte über 
die volkstiimlichen Namen der Beutelratten Bra- 
siliens folgen. Die kleineren Arten von der Grosse 
der Ratten oder noch kleiner bezeichnet man mit 
«jupatir; Metachirus opossum L. und die damit ver- 
wandten Arten kennt man unter dem Namen Cuica. 
Die Didelphis Arten haben verschiedene Namen. 
Im «Roteiro» von GABRIEL SoAREs begegnet man 
der Bezeichnung seriguê. B. GC. ALMEIDA NoGUEIRA 
schreibt saregue und andere Autoren sarohé oder 
sarigot. MARCGRAVE hat uns den Nemen cariqueya 
hinterlassen, ein Wort, das auf den ersten Moment 
fremd erscheint, bei dem aber bloss unter dem «c» 
die Cedilha fehlt, sodass wir eigentlich sarigueya 
schreiben müssten. Eine zweite Bezeichnung tae-cbe 
ist verstimmelt aus sari-ibi, was die tar des Bo- 
dens dedeutet. Die zweite Benennung, welche ge- 


ae Dee 3 


wohnlich in Amazonas gebraucht wird, ist mucura ; 
das gleiche Wort treffen wir in Paraguay wieder, wo 
AzaRa micuré schreibt. In diesem Fall liegt die 
Etymologie sehr nahe. ALMEIDA NoGugIRA über- 
setzt mbrci mit Fuchs, Stinktier und sagt dass mbeacu 
soviel wie «Milch oder Fliissigkeit geben» bedeutet. 
Mbecu-ti bedeuted weisses Stinktier und mbi-cu-ré 
bedeutet nach Monroya und BERTONI hässliches, 
abscheuliches Stinktier; Ne oder Neme bedeutet 
stinkend. 

Die systematische Gruppierung der Didelphis- 
Arten ist ein schwieriges und noch strittiges Pro- 
blem. ALLEN scheidet die Arten mit weissen Ohren 
von den schwarzohrigen. Ich kann mich mit dieser 
Einteilung nicht einverstanden erklären, besonders 
mit Rücksicht auf die eigenartigen Verhiltnisse 
bei D. virginiana, bei welcher Art nicht nur die 
Ohren weiss sind, sondern auch der ganze Kopf. 
Es ist das ein Fall von teilweisem Albinismus, wel- 
cher auch die Farbe des Ohres. beeinflusst, also 
ganz verschieden von den Verhätnissen bei der 
brasilianischen Arten. Bei letzteren entwickeln sich 
an den weisslichen Ohren dunkle Flecke, welche 
bei einem Teil der Arten, wie bei paraguayensrs und 
albiventris sich lebenslänglich erhalten, waehrend 
sie bei anderen Arten, so besonders bei mnarsupralis 
und awrita ailmihlich zusammenfliessen, woraus eine 
einformig schwarze Firbung resultiert. 

Der Beweis fiir die Richtigkeit dieser unserer 
Schlussfolgerung wird durch osteoiogische Chara- 
ctere geliefert. Das Vorderende des Jochbeines ist 
dick und hoch bei vergimana, marsupralis und au- 
rita, schlank und zugespitzt bei paraguayensis und 
albiventris. Ausser diesen Merkmalen gibt es, wie 
schon HenseL und WINGE gezeigt haben, noch 
ein anderes, nach welchem sich zwei Gruppen un- 
terscheiden lassen: die relativ grosse oder geringe 
Breite des dritten oberen definitiven Prämolaren. 
Dieser Zahn ist schmal und lang bei paraguayensis 
und albiventris, wo seine Breite von 3,0 bis 4,8 
mm. variiert, breit und kurz bei den anderen ange- 


gebenen Arten, wo seine Breite 5-6 mm. betrigt. 
Hiernach kann man 2 Untergattungen unterschei- 
den, von denen fiir Didelphis s. str. D. marsupialis 
als Typus zu gelten hat, eee die typische Art 
von Leucodidelphis subg. n. D. paraguayensis ist. 
Die Arten letzterer U bre sind in ihrer Ver- 
breitung auf Südbrasilien, Uruguay, Nordargentinien 
und Paraguay beschränkt sowie auf den Sertäo von 
Brasilien, d. h. Centralbrasilien und die Nordost-staa- 
ten von Maranhäo bis Alagoas. 

Von besonderem Interesse ist das Vorkommen 
von D. marsupials in Pará, also südlich des Ama- 
zonenstromes ; diese Tatsache beweist, dass Arten 
von Guyana sich zu Ende der Tertiãr-Epoche bis 
Pará und vielleicht bis zum Rio Parnahyba aus- 
breiten konnten und dass somit der mächtige Strom, 
welcher heutigen Tages die nôrdlichen und siidli- 
chen Gebiete des Staates Para trennt, noch nicht 
existierte. 

Auch die Cebus-arten von Maranhão und Para, 
C. appella L. und capucinus L. werden in Guyana 
angetroffen. 


———— (O 


Insectos contra insectos 


As Coccinellidas 
POR 


FRANCISCO [TGEESEAS 


(Estampa VIII, fig. 1-a e 1-8) 


A entomologia economica, estudando a biologia 
dos insectos, tem procurado tirar partido dos mes- 
mos. E assim que sabemos que ha insectos noci- 
vos às plantas, insectos que não o são e finalmente 
insectos carnivoros que se alimentam de outros in- 
sectos. De posse destes conhecimentos os entomo- 
logistas têm prccurado conhecer os grupos de inse- 
ctos a que pertencem e determinar as varias espe- 
cies destruidoras de insectos, afim de poder prestar- 
lhes auxilio na sua multiplicação, em detrimento 
das pragas que assolam as nossas culturas. 

São os coleopteros e os hymenopteros que neste 
sentido têm prestado relevantes serviços à agricul- 
tura. Vamos occupar-nos, desta vez, do primeiro 
grupo e, particularisando, da familia das Coccinel- 
lidae. 

As coccinellidas, na luta contra os inimigos da 
agricultura representam, sem duvida, um papel im- 
portantissimo. 

A coccinellida Cryptolaemus montrouziert 
Muls., anstraliana, é uma grande destruidora da 
coccida branca, Dactylopius eriococcus, etc., que, 
introduzida nas ilhas Hawai, se tem desenvolvido 
rapidamente; esta coccinellida é actualmente um 
auxiliar precioso contra as coccidas do caféeiro 


(Marchal) e em particular o Pulvinaria psidir, um 
dos maiores inimigos desta cultura. (*) 

Coccinella repanda Thunb. alimenta-se de pul- 
goes das laranjeiras, de hibiscus e da canna de 
assucar. 

Rhizobius litura L., come differentes especies 
de pulgões; é uma das especies mais espalhadas em 
França. 

Rhizobius ventralis acclimatou-se admiravel- 
mente na California, onde dá combate à coccida 
negra da oliveira, Lecanium oleae. 

E’ interessante notar que, coccinellas estran- 
geiras, que já prestavam bons serviços nus paizes 
de origem, naturalizam-se em outras regiões, dando 
resultado esplendido. Os Estados Unidos ca Ame- 
rica do Norte, onde a agricultura e tndo que diz 
respeito a ella, tem progredido extraordinariamente, 
collocando-se na vanguarda das nações adeantadas, 
dispendem, às vezes, grandes sommas sómente para 
acclimatar uma pequena coccinella, pequena na ver- 
dade, mas que presta grandes serviços. 

Haja visto o que aconteceu com o já celebre 
Novus cardinalis. A Icerya purchasi, terrivel 
praga, foi introduzida em 1X68 na California: o seu 
paiz natal é a Australia, no emtanto esta coccida 
“acclimatou-se de tal forma nos Estados Unidos do 
Norte, e ali tomou incremente que produziu enor- 
mes estragos nos laranjaes e limoeiros de toda a 
região. Foram baldados todos os esforços para com- 
bater o flagello. Diante dos grandes e irremedia- 
veis estragos praticados pela Icerya, Riley, director 
da secção de Entomologia do departamento de Agri- 
cultura de Washington, pensou que o mediosre 
desenvolvimento da praga no paiz de origem deve- 
ria ser attribuido ac ataque de algum parasita na- 
tural, que até então havia passado desapercebido ; 
conseguiu um credito de 2.000 libras e determinou 
que o seu agente M. Koebele, fosse encarregado da 


(*) Esta especie, felizmente, não se encontra em nosso 
paiz. Nota da Red. 


= i ae 


procura do inimigo natural da Jcerya. Dentre as 
muitas coccinellidas que tronxe, tornou-se notavel 6 
Novius cardinalis, que deu os resultados mais 
surprehendentes na extincçäo da praga. Este pro- 
cesso, mais tarde, à medida que a J/cerya ia inva- 
dindo outros paizes, continuou a ser empregado, 
sempre com bom exito. 

Nós aqui, tambem, encontramos uma coccinel- 
lida que está, mui obscuramente, prestando um bello 
concurso aos nossos laranjaes e roseiraes. E” a 
Neda sanguinea L. que conseguimos identificar 
com o auxilio das collecções do Museu Paulista. 

A primeira observação nossa sobre a Neda 
sanguinea, foi numa laranjeira, onde vimos tanto 
as larvas como os imagos, alimentando-se com uma 
voracidade nunca vista, de aphideos, pulgões da la- 
ranjeira. Mais tarde notamos que a mesma cocci: 
nellida se alimentava de pulgões da roseira. Trata- 
mos de estudar a biologia do insecto e para isso 
fizemos criação do mesmo. Verificamos que a Veda 
se alimenta de varias especies de pulgões; todos os 
pulgões que conseguimos encontrar, lhe offerecemos 
e ella os comeu com a costumada avidez. 

A Neda sanguinea põe os seus ovos nas 
folhas, proximo aos pulgões. Logo que as peque- 
ninas larvas sahem, ellas começam a comer os pri- 
meiros pulgões que encontram. Ccemem durante o 
dia e durante a noute, crescendo com rapidez. Quando 
a larva attinge todo o seu tamanho ella doira-se 
sobre si, muda de cor, que se torna amarella, e 
finalmente transforma-se em nyupha; da nympha 
sahe o insecto perfeito ou imago. 

O periodo larval pode durar mais ou menos 
uns 15 dias, pois, a quantidade de alimento retarda 
ou apressa o desenvolvimento da larva; o periodo 
de nympha, segundo nossa observação, é de 5 a 6 
dias. Observamos uma larva que começou a se 
curvar (preparativo para nymphar) ás 12 horas do 
dia 26 de Fevereiro; no dia 4 de Março, às 6 
horas da manhã o imago sabia do envolucro da 
nympha. Em falta de pulgões, nos primeiros mo- 


— 360 — 


mentos de vida o insecto se alimenta da casca da 
nympha. 

A larva mede 7 millimetros de comprimento 
por 2 de largura; as 3 pares de patas são pretas, 
cobertas de pequeninos pellos. A cabeça é preta 
(Est. 8, fig. 1-4) luzidia, notando-se os palpos labiaes 
bem desenvolvidos; dos 12 segmentos, o 1.º immediato 
à cabeça, que corresponde ao prothorax, é amarello 
com desenhos pretos; 0 2.º, 3.º e 4.º segmentos 
têm sobre um fundo preto uma pinta amarella nos 
bordos lateraes e uma no meio, no dorso; o 4.º se- 
gmento é quasi todo amarello; o 5.º e 6.º só têm 
uma pintasinha no dorso ; 
o 7. é totalmente ama- 
rello; a seguir deste ulti- 
mo nota-se uma pequena 
pinta que vai diminuindo 
de tamanho, no dorso, até 
ao ultimo segmento. À côr 
da larva, emfim, é preta 
com manchas amarellas 
em alguns segmentos. Em 
projecção horisontal os 
segmentos têm os bordos 
lateraes angulosos, o que 
dá um aspecto todo cara- 
cteristico à larva. Os se- 
gmentos abdom:naes têm 

i arestas, dando ideia de pi- 

que Guite muementade, taade COS. de jáca, As larvas dus 

Bee ans ta aa rante o seu desenvolvimen- 

to mudam de pelle. Quando 

deixam a pelle velha têm as patas e a cabeça kran- 
cas, tornando-se pretas em alguns momentos. 

Nympha. (Fig. 1) A larva ao se transformar 
em nympha, curva-se e muda de côr: torna-se 
completamente amarella, mais ou menos clara tendo 
no dorso algumas pintas pretas. 

Quando se aproxima a occasião da transfor- 
mação em imago as patas e a cabeça são es- 
curas. 


— 361 — 


O imago (Est. 8, fig. 1-8) é um besourinho 
quasi semi-espherico, com os elytros de um ver- 
melho bruno claro; o 
thorax é preto com uma 
faxa branca que orla a 
frente, proximo à cabeça, 
e os lados, terminando na 
parte posterior, na juncção 
dos elytros, em forma de 
oculos; a cabeça é pequena 
e preta com duas man- 
chas branco-amarellas que, 
às vezes, se unem tor- 
nando-a toda de uma cor, 
isto é, de um brazco-ama- 
rellado. Os palpos labiaes 
são bem desenvolvidos e 
servem para fixar a victi- 
ma no acto de ser comida. 


(Fig. 2) Um bróto de roseira, 


Mede 5,5 mm. de compri- atacado pelos pulgões. 
4 _ a) larva de coccinellida, d 
mento por 4 mm. de largu deco NULS DR 


ra. As azas membranosas !) nympha, fixada numa folha ; 
c) insecto adulto em procura de 

são pretas e são cobertas pulgões. 

totalmente pelos elytros. 

A coccinellida em questão, tem uma cor tão de- 
finida que, em vendo-se a uma vez, não se confunde, 
podendo-se reconhecel-a ao primeiro golpe de vista. 

E” muito facil tirarmos partido deste interes- 
sante insecto. E” bastante assegurar a sua multipli- 
cação e collocal-o nos laranjaes infectados pelos pul- 
gões ou sobre as roseiras. 

Não pense o leitor que criar estes pequenos inse- 
ctos seja cousa tão difficil. Toma-se um vaso ou um 
quinto serrado ao meio onde se planta uma roseira 
de pequeno talhe. Cobre-se o vaso e a roseira com 
uma armação rectangular, cujas paredes são de tela 
metallica. De qualquer roseira infectada com os pul- 
gões verdes cortam-se alguns brótos que se collocam 
sobre a roseira plantada no vaso e protegida pela téla 
metallica. Assim, bem resguardados, os pulgões se 
multiplicam rapida e abundantemente. Quande o nu- 


— 362 — 


mero de pulgões for grande, então collocam-se algu- 
mas coccinellidas na gaiola e estas, devido à quan- 
tidade de alimento, por sua vez, se desenvolvem 
extraordinariamente. Ora d'ahi é muito facil trans- 
portar-se as coccinellidas, em forma de larvas, ou 
como imago para as roseiras ou laranjaes atacados. 
Em pouco tempo o jardim ficará isento da praga. 
Como vê o leitor, é até um trabalho pittoresco que 
não deixa de ter a sua 
poesia e que, estou 
certc, qualquer das 
nossas senhoritas, po- 
deria fazer, passando 
assim alguns momen- 
tos bem agradaveis, 
no meio das flores, 
desembaraçando-as dos 
seus Inimigos por um 
processo intelligente. 
O methodo que 
acabamos de propôr 
(Fig. 3) Folha de laranjeira atacada para à cr1agao da coc- 
Dedo MEE ee ebpedllecto We qro imel lida’ Ge ga niall 
mente, indicado só: 
mente em jardinagem; quando se tratar de uma 
‘grande cultura invadida por uma praga de pulgões, 
então podemes uzar o processo que está em voga 
nos Estados Unidos. Escolhemos uma arvore que 
tenha muitos parasitas e armamos sobre ella uma 
especie de grande gaiola de téla metallica cujas 
malhas evitem a sahida, tanto da praga como da 
coccinellida. A gaiola tem a forma rectangular e 
em uma das paredes lateraes tem uma porta por 
onde entra o encarregado da criação. O processo é 
egual ao precedente, apenas em maior escala: em 
vez de ser applicado a uma planta no vaso, é no 
proprio campo que se opéra, abrangendo a gaiola 
às vezes duas ou tres arvores ao mesmo tempo. 


S. Paulo, 16 —3-- 914. 


Noias entomologicas 


Em additamento a dous artigos publicados neste mesmo volume 


RODOLPHO von IHERING 


Mais uma especie nova do genero 
Nilio (Col.) 


(Veja-se pags. 281 e segs. deste volume) 


Durante sua recente excursão coleopterologica 
ao Brazil meridional, o Sr. E. Gounells teve a gen- 
tileza de nos reservar as especies de Nílio que col- 
leccionou. Recebemos assim duas especies, sendo 
uma (N. 18.680) N. varius que já descrevemos 4 
pag. 291 deste volume; a outra, certamente a menor 
de todas até hoje encontradas, é nova, e em seguida 
a descrevemos, dando-lhe o nome do illustre espe- 
cialista ao qual a nossa literatura sobre Longicor- 
neos deve tantas e tão valiosas publicações. 


Nilio gounellei n. sp. 


Copa Simm, lat. 2,0 m0. >” 

Elytra viridi-cuprea, antennæ, caput, prothorax, 
scutellum, elytrorum margines laterales (preecipue 
antice) pedesque testaceo-brunnea, subtus fere niger 
supra pubescentia aurea vestitus. 

Caput obsolete, prothorax minute et confertim, 
elytra valde et dense punctulata, be seriebus 18 
longitudinalibus punctorum instructa que difficile 
est numerari; elytra antice leviter lunata, convexa 
sed minus hemisphecrica quam in ceteris especiebus ; 
subtus pedesque nitidi. 

Hab. : (Typus N. 18686) Jaraguá, Est. Sta. 
Catharina (I. 914) ab eximio coleopterologo E. Gou- 
nelle detectus mihique in 4 exemplaribus benevole 
donatus. 


Uma 8. especie de parasita da 
Leucoptera coffeella 


(Veja pags. 85 e 90 deste volume) 


Devo accrescentar o nome de mais um para- 
sita à lista das especies enumeradas à pag. 90 deste 
mesmo volume. Trata-se de Chrysocharis lividus 
Ashm., chaicidida pertencente a um genero muito al- 
liado a Closteroceros (neste genero as azas têm de- 
senho e as antennas constam de 8 articulos, em 
quanto que Chrysocharis tem azas hyalinas e an- 
tennas Y-articuladas). A unica indicação que en- 
contramos com relação ao parasitismo desta especie 
nas lagartas de Leucoptera acha-se no Bui. N. 3 
de la Estacion Central Agronomica de Cuba, 1905, 
pag. 20. A proveniencia indicada & Porto Rico. 

Devemos à gentileza do Dr. Oswaldo Cruz uma 
copia da diagnose original da especie em questão 
e aproveitamos o ensejo para transladal-a. 


Chrysocharis lividus Ashm. 


(Traducção da diagnose original em: Journ. of the Linnean 
Society, Zoology, vol. XXV, 1896, pag. 174-6) 


«JS ¢ Comprimento 0,85 — 1 mm. Preto-azu- 
« lado, sem pontuação, só os tarsos e os espinhos 
“«tibiaes são brancos. Azas hyalinas. Abdomen da 
« femea subsessil, oval, mais ou menos do compri- 
« mento do thorax ; no macho (o abdomen) é oblongo, 
«com uma mancha brancacenta na base; - as an- 
« tennas têm pellos brancacentos, o primeiro arti- 
« culo do flagello é o mais comprido». 

« Hab. St. Vicent.» 

« Descripto segundo um exemplar 4 e uma 9.» 


Com relação à distribuição de Leucoptera (pag. 
86) devo mencionar que tem sido descriptas algu- 
mas especies norteamericanas deste genero, como 
L. erythrinella Busk (criada das folhas de Æry- 
thrina herbacea, e L guettardeila Busk, das fo- 
lhas de Guettarda elleptica (cf. Proc. Nat. Mus. 
Washington, Vol. XXIII, 1901, pag. 239). 


Bioiogia de varias especies de Pinotus 
de $. Paulo 


POR 
H. LUDERWALDT 


Entomologista do Museu Paulista 


Os besouros do grupo dos Lamellicorneos e em 
especial os da fam. Scarabaeidae, sub-fam. Copri- 
nae, a que pertencem as especies do genero Pha- 
naeus e Pinotus são insectos de certa utilidade para 
a agr.cultura e a vegetação em geral. Bastará 
lembrarmos a sua acção como fertilizadores dos 
campos, trabalho este ao qual consagram quasi toda 
a sua actividade, carregando o estrume, Os excre- 
mentos dos grandes herbivoros, para o subsolo. 
Neste sentido são comparaveis às minhócas que 
modernamente tambem tem sido rehabilitadas pe- 
rante a agricultura, reconhecendo-se nelles elemen- 
tos incomparavelmente mais uteis do que antiga- 
mente se suppunha. 

De algumas das especies do gen. Penotus, mais 
frequentes no Estado de S. Paulo tomamos os se- 
guintes apontamentos relativos à sua oecologia : 

Pinotus nscanius — especie muito frequente 
sob os excrementos, tanto do gado vaccum e ca- 
vallar como do homem, e nas carniças e carcaças ; 
em Abril foi visto comendo goyabas cahidas e pu- 
demos verificar não se tratar de excepções mas re- 
petidas vezes encontramos o besouro enterrado por 
baixo da fructa, chegando elle a excaval-a de tal 
forma que o seu corpo se encaixava todo na goyaba. 
A bóla ou pillula de estrume, perfeitamente redonda, 
acha-se na terra em profundidade variavel de 15 
centimetros a 1 metro. Esta especie vôa durante 


= 300 


todo o anno e não raro é attrahida pelos fócos da 
luz electrica. 

P. speciosus — foi encontrado com frequencia 
sob excrementos de vacca, nos Campos de Jordão, 
a 2.200 m. de altitude ; 


P. snundus — foi apanhado em S. Paulo junto 
a uma carniça ; 
P. mormon — sob excrementos humanos ; 


P. nobilis, semiaeneus, nisus e crinicollis na 
bosta de vacca e a ultima destas especies tambem 
na de cavallo ; 

P. singularis — que até 2gora só era conhe- 
cido do Para, foi por nós encoatrado varias vezes nos 
arredores de S. Paulo; as suas bólas de estrume 
acham-se a 20 ou 30 cm. de profundidade na terra. 


Zur Lehensweise einiger Pinotus- 
Arten von São Paulo 


VON 


H LUDERWALDT 


Entomologista do Museu Paulista 


1. Pinotus aseanius Har. 


Ich weiss nicht, oo der Kifer bereits als ge- 
legentlicher Vegetarianer bekannt geworden ist, je- 
denfalls kann aber die nachfolgende Beobachtung 
eventuell als Bestätigung dienen. 

In diesem Jahre (1913) im April, traf ich ihn 
haufig im botanischen Garten de Musems unter abge- 
fallenen, reifen, aber keineswegs angefaulten Frü- 
chten der «Goyabeira» Psidium quayava Raddi. 
(Myrtaceae). Fast immer sassen die Kifer flach 
in der Erde unter der Frucht in einem selbstge- 
grabenem Loch und ein Exemplar hatte sich in 
eine solche direckt eingefressen, wie auch mehrere 
andere Friichte mehr oder minder angefressen waren. 


30] = 


Gleichzeitig méchte ich hier ein paar Notizen 
mitteilen, die ich geegentlich über diesen Kifer 
gemacht habe. 

Das Tier ist eine der häufigsten P inotus-arten 
auf den Campos des Staates São Paulo und besitzen 
wir Exemplare aus verschiedenen Gegenden, so von 
Campinas, Franca, São Paulo-Stadt und Jundiahy, 
ferner aus dem Staate Minas Geraes. Ausserdem 
steckt in unserer Sammlung ein Stiick aus Paraguay 
ohne Nennung des Gebers und ein anderes aus Co- 
lumbien, von Staudinger und Bang-Haas bezogen. 
Harold «Coleopterologische Hefte» XIII, 1875 pag. 66 
fiihrt die Art von Cantagallo im Staate Rio de Janeiro 
auf. Jedenfalls kommt sie auch in den meisten iibrigen 
Staaten Brasiliens vor, doch scheinen Daten dariiber 
nicht bekannt geworden zu sein. Wie in Gemmin- 
ger und Harold, so ist auch im neuem «Coleoptero- 
rum Catalogus» von Junk und Schenkling einfach 
Brasilien als Heimat angegeben. 

Gewohnlich lebt der Käfer unter Kuh-und Pfer- 
dedung, auch unter menschlichen Excrementen und 
zuweilen an Knochen; ebenso findet er sich oft 
am Aas ein. (*) 

Bei seinen niichtiichen Ausfliigen fliegt er dem 
elektrischen Licht zu und selost die triibe Petrolum- 
Lampe lockt ihn an. | 

Seine Flugzeit scheint das ganze Jahr zu wäh- 
ren, wenigstens kommen nach unseren Notizen 
die Monate Januar bis April, August bis Oktober 
und Dezember für ihn in Betracht. 

Die etwa haselnussgressen, vüllig runden Nest- 
kugeln haben unsere Gartenarbeiter beim Ausheben 
von Pflanzenléchern oft gefunden und zwar in einer 
Tiefe von 0,10 bis 1m.; Kanäie, welche von der 
Erdoberfliche bis zu den Kammern führten, waren 
nicht zu erkennen. Gewühnlich waren die «bolas» 
oben zerbrochen, wurden aber von den Larven 
wieder ausgebessert, wobei sich die jiingeren Zeit 
liessen, wiihrend die iilteren, nahe vor der Verpup- 
pung stehenden, ihre Arbeit umsomehr beschleu- 
nigten. So brauchte die eine, jiingere Larve 32 


Tage, eine andere, ausgewachsene, welche bereits 
die gelbliche Reifefirbung angenommen hatte da- 
gegen nur 7 Tage, um den Schaden auszubessern, 
obwohl ihre Kugel ebenso stark gelitien hatte, wie 
die der erst erwähnte. 

Die Nestkugeln bestehen aus Dung und mit 
demselben Stoffe suchten die Larven, welche in 
ihren Kammern auf dem Riicken liegen, die Bruch- 
stellen wieder zu verschliessen, begniigten sich 
aber im Notfalle auch mit Kiessand. Oft stahlen 
sie dies Material von den neben ihnen im Zuchtbe- 
hälter liegenden anderen Nestkugeln, wobei sie oft 
bis zur Hälfte ihres Kürpers aus ihrer eigenen Be- 
hausung hervorkrochen. Die Arbeit geschah in der 
Weise, dass sie, immer mit dem Bauche nach oben, 
ihre breite Afterspalte gegen den auszubessernden 
Rand drükten, dabei alle 6 Beine seitwärts weit 
von sich streckend utd so den flüssigen Kot langsam 
hervor pressten. In dieser Lage verweilten sie so- 
lange, bis der letztere erhärtet war, was immer nur 
kurze Zeit, vielleicht eine Minute dauerte, worauf 
sie den After langsam nach unten hin wegzogen, 
um sich wieder in eine bequemere Lage zu bringen. 

Im Dezember schliipften drei Kiifer aus, doch 
“bin ich nicht in der Lage Niheres über die Entwick- 
Jungsdauer mitzuteilen, da die Larven, welche 
ich erhielt, sich bereits in vorgeschrittenerem Al- 
terstadium befanden. 


2. Pinotus speciosus Water. 


Diese schône, griingefirbte Art wurde uns von 
Herrn Carl Felsche in Leipzig, welcher die Güte 
hatte, diverse Copriden für das Museu Paulista zu 
determinieren, als selten bezeichnet. Verfasser fand 
sie in Januar 1906 ziemlich häufig unter Kuhdung 
auf dem «Campos Jordao» (Est. de S. Paulo) in etwa 
2.200 m. Hone. 


(*) Lwederwaldt, H. — «Os insectos necrophagos Pau- 
listas», Revista do Museu Paulista, vol. VIII, 1911, pag. 414. 


3. Pinotus mundus Har. 


In unserer Sammlung stecken 3 Exemplare von 
Ypiranga, von denen eins ganz in der Nihe eines 
Aases gefunden wurde. 


4. Pinotus nobilis Watel. 


Im September und November unter Pferdedung 
und frischem Kuhfladen mehrfach bei Ypiranga auf 
dem Camp gefangen und, wie die meisten anderen 
Arten von Herrn Kelsche determiniert. Der neue 
«Coleopterorum Catalogus» pag. 61 giebt nur Boli- 
vien, Uruguay und Argentinien als Heimat an. 


5. Pinotus mormon Ljunçh. 
Eine der hãufigsten Arten bei S. Paulo im 
Januar, März, Oktober und November unter mensch- 
lichen Excrementen gefunden. 


6. Pinotus semiaeneus Germ. 


Im Oktober und November bei S. Paulo unter 
frischem Kubhdiünger. 


7. Pinotus singularis Kdsche 


Mehrere Exemplare im Mai und Oktober in 
São Paulo in der Avenida Paulista gefangen. Die 
entsprechend kleinen Mistkugeln etwa 20-30 em. 
tief in der Erde. Bisher war die Art nur von Para 
bekannt. 


8. Pinotus erinieollis Germ. 


Häufig bei São Paulo auf dem Campo unter 
Kuh-und Pferdedung, Februar und November. 


9. Pinotus nisus Ul. 


Dies ist wohl die gewonlichste Art hier unter 
Viehdiinger von welcher ich nachfolgendes Idyll mit- 
teilen müchte. Eines Vormittags, etwa um 10 Uhr 
im Juni traf ich einen jungen, noch weichen unaus- 
gefirbten Kifer (N.º 1120), welcher damit beschäf- 
tigt war, in einem Campwege ein grosses Stick 
frischen Rossapfels, das immerhin 3 bis 3 1/2 cm. im 


Durchmesser aufwies, davonzutransportieren. Der 
Zweck war offenbar der, das Excrement in Si- 
cherbeit zu bringen, aber die Art und Weise, wie 
der Kafer bei seiner Arbeit verfuhr, war vüllig 
planlos. Er ¢chien zufrieden, wenn er seine Beute 
nur recht oft umwenden konnte, aber in welcher 
Richtung, das war ihm gleichgiltig. Bald ging es 
rechts, bald links, bald vorwiirts, bald wieder zu- 
riick, wie es sich gerade am leichtesten machte. 
Der Transport selbst geschah in praktischer Weise, 
indem der Kifer das Kopfschild unter das Excre- 
ment schob und dasselbe hierauf gewaltsam empor- 
wuchtete. Dann stemmte er die Spitze der Vorder- 
schienen dagegen, um mit dem Clypeus tiefer grei- 
fen zu kônnen und wiederholte dies Manéver so 
lange, bis es umkippte. Mit ausgebreitetem KFühler- 
ficher und lebhaft spielenden Kiefertastern spazierte 
er dann hinterdrein, nicht gerade eilfertig, um seine 
Bemiihungen zu wiederholen. Ich setzte das Tier 
schliesslich mitsamt seinein Rossapfel auf den Camp 
neben dem Wege. Dieser Eingr'ff schien es aber 
nicht im Geringsten zn genieren; es machte im Ge- 
genteil sich sofort wieder an seine Arbeit. In dem 
niedrigen Grase quälte sich der Käfer vergebens 
ab, um vorwirts za kommen und versetzte ich ihn 
daher wieder an eine andere, freiere Stelle, nachdem 
ich den harten Erdboden dort etwas aufgelockert 
hatte, um ihm Gelegenheit zu geben, sich eingraben 
zu kénnen. Etwas eingeschüchtert, blieb der Pi- 
notus jetzt kurze Zeit still sitzen. Schiliesslich nã- 
herte er sich dem Excremente wieder und begann 
sofort zu fressen. Bei dieser Beschäftigung  ver- 
schwand er allmählich unter demselben, umklammerte 
es dabei, auf den Rücken zu liegen kommend, um 
sich in dieser Stellung wohl 10 Minuten lang un- 
gestórt dem Genuss der Nahrungsaufnahme zu wid- 
men. Nachdem er sich gesittigt, scharrte er sich 
flach in den Erdboden ein, wo er geraume Zeit 
regungslos sitzen blieb, bis ich ihn in das Sammel- 
glas wandern liess. 


Biologia e classificação das Cuculidas 
hrazileiras 


POR 


HERMANN VON IHERING 


E — Entroducção 


A familia das Cuculidas, representada no Brazil 
pelos anns, almas de gato, sacys e outros passaros 
bem conheevidos, distigue-se pela propriedade biolo- 
gica de que varias especies poem os seus ovos em 
ninhos alheios, impondo assim a esses passaros 0 
cuidado da criação dos seus filhotes. E” geralmente 
conhecido que os cucos europeus, bem como muitos 
outros membros da mesma familia, especialmente da 
Ásia, assim o costumam fazer. Na America porem 
passa-se a cousa por outra forma. Na America de 
Norte conhecem-se os ninhos de todos os represen- 
tantes desta familia ahi existentes; quanto 3 Ame- 
rica do Sul dispomos já de :nuitas observações bio- 
logicas sobre muitas especies, mas, até agora, taes 
costumes parasiticos ainda não haviam sido assigna- 
lados. Sobresahem varias especies de cucos da Ame- 
rica do Sul pelo costume de nidificar em sociedade 
ou reunir os ovos de varias femeas num ninho com- 
mum. Taes ninhos, geralmente grandes, reconhe- 
cem-se facilmente porque na sua construcção, e es- 
pecialmente no revestimento interno, são emprega- 
das folhas verdes. 

Já por occasiäo anterior chamei attenção ao 
facto de que ninguem ainda descrevera ninhos nem 
ovos da subfamilia das Taperinas ou Diplopterinas. 
Não tem isto nada de estranho com relação às es- 
pecies mais raras de Dromococcyx, mas é incom- 


prehensivel, tratando-se de um passaro tão commum 
como o Sacy Diplopterus naevius Bodd. ou, como 
a mesma especie se chama agora, Tapera naevia 
Bodd. 

Esse passaro é commum quasi per toda a parte, 
pois apparece em caminhos, pastos, nas cercas e na 
visinhança das habitações humanas. Alem disto, o 
macho tem uma voz tão extranha, composta de duas 
notas, muitas vezes repetidas, que não ha quem não 
o conheça. 

Ha alguns annos encontramos um filhote de 
Tapera naevia num ninho de Synallaxis sprar Scla- 
ter. Desde aquelle tempo comecei a suspeitar que 
o Sacy puzesse o seu ovo no ninho da ave acima 
citada. Esse ninho de Synallaxis spixi consiste em 
uma agglomeração grande e confusa de pequenos 
ramos seccos, espinhos e gravetos, entre os quaes se 
tecem, muitas vezes à guiza de adorno, pedaços de 
epiderme esfolhada de serpentes. A entrada é situada 
do lado, estreitando-se logo adiante, e ao fim vae 
dar numa camara central, bem abrigada. Foi em 
uma tal camara que o preparador do Museu, sr. João 
Lima, encontrou, aos 21 de Outubro de 1913, tres 
ovos de Synallaxis, e outro um pouco maior, de 
apparencia diversa por ser branco, bem liso, e sem 
o tom branco-esverdeado que caracterisa os ovos de 
Synallaxis. Ao preparar os ovos viu-se que estavam 
bem chocados e o exame dos embryões demonstrou 
caracteres da estructura do pé, tarso e cabeça, que 
não deixam por em duvida a identidade desse - ovo. 
O embryão de Tapera é facil de reconhecer não só- 
mente pelo seu comprimento, pelos olhos grandes e 
tarsos grossos e curtos, mas especialmente pela for- 
mação do pé, que é bem o de uma Cuculina. O 
quarto dedo é dirigido para traz, mas ainda não 
tanto como na ave adulta. 

Assim conhecem-se o ovo, o embryão maduro 
e o filhote caracteristicamente colorido do sacy e 
devo assignalar que os respectivos ovos e filhotes 
não foram encontrados sinão sempre no ninho do já 
mencionado Synallaxis sprxi.. 


aa 


O ninho n. 11 de Synallaxis spriæi, no qual se 
achou o ovo de Sacy, tem um comprimento de 40 
om. e 20 cm. de aliura. Compoem-se de uma parte 
centrsl contendo a camara para chocar e do cor- 
redor, uma passagem comprida, um tanto baixa, cuja 
abertura tem um diametro de 4 cm. Esta constru- 
cção feita de gravetos assentava sobre uma bifurcação 
de galhos de um arbusto, tendo por base um ninho 
abandonado de sabia laranjeira (Zurdus rufiventris). 


Ny 


(Fig. 1) Ninho de Synallaxis spixi em que se criou um Sacy, 


Não havia abertura supernumeraria, possuindo G 
ninho como adorno externo flocos de cabéllos da 
lebre, Sylvilagus minensis Thos. A camara era es- 
pessamente forrada no chão com fragmentos de folhas 
molles, provenientes de Solanum auriculatum. Os 
tres ovos de Synallaxis tinham a forma usual, me- 
dindo cerca de 20 por 15 — 16 mm. e eram de 
cor pallido-branca, encima um pouco verdolenga. 


Te Oa ER 


O ovo de Tapera naevia mede 21 por 17 mm. 
é de côr puramente branca, liso, com finos póros 
sem brilho e de forma assaz regularmente oval, 
sendo o pólo obtuso, sómente um tanto mais largo 
que o outro. 

Outro ninho de Synallaxis spixr da nossa col- 
lecção (n. 23) não se distingue em comprimento e 
forma do acima descripto, tendo, porém, abundante 
revestimento de pedaços de epiderme do grande la- 
garto, Tupinambis tequixin L. Tambem. nelle se 
acham varios tufos de cabellos de lebre e um lance 
composto de cabellos, provenientes duma coruja. Neste 
ninho encontra-se lateralmente e bastante encima, 
uma abertura accessoria de 4 cm. de diametro. A 
parede do ninho tem nesse logar 6 cm. de espessura. 
O ninho já havia sido abandonado. Abrimos varias 
vezes durante a estação do choco um terceiro ninho 
que observamos durante muito tempo, sem que a 
ave o abandonasse; junto damos um desenho do 
mesmo. A abertura artificial sempre de novo era 
fechada pelas aves, porém mais tarde, quando os 
filhotes estavam crescidos, a ave não se dava mais 
a este trabalho e por isto seria possivel que o Sy- 
nallaxis no fim da criação, para facilitar os cuidados 
-da alimentação dos seus filhotes, por si mesmo ti- 
vesse feito a abertura secundaria. Resta portanto 
indagar, se o passaro faz ás vezes uma tal abertura 
secundaria, se esta serve à propria próle ou se 
os ninhos com os ovos de Sacy differem dos 
normaes. 

Quando se abre um ninho de Synallaxis sprxr, 
retirando parte dos ramos seccos, pode-se facilmen- 
te examinar o conteudo, o numero e a qualidade 
dos ovos, sem que, por isto, a ave interrompa a 
incubação ou deixe de alimentar os filhotes. Logo 
depois da violação os dous passaros auxiliam-se mu- 
tuamente para concertar os estragos. 

Quando indagamos a maneira pela qual a fe- 
mea do sacy põe o seu ovo no ninho do Synallamxs, 
não se pode pensar que a ave, relativamente grande, 
com o seu rabo tão longo, se possa accommodar no 


Te MAS ees 


interior do ninho, penetrando pela estreita abertura, 
a fim de pôr ahio seu ovo e retirar-se de novo 
pelo mesmo caminho. Para isto o diametro da aber- 
tura não chega. Para tal fim o sacy deve retirar 
parte da parede do ninho, fazendo assim nova aber- 
tura, pela qual introduza na camara do ninho o ovo 
recem-posto, segurando este com o bico. O casal de 
Synallaxis, concertando logo o estrago feito, conti- 
nuará normalmente a incubação. 

Quando os filhotes tiveram sahido do ovo, a ali- 
mentação colhida logo não chega mais para a próle 
do Syuallaxis e do sacy, que em breve se distingue 
dos outros pintos pela grande differença no tamanho e 
então o intruso, sem falta, eliminará, ou de qualquer 
forma porá de lado os filhotes do S'nallaxis. E” pos- 
sivel que agora a femea do sacy recomece a cui- 
dar da prole, fazendo uma abertura na parede do 
ninho para facilitar a alimentação do seu pintinho. 
Essa abertura accessoria não se encontra nunca nos 
ninhos novos nem naquelles nos auaes a femea do 
Synallaxis ainda esta chocando. A” observação bio- 
logica fica assim reservada uma interessante taréfa, 
a qual ha de indagar as demais circumstancias que 
acompanham este parasitismo; por ora conten- 
temo-nos com registrar os factos e pol-os em rela- 
ção com aquelles já averiguados nos outros mem- 
bros da mesma familia. 

Este capitulo devia entrar para o prelo quando, 
em boa hora, encontrei o ensaio apreciado dos Srs. 
Hartert e Venturi sobre aves da Argentina (Novi- 
tates zoologicae, v. XVI, Tring 1909, p. 159 -- 267). 
Venturi communica ahi observações em plena harmo- 
nia com as nossas proprias sobre a propagação da 
Tapera naevia. O auctor encontrou 1 -- 2 ovos da 
Tapera nos ninhos de Synallaxis connamomea rus- 
seala no Chaco, participando que Dinellz os achou 
em ninhos de Synallaxis superciliosa perto de 
Tucuman. Assim  completam-se as observações 
feitas na Argentina bem como no Brazil sobre o 
sacy, cuja denominação vulgar na. Argentina é 
«cr.spin». 


Ii. Aves brazileiras que poem ovos 
em ninhos alheios 


No capitulo anterior travamos conhecimento com 
o sacy como representante dum grupo de aves, que 
se distinguem pelo facto de pôrem sempre os seus 
ovos nos ninhos alheios de uma determinada especie 
de aves às quaes tambem confiam os cuidados de 
chocal-os e criar os pintinhos. A’ mesma familia 
das Taperinas da qual faz parte o sacy, pertence 
ainda outro genero snl-americano com duas especies 
existentes ambas no Brazil. Desse ultimo genero 
Dromococcyx não se conhece nem ninho nem ovo, 
o que torna verosimil, que tambem estas especies 
tal qual o sacy, ponham os seus ovos em ninhos 
alheios. Os dous generos concordam tambem neste 
detalhe de que o grito do macho se assemelha mui- 
to ao do sacy, accrescido sómente de duas outras 
notas, o que alias se exprime no seu nome «sacy- 
jateré». 

As outras Cuculidas que constroem ninhos pro- 
prios, não tem o grito caracteristico do cuco. 

Alem das familias das Cuculinas, o parasitismo 
de ninhos encontra-se no Brazil especialmente en- 
tre as Icteridas. A maior dessas aves, pertencente 
à este grupo, Cassidix oryzivor a Gm., põe os ovos 
nos grandes ninhos pendentes de varias especies de 
Cassicus, Ostinops e de outras Icteridas. Parece-me 
que de cada vez ao menos se cria um filhote de 
cada especie. Goeldi tirou d'um ninho um filhote 
desta especie juntamente com um pintinho de Cas- 
sedia. 

Bem conhecido é o parasitismo de ninhos dos 
vira-bostas de nome Molothrus bonariensis Gm., e 
não ha amigo da natureza no Brazil que o não te- 
nha observado. Euler suppoz que este passaro ti- 
vesse a faculdade de adaptar a côr dos seus ovos 
à daquelles pertencentes és aves em cujos ninhos 
elle os fosse pôr, de forma a distribuir os dous ty- 
pos de ovos i. e. os de côr principalmente verde e 
os em que predomina o avermelhado, consoante a 


+ MT 


especie em que for parasitar. Isto não está de accor- 
do com a minha propria experiencia; observo, to- 
davia, que em São Paulo quasi exclusivamente o 
tico-tico (Brachyspiza capensis Muell.) é encar- 
regado de chocar taes ovos alheios. Em re- 
gra, O tico-tico soffre este parasitismo à custa da 
propria próle, porque o vira-bosta atira os ovos da 
mãe legitima para fora do ninho ou tira-lhes as 
faculdades germinativas, dando bicadas nelles. 
Dao-se, todavia, casos em que se criam junta- 
mente os pintos legitimos e os adoptivos. Huler viu, 
numa occasião, sahir da ninhada do tico-tico dous 
pintinhos deste passaro e dous do vira-bosta. Em ge- 
ral não sou muito inclinado a ligar, em taes casos, 
grande importancia ao colorido dos ovos. Na Ar- 
gentina encontram-se alem dos typos de ovos, des- 
cripios pelo sr. Euler, tambem outros completamen- 
te brancos e outros com salpicos escassos e finissi- 
mos. Taes ovos colleccionei en mesmo no Rio Gran- 
de do Sul, nunca, porém, no Estado de São Paulo. 
Outra especie semelhante, Molothrus rufoaxil- 
laris Cass. da região do Rio da Prata, põe os ov)s 
ora nos ninhos de Anumbius anumbi Vieill., ora 
nos de outras Icteridas, dando mesmo preferencia à 
especie muito alliada de Molothrus badius Vieill. 
Neste caso é de pouca monta a differença entre os 
ovos de ambas especies e segundo o affirmam os 
ornithologos argentinos, deve ser difficil sinão im- 
possivel distinguir ovos e pintinhos das duas espe- 
cies em questão. Euler fez a communicação (Rev. 
Mus. Paul. IV, 1900, p. 36). já por mim posta em 
duvida, que Molothrus badius se aproveitasse dos 
ninhos de outros passaros para nelles por os seus 
ovos, alias muito semelhantes aos de Mol. rufoaxil- 
laris. Euler refere-se a aves do Estado de Minas, 
mas menciona observações feitas na Argentina, por 
que elle proprio não tivera occasião de fazel-as. Ve- 
rificou-se, entretanto, que Mol. badzus não occorre 
em Minas, sendo ahi representado por Mol. fringel- 
larius. O ovo desta ultima especie até esta data não 


= 


era conhecido; só uliimamente é que foi encontra- 


— 378 — 


do, pelo Sr. KE. Garbe, nosso naturalista-viajante. O 
mesmo Sr. observa que encontrou os ovos deste 
passaro só nos ninhos abandonados de Pseudosersura 
cristata Spix, cujo ninho feito de gravetos é sem 
duvida o maior de tedos no grupo das Dendroco- 
laptidas. Possuo uma ninhada, composta de 3 ovos, 
que foi colligida em outubro de 19!3, nos arredo- 
res da Cidade da Barra, no Ric São Francisco, Est. 
da Bahia. Os ovos medem 22,5a 23 mm. de com- 
primento e 17,9 mm. de diametro ; são pouco acu- 
minados, de forma que os dous pólos não differem 
muito; a côr é branca, ligeiramente esverdeeda, a 
superficie é lisa, sem brilho. Talvez, em boa parte, 
os ovos brancos do Mol. bonariensis da região do 
Prata provinham de ninhos fechados de Anumbius 
e assim Os vvos postos em taes ninhos fechados são 
sempre brancos, ao passo que aquelles, postos em 
ninhos abertos, são mais ou menos salpicados ou 
manchados, sobre campo verdolengo ou avermelha- 
do. Ridgway acceitou para as especies de Molothrus 
de cor pardo-bruna, a saber badius e fiingillarius 
o nome de Agelazodes, porque não só constroem 
ninho proprio como tambem differem pelo colorido 
e talhe da aza. Acceitando este modo de vêr, devo 
observar, entretanto, que o colorido dos ovos não 
pode ser aproveitado para a caracterisação biologi- 
ca do genero. Em todo caso, a questão do colorido 
dos ovos de Mol. benariensis tem a sua importan- 
cia e necessita de investigação, tanto mais meti- 
culosa, quanto à respeito ouvimos o modo por que 
Euler já se manifestou. Si ao fim destes estudos fi- 
car comprovado que effectivamente os ovos brancos 
são postos sempre e só nos ninhos fechados, neste 
caso não sera possivel outra conclusão que a de que 
o passaro, até certo ponto, pode exercer influencia 
sobre o colorido do ovo que quer pôr. 

A's variações do colorido dos ovos, taes como 
as constatamos segundo a sua distribuição geogra- 
phica, correspondem outras no colorido dos passaros. 
A forma typica do Mol. bonariensis da Argentina, 
que occorre tambem aqui em São Paulo, não diffe- 


Tha es 


re no sexo masculino daquella de Mol. bonariensis 
sericeus Licht. de Bahia, emquanto que as femeas 
nao podem ser confundidas, por serem as do Sul 
pardo-escuras, 40 passo que as da Bahia são de co- 
lorido bruno-cinzento, mais pallido. 

As subspecies correspondentes da Venezuela, 
Mol. bonariensis atronitens Cab. e Mol. bon. cassine 
Finsch distinguem-se essencialinente só pelas dimen- 
sões um pouco diversas; a primeira das duas for- 
mas põe ovos pequenos, verde- panies finamente 
salpicados, ao passo que 0 ovo da subsp. cassint é 
maior, maculado e com salpicos grossos. 

Vimos assim que uma especie natural, que ha- 
bita toda a região do Rio da Prata até à Venezuela 
e que per toda a parte é das mais communs, encer- 
ra muitas variações, que se manifestam ora nas pro- 
porções do comprimento, ora na côr da ave, refe- 
rentes em certos casos só a um dos sexos e que 
finalmente ainda com relação ao ninho e aos ovos 
variam amplamente, assumpto este que bem mere- 
ce ser tomado por objecto de estndos especiaes. 
=; Afinal não deixaremos de mencionar, que o Sr. 
Garbe na mesma viagem pelo Rio São Francisco, 
perto da Cidade da Barra, na Bahia, encontrou no 
mez de Novembro de 1913 um ninho de Hluvicola 
albiventer Spix que alem de 4 ovos alvacentos con- 
tinha outro, sensivelmente maior e de colorido vive 
Os ovos de Hluvicola (Est. VIII, sie 6) variam no 
comprimento desde 17,5: 13,5 a 20: 15 mm.,a cor 
é branco-suja e o menor delles tem no polo rhombo 
algumas manchas redondas vermelho-pardas. 

‘ O ovo maior (fig. 7) mede 25,3 mm. por 16 mm., 

a forma é oval, alongada e o pólo trazeiro relativa 
mente pouco engrossado : é brilhante, pallido-aver- 
melhado com manchas dispersas, pequenas, aredon- 
dadas de côr vermelho-parda que se acumulam perto 
ao pólo rkombo, formando ahi uma corôa. 

Seria possivel que este achado represente 0 ovo 
do Dromococcyx phasianellus Spix. ‘ omparando, 
meticulosamente aquelle ovo com os das lcteridas 
da nossa collecção, já bastante rica, não o posso 


— 380 — 


attribuir a nenhum membro dessa familia. Em geral 
os ovos dessas aves são mais largos, e raras vezes 
apparece nelles um colorido vermelho intenso, sendo 
pouco commum a corôa de manchas no pólo rhom-. 
bo, que então é composta principalmente de manchas 
estreitas e garatujas sinuadas. Pelo tamanho e pela 
forma o ovo assemelha-se bem ao de Tapera ; 
campo avermelhado, manchas pardo-vermelhas, que 
formam corôa no pólo rhombo, encontram-se entre 
as Cuculinas. Nem o facto de o ovo ser branco 
não repugna é nossa supposição, porque vemos nisto 
uma adaptação à falta de luz na camera de incuba- 
ção do ninho, sempre fechado, em Synallaxis. Ha 
evidentemente ovos em que a côr branca é a primi- 
tiva, como por exemplo nas gallinhas, Columbidas, 
beija-flores etc. e outros em que a côr branca só 
apparece secundariamente, por effeito de adaptação. 
E' provavel que a principio não havia outra côr 
para ovos de aves senão a branca; successivamente 
foram apparecendo as cores variadas. mas só em 
numero limitado de ordens. Tambem naquellas fa- 
milias, cujos ovos são todos coloridos ou manchados, 
secundariamente, e por adaptação a modalidades es- 
peciaes dos ninhos, pode reapparecer a côr comple- 
tamente branca. Os ovos das Icteridas da Bahia são 
quasi todos bem conhecidos. 

Do outro lado é mister reconhecer que ovos 
avermelhado-salpiados não occorrem entre os Phoe- 
mcophainas e Coccyzinas. Alem disto o Snr. Garbe 
não encontrou na zona do Rio S. Francisco aves 
do genero Dromococcyx nem ouviu a voz do ma- 
cho. Nestas condições o parasitismo do ovo acima 
descripto continua a ser problematico. 


Iii — Classificação geral e biologia 
das Cucalidas 


Ainda hoje podemos dizer com Kiurbringer que 
o agrupamento systematico especial das Cuculidas é 
um dos pontos mais controversos da ornithologia; 
as diflerentes tentativas de classificação divergem de 


ES 381 pers 


modo o mais curioso. Successivamente, foram toma- 
dos em consideração um grande numero de caracte- 
res anatomicos, afim de estabelecer uma subdivisão 
systematica da familia, mas cada um desses dados, 
tomados de por si, da em resultado um agrupa- 
mento das especies que de modo algum corresponde 
a um systema natural. Devemos tomar em consi- 
deração especial os valiosos trabalhos de Sank 
Beddard, que tomam por base o estudo da la- 
rynge inferior ou syrinx, da musculatura das pernas 
e da pterylose, mas que deixam a osteologia quasi 
inteiramente fora de consideração. Muito ao contra- 
rio Hibringer, Shufeidt e Pycraft fizeram traba- 
lho osteologico mais completo, utilisando-se em es- 
pecial do estudo dos ossos da cintura escapular e 
da bacia, que forneceram dados valiosos para a dis- 
tincção de grupos naturaes. Infelizmente estas in- 
vestigações tão apreciaveis não foram utilizadas 
para a divisão systematica e mesmo B. Sharpe, que 
em 1873 ao estudar as Cuculidas africanas iniciava 
com bom successo a separação das Cuculinas das 
outras subfamiiias, voltou na sua «Handlist» ao ru- 
mo pouco satisfactorio applicado por Shelley no 
Catalogo do British Museum, e assim o genero 
Eudynamis foi novamente unido a Cuculus, Coccy- 
zus foi separado de Praya, assim como este genero 
foi separado de Tapera e outros alliados. 

Será portanto a nossa primeira obrigação re- 
conhecer e fundamentar as affinidades naturaes dos 
varios grupos de Cuculidas. Para tal fim devemos 
utilizar-nos principalmente dos caracteres  osteolo- 
gicos. A extremidade posterior do sternum, 0 xi- 
phosternum, mostra em um certo numero de espe- 
cles um só recorte de cada lado, ao passo que em 
cutras ha ao todo quatro dé taes incisuras ou, para 
nos servirmos da terminologia de Fiirbringer os 
esternos são «biincisos» e «quadriincisos». Si estas 
duas cathegorias fossem sempre bem delimitadas, el- 
las nos forneceriam optima base para o agrupa- 
mento natural dos generos; ha entretanto uma tal 
transição que o processus intermedius, que no se- 


— 382 — 


gundo grupo separa as duas incisuras, às vezes se 
acha mal desenvolvido em alguns generos, ou por 
outra, esti em via de desapparecimento. Madarasz 
nos dá uma ilustração de tal caso, referente a 
Cacomantis castaneiventris. 

Si nos afiguramos tal desapparecimento do pro- 
cessus intermedius em phase ainda mais avançada, 
teremos as duas incisuras contiguas fundidas em um 
só recorte grande, e certamente v exame minucioso 
do genero Cacomantis nos fornecerá ainda outros 
dados em apoio de tal supposição. Aos caracteres sa- 
lientados por Fiirbringer accrescentou Pycraft ainda 
outro, que segundo minha observação merece espe- 
cial attençäo : é o desenvolvimento que tem o pro- 
cessus pectinealis da bacia; nos Phoenicophainas, 
Coccyzinas e Centropinas este processo se acha bem 
desenvolvido, ao passo que nos outros grupos elle 
se atrophiou ou não existe de todo. Fürbringer 
(loc. c. p. 1324) acha que em vista de terem 0 xi- 
phosterno quadriinciso, as Phoenicophainas se arpro- 
ximam mais das formas ancestraes. Beddard. por 
sua vez, declara que este mesmo grupo representa 
as formas mais primitivas dos cucos, por terem a 
formula muscular completa e o syrinx tracheo- 
bronchial. Portanto segundo Beddard aquelles ge- 
neros de formula muscalar incompleta com atro- 
phiamento do musculo femoro-caudal accessorio e 
ainda aquelles que possuem um syrinx bronchial 
devem ser considerados como sendo cs membros da 
familia que soffreram maiores modificações. 

Corrobora este asserto o facto de que na fa- 
milia Musophagidae, muito alliada às Gucculidas, 
encontramos o sternum, a bacia e a musculatura tal 
qual como no genero Phoenicophaes e nos que a 
este se ligam. Quanto à pterylose, Beddard distin 
gue dous grupos, segundo a disposição dos «tractos» 
ventraes, simples (Cuculus, Piaya, etc.) ou duple 
(Phoenicophaes, Crotophaga, etc.). Mais valor me 
parece, devemos dar à disposição de taes «tractos» 
ventracs no peito e no pescoço, visto como elles 
permanecem separados até a garganta nas Coccy- 


zinas, ao passo que em todos os outros grupos el- 
les se fundem no pescoço inferior. Iste parece mos- 
trar que as Coccyzinas conservaram neste detalhe 
um caracter dos cucos archaicos, caracter este que 
alem disto sé se conserva da mesma forma, inalte- 
rado, nas Musophagidas. Tomando em consideração 
todos estes pontos acima referidos, accrescidos ainda 
dos caracteres externos que apreciamos nestas aves, 
as Cuculidas podem ser subdivididas nos seguintes 
grupos naturaes : 


Systema das Cuculidas 
1. Subfamilia: Phoenicophainae 


Loros e zona orbital nus. Tarso forte, sem 
plumas anteriormente, ambulatorio ; aza de compri- 
mento medio, arredondada, concava; cauda com 10 
rectrizes, coberteira caudal curta; tracto ventral du- 
plo, fundido no pescoço inferior com o do outro la- 
do; garganta com plumagem regular; sternum na 
mergem posterior com 2 incisões de cada lado; 
ponta pectineal forte, musculo femoro-caudal acces- 
sorio presente. Syrinx tracheo-bronchial (Phoenico- 
phaes} ou bronchial (Geococcyx). 


2. Subfamilia: Coceyzinae. 


Loros com poucas plumas, região orbital nua ; 
tarso forte, sem pennas anteriormente, ambnlatorio. 
Aza de comprimento medio, concava. Cauda com 
dez rectrizes, com coberteiras muito longas, alcan- 
cando mais ou inenos a metade do comprimento da 
cauda; tracto ventral simples não se fundindo no 
pescoço infer.or com o do lado opposto. Garganta 
com pluiras dispostas em duas carreiras, em con- 
sequencia de se manterem os tractos ventraes sepa- 
rados até ahi. Sternum com duas incisões de cada 
lado na margem posterior; penta pectineal forte; 
musculo femoro-caudal accessorio ausente. Svrinx 
tracheo-bronchial. 


3. Subfamilia: Centropinze 


Loros e zona orbital densamente plumosos ; 
tarso forte, sem pennas anteriormente ; aza curta 
arredondada, concava; cauda com 19 rectrizes, co- 
berteira caudal curta. Tracto ventral duplo, fundi- 
do no pescoço cem o do outro lado; garganta com 
plumagem regular; sternum na margem posterior 
com uma incisão só em cada lado; ponta pectineal 
forte, musculo femoro-caudal accessorio, bem des- 
envolvido. Syrinx bronchial. 


4. Subfamilia: Crotophaginae 


Loros e zona orbital nus; tarso forte, sem pen- 
nas anteriormente, ambulatorio. Aza de compri- 
mento medio, arredondada, concava. Cauda com 8 
rectrizes, coberteira da cauda curta. Tracto ventral 
duplo, fundido no pescoço inferior com o do outro 
lado. Garganta com plumagem regular. Sternum 
com uma incisão de cada lado na margem posterior. 
Ponta pectineal ausente; musculo femoro-caudal ac- 
cessorio presente. Syrinx bronchial. 


5. Subfamilia: Scythropinae 


Loros e zona orbital nús ou com poucas pen- 
nas; tarso forte, sem pennas anteriormente, ambu- 
latorio. Aza de comprimento medio, arredondada, 
concava. Cauda com 10 rectrizes, coberteira da 
cauda curta. - Tracto ventral duplo, fundido no pes- 
coço inferior com o do outro lado; garganta com 
plumagem regular. Sternum com uma incisão de 
cada lado na margem posterior; ponta pectineal 
ausente, musculo femoro-caudal accessorio presente. 
Syrinx tracheobronchial. 


6. Subfamilia: Cueulinae 


Loros e zona orbital plumosos ; tarso fraco, in- 
sessorial, provido de pennas anteriormente, e cober- 
to pela plumagem da coxa. Aza comprida, estreita 


e chata. Cauda com 10 rectrizes, coberteira da cau- 
da curta. Tracto ventral simples, fundido no pes- 
coco inferior com o do outro lado. Garganta com 
plumagem regular, sternum com uma incisão de 
cada lado na margem posterior; a ponta pectineal 
ausente; musculo feroro-caudal accessorio ausente. 
Syrinx tracheobronchial. 

As 6 familias acima caracterisadas poderão ser 
consideradas como representacdo em geral grupos 
nuturaes particularmente para fins praticos; só 
com relação ao limite que se deverá traçar entre as 
Cuculinas e Scytropinas ainda nos falta, por em- 
quanto, a necessaria base. Bem sabemos que o 
agrupamento que aqui apresentamoa não pode ainda 
satisfazer a todas as exigencias de boa disposição 
systematica, que tambem procura esclarecer as re- 
lações genealogicas. Evidentemente as Crotopha- 
ginas representam apenas uma subdivisão america- 
na das Centropinas, que se differenciou pela perda 
do processo pectineal e de uma rtctriz caudal de cada 
lado. Ao meu vêr, Shufeldt tinha toda razão quan- 
do reuniu as Crotophaginas às Centropinas. Caso 
analogo nos offerecem as Coccyzinas que evidente- 
mente são apenas uma secção americana das Phoe- 
nicophainas, apresentando ‘um atrophiamento do 
musculo femorocaudal accessorio e separação completa 
dos tractos ventraes no pescoço. Pelo mesmo mo- 
tivo é que Shelley e Sharpe nos apresentam Praya 
e Saurothera directamente ligados às Phoenico- 
phainas. A estas ultimas prendem-se os generos 
tropicaes da Asia e da America meridional que 
constituem o grupo das Neomorphinas, que alcan- 
caram apenas um grão de desenvolvimento um pou- 
co mais elevado pelo caracter do syrinx bronchial. 
Taes processos de desenvolvimento ou atrophiamen- 
to se nos deparam por toda a parte dentro da mes- 
ma familia e portanto não devemos dar-lhes dema- 
siado valor. Assim vemos que as Cuculinas se ap- 
proximam das Coccyzinas pelo atrophiamento do 
musculo femoro-caudal accessorio, ao passo que 


pela perda do processo pectincal ellas se alliara às 
Crotophaginas. Facto analogo encontramos no des- 
envolvimento do Syrinx bronchial. 

Em suas linhas geraes esta analyse nos mostra 
que ha nas Guculidas duas series phylogeneticas di- 
vergentes, das quaes uma é representada pelas Phoe- 
nicophainas juntamente com as Coccyzinas dellas 
derivadas, emquanto que a outra abrange as (en- 
tropinas accrescidas das tres subfamilias divergentes 
acima mencionadas. 

Si passarmos a reconhecer as condições biolo- 
gicas da familia, devemos considerar as Cuculidas 
como sendo em geral aves insectivoras utilissimas, 
que dão caça sem tregua a quantas lagartas, besouros 
e gafanhotos possam encontrar. A maior parte dos 
generos comprehende especies sedentarias, restrictas 
a uma zona de pouca extensão; apenas o cuco eu- 
ropeo (Cuculus canorus) & eximio voador, pois as 
suas excursões, em que foge ao frio septentrional, o 
levam até a Africa e mesmo à Australia. Como 
pessimo voador mencionamos Coua, cuja carina 
esternal é muito mal desenvolvida Outros generos 
como Neomorphus etc. caracterisam-se pelas azas 
relativamente curtas. 

Ha muito que as Guculidas despertam geral 
attenção pelos seus habitos como parasitas de ni- 
nhos alheios. [la numercsos generos, especialmen- 
te dos grupos das Phoenicophainas e Centropinas 
que fazem os seus proprios ninhos segundo o sys- 
tema usual e põem ovos simpiesmente brancos ; ou- 
tros generos, particularmente das Crotophaginas sul- 
americanas são altamente sociveis, o que se paten- 
teia ora pelo costume de fazerem os seus ninhos 
muito proximos uns aos outros, ora p-la deposição 
dos ovos em ninho commum e a associação no chô- 
co. Muito diversamente destes ha um bom numero 
de generos que não fazem ninho proprio, mas que 
deitam os seus ovos nos ninhos de outras aves, as 
quaes assim tambem ficam encarregadas da criação 
desses filhotes intrusos. ‘Taes habitos tem as Gucu- 
linas e as Scythropinas, bem como os generos Ta- 


on = 


pera e Dromococcyx da subfamilia Coccyzinae. 
Tambem os generos que por via de regra fazem 
ninhos proprios, como o Coccyzus, às vezes encai- 
xam dos seus ovos em ninhos alheios. Ao Cocey- 
zus acontece que já sahem pintinhos da casca quan- 
do a femea ainda poe o seu ultime ovo e é justa- 
mente esta demora no desenvolvimento dos ovos que 
occasiona o curioso parasitismo da postura. À es- 
ta particularidade biologica prendem-se ainda outras 
que em seguida mencionaremos. 

E' de notar que todas estas aves que adqueri- 
ram taes habitos parasitarios, põem ovos relativa- 
mente pequenos. 

Alem disto, durante o per odo da reproducção o 
macho faz-se notar pel? sua voz, um grito forte, com- 
prehendendo varias notas, repetido incessantemente. 

As notas do canto do nosso sacy e as do cuco 
europeu soam mais ou menos como: 


Provavelmente o comportamento do macho du- 
rante a epoca da procreação poderá servir de indi- 
cação quanto aos respectivos habitos da femea, isto 
é servirá para esclarecer a biologia das especies 
nas quaes a mesma ainda é desconhecida. Tanto 
aqui como na Europa, durante a epoca da postura 
da femea, o macho permanece em uma determinada 
região e o seu grito tantas vezes repetido deverá 
servir para atrahir a femea, a qual por seu lado 
não se prende a nenhuma zona delimitada. 

Os ovos de todas as aves trepadoras são de 
cor branca, mas observamos que entre as Muso+ 
phagidas. tão alliadas às Cuculidas, apparecem tam- 
bem ovos ligeiramente azulados. () mesmo acontece 
entre as Cuculidas, onde por exemplo vemos ovos 
de côr azul clara no genero Coccyzus, pertencente 
as Coccyzinas que em regra põem ovos brancos ; 


tambem entre as Crotophaginas predomina a côr 
azul nos ovos, ainda que sejam em parte recobertos 
novamente com camadas de cor brarca. Nos grupos 
archaicos das Phoenicophainas e Centropinas os 
ovos são brancos, mas entre as Scytropinas e Cu- 
culinas, grupos altamente rrodificados, predominam 
os ovos de côr, muitas vezes tambem manchados. 
FE’ provavel que este desenvolvimento de colorido e 
de desenho dos ovos em grupos de habitos parasi- 
tarios tenha a sua origem nestes mesmos factores 
biologicos. 


Baseado nos conhecimentos das relações sys- 
tematicas dos grupos desta familia podemos agora 
tentar uma discussão da distribuição geographica 
destas aves. Duas das subfamilias em questão, as 
Crotophaginas e as Coccyzinas, habitam exclusiva- 
mente a America; limitados a principio à região 
neotropica, só mais tarde, depois de estabelecida a 
ligação entre as duas Americas, é que alguns ge- 
neros se extenderam tambem pela America Central, 
às Antilhas e uma parte da America do Norte. Mas 
nenhuma destas familias pode ser considerada como 
“originalmente americana e, peio contrario, devemos 
reconhecer em ambas apenas uma modificação de 
formas predominantes na Asia tropical. A subfamilia 
Neomorphinae não pode ser mantida, tal qual foi 
delimitada por Shelley, visto como ella coincide per- 
feitamente com a das Phœnicophainas, abstracção 
feita da modificação do syrinx. Assim sem forçar- 
mos o parentesco, podemos considerar generos al- 
lados Geococeyx e Neomorphus da America do 
Sul e Carpococcyx de Bornéo. 

A resultados muito semelhantes nos conduz a 
analyse das Cuculidas da Africa. O genero Cen- 
tropus, de vasta distribuição na Asia tropical, tam- 
bem se acha bem representado na Africa tropical e 
em Madagascar. Por outro lado ha no continente 
africano um bom numero de especies indigenas do 
genero Cuculus, emquanto que ellas faltam de todo 


em Madagascar. Esta ultima distribuição, que ex- 
clue a ilha Madagascar, enquadra-se bem no schema 
zoogeographico que nos offerece a distribuição da- 
quelles numerosos mammiferos asiaticos que no pe- 
riodo plioceno deram entrada na Africa, sem com- 
tudo alcançarem Madagascar. 

Durante o periodo mioceno a fauna asiatica 
encontrou franca passagem tanto para a Africa como 
para. Madagascar e isto nos explica a razão de ha- 
bitor o genero Pachycoccyx tanto a Africa Central 
como a grande ilha de Madagascar e muito prova- 
velmente o mesmo se da com r-lação ao genero 
Centropus. As Phoenicophainas estão representadas 
na Africa pelo genero Ceuthmochares e em Ma- 
dagascar por Coua. Vemos pois que tambem a 
Africa não possue nenhum elemento proprio da fa- 
milia das Cuculidas e assim devemos considerar esta 
familia como sendo originaria da fauna euro-asiatica; 
conclue-se que no periodo mioceno ella enviou re- 
presen'antes seus para a Africa, para Madagascar e 
para a America do Sul, onde estas formas immi- 
gradas deram origem a generos e subfamilias es 
peciaes. 

Com relação à America do Sul devemos re- 
lembrar que, segundo os resultados das minhas in- 
vestigações, para cá vieram animaes do hemispherio 
septentrional em duas occasiões, em tempos diversos, 
seguindo caminhos differentes. A pr'meira destas im- 
migrações, realizada no periodo mioceno, trouxe-n0s os 
ursos, Procyonidæ, Didelphidae, ete., typos faunisticos 
estes que só tiveram entrada na America do Norte 
em tempo pleistoceno, subindo da America do Sul. 
A segunda das immigrações mencionadas teve logar 
ao começo do pleistoceno e foi então que os Masto- 
dontes, os gatos, os cães, porcos e cavallos etc. bem 
como o homem vieram à America do Sul. Não 
nos parece que por occasido desta segunda immi- 
gração tivessem vindo Cuculidas para a America 
meridional, mas o que se deu foi que subiram Cro- 
tophaginas e Coccyzinas até a America do Norte. 
O pouco que até hoje sabeinos da paleontologia 


das aves parece concordar com este modo de vêr. 
O genero Dynamopterus, que Milne Edwards descre- 
veu do eoceno da França, offerece os melhores pontos 
de contacto com as Phoenicophainas. Tambem 
as Musophagidas não faltam no terciario antigo e 
medio da Europa. Torna-se pois muito provavel 
que futuros achados paleontologicos venham a con- 
firmar a exposição que aqui apresentamos sobre o 
desenvolvimento e a distribuição das Cuculidas. 


te 


Biologie der brasilianischen Cuculiden 


VON 


HERMANN VON IHERING 


i — Hinleitung 


Die Familie der Kuckucksvégel, welche in 
Brasilien durch die Arts, Alma de gato, Sacy und 
andere, allgemein bekannte Vogel gut vertreten ist, 
zeichnet sich durch eine biologische Eigentimlich- 
k it aus, die nimlich, dass manche Arten ihre 
Hier in die Nester anderer Vogel legen und diesen 
die Aufzucht ihrer Nachkommenschaft aufbiirden. 
Allgemein bekannt ist in dieser Hinsicht der euro- 
páische Kuckuck, aber auch viele andere Mitglieder 
derselben Familie, besonders in Asien, haben die 
gleiche Gewohnheit. In Amerika dagegen steht die 
Sache anders. In Nordamerika kennt man die 
Nester von allen dort lebenden Vertretern der 
Familie, von Südamerika liegen biologische Beo- 
bacbtungen iiber viele Arten bereits vor, aber pa- 
rasitische Nestgewohnheiten wurden bis jetzt nicht 
konstatiert. Besonders bemerkenswert sind eine 
Anzahl der siidamerikanischen Cuculiden durch ihre 
Gewohnheit, gesellig zu nisten, oder in einem ge- 
meinsamen Neste die Kier mehrerer Weibchen zu 
vereinigen. Diese meist grossen Nester sind auch 
daran kenntlich, dass zu ihrem Bau und besonders 
zu ihrer Ausfütterung griine Blatter verwendet 
werden. 

Schon bei einer früheren Gelegenheit machte 
ich darauf aufmerksam, dass man von der Unter- 
famille der Diplopterinen noch nie Nester oder Kier 
beschrieben hat. Lässt sich dies fiir die seltenere 


ee) ee 


Gattung Dromococcyx leicht verstehen, so ist es 
unbegreiflich, bei einem so gemeinem Vogel wie 
dem Sacy (Diplopterus naevius Bodd.), der jetzt als 
Tapera naevia Bodd. bezeichnet wird. 

Es ist das ein häufiger Vogel, der sich auch 
gerne an Wegen und Viehtriften, auf Kinzäu- 
ri . a . T 
nungen und in der Nãhe menschlicher Wohnungen 


sehen lässt. Uberdies hat das Männchen einen so 
auffallenden, aus zwei Tonen bestehenden, unzäblige 
Male wiederholten Ruf, dass er jedermann bekannt ist. 


Vor einigen Jahren nun trafen wir in einem 
Neste von Synallaxis sprxt Sclater ein Junges von 
Tapera naevia. Seit jener Zeit lag für mich die 
Vermutung nahe, dass der Sacy sein Ki in das Nest 
des ebengenannten Vogels ablegen miisse. Dieses 
Nest des Synallaxis spixt ist eine grosse, ovale, 
wirre Masse von ineinander gefiigten, trockenen 
Astchen, Dornen und Zweigen, zwischen welche 
nicht sellen zur Verzierung Stücke von abgestreifter 
Schlangenhaut eingefügt werden. 

Der Hingang liegt seitlich, ist eng, lang und 
endet in eine centrale, gut geschiitzte Kammer. In 
einer solchen nun fand der Präparator des Museums 
- Hr. João Lima, am 21. . Oktoher : 1913, drei Bier 
von Synallaxis und ein etwas grüsseres, welches 
im Aussehen sich dadurch unterschied, dass es rein 
weiss war, sehr glatt und ohne den weissgriin- 
lichen Ton, welcher den Synallaxis - Hiern eigen 
ist. Bei der Präparation erwiesen sich die Hier als 
stark bebriitet und die Untersuchung der Jungen 
zeigte im Bau von Fuss, Tarsus und Kopf charak- 
teristische Unterschiede, welche an der Zugehü- 
rigkeit dieses Kies zu den Cuculiden nicht zweifeln 
liess. Der Embryo von Tapera ist nicht nur durch 
seine Grosse, die mächtigen Augen, den dicken, 
kurzen tarsus sondern vor allem durch den Fuss als 
der einer Cuculide leicht zu erkennen. Die vierte 
Zehe ist rückwärts gedreht. 

Es ist somit sowohl das Ei. als der reife Em- 
bryo und das characteristisch gefárbte Junge des 


= Ba, 


Sacy bekannt und zwar sind die betreffenden Kier 
und Jungen nie bei einer anderen Vogelart ange- 
woffen worden als eben bei Synallaxis spiaze. 

Das Nest N.º 11 von Synallaxis spixi, in wel- 
chem das Sacy - Ei gefunden wurde, und zwar am 
21. Oktober 1918, ist 40cm lang bei 20 cm Hohe. 
Es besteht aus dem centralen Teile mit der Brutkam- 
mer und der langen etwas nerdrigeren Flugréhre 
deren Eirgangsloch 4 em im Durchmesser hat. Die- 


ser, aus diinnen Astchen zusammengesetzte Bau 
sass in der Gabelung eines Bäumchens und rubte 
auf einem verlasseaen Aimselnest und zwar von 
Turdus rufiventris. Eine überzählige Offnung fand 
sich bei ihm nicht vor; als iiusseren Schmuck hat 
es nur Flocken von Haaren des Hasen, Sylvilagus 
minensis Thos. aufzuweisen. Die Kammer ist am 
Boden init zerbissenen und zerkleinerten Stiicken 
von dicken, weichen, wolligen Blättern gefüttert, 
welche von Solanum auriculatum stammen. Die 3 
Kier von Synallaxis spixi waren von gewühnlichem 
Bau, ungefihr 20: 15-16 mm gross, von matt 
weisser, leicht griinlich überlaufener Farbe. Das Ei. 
von Tapera naevia misst 24: 17 mm und ist rein 
weiss, glatt, sehr feinporig, ohne Glanz und seine 
Form ist ziemlich regelmissig oval,indem der stumpfe 
Pol nur um ein Geringes dicker ist wie der andere. 

Ein anderes, mir vorliegendes Nest von Syn- 
nallaxis spixi (N.º 23.) unterscheidet sich in Grosse 
und Form nicht von dem eben beschriebenen, zeich- 
net sich aber durch reichlichen Belag mit Epider- 
misfetzen der grossen Erdeidechse, Tupinambis te- 
euixin L. aus. Auch an ibm finden sich einzelne 
3üschel von Hasenhaaren und ein aus Haaren zusam- 
mengeballtes Kulengewolle. An diesem Nest betindet 
sich ziemlich hoch oben an der Seite eine accesso- 
rische Oeffnung von 4 em Durchmesser. Die Wan- 
dung des Nestes ist an dieser Stelle 6 cm dick. 
Das Nest war bereits verlassen. 

Ein anderes Nest, welches wir lingere Zeit 
beobachteten und von dem eine Zeichnung  beige- 


— SEL ee 


geben ist, wurde von uns wihrend der Brutperiode 
Ofters geóffnet, ohne dass der Vogel es verlassen 
hätte. Immer wurde die künstlich angelegte Oeffoung 
bald wieder geschlossen, nur als die Jungen schon 
heranwuchsen, geschah dies nicht mehr und es 
wäre müglich, dass die sekundire Offnung von der 
Synallaxis selbst angelegt wiirde in der Schlusspe- 
riode der Anfzucht der Jungen. im Interesse der 
leichteren Fütterung derselben. Es bleibt daher zu 
untersuchen, ob die sekundäre Offnung immer an- 
gelegt wird, ob sie der eigenen Brut dient cber ob 
die mit Sacy-Brut  belegten Nester sich darin an- 
ders verhalten als die normalen. 


Offnet man durch Entfernung eines Teiles der 
trockenen Reiser ein Nest von Synallaxis spixi, so 
kann man sich bequem über seinen Inhalt, Zabl 
und Beschaffenheit der Hier unterrichten, ohne dass 
desshalb der Vogel die weitere Bebrütung der Hier 
oder die Pflege der Jungen aufgäbe. Sofort nach der 
Storung wird der Schaden wieder ausgebessert, wo- 
ran sich beide Vogel beteiligen. Sucht man sich 
“nun die Art und Weise vorzustellen, in welcher das 
Kuckuckweibchen sein Ei in das Synallaxis-Nest 
einfiibrt, so ist der Gedanke ganz ausgeschlossen, 
dass der Vogel mit seinem langen Schwanze durch 
die schmale Zugangsréhre in das Nest-Innere ge- 
langen, dort sein Ei ablegen und sich auf demsel- 
ben Wege wieder entfernen sollte. Dazu istdie Flug- 
rohre fiir ibn viel zu klein. Er muss also durch 
Wegnahme von Zweigstiicken eine Offnung in der 
Nestwand herstellen. Und er wird dann offenbar 
mit dem Schnabel das kiirzlich abgelegte Ei in die 
Nestkammer beférdern. Das Synallaxis-Paar wird 
nach dem Eingriff rasch wieder den Schaden am 
Neste ausbessern und in gewodhnlicher Weise die 
Bebriitung vornehmen. Sind aber die Jungen aus- 
geschliipft, so reicht die angeschleppte Nahrung 
nicht fiir die eigene und fremde Brut aus und das 
gefrässige Küken des Kuckucks, dessen Grôssen- 
unterschied rasch zu Tage tritt, wird auf irgend 
eine Weise die Mitbewerber beseitigen oder unschäd- 


DAS 


lich machen. Vielleicht setzt zu dieser Zeit auch 
die Wirkung des Sacy-Weibchens wieder ein und 
wird es aufs Neue eine weitere Offaung in der Nest- 
wand herstellen, um die Fütterung zu erleichtern. 
Niemals findet man bei frischen Nestern oder bei 
solchen, bei welchen das Synallaxis- Weibchen noch 
mit Briiten beschäftigt ist, die accessorische Offaung. 
Der biologischen Beobachtung ist hier ein interes- 
santes Feld erôffnet; vorläufig wird es genügen, 
die Tatsache anzuführen und in der Weise unter 
sich in Zusammenhang zu bringen, wie die Er- 
fahrung an anderen Mitgliedern derselben Familie 
es gestattet. 

Dieser Abschnitt sollte gerade zur Druckerei 
gehen, als mir noch rechtzeitig die wertvolle Stu- 
die von Hariert und Venturi über argentinische 
Vügel in die Hinde fiel. (Novitates zoologicae, vol. 
16, Tring, 1909 p. 159 - 267). Venture teilt darin, 
p. 230, Beobachtungen über die lortpflanzung der 
Tapera naevia mit, welche ganz mit unseren über- 
einstimmen. Venturi traf 1-2 Eier von Tapera in 
Nestern von Synallaxis cinnamomea russeola im 
Chaco und berichtet, dass Denelli sie bei Tucuman 
in Nestern von Synallaxis superciliosa antraf. So 
ergiinzen sich die in Argentinien und Brasilien ge- 
machten Beobachtungen über den in Argentinien 
«crispin» genannten Sacy. 


Brasilianische Vôgel, welche ihre 
Eier in fremde Nester legen. 


Im vorigen Abschnitt haben wir im Sacy ei- 
nen Vertreter dieser Gruppe von Vôgeln kennen 
gelernt, welcher sich dadurch auszeichnet, dass er 
sein Ei immer demselben Vogel zur Bebrütung und 
Aufzucht anvertraut. Der gleichen Unterfamilie der 
Zaperinen, welcher der Sacy angehôrt, ist noch 
eine weitere südamerikanische Gattung mit zwei 
Arten zuzurechnen, welche beide in Brasilien ange- 
troffen werden. Von dieser letzteren Gattung Dro- 
mococcyx kennt man bisher weder Nest noch Ei 


TN 


und es ist demnach mehr als wahrscheinlich, dass 
auch sie gleich dem Sacy ihr Ei in andere Nester 
legt. Damit stimmt «ann auch der Umstand übe- 
rein, dass der Ruf des Miinnchens ganz jenem des 
Sacy gleicht, nur durch Anhängung von weiteren 
zwei oder 3 Tünen erweitert, was in seinem Na- 
men «Sacy-jateré» zum Ausdruck komnit. Die an. 
deren Kuckucke, welche eigene Nester bauen, haben 
nicht den characteristischen Kuckucksruf. 

Nächst der Familie der Cuculidae ist es jene 
der Icteridae, welche in Brasilien vorzuesweise 
den Nesterparasitismus aufweist. Der grósste hierher 
gehórige Vogel ist Cassidix oryzivora Gin., wel- 
cher sein Ei in die hingenden, beutelfórmigen 
Nester verchiedener Arten von Cassicus, Ostinops 
und anderer Icteriden unterbringt. Es scheint, aass 
mindestens je ein Junges von beiden Arten aufge- 
zogen wird. Goeldi erhielt aus einem Neste von 
Ostinops decumanus ein Nestjunges dieser Art 
nebst einem von uassidix, 

Am Besten bekannt und von jedem Natur- 
freund in Brasilien beobachtet ist der Nestparasitismus 
des Vira-bosta, Molothrus bonaviensis Gm. Euler 
hat die Meinung ausgesprochen, dass dieser Vogel, 
die Fähigkeit hat, die Farbe seiner Eier jener der 
Vogel, in deren Nest er sie ablegt, anzupassen, inso- 
fern nâmlich die beiden Eitypen, diejenigen mit 
vorherrschend grüner und die mit rétlicher Grund- 
firbung auf verschiedene Vogelarten verteilt wer- 
den. Meine eigene Erfahrung stimmt damit nicht 
überein, doch muss ich bemerken, dass in S. Paulo, 
wenn nicht ausschliesslich, sodoch ganz vorzugswei- 
se der Tico-tico (Brachyspiza capensis Muell.) 
mit der Bebrüturg dieser nestfremden Lier be- 
traut wird. In der Hegel geschieht das seitens des 
Spatzes auf Kosten der eigenen Brut, indem der 
Vira-bosta entweder die Kier der rechtmiissigen Mut- 
ter aus dem Neste wirft oder sie durch Anpicken 
ihrer Entwicklungsfihigkeit beraubt. Es kommen 
jedoch auch Fille vor, in welchen die legitimen 
und die adoptierten Kinder neben einander anfge- 


=" sae = 


zogen werden. Euler sah sogar in einem Falle 
aus der Brut eines Spatzennestes 2 Tico-ticos und 
2 Vira-bostas hervorgehen. Im Allgemeinen bin 
ich nicht geneigt, in diesen Fillen auf die Fär- 
bung der Hier viel Wert zu legen. In Argentinien 
kommen neben dem gewôhnlichen, von Euler 
beschriebenen Tvpus der Hier auch rein weisse 
vor und andere, die Weiss sind mit sparsamer, fein- 
ster Sprenkelung. Ebenso helle oder weisse Hier 
habe ich selbst in Rio Grande do Sul gesammelt, 
niemals aber in São Paulo. 

Eine ähnliche zweite Art, Molothrus rufoa- 
aillaris Cassin des La Plata-Gebietes, legt ihre Kier 
bald in die Nester von Anuinbius anuwmbi Vieill. 
bald in die von anderen Icteriden und ganz beson- 
ders von der nahestehenden Art Molothrus badius 
Vieill. In diesem alle ist der ganze Unterschied 
zwischen den Hiern beider Arten nicht bedeutend 
und soll es nach Versicherung der argentinischen 
Ornithologen schwer oder unmoglich sein, Hier und 
Nestjunge beider -Arten auseinanderzuhalten. Euler 
(Revista Mus. Paul. IV, 1900, pag. 36) hat die 
schon damals von mir bezweifeltc Angabe gemacht, 
das Molothrus badius seine Eier, welche jenen des 
Mol. rufoaaillaris gleichen, in andere Nester lege. 
Euler bezieht sich dabei auf Vogel aus dem Staate 
Minas, citiert aber aigentinische Angaben, da er 
eigene Erfahrung nicht besass. Es hat sich nun 
herausgestellt, dass Mol. badius in Minas überbaupt 
nicht vorkommt, sondern dort durch Molothrus frin- 
gillarius Spix vertreten ist. Das ki der letzteren 
Art war bisher nicht bekannt, wurde unserem Mu- 
seum aber kürzlich durch Herrn E. Garbe, unseren 
reisenden Naturalisten. mitgebracht. Hr. Garbe ne- 
richtet mir, dass die Hier dieses Vogels, von ihm 
nur in verlassenen Nestern der Pseudoseisura 
cristata Spix aufgefunden wurden. welcher wohl die 
erdssten aus Reisern verfertigten Nester unter allen 
Dendrocolaptiden besitzt. Ich habe ein Gelege, aus 
drei Eiern bestehend, welches im Oktober 1913 
bei Cidade da Barra am Rio São Francisco, im 


Staate Bahia, gesammelt wurde. Die Kier sind 22,5— 
23 mm lang bei 17,5 mm Dicke, wenig zug spitzt, 
sodass beide Pole nicht sehr verschieden sind, weiss, 
schwach grünlich iiberlaufen, glatt, ohne Glanz. 
Vielleicht stammen auch die weissen Hier des Mo- 
lothrus bonariensis von La Plata wesentlich aus 
den geschlossenen Nestern von Anumbius und wer- 
den dann die in geschlossene Nester gelegten Eier 
weiss, die in offene Nester untergebrachten mehr 
oder weniger verschiedenartig gesprenkelt und ge- 
fleckt sein, auf grünlichem oder rôtlichem Grund. 
Ridgway hat für die graubraunen Arten Molothrus 
badins und frengillarius eine besondere Gattung 
Agelaindes Cassin angenommen, weil sie ein 
eigenes Nest herstellen und auch in Färbung und 
Flügelschnitt verschieden sind. Indem ich diesem 
Vorgehen bDeipílichte, bemerke ich jedoch, dass 
die [irbung des Lies zur biologischen Chara- 
cterisierung der Gattung nicht verwendbar ist. 
Unter allen Urnständen ist die Frage der Färbung 
der Eier von Molothrus bonariensis eine wichtige, 
welche weiterer Forschung um somehr empfohlen 
werden kann, als maneinem Ausspruche von Euler 
cegenilher mt seinem Bedenken sehr vorsichtig sein 
muss. Sollte sich bei ferneren Studien herausstel- 
Jen, dass wirklich die weissen Kner nur in ge- 
schlossenen Nestern abgelegt werden, so wird man 
sich der Folgerung kaum entziehen kônnen, dass der 
Vcgel bis zu einem gewissen Grund auf die Färbung 
der von ihm zu legenden Eier einen Einfluss aus- 
üben kann oder die zuvor gelegten Kier in Nester 
mit äbhnlich aussehenden Eiern transportirt. 

Den Variationen der Kier, wie wir sie der ver- 
schiedenen geographischen Lage nach zu konstatieren 
vermochten, entsprechen andere in der Wárbung der 
Vügel. Die typische Form des argentinischen Moto- 
thrus bonariensis, welche wir auch hier in São 
Paulo besitzen, ist im männlichen Geschlechte nicht 
von jener des Mol. bonar. sericeus Licht. von Ba- 
hia zu unterscheiden, während die Weibchen gar 
nicht zu verwechseln sind, da dasjenige der Südform 


Fn ee 


dunkelbraun. jenes der Bahia-Unterart aber blass- 
graubraun gefärbt ist. Die entsprechenden Formen 
von Venezuela, Mol. bonariensis atronitens Cab. 
und Mol. bonariensrs cassent WFinsch sind wesentlich 
nur durch verschiedene Dimensionen abgesonderte 
Rassen, von dener erstere ein kleines, blassgriines, 
feingesprenkeltes Ei besitzt, während dasjenige von 
cassini grésser, dickgesprenkelt und gefleckt ist. 
So ergiebt sich innerhalb einer natiirlichen, vom La 
Plata bis Venezuela reichenden, iiberall hävfigen 
Art eine Summe vou Variationen, welche bald die 
Grossenverhiltnisse, bald die Färbung des Vogels 
betreffen, in einzelnen Fallen sich nur auf eines der 
beiden Geschlechter beziehen und welche auch in 
Bezug auf Ei und Nest eine ganz ausserordentlich 
weite Variationsbreite erkernen lassen, die Gegen- 
stand specieller Studien zu werden verdiente. 

Zum Schlusse mége noch erwähnt sein. dass Hr. 
Garbe auf derselben Reise, am Rio São Francisco, 
bei Cidade da Barra in Bahia im November 1913 
im Nest von Fluvecola albiventer Spix neben 4 weiss- 
lichen Eiern ein solches fand, welches erheblich 
grósser und lebhaft gefärbt war. Die Kier von Flu- 
wcola variieren in Grésse von 17,0,: 15.5 bis 20: 
19, sind schmutzigweiss und das kleinste von ihnen 
hat am stumpfen Pole rotbraune runde Flecken. Das 
grossere Ki misst 23,3: 16 mm, ist von verlingert 
ovaler Form mit verhiltnismissig wenig verdicktem, 
hinteren Pole, glänzend, von blassrôtlicher Farbung 
mit zerstreutstehenden, kleinen, runden rotbraunen 
Flecken, die sich uahe dem stumpfen Pole häufen 
und zu einer Krone zusammendrängen. 

Es wire méglich, dass wir h'erin das gesuchte 
Ei des Dromococcyx phasinellus Spix vor uns haben. 
Eine sorgfiltige Vergleichung des Eies mit unserer 
reichhaltigen Sammlung von Icteriden-eiern hilt 
mich von einer Zuteilung zu dieser Familie ab. Meist 
ist das Ei dieser Vogel plumper; warme, rótliche 
Tone sind selten ebenso ein Fleckenkranz am 
stumpfen Pol, welcher dann meist aus gewundenen 
schmalen Flecken besteht. In Grésse und Form 


wiirde das Ei gut zu dem der Tapera passen ; rôtli- 
cher Grund, braunrote -lecken, die am stumpfen 
Pol einen Kranz bilden, kommen ófters bei Cuculi- 
nen vor. Dass das Ei von Tapera weiss ist, 
spricht nicht gegen unsere Auffassung, denn es ist, 
stets im dichtgeschlossenen Nest von Synallaxis 
untergebracht, dem Dunkel der Brutkammer in sei- 
ner weissen Farbe angepasst. 

Es gibf offenbar primär weisse Hier, wie die 
der Hiihner und Taubenvogel, der Kolibris u. s. w. 
und solche die erst sekundär durch Anpassung die 
weisse Farbe annehmen. Wahrscheinlich waren ur- 
spriinglich alle Vogeleier weiss ; successive ist es dann 
zur Ausbildung von Farben gekoramen, aber nur in 
einer beschränkten Anzahl von Ordnungen. Auch 
in solchen Familien, deren Eier durchweg gefärbl 
und gefleckt sind, kommt es sekundär durch An- 
passung an besondere Verhiltnisse der Nester zur 
Ausbildung rein weisser Hier. — Die Eer der in 
Bahia lebenden Icteriden sind fast ausnahmslos alle 
bekanüt  Andererseits aber kommen rotliche ge- 
fleckte Kier bei den Phoenicophainen und Goceyzi- 
ner nicht vor und endlich hat Herr Garbe weder eine 
Dromococcyx-art am Rio Sao Francisco erlegt noch 
den Ruf des Miinnchens gehürt. So bleibt denn die- 
ser Nestparasitismus bis auf Weiteres problematisch. 


Allgemeine Systematik und Biologie 
der Cuculiden 


Fürbringer’s Ausspruch, dass die specielle Sys- 
tematik der Cuculiden einer der unerguicklichsten 
Punkte der Ornithologie sei, besteht noch heute zu 
recht. Die verschiedensten Klassificationsversuche 
divergieren in der sonderbarsten Weise. Es sind 
successive eine grosse Anzahl von anatomischen 
Charakteren für die systematische Einteilung der 
Familie in Vorschlag gebracht worden; aber jedes 
einzelne dieser Kennzeichen giebt für sich allein eine 


mehr oder minder unbrauchbare Ubersicht der For- 


men. Einen besonderen Grad der Beachtung ver- 
d'enen die wichtigen Arkeiten von Frank Beddard, 
in welchen er besonders den unteren Kehlkopf oder 
Syrinx, die Beinmuskulatur und die Pterylose be- 
nutzt hat, während er die Osteologie kaum fiir sys- 
tematische Zwecke heranzieht. Im Gegensatz hierzu 
haben ÆFürbringer, Shuseldt und Pycraft die Fa- 
milie griindlich osteologisch bearbeitet und nament- 
lich im Schulter-und Beckengiirtel wertvolle A nhalts- 
punkte für eine Ausscheidung natürlicher Gruppen 
gewonnen. Leider sind diese wertvollen Untersu- 
chungen in der zoologischen Nystematik nicht be- 
achtet worden und selbst B. Sharpe, welcher schon 
1873 bei Untersuchung der afrikanischen Cuculiden 
einen guten Anfang machte zur Abscheidung der 
Cuculinen von den übrigen Unterfamilien, ist später 
in der «Handlist» auf das wenig zufriedenstellende 
Schema, welches Shelley im Katalog des British 
Museum, angewendet hatte, zurückgekommen, so- 
dass Hudynamis wieder mit Cuculus vereinigt, 
Coccyzus von Praya und lelztere von Tapera und 
Verwandten getren:it wird. 

Es muss zuniichst unsere Aufgabe sein, die 
natürlichen Gruppen innerbalb der Cuculiden ausfin- 
dig za machen und zu ckarakterisieren. In erster 
Linie haben wir dabei auf die osteologischen Cha- 
raktere zurückzugreifen Das hintere Ende des Brust- 
beines, das Xiphosternum, ist bei einer Anzahl von 
Arten jederseits mit einem, hei anderen mit zwei 
Einschnitten versehen, oder, um mit Fürbringer zu 
reden, «biincis» oder «quadriincis». Waren diese 
beiden Kategorien absolut getrennt, so wiirden sie 
einen trefflichen Anhaltspunkt für die natürliche 
Gruppierung der Gattungen bilden, es zeigt sich aber, 
dass beide in der Weise miteinander verbundan sind, 
dass der Processus intermedius, welcher bei letzterer 
Gruppe die beiden Incisuren trennt, bei manchen 
Gattungen unvollkommen entwickelt, respective in 
der Riickbildung begriffen ist. Eine dahin gehürende 
Abbildung hat Madarasz von Cacomantis castanei- 
ventris gegeben. 


Nehmen wir an, dass die hervorgehobene Riick- 
bildung des processus intermedius noch einen 
Schritt weitergehe, so ist aus den 2 benachbarten 
Incisuren eine einzige, grosse geworden und eine 
sorgfältige Untersuchung der Gattung Cacomantis 
wird offenbar weitere Anhaltspunkte fiir diese An- 
rahme bieten. Zu den von Fürbringer hervorgeho- 
benen Merkmalen hat Pycraft noch ein weiteres 
hinzugefiigt, auf welches ich nach meinen Erfah- 
rungen besonderen Weri legen muss; die Ausbil- 
dung oder Riickbildung des processus pectinealis 
des Beckens, welcher bei Phénicophainen, Goceyzi- 
nen und Centropinen stark entwickelt, bei den übri- 
gen Gruppen aber verkiimmert, respective nicht vor- 
handen ist. Fürbringer hat sich (1. c. p. 1324) da- 
hin ausgesprochen, dass die Phünicophainen mit 
ihrem  Xiphosternum quadriincisum den Ancestra- 
len am Nichsten stünden, Beddard seinerseits er- 
klärt, dass sie mit Rücksicht auf ihre komplete Mus- 
kelformel und den tracheobronchialen Syrinx als 
die primitivsten Formen der Kuckuke anzusehen 
seien. Wir haben demnach mit Beddard die Gat- 
tungen, bei denen die Muskelformel unvollstindig 
ist, durch Riickbildung des accessorischen Femoro- 
caudalmuskels und diejenigen, bei welchen ein bron-' 
chialer Syrinx ausgebildet ist, als die meist modi- 
fizierten Glieder der Familie anzusehen. Mit diesen 
Erfahrungen der genannten KForscher steht die Tat- 
sache in Einklang, dass sich die den Cuculiden be- 
kanntlich rächst verwandte Familie der Musopha- 
siden in Bezug auf Brustbein, Becken und Musku- 
latur ganz so verbilt wie die Gattung Phonicophaes 
und verwandte Gattungen. 

Beddard unterscheidet in bezug auf Pterylose 
2 Gruppen, je nachdem die Ventralziige einfach sind 
(Cuculus, Praya, etc.) oder doppelt (Phoenicophaes, 
Crotophaga, etc.). Von noch hôherem Wert scheint 
mir das Verhalten dieser Ventralziige an Brust 
und Hals zu sein, insofern dieselben bis zur Kehle bei 
den Coccyzinen getrennt bleiben, bei allen anderen 
Gruppen am Unterhals mit einander verschmelzen. 


Die Coccyzinen scheinen hierin ein characteristisches 
Kennzeichen der archaischen Kuckuksvügel beizu- 
behalten, welches weiterhin nur bei den Musopha- 
giden sich gleichfalls unverändert erhielt. 

Ziehen wir alle die eben besprochenen Momente 
in Betracht, so wie jene, welche die äusseren Cha- 
ractere dieser Vügel uns liefern, so gelangen wir 
zur Scheidung der folgenden Gruppen der Cuculiden: 


System der Cuculidae 


1. Unterfamilie : i? hoenicophainae 


Zügel und Augenfeld nackt. Tarsus kräftig, vorn 
nicht befiedert, ambulatorial. Flügel miissig lang, 
gerundet, concav. Schwanz zehnfederig, Schwanz- 
decken kurz. Ventraltract doppelt, am Unterhals 
mit jenem der anderen Seite verschmelzend, Kehle 
eleichmissig befiedert. Sternum am Hinterrand mit 
jederseits zwei Einschnitten. Pectinealstachel kraftig. 
Musculus femorocaudalis accessorius vorhanden. Sy- 
rinx tracheobronchial (Phoenicophaes) oder bron. 
chial (Geococcyx). 


2. Unterfamiliez: Coceyzinae 


Ziigel schwach befiedert, Augenfeld nackt. Tarsus 
kräftig, vorne nicht befiedert, ambulatorial. Flügel 
miissig, lang gerundet, konkav. Schwanz zehnfedrig, 
Schwanzdecke sehr lang, mehr oder minder, bis zur 
Halfte der Schwanzfedern reichend. Ventraltract ein- 
fach, am Unterhals nicht mit dem der anderen Seite 
versch solzen. Kehle zwe:zeilig befiedert, da die Ven- 
traltracts sich bis zu ibr gesondert erhalten. Sternum 
am Hinterrand mit jederseits zwei Einschnitten. Pec- 
tinealstachel kriftig; musculus femorocaudalis ac- 
cessorius fehlend. Syrinx tracheobronchial. 


5. Unterfamilie: Centropinae 


Ziigel und Augenfeld dicht befiedert. Tarsus 
kräftig, vorn nicht befiedert. Iligel kurz, gerundet, 


— 404 — 


konkav. Schwanz zehnfedrig, Schwanzdecke kurz. 
Ventraltract doppelt, am Unterhals mit dem der an- 
deren Seite vereinigt. Kehle gleich missig befiedert; 
Sternuin am Hinterrand mit jederseits einem Ein- 
schnitt; Pectinealstachel kräftig, musculus femoro- 
caudalis accessorius gut entwickelt. Syrinx bronchial. 


4. Unterfamiiie: Crotophaginae 


Zügel und Augenfeld nackt. Tarsus kräftig, 
vorn nicht befiedert, ambulatorial. Flügel mässig 
gerundet, konkav. Schwanz achtfedrig, Schwanz- 
decke kurz. Ventraltract doppelt, am Unterhals mit 
dem der anderen Seite verschmolzen. Kehle gleich- 
miissig befiedert. Sternum am Hinterrand mit je- 
derseits einem Einschnitt. Pectinealstachel tehlend, 
musculus femorocaudalis accessorius vorhanden. Sy- 
rinx bronchial. 


5. Unterfamilie: Seythropinae 


Ziigel und Augenfeld nackt oler befiedert. Tar- 
sus kräftig, vorne nicht befiedert, ambulatorial. Flü- 
gel mässig lang, gerundet, konkav. Schwanz zehn- 
fedrig, Schwanzdecke kurz. Ventraltract doppelt, am 
~ Unterhals mit dem der anderen Seite verschmolzen. 
Kehle gleichmissig befiedert. Sternum am Hinter- 
rande mit jedarseits einem Einschnitte. Pectineal- 
stachel fehlend, musculus femorocaudalis accessorius 
vorhanden. Syrinx tracheobronchial. 


6. Unterfamilie: Cuculinae 


Ziigel und Augenfeld befiedert. Tarsus schwach 
vorne befiedert, vom Schenkelgefieder üb rdeckt, 
insessorial. Fliigel lang, schmal, flach. Schwanz 
zehnfedrig, Schwanzdecke kurz. Ventraltract ein- 
fach, am Unterhals mit dem der anderen Seite ver- 
schmolzen. Kehle gleichmässig befiedert. Sternum 
jederseits hinten mit einem Einschnitt. Pectineal- 
stachel fehlend, Musculus femorocaudalis accessorius 
fehlend. Syrinx tracheobronchial. 


one 


Die im Vorausgenhenden characterisierten 6 
Unterfamilien werden im Ganzen wohl als natiirli- 
che anerkannt werden miissen, und namentlich für 
praktische Zwecke dienen, wobei jedoch zu beachten 
ist, dass fiir die endgiiltige Abgrenzung der Cucu- 
linen und Scythropinen zur Zeit noch die unentbehrli- 
che Grundlage fehlt. Vom Standpunkt der hdheren, 
auch genealogische Gesichtspunkte — beriicksichti- 
genden Systematik kann die vorliegende Gruppier- 
ung nicht geniigen. Offenbar sind die Crotopha- 
ginen nur eine amerikanische Unterabteilung der 
Centropinen, welche sekundär durch Verlust des 
Pectinealprocesses und des äusseren Paares der 
Schwanzfedern Modifikationen erlitten haben. Mei- 
ner Ueberzeugung nach ist Shufeldt durchaas im 
Recht, wenn er die Crotophaginen mit den Centro- 
pinen vereinigt. Ein ähnliches Verhältniss ergibt sich 
fiir die Coccyzinen, die durchaus nichts anders sind 
als eine amerikanische, durch Riickbildung des ac- 
cessorischen musculus femorocaudalis und die kom- 
plete Trennung der Ventraltrakte modificierte ame- 
rikanische Sektion der Phônicophainen. Daher finden 
wir denn auch Piaya und Saurothera bei Shelley 
und Sharpe direkt mit den Phénicophainen verein- 
igt. Unmittelbar mit letzteren zusammengehorig 
sind die als Neomorphinen zusammengefassten Gat- 
tungen des tropischen Südasiens und Siidamerikas, 
welcke nur in ihrem bronchialen Syrinx eine etwas 
hóhere Entwicklungsstufe erreicht haben. Derartige 
Processe der Weiterbildung und Riickbildung be- 
gegnen uns eben innerhalb der Familie tiberall und 
diirfen daher nicht einseitig überchätzt werden. So 
sehen wir die Cuculinen durch Riickbildung des 
accessorischen femorocaudalen Muskels den Coccy- 
zinen, durch Verlust des Pectinealprocesses den Cro- 
tophaginen sich anschliessen. Und ähnlich steht es 
mit der Ausbildung des bronchialen Syrinx. 

In der Hauptsache fiihren uns somit diese Un- 
tersuchungen zu dem Ergebnisse der Existenz zweier 
divergierenden Entwicklungsreihen innerhalb der 
Cuculiden, deren eine durch die Phünicophainen 


— 406 — 


nebst den von ihnen abgezweigten Coccyzinen ge- 
bildet wird, wëährend die andere die Centropinen 
umfasst mit den drei eben genannten, von jhnen 
abstammenden Unterfamilien. 

Werfen wir nun einen Blick auf die biologischen 
Verhiltnisse der Familie, so müssen uns die Cu- 
culiden im Allgsmeinen durch ihre Insektennahr- 
ung als besonders niitzliche Végel erscheinen, wel- 
che unter Raupen, Käfern und Heuschrecken mäch- 
tig aufräumen. Die meisten Gattungen sind auf 
ein miissig grosses Wohngebiet beschränkt und 
nur der gemeine Kuckuk, Cuculus canorus, ist ein 
ausgezeichneter Wandervogel, der seine winterlichen 
Excursionen nach Afrika und Australien ausdebnt. 
Daneben gibt es aber auch schlechte Flieger wie 
z. B. die Gattung Coua, deren Brustbeinkamm sehr 
wenig entwickelt ist. Andere Gattungen wie Neo- 
morphus etc. zeichnen sich durch verhältnismässig 
kleine Fliigel aus. 

Am Meisten haben von jeber die Kuckuksvü- 
gel die allgemeine Aufmerksamkeit auf sich gelenkt 
durch ihre parasitischen Nistgewobrheiten. Während 
zahlreiche Gattungen, besonders der Phônicophai- 
nen und Centropinen ‘n gewohnlicher Art ihre Nes- 
ter bauen und einfach weisse Fier legen, finden wir 
bei anderen, besonders bei den südamerikanischen 
Crotophaginen das gesellige Leben hochentwickelt, 
welches sich bald in dicht nebeneinander stehenden 
Nestern, bald in gemeinsamer Eiablage und Bebrii- 
tung in Gruppennestern betätigt. 

In Gegensatz dazu gibt es eine Reihe von 
Gattungen, welche kein eigenes Nest bauen, son- 
dern ihr Ei in die Nester anderer Vogel ablegen 
und diesen somit auch die Aufzucht ihrer Jungen 
aufbiirden. Hierhin gehôüren die Cuculinen und die 
Scytropinen, sowie von den Coccyzinen die Gatt- 
ungen Tapera und Dromococcyx. Auch die Gattung- 
en, welche in der Regel ein eigenes Nest anlegen 
wie das fiir Coccyzus g'lt, bringen gelegentlich Kier 
in andere Nester unter. Bei Coccyzus kommt es 
vor, dass schon Junge ausgeschliipft sind, wenn 


aass letzte Ei abgelegt wird und eben diese langsa- 
me Reifung der Hier ist die Ursache fiir den eigen- 
artigen Nestparasitismus. Mit ihm stehen andere 
biologische Kigentümlichkeiten im Zusammenhang. 

Zuniichst sind bei allen Kuckuken, welche dieselbe 
Gewohnheit angenommen haben, die Kier relativ 
klein. Ferner macht sich bei ihnen zur Fortpflanz- 
ungszeit das Männchen durch seinen, unziblige 
Male wiederholten, lauten, mehrtonigen Ruf sehr 
bemerkbar. Der Ruf des europäischen und des diesbe- 
züglichen brasilianischen Kuckuks Sacy entspricht 
den Tônen des untenstehenden Klichés. 


Wahrscheinlich wird man für diejenigen Gatt- 
ungen und Arten, deren Nistweise noch nicht bekannt 
ist, aus dem Verhalten des Männchens während der 
Fortpflanzang das obwaltende Verhältniss erschliessen 
kônnen. 

Das Minnchen, und zwar hier in Brasilien so- 
wohl wie in Europa, hilt sich zur Fortpflanzungs 
zeit in einem bestimmten Rayon auf und sein so oft 
wiederholter Ruf dient zur Anlockung der Weib- 
chen, die sich ihrerseits an keinen bestimmten Dis- 
trikt binden. 

Die Hier aller Klettervügel sind weiss, aber bei 
den den Cuculiden so nahe stehenden Musophagiden 
kommen daneben auch solche von blassbliiulicher 
Farbe vor. Ebenso finden wir es auch bei den Cu- 
culiden, wo z. B. innerhalb der Coccyzinen mit 
durchgehends weissen Eiern hellblaue in der Gattung 
Coccyzus vorkommen. Auch bei den Crotophaginen 
herrscht die blaue Farbe vor, wenn auch zum Teil 
durch weisse Kalkablagerungen wieder verdeckt. 
Bei den archaischen Gruppen der Phünicophainen 
und Centropinen sind die Kier weiss, aber bei den 
hochmodifizierten Scythropinen und Cuculinen wer- 


— 408 — 


den vorwiegend farbige, häufig gefleckte Hier ange- 
troffen. Vermutlich steht die Ausbildung der Färb- 
ung und Zeichnung der Eier bei den Gruppen mit 
Nestparasitismus in ursächlichem Zusammmenhang 
mit dieser Lebensgewohnheit. 

Auf Grund der im vorausgehenden gewonne- 
nen Anschauungen iiber die systematische Unterab- 
teilung der Familie kônnen wir es nunmehr unter- 
nehmen, die geographische Verbreitung derselben 
zu ervrtern. Zwei der genannten Unterfamilien, 
diejenigen der Crotophaginen und Coccyzinen sind 
auf Amerika beschränkt und zwar gehoren sie dem 
neotropischen Gebiet an, von welchem aus nach der 
Herstellung der Verbindung beider Amerika einige 
Gattungen sich iiber Central-Amerika, Westindien 
und einen Teil von Nordamerika verbreitet haben. 
Keine dieser Unterfamilien kann als eine Amerika 
urspriinglich eigentiimliche in Anspruch g-nommen 
werden, beide sind vielmehr als Modifikationen der 
im tropischen Asien vorherrschenden anzusehen. Die 
Unterfamilie der Neomorphinen, wie sie bei Shelley 
abgegrenzt ist. kann nicht beibehalten werden, da 
sie von der Modifikation des Syrinx abgesehen, ganz 
und gar mt den Phônicophainen zusammenfallt. So 
-erkiirt sich auf ungezwungene Weise die Nahe der 
Verwandtschaft der südamerikanischen Gattungen 
Geococcyx und Neomorphus mit Carpococeyx von 
Borneo. 

Zu ganz ähnlichen Ergebnissen fiihrt uns eine 
Untersuchung der Cuculiden von Afrika. Die im 
tropischen Asien so weit verbreitete Gattung Cen- 
tropus ist auch in Afrika und Madagascar gut ver- 
treten. Dagegen besitzt die Gattung Cuculus in 
Afrika eine Reihe endemischer Arten, aber keine 
in Madagaskar. Diese letztere, Madagaskar aus- 
schliessende Verbreitung passt gut in den Rahmen 
der Verbreitung jener zahlreichen asiatischen Säu- 
getiere, welche im Pliocaen ihren Einzug in Afrika 
hielten, ohne aber nach Madagaskar gekommen zu 
sein. Wihrend des Miocäns stand der asiatischen 
Fauna sowohl nach Madagaskar wie nach Afrika 


eine Zugstrasse offen und so wird es sich erkliren, 
dass die Gattung Pachycoccyx sowohl im Innern von 
Afrika wie in Madagaskar vorkommt und vermutlich 
steht das Verhiiltnis ebenso in Bezug auf Centropus. 
Die Phénicophainen haben in Afrika als Vertreter die 
Gattung Ceuthmochares, in Madagaskar Coua. Auch 
in Afrika lassen sich somit keiné eigenartiger Ele- 
mente der Cuculiden nachweisen und haben wir 
somit diese Familie als eine solche des europäisch- 
asiastischer Faunengebietes anzusehen, welche zur 
Miocänzeit Kolonisten nach Afrika, Madagaskar und 
Südamerika sandte, die sich in den neuen Wohn- 
gebieten zu besonderen Gattungen oder Unterfami- 
len weiterentwickelten. 

In Bezug auf Siidamerika sei hier daran erin- 
nert, dass nach den Ergebnissen meiner zoogeogra- 
phischen Studien Südamerika zweimal nordische Ty. 
pen empfangen hat durch ráumlich und zeitlich ver- 
schiedene Wanderungen. Die erste derselben, die 
miocäne, brachte Biren, Procyoniden, Didelphiden 
u. s. w. nach Südamerika, Tiergruppen, welche nach 
Nordamerika erst pleistocän von Südamerika aus 
eingewandert sind. Die zweite der erwiihnten 
Wenderungen fällt in den Beginn des Pleisto- 
äns ; sie brachte nach Südamerika Mastodon, Kat- 
zen, Schweine, Hunde, Pferde u. s. w. sowie den 
Menschen. Es scheint nicht, dass durch diese 
zweite Wanderung Cuculiden nach Siidamerika 
gelangten, wohl aber drangen umgekehrt siidameri-: 
kanische Crotophaginen und Coccyzinen nach Nord- 
amerika vor. Das Wenige, was wir bis jetzt úber 
die Paläontologie der Vigel wissen, scheint hiermit 
in Einklang zu stehen. Die Gattung Dynamopterus, 
welche Milne Eduards aus dem Eocän von Frank- 
reich beschrieben hat, schliesst sich am ehesten 
den Phénicophainen an. Auch die Musophagiden 
fehlen nicht im iilteren und mittleren Tertiär von 
Europa. Es ist daher sehr wahrscheinlich, dass die 
hier vorgetragene Schilderung von der Enwicklung 
der Cuculiden durch weitere paläontologische Beo- 
bachtungen gefestigt werden wird. 


Litteratur. 


1) Beddard, F. E. — On the structural cha- 
racters and classification of the Cuckoos. Proc. Zool. 
Soc. London, 1885, pag. 168-187. 

2) Beddard, F. C.— The structure and the 
classification of birds. London 1898. 

3) Æürbringer, M. — Untersuchungen zur 
Morphologie und Systematik der Vogel. 2 Bde, 
Amsterdam, 1888. 

4) Madarasz, Gyula. — Ornithologische Sam- 
melergebnisse T. Biros im Neu-Guinea. Termeszet. 
Füzetek vol. XXII. Buda-Pest. 1899. p. 379-428, 
(p. 411 Cacomantis cast.) 

o) Pycraft, W. P.— Contribuiton to the 
osteology of birds. Part VI: Guculiformes. Proc. 
Zoolog. Soc. London, 1903, vol. I, p. 208-291, 
E RN 

6) Shufeldt, R. W. — The skeleton in Geo- 
coccyx. Journal of Anat. and Physiology. vol. XX, 
London, 1886, p. 244-266. PI. VILIX. 

7) Shufeldt, R. W. — The osteology of the 
Cuckoos. Proc. Amer. Phil. Soc. vol. XL, 190.0. 
Oligs Pl. E 


Novas contnbuigtes para a cenbholegia do Brau 


POR 
HERMANN VON IHERING 


(Com as estampas IV, VIII e IX) 


A) — As collecções ornithologicas do 
Museu Paulista 


O Estado de São Paulo é, com relação à sua 
avifauna o mais bem estudado de todo o Brazil. Os 
nossos conhecimentos não se limitam apenas ao 
registro de mais ou menos todas as especies oc- 
correntes no territorio do Estado ; tambem com re- 
lação é biologia e à distribuição geographica tem 
sido trabalhado muito, com satisfactorio resultado. 
E” verdade, que já em tempos idos, Spix, Lichten- 
stein, Burmeister e outros especialistas forneceram 
boas contribuições para o conhecimento da nossa 
fauna ornithologica; mas, de facto, a primeira ex- 
ploração systematica do territorio paulista foi rea- 
lizada pelo eximio naturalista Johann Natlerer, que 
percorreu o Estado nos annos de 1818 a 1223, re- 
colhendo aqui nada menos de 47% especies de aves. 
Os leitores de nossa Revista encontram informações 
detalhadas sobre a actividade de Natterer no vol. 
V, p. 13 e seg. Desde então nenhum outro viajante, 
naturalista ou colleccionador, conseguiu resultados se- 
melhantes: mas o naturalista-viajante do nosso Mu- 
seu Sr. Ernesto Garbe, cuja fé de officio em nosso 
instituto assignala uma fecunda actividade, tem fun- 
dadas razões para algum dia poder igualar-se ao seu 
illustre e celebre predecessor. As suas viagens abran- 
geram não só as mais variadas zonas do nosso Es- 


tado e das regiões limitrophes, mas estenderam-se 
tambem, em excursões demoradas, ao Amazonas e 
ahi especialmente ao seu afiluente o rio Juruá, e 
alem disto ao Estades da Bahia, do Espirito Santo 
e Minas Geraes. As duas ultimas viagens que em- 
prehendeu tiveram por objecto a exploração biolo- 
gica do Rio São Francisco e os resultados ornitho- 
logicos dessas excursões, ao menos na parte que 
encerra novidades scientificas, constituirão boa parte 
do assumpto aqui desenvolvido. 

Quando em 1893 me foi confiada a direcção do: 
Museu Paulista, vim encontrar colleeções de aves 
armazenadas por um amador, e desde logo iniciei 
a respectiva classificação no que, seja dito de pas- 
sagem, me auxiliou grandemente o estudo ao qual 
ha muitos annos me havia dado, da avifauna do 
Rio Grande do Sul. Infelizmente o então prepa- 
rador do Museu, sr. G. Künigswald julgou oppor- 
tuno publicar o catalogo da nossa colecção do Mu- 
seu, organizado por minha ordem, dando-lhe o ti- 
tulo de «Ornis von São Paulo». Esse catalogo pro- 
visorio, de forma alguma isento de erros, enume- 
rava o material contido na colleeção do Museu e, en- 
cerrando um grande numero de aves do Brazil septer- 
trional, não representava absolutamente uma lista das. 
“aves de São Paulo. Em tempos já protestei contra 
semelhante abuso e lastimo que então a redacção do 
«Journal fiir Ornithologie» tivesse tão poucos conheci- 
mentos da fauna brazileira que considerasse tal escripto 
como sufficientemente amadurecido para poder en- 
trar para o prélo. Tomando tudo isto em conside- 
ração, não nos resta sinão deixar inteiramente de 
lado aquelle primeiro escripto referente à nossa col- 
lecção, de todo imprestavel. Só depois de remo- 
delado quatro vezes esse catalogo, que publiquei de 
collaboração com o meu filho Rodolpho, poude dar 
uma idéa da nossa colleeção, encerrando ao mesmo 
tempo uma boa resenha da distribuição de cada uma 
das especies encontradas no Brazil. 

Quem quizer dar se ao trabalho de revêr a li- 
teratura ornithologica destes ultimos 5 ou 19 annos, 


poderá verificar que o Museu Paulista figura sempre 
citado ao lado das grandes collecções particulares dos 
senhores von Rothschild e Conde v. Berlepsch, cujas 
collecçôes são enormemente ricas em especie bra- 
zileiras, e ao lado dos museus de Londres, Miinchen, 
Vienna, Paris, ete. 

Em todo o caso não é grande o numero da- 
quelles museus que se avantajem ao nosso em re- 
lação à avifauna brazileira. De 1801 especies e sub- 
species da fauna do nosso paiz (1550 especies, 251 
subspecies) já se acham representadas 1258 em nossa 
collecçäo e, com relação a ninhos e ovos de aves 
brazileiras, as nossas collecções serão talvez as mais 
ricas. O acondicionamento e a conservação podem 
ser considerados perfeitos. Os couros de aves abran- 
gem dez armarios duplos, de 34 ou 36 gavetas 
cada um, e as tampas destas gavetas, providas de 
encaixe com macho e femea, fecham por assim dizer 
hermeticamente. Tal dispositivo e ainda a constante 
fiscalização e um bom envenenamento dos especimens, 
preservam a nossa collecçäo contra qualquer damno 
que se pcderia temer da parte das traças, besouros 
e outros bichinhos nocivos. A unica difficuldade 
com que luctamos, devido ao clima e à humidade 
do ar, é o bolôr; comtudo tambem neste sentido a 
continua vigilancia e algumas pinceladas de ether 
sobre as partes do couro atacadas de bolor tem 
dado resultados bastante satisfactorios. Em cada uma 
das gavetas mantemos uma caixinha com um pouco 
de camphora e naphtalina e um pequeno recipiente 
do vidro com essencia de mirbana; preferimos esta 
ultima drega (nitrobenzina) ao creosoto, porque a 
sua acção contra o bolor é igualmente boa, tendo a 
vantagem de não prejudicar as cores dos especimens. 
Em todo o caso é certo que para o manejo das ga- 
vetas uma droga liquida tem os seus inconvenientes, 
e seria muito mais vantajoso poder substituil-a por 
qualquer preparado solido, volatil. que nos valesse 
efficazmente nessa lucta contra o bolôr. 

A collecçäo de aves do Museu comprehende 
duas secções distinctas. No andar superior do edi- 


ficio, franqueado ao publico, figura a collecçäo de 
especimens empalhados; com relação a ella esfor- 
çamo-nos por substituir as peças deficientes por espe- 
cimens artisticamente preparados e aos quaes pro- 
curamos dar um agrupamento o quanto possivel na- 
tural. Essa transformação que não póde deixar de 
ser lenta, é natural que o publico não a perceba ; 
comtudo em todas as secções ella progride e tende 
a um aperfeiçoamento de todas as collecgdes. A 
outra secção, inteiramente a parte, formando a col- 
lecção de estudos, acha-se em uma das salas do andar 
terreo e alem dos já mencionados armarios em nu- 
mero de dez, comprehende mais 28 caixas grandes, 
igualmente bem fechadas, que contêm os couros das 
grandes aves. Accrescem ainda a collecçäo de ni- 
nhos e mais 4 armarios com ovos. Todo o ma- 
terial está bem estudado e augmenta-lhe o valor 
scientifico o facto de terem passado pelas mãos dos 
melhores especialistas todos aquelies especimens cuja 
identificação mais dificil poderia ser objecto de du- 
vida ; não queremos deixar de lembrar os nomes dos 
srs. conde Hans von Berlepsch e E. C. Hellmayr, 
que nos prestaram relevantes serviços neste sentido. 
Por intermedio deste ultimo collega foram-nos compa- 
_rados os nossos pequenos Tyrannidas, de classifica- 
ção tão difficil, com os typos guardadcs nas colle- 
cções de Vienna, provenientes das caçadas de Nat- 
terer. 

Naturalmente, no correr desses estudos tam- 
bem foram por nós encontradas algumas especies 
novas para a sciencia. Passarei a mencional-as na 
lista seguinte, e duas das mesmas, Guracava dif- 
ficuis lh. & Ih. e Phylloscartes paulista lh. & 
th. figuram na estampa colorida (Est. JV) que acom- 
panha este trabalho, limitando-me de resto a citar 
a respectiva descripção no Catalogo das Aves, pag. 
271-72. Os typos contidos na nossa colleeção de 
aves são os seguintes : 

Gisella theringi B. Sharpe 

Monasa nigrifrons ilapurana Ih. & lh. 

Galbacyrhynchus leucotis innotatus 1h. 


Piaya cayana guarania Ih. 

Thamnophilus juruanus Ih. 
Myrmotherula pyrrhonota amazonica Ih. 
Myrmotherula brevicauda juruana Ih. 
Myrmotherula garbe: 1h. 

Picumnus caipira Ih. 

Picuinnus sagittatus sharper h. 
Dendrornis juruana Ih. 

Dendrocoluptes juruanus Ih. 
Dendrocolaptes plagosus tardus Ih. & Ih. 
Guracava dafjicilis Ih. & th. 
Phyllescartes paulista lh. & Ih. 
Thryothorus genibarois jurwanus Ih. 
Emberizoides herbicola ypirangana Jh. & Ih. 
Einberizoides herbicola itararea lh. & Ih. 
Xanthornus cayanensis valenciobuenor Ih. 


O fim principal dos nossos trabalhos não foi o 
de descobrir especies novas, mas muito antes apro- 
fundar os conhecimentos da nossa avifauna, procu- 
rando esclarecer principalmente as condições biolo- 
gicas das nossas aves, as suas migrações e a sua 
distribuição. Varias contribuições n'este sentido en- 
contram-se nos volumes precedentes desta revista e 
aqui mesmo, em continuação a estas linhas, prose- 
gulmos na mesma taréfa. 


Uma das maiores difficuldades, tanto com re- 
lação às aves como em qualquer outro trabalho de 
systematica, depara-se nas complicações da nomen- 
clatura e na interminavel synonymia. Nao seriam 
tamanhos os aborecimentos si as regras internacio- 
naes de nomenclatura fossem effectivamente obser- 
vadas. Um dos primeiros desses axiomas é o em- 
prego de nomes latinos, respectivamente o de nomes 
de origem não latina, em fórma latinizada, Mas a 
despeito disto vemos ainda hoje empregados nomes 
como «colibri», «Suiri-i», «Hoazin» e outros. Por 
nossa parte deixamos de acceital-os, 20 menos em- 
quanto não fôr votada nova regra, peia qual os nomes 
genericos terminados em «i» devam ser mudados em 
«1S». 


— 416 — 


O respectivo conselho da regra de nomenclatura 
internacional devia ser tomado por regra geral, 
forma em que, quasi correntemente os autores norte- 
americanos a observam e applicam. 

Um outro artigo das regras de nomenclatura 
estabelece que sejam aproveitados para a classificação 
sómente aquelles escriptos de auctores que se utili- 
zaram da nomenclatura binaria de Linné, mas não 
obstante, muitos collegas norte-americanos conservam 
os nomes de Brisson. 

Outros auctores permittem a existencia de «Sper- 
mophilus» e «Spermophila», «Pipile» e «Pipilo» etc., 
procedimento este que por si mesmo se condemna, 
pois que por esta fórma se torna impossivel distin- 
guir os nomes de familias e subfamilias que se eri- 
girem para os grupos que tenham: taes nomes ge- 
nericos por typo. Os respectivos . conselhos dados 
neste sentido pelas regras internacionaes de nomen- 
clatura merecem, pois, ser transformados em pres- 
cripções, relevando mesmo notar, que muitos au- 
ctores norte-americanos já adoptaram tal forma. 
A estricta observação das normas da prioridade, não 
só com relação à data da publicação das diversas 
obras como tambem no que diz respeito às especies 
descriptas ra mesma publicação, evita muita confusão. 
De todo inadmissiveis são as correções grammaticaes 
nos nomes genericos e especificos. Tal qual como 
o auctor escreveu os nomes do genero ou da especie, 
assim os devemos conservar na nomenclatura, sem 
nos importarmos da sua forma grammatical, acertada 
ou falsa, ou si elles nos parecem adequados ou so- 
nóros. Nem o proprio auctor tem o direito de mo- 
difical-os posteriormente, uma vez qre tenham sido 
publicados. Entretanto claro está que 20 ser transferido 
de um genero para outro, o adjectivo deve tomar 
o genero do novo nome generico. Só em um caso 
especial, em se tratando evidentemente de erros ty- 
pographicos, são admissiveis as pequenas modificações 
que se tornam necessarias; quando por exemplo 
uma especie brazileira, dedicada ao viajante Langs- 
dorff, for estampada como langsdoffi claro é que 


podemos corrigil-a em langsdorffi. Da mesma forma 
não se pode criticar a modificação do nome Thrio- 
thorus em Thryothorus feita por Vieillot, porque o 
proprio auctor corrigiu o erro typographico no 
proprio volume da publicação. As melhores consi- 
derações escriptas nestes ultimos tempos sobre as 
questões mais discutidas da nomenclatura. são ao 
meu vêr as de Gregory Matthews, nas Novitates 
Zoologicae do Museu de ‘Tring, vol. XVII, 1910, 
p. 492 sgs., em que entre outras defende as seguintes 
proposições : 

«auctores não binominaes não devem ser reco- 
nhecidos» ; 

«nomina nuda devem ser rejeitados». 

«a lei da prioridade deve ser cumprida à risca». 

Comparando bem esta orientação com a que 
adoptamos em nossos escriptos na Revista e no 
nosso Catalogo de Aves do Brazil, vê-se que es- 
tamos de pleno accôrdo e fazemos votos para que 
por este mesmo methodo se chegue à tão desejavel 
ordem em questão da nomenclatura ornithologica. 
Os esforços empregados neste sentido e que encerram 
não pouco trabalho do mais serio, deverão servir 
de base para as proximas elucidações complemen- 
tares. Em todo caso é por esta fórma, combinando 
OS principios a seguir, que devemos procurar a so- 
lução capaz de a todos satisfazer, e não por meio 
de votações ou ainda pela enumeração dos nomes 
«validos», em listas computadas mais cu menos 
apressadamente. 

As nossas resenhas anteriores sobre as aves 
occorrentes no Estado de S. Paulo fcram comple- 
tadas em nosso Catalogo de 1967, a ponto de enu- 
merar 697 especies paulistas. Actualmente a colle- 
cção exposta ao publico consiste em 1000 especi-. 
mens empalhados. emquanto que a collecção de estudo 
encerra 60987 couros. Pode-se dizer que já se acham 
representadas na colleeção do Museu 3/4 partes 
das especies de aves brazileiras. O total de especies 
de aves hoje reconhecidas como occorrentes no ter- 
ritorio paulista, eleva-se a 689 especies e 6 sub- 


— 418 — 


species, ao todo, portanto, mais ou menos 700 for- 
mas, e é certo que com a continuação dos estudos 
esta c fra ainda deverá crescer Por outro lado vi- 
me obrigado a eliminar da nossa lista os nomes de 
certas especies que antigamente foram consideradas 
como ocorrentes no Estado de S. Paulo, mas com 
relação às quaes não foi possivel obter a compro- 
vação indubitavel. Em todo caso, porem, esta cifra 
de 700 especies é bastante elevada, tomando em 
consideração o territorio relativamente restricto. 
Abrangendo uma area quasi duas vezes maior, a 
avifauna da Ailemanha conta apenas 490 especies, 
subspecies e variedades; o total das especies de 
aves dos Estados Unidos da - merica do Norte não 
ultrapassa 768. Ja conhecemos sufficientemente bem 
a distribuição das respectivas especies nas varias 
zonas do nosso Estado e neste sentido não é muito 
o que agora accrescentarei aos dados já publicados. 
Em seus traços geraes temos de reconhecer z00- 
eeographicamente, duas regiões distinctas no Estado 
de S. Paulo, a saber, a costeira, que abrange tam- 
bem as florestas das serras adjacentese a região do 
sertão, occupada pela maior parte pelos campos e 
cuja fauna se acha intimamente ligada à dus Es- 
“tados adjacentes. Salientaremos, porém, que ao mes- 
mo passo que a fauna da zona flcrestal costeira 
continuamente empobrece tanto em numero de in- 
dividuos como de especies, a zona do sertão é con- 
stantemente enriquecida pela entrada de especies, 
vindas do Oeste. E’ facto notavel e geral que a 
fauna dos campos de Matto Grosso, de Goyaz e Minas 
Geraes invade cada vez mais o Estado de S. Paulo. 
Em certos casos o proprio povo prestou attenção ao 
caso, como por exemplo o diz o proprio nome da 
chamada «cobra nova», Drymobius bifossatus. Quando 
Natterer viajou no Estado de São Paulo em principios 
do seculo passado, em parte alguma elle encortrou 
o «João de barro» (Furnarius badius Licht.), o qual 
já agora tomou conta não só do valle do Parahyba 
como tambem se encontra nos arredores das cidades 
de S. Paulo e Campinas. Assim tambem é possivel 


que muitas das 220 especies paulistas nao colligidas 
por Natterer e que agora figuram nas collecções 
do Museu Paulista, só tenham vindo para o Estado 
de S. Paulo posteriormente a 1820. 

Por toda parte, ao examinar a composição da 
fauna do nosso Estado, deparamos com modificações 
mais ou menos recentes. A falta de leis de caça 
e protecção às aves, a extensão das zonas povoadas 
a immensa devastação das mattas, a destruição da 
fauna pelos trabalhadores das estradas de ferro, 
tudo isto contribue para empobrecer e transformar 
de modo deploravel a riqueza natural da fauna e 
flora do nosso Estado. E” nosso desejo intenso poder 
contribuir com este nosso appeilo para que os po- 
deres competentes volvam a sua attenção a estes 
problemas de conservação das nossas mattas e da 
nossa fauna. como tambem já o dissemos no artigo 
anterior referente à protecção das aves Nao se 
trata aqui de lastimações sentimentaes, mas sim de 
serios vicics economicos, problemas cujo estudo e 
desenvolvimento pretendemos investigar. Até certo 
ponto é dificil dizer quaes as modificações da flora 
e da fauna que devemos attribuir à influencia do 
homem no correr dos ultimos quatro seculos, visto 
como não existem os necessarios dados sobre a nossa 
historia natural nos tempos coloniaes. O unico do- 
cumento do qual nos podemos servir neste sentido, 
com relação ao seculo XVI, são as cartas tão apre- 
ciaveis do venerando P.e José de Anchieta. São essas 
epistolas que nos ensinam que naquelles tempos 
existia o peixe-boi Trichechus manatus no litoral 
do nosso Estado; que então, como ainda hoje, em 
certos tempos appareceram ahi os pinguins, (Sphe- 
niscus magelianicus Worst.) ; que os rubres guards 
e papagaios de toda especie ahi eram communs. 
Hoje o bello guard se acha de todo extincto nesta 
zona e na Serra do Mar quando muito se encon- 
tram pequenos bandos de periquitos, tendo desappa- 
recido de todo os papagaios legitimos, as aráras, 
tucanos e tantos outros elementos da fauna do li- 
voral do Brazil meridional. 


As nossas riquezas naturaes começam agora a 
gozar daquella sympathia de que tanto precisam para 
que sejam effectivamente conservadas, e, attingindo 
ellas tambem circulos mais amplos, como já tive- 
ram a sancção official pela instituição das festas das 
aves e das arvores nas escolas, fazemos votos para 
que estes sentimentos tão louvaveis se concretizem 
em providencias judiciosas sem as quaes nunca pode- 
remos alcançar os fins que nos propuzemos. Na Al 
lemanha, na Hungria e nos Estados Unidos da Ame- 
rica do Norte não ë mais preciso confiar tanto 
na acção dos «birds days», porque os governos, 
as municipalidades e a policia asseguram ahi aos 
cantores plumados da floresta muito outra garan- 
tia e protecção que não lhes podem proporcionar 
as mais amplas sympathias e as mais bellas fes- 
tas escolares. 


B)— Novas observações sobreninhos 
e ovos de aves do Brazil 


Tendo-me dedicado com certa preferencia ao 
“estudo biologico das nossas aves, já publiquei os re- 
sultados de minhas observações nos volumes IV e V 
desta Revista e num trabalho sobre Tyrannidas im- 
presso em 1904 no periodico «Auk». 

Hoje continüo nesta taréfa e à descripção dos 
objectos novos da nossa collecção desejo accrescentar 
algumas considerações de caracter geral. Até agora 
não se fizeram estudos comparativos nem sobre os 
ninhos nem sobre os ovcs das nossas aves. Os ob- 
servadores limitam-se a reunir os dados e isto quasi 
exclusivamente com relação aos ovos. O meu tra- 
balho será outro, comparativo. Grande, e talvez 
mesmo a maior parte dos ovos sulamericanos accu- 
mulados em varios Museus e collecções particulares 
é material comprado de commerciantes e cheio de 
enganos. Não só que elles não se acham na altura 
do estudo scientifico para fiscalisar os dados que 


lhes foram transmittidos, mas tambem os proprios 
fornecedores dos ovos causam enganos e muitas 
vezes são victimas de mystificações por parte dos 
caçadores, que lhes juntam um passaro qualquer ao 
ninho que vendem. Foi assim que as nessas pri- 
meiras publicações contem asserções menos verda- 
deiras, que successivamente já foram corrigidas, e o 
mesmo aconteceu ao sr. A. Nehrkorn e ao British 
Museum. Frequentemente os negociantes vendem 
ovos de aves que entretanto não vivem nas locali- 
dades indicadas. (Comparando a verdadeira distri- 
buição geographica, os enganos da synonymia e as 
dimensões da ave e de seu ovo, é possivel descobrir 
muitos erros. Se conhecemos o ovo de certa especie 
e recebemos o de ontra congenere que é maior, o res- 
pectivo ovo não pode ser menor. Em muitos generos 
ou mesmc familias a confizuração do ovo e sua côr 
é uniforme, caracteristica, e o conhecimento destes 
factos nos pode guiar. 

A base de toda a nossa classiêcação é o con- 
juncto de caracteres morphologicos que o exame das 
diversas especies nos fornece. Os dados biologicos 
em geral não são de valor decisivo para o estudo 
systematico, mas não obstante merecem a maior 
attenção. A d:fficuldade não está na reunião das obser- 
vações e seu julgamento criterioso, mas ella nasce 
com a comparação e conseguinte penetração philo- 
scphica do assumpto. Os diversos caracteres que nos 
servem para o systema zoologico. muitas vezes não 
se desenvolvem parallelamente ou mesmo são con- 
tradictorios. O problema então está, para ficar com 
nosso exemplo das aves, em decidir si a conformação 
do bico, a descripçäo das remiges da aza, das rec- 
trizes da cauda, dos escudos do tarso, da concre- 
scencia dos dedos, etc. merecem mais attenção do 
que outros caracteres. Ha numerosos caracteres 
adaptivos, que reflectem a maneira de viver e que 
se podem repetir dentro dos diversos grupos natu- 
raes e outros que por hereditariedade são transmit- 
tidos dos predecessores da familia de geração em ge- 
ração. Sem conhecer a phvlogenese da familia não 


podemos formar juizo certo sobre o valor systematico 
dos diversos caracteres morphologicos, e estudos desta 
ordem são poucos, e para maitos problemas as res- 
pectivas investigações nem sequer ainda foram co- 
meçadas. 

Nestas circumstancias as informações que a bio- 
logia nos fornece devem ser consideradas como ins- 
tructivas, e às vezes são como verdadeiros fachos de 
luz que iluminam o problema. No correr deste 
estudo tere: occasião de illustrar esta affirmação. 

Desde o anno de 1904 em que publiquei no 
«Auk» o meu estudo sobre a biologia das Tyran- 
nidas recebi varios ninhos novos e ovos que em 
alguns pontos esclarecem a posição systematica dos 
respectivos passaros. Refiro-me particularmente aos 
generos Onychorhynchus e  Myrobius. O ninho de 
On. swainson: Pelz. que em seguida descrevo, 
lembra o de Myiobius barbatus. Quem vê os ninhos 
de Myrobius barbatus e naevius um ao lado do outro, 
não pode duvidar que estas aves pertencem a ge- 
neros distinctos. De facto as duas especies são dif- 
ferentes de modo que os dous autores que trataram 
da classificação das Tyrannidas no ultimo decennio, 
R. Ridgway e H. o. Berlepsch insistem na neces- 
“sidade de dissolver o genero, cuja especie typica é M. 
barbatus. Ridgway acceitou o nome Myiophobus Rei- 
chenb. para o agrupamento de M. naevius e espe- 
cies alliadas. Segundo Ridgway (I. c. p. 353) o 
ninho de Onychorhynchus mexicanus & «pensile, 
enclosed within a mass of loose straggling material» 
e o ovo branco-amarellado tem uma corda de man- 
chas escuras. Na fauna de Brazil ha uma ave só que 
com relação ao ninho e ovo é comparavel a Ony- 
chorhynchus e esta é Myobius barbatus. O ninho 
delle é uma bolsa incluida em baixo por outra, que na 
parte inferior é aberta e os ovos são de côr pardo- 
pallida, côr raras vezes representada nesta fomilia, 
sendo os de Onychorhynchus ruivo-pardos. E” claro 
que o desenvolvimento do bico e das pennas occi- 
ptaes do Onychorhynchus representara uma modi- 
ficação extrema e por este motivo os dados biolo- 


gicos que venho de expôr são de valor para o co- 
nhecimento das relações naturaes do genero. 

A separação de Mizophobus e Myiobins recom- 
menda-se assim tanto pela biologia como pelos ca- 
racteres morphologicos. Outro pequeno grupo de 
especies alliadas entre si 4 o de Myiozetets e Pr- 
tangus cujos ninhos grandes e cobertos o caracte- 
risam, como tambem os ovos que são do typo 
dos das Elaineinas. Deixando estes dois generos 
fora das T'yranninas, estas se compõem de aves 
fortes com bico grosso, provido de compridas cerdas 
na base, e todas ellas constroem ninhos simples ou 
tigelas chatas e poem ovos densamente salpicados 
cujas manchas mostram a tendencia de estender-se 
no rumo axial do ovo. A's Tyranninas pertencem 
os generos: Megarhynchus, Conopias, Myiodynas- 
tes, Syristes, Hirundinea, Myiarchus, Empidono- 
mus, Muscivora, Tyrannus. 


Parece que as Platyrhynchinas, Serpophaginas, 
Elaineinas e outras subfamilias de H. v. Berlepsch são 
bem fundadas ou justificaveis. mas existem duvidas que 
merecem ser examinadas quanto a Arundinicola, cujo 
ninho coberto em forma de bolsa os approxima às Pla- 
tyrhynchinas. 


Outra familia para a quala biologia nos dá vali- 
osas informações é a das Dendrocoloptidas e chamo 
a attenção do leitor às informações dadas no respe- 
ctivo capitulo. 


Estou longe de dar valor demasiado aos dados 
fornecidos pela biologia. Na discussão da familia dos 
Icteridas o leitor ha de encontrar informações singu- 
lares sobre os ovos do «vira bosta», Molothi us bona- 
riensis que costuma pôr sens ovos nos ninhos de 
outras aves. Na região do Rio da Prata e no Rio 
Grande do Sul este passaro põe alem dos ovos salpi- 
cados, outros que são puramente brancos. Provavel- 
mente estes ultimos ovos são postos em ninhos fecha- 
dos de Anuinbius etc; mas em todo caso a ave não 
tem tal costume em S. Paulo e Rio de Janeiro. A 
cor do ovo neste caso não tem importancia dentro da 


mesma especie, mas em outros casos ella é constante 
no genero ou para toda a familia. 

A mesma especie de Molothrus é interessante 
por outro caso de variabilidade, tendo no Brazil meri- 
dional e na Argentina femeas bruno-escuras, ao passo 
que as mesmas na Bahia (Molothrus bonariensis sert- 
ceus) são pardo cinzento-claras. As femeas são diffe- 
rentes e os machos são iguaes. Ligeiras differenças bio- 
logicas observam-se tambem às vezes entre os repre- 
sentantes da mesma especie brazileira, do Norte e d» 
Sul. O ninho de Myrozetetes similis da Bahia é outro 
do que em São Paulo e os ovos da Bahia são menores, 
o que tambem se da com os de Zanagra sayaca. 

A variabilidade das especies não se limita aos 
caracteres externos da ave; ella se manifesta tam- 
bem na organização interna e na sua Liologia. Por 
este motivo é de desejar que o estudo biologico das 
aves ganhe maior numero de amigos entre nós. 
Sem o gue Huler e eu fizemos, é pouco o que resta 
de dados exactos e o que não poderia ser este ramo 
da sciencia se, em vez de dous, uma duzia de obser- 
vadores conscienciosos, distribuidos sobre o vasto 
territorio do paiz tivessem trabalhado ao mesmo 
tempo! 

E os que querem prestar reaes serviços à ex- 
ploração scientifica do paiz devem saber que pouco, 
bem pouco até agora está feito e que ama compen- 
sação ideal das mais ricas espera os amigos da na- 
tureza que a este assumpto quizerem dedicar o seu 
tempo com paciencia, energia e perseverança. Das 
aves da -matta virgem por exemplo, bem pouco é o 
que sabemos. 


Fam. IBIDAE 


Harpiprion cayennensis (Gm.) 


O sr. R. Krone descreveu o ovo no «Estado de 
S. Paulo» de 10 de Abril de 1903, dizendo que en- 
controu o ninho na Ribeira de Iguape em Outubro, 
na altura de 5 m. sobre o chão entre os galhos de 


—- 425 — 


uma arvore de «pau d’alho» e que consistia n'um 
simples amontoado de galhos seccos juntados sem 
mais cuidado, assemelhando-se ao da garça Hero- 
dias egretta (Gm.), O ovo, que mede 47: 39 mm,, 
é de casca pouco lisa, com numerosos póros chatos 
e de côr uniforme pardo-azeitonado. 


Fam. TINAMIDAE 


Crypturus adspersus vermiculatus 
(Temm.) 


O sr. Garbe trouxe de Itapura, S. Paulo, tres 
ovos que medem 54:40 mm. e são de côr cinzento- 
encarnada clara. 


Fam. CAPRIMULGIDAE 


Hydropsalis furcifer (Vieill.) 


De S. Lourenço, Rio Grande do Sul, recebi 
tres posturas que mostram a variabilidade da côr, ora 
branco-amarellada com mistura de cinzento, ora 
amarellada com leve tom de côr de rosa. O desenho 
consiste em numerosos pontos e linhas largas es- 
curas. As medidas variam de 28,5 por 23,3 e 29,5 
por 23 mm. Esta descripção combina com a de Oates 
no Catalogo do Brit. Museum e com a de Nehrkorn 
de «Macropsalis forcipata», da Argentina, especie 
que não occorre naquelle paiz. 


EHiwdropsalis torquata (Gm.) 


Tenho presentes dois ovos de Joazeiro, Estado 
da Bahia, colligidos por E. Garbe em Janeiro de 
1913. O campo do ovo é pallido, amarello aver- 
melhado, com manchas superficiaes, pardo-escuras e 
outras profundas mais pallidas e com linhas curtas 
e garatujas amarello-pardas. As medidas são 28 
por 20 mm. Esta nossa descripção corresponde 4 
de Nehrkorn. 


— 426 — 


Macropsalis creagra (bp.) 


Sob o nome de Hwdropsalis psalurus Bp re- 
cebi do sr. Schlüler um ovo, de Sta. Catharina, o qual 
não combina com furcifer, especie que aliás não vive 
em Sta. Catharina e que pelo desenho e tamanho 
se distingue tambem de Æydropsalis torquata. As 
dimensões, 31,5 por 2i mm., são mais consideraveis 
e as manchinhas são mais numerosas e formam no 
polo rombo uma larga corôa que occupa todo o 
polo. Nao me coustando que de HH. torquata existisse 
em Sta. Catharina uma subspecie muito maior, julgo 
muito provavel que este seja o ovo de Macropsalis 
creugra. 


Stenopsis longirostris (Bp.) 


Os ovos que o sr. E. Garbe obteve em Joa- 
zeiro, Est. da Bahia. no mez de Janeiro de 1913 
medem 25 por 18,7 e 24 por 18 mm. O campo é 
de côr branco-amarellada, as grossas manchas e 
largas linhas do desenho são de côr parda. Este 
ovo é differente do typico de St. longirostris do 
Chile e, não conhecendo actualmente a relação da 
ave de Joazeiro com a especie acima indicada, li- 
mito-me a dar a descripção do ovo. 


RNannochordeiles pusillus (Gculd) 
(Est. VIII, fig. 3) 


A ave não é rara em Joaze:ro, onde o sr. 
Garbe em Janeiro de 1915 achou 4 posturas de 1 
e 2 ovos que jaziam entre os cascalhos que cobrem 
o chão e cuja côr possuem. Os ovos são de forma 
oval, de campo branco-amarello com numerosos 
salpicos e manchinhas pardas superficiaes e pro- 
fundas; só em um dos ovos este desenho forma 
uma longa corda ruivo-parda perto do polo. As 
dimensões são de 25 por 18 e 25 por 19 mm. e 
portanto um pouco maiores do que as que Nehrhorn 
indica e menores do que as da collecçäo do British 
Museum. 


Chordeiles acutipennis (Bodd.) 


Os ovos que o sr. Garbe trouxe de Itapura me- 
dem, 20,5 por LO 2.) por 20 e 30) por 20 mms, 
variando tambem de côr. Acho notavel o facto de 
variar o comprimento do ovo de 26,5 até 30 mm. 
entre as posturas provenientes da mesma localidade. 


Caprimulgus rufus (Bodd.) 
(Est. VII, fig. 4) 


Um ovo que temos da Argentina é brancacento, 
lustroso e mede 32 por 23 mm. Os que recebi do 
sr. Ænslen em S. Lourenço, Rio Grande do Sul são 
de campo amarellado-pallido, um com mais, o outro 
com menos manchas e medem 32,5 por 24 e 34 
por 23 mm. As medidas indicadas por Nehrkorn 
são por conseguinte muito diminutas. 


Caprimulgus oceliatus (7:ch.) 


Alem dos ovos descriptos no vol. V desta Re- 
vista pag. 30, recebi outro do Salto Grande do Pa- 
ranápanema, que mede 28 por 20,9 mm. Os ovos 
salpica ‘os, de 20 por 17 mm., que Nehrkorn des- 
creve como provenientes desta especie, pertencem 
por conseguinte a outra ave; não conheço ovo tão 
pequeno de Caprimulgidas brazileiras. As medidas 
serão «27:20 mm» e será talvez o ovo de C. par- 
vulus. 


Caprimulgus parvulus (Goull) 
(Est. VIII, fig. 5) 


Dois ovos de Ypiranga, S. Paulo, medem 27,5 
a 28 por 20 mm. e são de côr amarello-avermelhada, 
pallida com salpicos, manchinhas e garatujas par- 
das. Dois outros do Paraguay, do Puerto Bertoni, 
que devo ao sr. Arnold W. Bertoni, medem 27,5 
por 20 e são de côr clara, branco-amarella com as 
manchinhas apagadas. 


— 428 — 


Nyctibius griseus (Gm.) 
(Est. VIII, fig. 2) 


Estou hoje na agradavel situação de poder com- 
pletar as informações dadas anteriormente (1. c. 
vol. IV p. 257) e de confirmar completamente as 
observações de Goeldi. O sr. João Lima, prepara- 
dor do Museu, caçou perto do Museu, na varzea, em 
21 de Outubro de 1913, um sacho desta especie 
que chocava um ovo, servindo-lhe de ninho a pe- 
quena cóva na superficie de uma arvore secca, que- 
brada, de 7 cm. de grossura. No ponto em que 
quebrára o tronco da arvore morta, na altura de 2 
m. havia uma pequena cova de 3,5 a 4,5 cm. de 
diametro e de 5 cm. de profundiaade. Nesta cóva 
sem segurança nem preparo algum jazia o ovo. 
Este é de forma oval regular, um pouco mais grosso 
no meio, de côr branco-cinzenta, com manchinhas 
pequenas pardas e outras intensamente rouxas, que 
num dos polos formam uma corôa pouco distincta. 
As dimensões do ovo são 40,5 por 30 mm. Dos 
dous ovos que até agora se conhecem, um esta no 
British Museum e o outro no Museu Paulista. 


Fam. CUCULIDAE 
Tapera naevia (L.) 


Já descrevemos o ovo desta especie à pg. 374 
deste volume. 


Fam. TROGONIDAE 
Trogon viridis (L.) 


Do sr. W. Æhrhardt recebemos da Colonia 
Hansa, Sta. Catharina, o ninho occulto num cupim 
que estava preso ao tronco de uma arvore. Os tres 
ovos são brancos, pouco lustrosos com algumas 
manchas amarellas desbotadas e medem 342 34,5: 
20. mm. 


Trogon surucura ( Vieill.) 


O sr. Chr. Enslen em S. Lourenço, Rio Grande 
do Sul escreveu-me que o ninho é construido dentro 
da massa esponjosa de uma planta epiphyta. A ave 
limita-se a excavar esta agglomeraçäo de raizes e seu 
ninho está prompto. Os ovos colhidos neste ninho 
de S. Lourenço medem 27,3: 23; 28: 23 e 27,9: 
22,8 mm; os que o sr. Arnold W. Bertoni nos 
mandou do Alto Paraná, são um pouco maiores, 
medindo 29 a 30: 33 mm. 


Fam. FORMICARIIDAE 
Batara cinerea (Vieill.) 


Sobre o ninho e ovo desta especie disse o sr. 
R. Krone no «Estado de S. Paulo» de 10 de Abril 
de 1903 que o ninho não é suspenso entre ramos 
como o de Thamnophilus, mas construido sobre base 
firme. «Este ninho é uma tigéla bastante larga, feita 
sem cuidado, de talos, barba de pau e folhas nas 
cipoadas quasi impenetraveis a 2 ou 3 m. sobre 
o chão, bem escondido. A postura dos ovos é de 
3, que são de forma regularmente oval, medin- 
do 35-36,5 por 25-26 mm. O colorido destes ovos 
é um branco-escuro e nota-se perto do polo rombo 
uma corõa de manchas escuras bem como man- 
chinhas mais escuras quasi rouxas. 


Fam. DENDROCOLAPTIDAE 


Em seu ccnjuncto esta familia se nos repre- 
senta como bem delimitada, e, ainda a subdivisão 
da mesma, segundo Selater, pode ser considerada 
feliz. Como, não obstante, as opiniões dos autores 
divergem com relação a varios pontos, ha toda con- 
veniencia em consultar tambem os dados biologicos 
que offerecem os diversos representantes da familia. 

De accordo com o seu modo de vida, os gene- 
ros das Dendrocalaptidas formam tres grandes gru- 


pos: a) de vida terrestre, limitados em seu «habi- 
tat» aos campos; à) aquelles, que habitam a matta 
e a capoeira, vivendo a moda das Forinicariidas, 
e c) aquelles que trepam nas arvores e tal qual 
como os pica paus ahi procuram o seu alimento. 
Estes grupos de generos distinguem- -se tambem uns 
dos outros pelo seu modo de nidificação, bem cara- 
cteristico. As Kurnariinas que em geral habitam 
as planicies e os valles de rios, nidificam na terra 
ou fazem ninhos de barro, como o «João de Barro» 
(Furnarius). Burmeister encontrou um ninho de 
Upucerthia luscinia Burm. debaixo do telhado de 
uma casa, mas certamente este caso é excepcional, 
porque as demais especies de Upucerthia alojam os 
seus ninhos snbterraneos nos barrancos dos rios; 
como Geobates, costumam fazer um longo canal no 
barranco, com uma camara terminal forrada de pa- 
lha e folhagem. Provavelmente os outros generos 
das Furnariinas comportam-se do mesmo modo; ao 
certo sabemol-o de Lochinias. So Hurnarws con- 
strôe ninhos sobre as arvores, mas como elle os 
faz de barrc, ainda assim pode-se consideral-o como 
emquadrado no typo de construcção seguido pela 
familia. Os ovos são sempre brancos. 


Muito diversa é a nidificação das Synallaxinas. 
Os seus ninhos encontram-se sempre sobre as ar- 
vores ou no emaranhado da capoeira; para a con- 
strucção empregam ora substancia vegeta! macia e 
delicada, ora gravetos e espinhos. Muito frequente 
é entrelaçarem caracões, cabellos, pedaços de epi- 
derme de cobra ou de lagarto, à guisa de ornatos. 
A camara de incubação é forrada com folhagem 
macia, muitas vezes picada em pedacinhos. Os re- 
presentantes de Synallaxis fazem ninhos de ma- 
deira, isto é de galhos e gravetos, emquanto que as 
especies de Siplornis quasi sempre escolhem pa- 
lha, musgo e outras substancias vegetaes macias. 
Muito interessante é que os ninhos de Synalla- 
gts, já bastante grandes, se transformam nos generos 
Anumbius e Pseudoseisura em ninhos colossa s 


— 431 — 


sem que entretanto haja qualquer modificação no 
typo de construcção. 

Nos generos Phacellodomus e Thripophaga a 
entrada do ninho acha-se situada lateralmente, com 
um alargamento em forma de antecamara. Por via 
de regra é na camara central que se dá a incu- 
bação, mas às vezes a antecamara serve a tal fim, 
como o registraram Aplin e Venturi. Assim temos 
Phacellodomus e Thrypophaga intimamente ligados, 
ao passo que por outro lado, de Synallaxis, Anum- 
bius e Pseudoseisura acompanhamos uma linha 
evolutiva de tal forma continua, que certamente 
a separação de Synallaxis e Anumbius não cor- 
responde de nenhum modo às condições naturaes 
de parentesco. Os ovos do grupo Synallaxis são 
brancos com tom esverdeado, às vezes verde palli- 
dos ou como em Phlæocryptes e Limnornis de cor 
azul escura ou verde azulada. 

Muito mais homogeneo se nos apresenta o 
grupo das Dendrocolaplinas. A nidificação faz-se 
em cavidades das arvores, forradas ou não com uma 
camada de folhas seccas, pedacinhos de madeira 
pôdre, etc.; os ovos são brancos. E” isto o que se 
observa em todos os generos que Sclater collocou 
ra subfamilia das Dendrocolaptinas. Entretanto so- 
brevêm algumas difficuldades, devidas em parte ao 
facto de terem sido transferidos, posteriormente, al- 
guns generos para as Philydorimas, e porque tam- 
bem nesta ultima subfamilia vamos encontrar, em 
parte, egual systema de nidificação. 

Devemos, pois, esclarecer esta ultima subfa- 
milia bastante confusa, das Philydorinas. Observa- 
remos desde logo que aqui encontraremos certos 
generos que pelo seu modo de vida em nada diffe- 
:em das Dendrocolaptinas ; taes são os generos cujos 
representantes trepam nos troncos das arvores e 
fazem os seus ninhos nas cavidades das mesmas : 
Pseudocolaptes, Xenops, Xenicopsis e muito pro- 
vavelmente ainda Helioblelus, Philydor e alliados. 
Seguem-se os constructores de grandes ninhos fe- 
chados, feitos de galhos seccos : Coryphostera, Anum- 


— 432 — 


bius, Pseudoseisura, Limnornis, Phacellodomus, 
Thripophaga. A respeito do unico genero restante, 
Automolus, temos observações por parte de Euler, 
A. leucophthalmus (Wied), cujo ninho é subter- 
raneo. 

Primeiro que tudo, estranha-se neste caso que 
entre as aves que nidificam nas arvores ou nas cavida- 
des destas, appareça uma que tenha por habito fazer o 
seu ninho nos barrancos dos rios, em galerias sub- 
terraneas. Mas nem aqui não se trata de um caso 
de todo extraordinario, mas de uma manifestação, 
que tambem em outras familias e subfamilias se 
repete. Muito instructivo é neste sentido o genero 
Leptasthenura entre as Synallaxinas; L. aegitha- 
loides emprega algodão, capim etc. na construcção 
do seu grande ninho. feito ora entre touceiras, 
ora em cavidades das arvores. Venturi observou 
um ninho de L. fulginiceps paranaensis Sel. que 
se achava de tal forma metido em uma cavi- 
dade de uma barreira, que ainda appareciam as 
pontas dos galhos empregados ra construcção. Deste 
modo comprehende-se, que o primitivo habito de 
nidificar em qualquer cavidade se possa transformar 
na predilecção pelas cavidades ou gallerias na terra. 
Alem das Furnariinas todas e do caso que acabamos 
de mencionar, ha ainda outro genero cujas especies 
fazem ninhos na terra, e é este o genero Sclerurus. 
São passaros da matta, que vivem no chão, e a0 
meu vêr, representam apenas um typo aberrante das 
Dendrocolaptinas, como o confirmam as pennas cau- 
daes reforçadas e com pontas salientes. Essa cauda, 
que caracterisa as aves trepadoras, representava um 
orgão muito util emquanto o passaro vivia sobre as 
arvores, à moda dos picapaus, mas deixou de ter 
toda e qualquer utilidade desde que o passaro co- 
meçou a viver sobre o chão. As especies de Scle 
rurus encontram o seu alimento sobre o chão, onde 
com o bico viram as folhas e os galhos cahidos, 
tal qual como as Grallariinas e Lochmias, em pro- 
cura de insectos. 

Tomando taes informações acima expostas por 


base, e revêndo o systema das Dendroco:aptidas, con- 
cordamos em quasi tudo com a exposição de Sclater, 
salvo no que diz respeito à inclusão do grupo dos 
generos alliados a Anwmbius na subfamilia das Phi- 
lydorinas. Si a reunião de furnarius e Lochimas 
numa só subfamilia corresponde às affinidades na- 
turaes vu si por difterentes modos e em tempos 
diversos houve uma ada2ptaçäo 4 vida no campo, é 
assumpto que ainda está por decidir, demandando 
novos estudos. 

Mais ainda do que Sclater, a orientação de 
Ridgway se distancia dos resultados da observação 
biologica. Não ha nenhuma base morphologica que 
nos obrigue a dividir as Dendrocolaptidas em duas 
familias e bem assim não podemos concordar com 
a separação de Margarornis e Pygarhicus das Den- 
drocolaptinas, nem tampouco com a inclusão de 
Xenops nas Furnsriinas. Neste sentido Ridgway se- 
œuiu a orientação de Garrod,e é justamente neste 
ponto que divergimos. Quando Ridgway diz: «que 
as Furnariidas tem narinas schizorhinas e as Dan- 
drocolaptidas as tem holorhinas», os ornithologos 
que não podem formar-se uma opinião segura sobre 
o valor morphologico de tal caracter, suppõem que 
se trate de uma divergencia radicale decisiva. Mas 
é justamente o que não se dá. Garrod não foi 
feliz comparando as feições do foramen nasal do 
craneo de Furnarius com a estructura correspon- 
dente, mas muito differente, de Larus. Tal diver- 
sidade já foi mencionada por Peddard (p. 144) e 
com muito mais precisão o disse Fiibringer 4 pag. 
1419: «Não ligo valor algum à diversidade da con- 
formação das narinas; a configuração que se nota 
nas Furnariinas pode muito. bem ser considerada 
como uma differenciação secundaria da forma holo- 
rhina dos outros passaros trachecphones». Deixando 
para mais tarde a discussão mais detalhada deste 
assumpto, menciono apenas que já o proprio Ridgway 
distingue (pg. 225) especies schizorhinas nas proprias 
Dendrocolaptidas. De facto tal differerça consiste 
apenas em attingir a margem posterior du fora- 


mi 


men o apice do intermaxillar ou um pouco alem 
(schizorhino’ ou se tal não se dá (holorh:no). E”, 
entretanto, questão de muito pouca monta si o 
comprimento do foramen méde 1 ou 2 mm. mais 
ou menos. 

E não tem muito maisr importancia o segundo 
argumento capital em que se baseia Ridgway: o 
comprimento do dedo externo; igualando elle a ex- 
tensão do dedo medio isto indicaria o parentesco 
com as Dendrocolaptidas, e, em sendo elle mais 
curto, o passaro pertenceria ds Furnaridas. Um 
milimetro a mais ou a menos no comprimento do 
dedo do pê decidiria da posição do passaro nesta ou 
naquella familia. Estã claro que não podemos ac- 
celtar caracter de tão pouca valia como base para 
o estabelecimento de familias. Nos generos Marga- 
rorms e Pygarhicus a differença no comprimento 
dos dous dedos externos é minima, e, não obstante, 
Ridgway os colloca entre as Furnariidas. 

A orientação de Sclater é sem duvida muito 
mais louvavel, pois que nos seus demais caracteres 
os dous generos em questão mostram toda afinidade 
com as Dendrocolaptidas. Todos os representantes 
dessa subfamilia tem unia tal conformação da cauda 
que é evidente o seu emprego como orgão que au- 
xilia o passaro a trepar nas arvores, sendo que as 
pennas tem haste muito reforçada e rija, com ponta 
saliente. Representa isto una evidente adaptação, 
à qual devemos dar mais valor do que ao eventual 
comprimento um pouco maior ou menor do dedo 
externo. Ao meu vêr as Dendrocolaptinas devem ccn- 
tinuar a constituir a subfamilia como a definiu Sclater, 
bastando accrescentar que o comprimento do dedo 
externo é egual ou quasi egual ac do dedo medio. 

Resumindo essa nossa exposição, podemos dis- 
tinguir na familia Dendrocolaptidae as seguintes 
subfamilias : 

1) Furnariinas. — Passaros dos campos aber- 
tos e das capoeiras nelles comprehendidas, que pro- 
curam o seu alimento no chão, pelo que possuem 
um tarso longo e forte. São de temperamento vivo, 


HR 


antes briguentos, e dotaics de voz forte, consis- 
tindo o seu canto em notas curtas e agudas, varias 
- vezes repetidas em escala descendente. Tanto os ca- 
racteres anatomicos como os biologicos combinam 
para o estabelecimento desta subfamilia. 


2) Synallaxinas. — Passaros da matta e dos 
capões, que procuram o seu alimentc nas arvores e 
entre a ramagem, a modo das Formicaridas e dos 
passaros canóros insectivoros. A sua voz é egual. 
mente forte e o grito é repetido. Nidificam sobre 
arbustos e arvores, construindo ninbos ou com talos, 
musgos, etc. ou com gravetos. Os ovos são brancos 
com ligeiro tom esverdeado, ou as vezes são verde 
claros ou mesmo verde-az>l escuros. 


3) Phil: dorinas. — Apenas Automolus e Sc'e- 
rurus gostam de viver no chão, onde fazem o seu 
ninho; todas as especies restantes deste grupo ha- 
bitam unicamente a matta. São passaros trepadores, 
os quaes entretanto ainda não tem as pepnas cau- 
daes engrossadas nem a respectiva ponta saliente, 
ou recurvada; comtudo pela cauda e pela confor- 
mação do pé devem ser considerados os precursores 
das Dendrocolaptinas. Nidificam nos ôcos das arvo- 
res e OS seus ovos são brancos. 


4) Dendrocolaptinas. — Passaros trepadores, 
da matta, com bico ora curto e cuneiforme, ora 
longo, recurvado; dedo externo longo, de compri- 
mento egual ou quasi egual ao dedo medio; pennas 
caudaes com haste fort», engrossada e com ponte 
saliente, às vezes recurvada. Nidificam sem exce- 
pção em arvores Ocas e põem ovos brancos. 


Furnarius assimilis (Cab. d Hcine) 


Em outubro de 1913, o sr. Garbe observou este 
«João de barro» perto da Cidade da Barra, Bahia, 
nidificando num niaho abandonado de Pseudoseisura 
cristata (Spix). Os ovos são lisos, brancos, lustrosos 
e medem 25,09 : 19,6 e 25 : 19,0 mm. 


== = 
Cranioleuea pailida (Wel) 


Em uma publicação anterior (loc. cit., vol. IV 
p. 244) communiquei medidas falsas para o ovo desta 
especie, baseando-me em Nehrkorn. Não posso ve- 
rificar a que passaro pertence o tal ovo mencionado 
por Nehrkorn, mas em todo o caso elle não é o de 
C. pallida, que não occorre no Rio Grande do 
Sul (cf. H. v. Ihering, Ibis, 1599 pg. 433); talvez 
se trate de C. ruticilla. O ovo de C. pallida mede 
20,9: 15 mm. e é de côr branca. O ninho que é 
feito de lichens ou «barba de pau» (Tillandsia wsneoi- 
des) representa uma grande massa espherica ou um 
pouco achatada, de 25 cm. de largura, com uma entra- 
da lateral. Esta não da directamente na camara dos 
ovos, mas o corredor descreve primeiro uma volta 
e as vezes cobra quasi em angulo recto. A camara 
não é forrada feição caracteristica esta, pela qual é 
facil distinguir este ninho do de Ornithzon obsolelum, 
que faz uma construcção muito semelhante, um pouco 
menor, empregando tambem o musgo ou «barba de 
pau», mas a camara é sempreacolchoada com seda 
vegetal. No jardim botanico do Museu observamos 
ha dous annos o ninho desta especie de Cranioleuca, 
- preso a 2,5 m. de altura no tronco de uma arvore; 
o mesmo achava-se abrigado entre os bulbos de va- 
rias orchideas, uma Stanhopia tigrina, e um Oncidium, 
e envolvido pela ramagem de uma Bigonia trepa- 
deira. A construcção quasi toda é feita com fibras 
de «barba de pau» ; a abertura lateral, inferior, dá 
para uma pequena camara, da qual parte um cor- 
redor tortuosos, que vae dar em cima e pela direita 
na camara dos ovos, que é larga, simples e não re- 
vestida. O tecto do ninho, como se vê pelo accu- 
mulo de excremento, parece servir de logradouro 
acs moradores. No mesmo ninho o passaro creou 
duas gerações no verão de 1912 a 13, mas nos 
mezes de Novembro 1913 a Janeiro 1914 sahiu uma 
só ninhada. A ave-mãe não se incommodava com 
as pessoas que passavam junto ao seu ninho; só 
quando lhe parecia que estavam examinando muito 


— ie = 


de perto a sua moradia, elle se subtrahia muito dis- 
cretamente ao eventual perigo. Comtudo não é pos- 
sivel dizer com segurança si a cabecinha que es- 
preitava pela antecaimara era a da femea ou talvez 
a do macho. 


Cranioleuca vulpina (Pelz ) 


O ninho foi encontrado pelo sr. Ernesto Garbe 
na cidade da Barra, Bahia, no mez de Outubro de 
i913. Este ninho estava callocado à margem de 
uma Jagoa numa arvore baixa pouco frondosa e 
formava uma bola composta de fibras vegetaes finas 
e paina. Us ovos são brancos, ligeiramente esverdea- 
dos e medem 19,5: 14,5 e 20: 15 mm. 


Synallaxis griseiventris Leiser 


O sr. Garbe observou perto da cidade da Barra, 
Bahia, em Outubro de 1913 o ninho, que é uma 
grande agglomeragao de espinhos do Cactaceo «chi- 
que-chique», Cereus setosus Giirk. Este ninho muito 
singular tem o comprimento de um metro, inclusive 
o tubo de entrada. Dos tres ovos da postura tenho 
um só, que é largo, um tanto globular, de super- 
ficie lisa, pouco lustrosa, e de côr verde clara. As 
suas dimensões são de 21,7: 18 mm. LE’ esta a 
unica especie de Synallaxis cujos ovos não são 
brancos, mas evidentemente verdes, embora de côr 
desmaiada. 


Phacellodomus ruber (Vc.ill.) 


O ninho foi observado com os precedentes em 
arvores baixas, consistindo em um volumoso amon- 
toado de ramos seccos. Os ovos são brancos, um 
pouco esverdeados e medem 23: 17; 24: 18e 25: 
{8 mm. Um ovo da Argentina de Phacellodomus 
striaticollis Lafr. et D'Orb. (ruber Burmeister nec. 
Vieill.) guardado em nossa collecção, mede 25: 19 
mm. Até agora o ninho e os ovos desta especie 


= ie 


ainda nao haviam sido observados, mas ha pouca 
differença entre esta e a especie mencionada da 
Argentina. 


Pseudoseisura cristata (Spix) 


O sr. Garbe observou numerosos ninhos em 
Outubro de 1913, perto da cidade da Barra, Bahia. 
São construidos em arbustos ou arvores rasas, às 
vezes 3-4 juntos, e neste caso só 0 mais novo é 
habitado. Nos ninhos não habitados nidificam nu- 
merosas outras aves. O ovo é branco, ligeiramente 
esverdeado e mede 26:19, 27:19 até 27,5: 21,4 
mm., sendo pois um pouco menor do queo da Ps. 
lophotes da Argentina. O casal de Pseudoseisura 
não admitte na arvore que supporta o seu ninho 
outras aves da mesma especie, tolerando, porem, os 
outros passaros. pombas, etc. que nidificam nos ni- 
nhos velhos abandonados. 


Fam. TYRANNIDAE 


Taenioptera irupero (Vicill.) 


O sr. Garbe obteve varias vezes na cidade da 
Barra, Bahia, no mez de Outubro, os ovos deste 
passaro. Elle nidifica em arvores ócas, em ninhos 
velhos de Pseudosersura e em cupins, sem preparar 
ninhos ou fórro algum. Os ovos são de côr branco- 
amarellada com ou sem salpicos; o polo rombo é 
bem marcado, ao passo que o outro é pontagudo. 
Por este motivo e pela differença do colorido du- 
vido que o ovo figurado por Oates e Reid Pl. 11, 
fig. 15 pertença a esta especie. Os ovos de Taen. 
irupero são só parcamente salpicados no polo rombo. 
Os nossos exemplares medem 2% por 17 e 24 por 
16,9 mm. e combinam com a descripçäo de Nehr- 
horn, bem como com os ovos provenientes da Ar- 
gentina. 


= Agi = 
Fluvicola albiventer (Spix) 
(Est. VIII, fig. 6) 


Os nossos ovos da Argentina medem 19 por 
13,9 até 20,3 por 11,2 mm.;os de Santa Catharina 
20 por 14,4 mm. Os salpicos do polo rombo são: 
pouco numerosos e as vezes quasi que faltam. 


Fluvicola pica (Bodd.) 


O nosso ninho proveniente da Venezuela foi des- 
cripto no vol. V, 1902, pg. 294 desta Revista. (is 
ovos medem 20 por 14-15 mm., são brancos, dous 
tem salpicos pardos pouco numerosos no polo rombe; 
o outro exemplar é uniformemente branco. 


Fluvicola climazura (Vrill.) 
(Est. IX, fig. 1, ninho) 


O ninho que o sr. E. Garbe nos trouxe da ci- 
dade da Barra, Bahia, Outubro de 1913 é uma 
bolsa que estava na margem do banhado, suspenso: 
na ponta de uma arvore baixa e mede 34 cm. de 
comprimento e 16 cm. de largura. E' uma con- 
strucção pouco artistica, feita de raminhos seccos, 
folhas de macega e talos de gramineas que no 
meio incluem numerosos flocos de algodão. A en- 
trada, bastante larga, prolonga-se no pedunculo de 
suspensão e não ha alpendre. A camara central é 
forrada com pennas, os ovos são largos no polo 
rombo, pontagudos no outro, lisos, um pouco lus- 
trosos, com pontos e salpicos pardos no polo rombo, 
às vezes pouco numerosos e faltando às vezes com- 
pletamente em um dos lados. As medidas dos ovos 
variam de 18 por 14,6; 19 por 14; 2° por 14,6 mm. 


Todirostrum cinereum (L.) 


O ninho bem conservado que o sr. E. Garbe- 
obteve na cidade da Barra, Bahia, em Outubro: de 
1913, é uma bolsa sespensa na ponta de um arbusto 


— 440 — 


de espinhos da catinga. O comprimento do ninho é 
de 42 cm. inclusive o longo apendice caudal; a sua 
largura importa em 8 cm. As paredes grossas do 
ninho consistem em fibras e talos de gramineas, 
entrelaçando numerosos flocos de algodão. O enfeite 
exterior consiste em folhas seccas. Os ovos são 
brancos, de forma estreita com o polo anterior acu- 
minado, pouco lustrosos e medem de 19 por {1 até 
[7,9 por 12 mm. 


Cyanotis rubrigaster (Vicill.) 


Os ovos que tenho de Iguape medem 16,5 por 
12 e 17 por 15 mm. e correspondem à descripção 
dada nesta Revista, Vol. IV, p. 230. 


Hemitriccus diops (Temm.) 


Recebi do sr. Arnold W. Bertoni um ninho 
do Paraguay, que é uma bolsa suspensa, de 20 cm. 
de comprimento por 9,5 cm. de largura, feito de barba 
de pão e musgo é enfeitada na superficie com fo- 
lhas de fetos e musgo. A entrada, que pela parte 
superior tem um alpendre, mede 42 mm. de dia- 


metro. 
Myiobius barbatus mastaealis (Wicd) 
(Est. VIII, fig. 9, ovo e Est. IX, fig. 3, ninho) 


O sr. E. Garbe teve a sorte de obter em Theo- 
philo Ottoni, Est. de Minas Geraes, o ninho desta 
especie, que combina perfeitamente com a descripção 
de Euler, reproduzida nesta Revista, vol. IV, p. 49. 
A bolsa do ninho é em baixo coberta por outra 
mais larga, incompleta, aberta em baixo e que cobre 
a entrada do ninho. O nosso exemplar consiste em 
crina vegetal com mistura de talos, musgo e folhas 
e tem o comprimento de 50 cm., sendo o diametro 
exterior de 18 cm., o da bolsa do ninho de 8 cm. Os 
ovos que medem de 19,2 por 13,5 e 19,5 por 14 
mm. são de forma oval, com pouca differença entre 


= Hi = 


os dous polos e de campo pallido pardo-amarello, 
com uma corôa de manchinhas pardas confluentes, 
que em um ovo fica situado pouco abaixo do polo 
rombo, emquanto que no outro está perto do meio 
do ovo. Os ovos que no catalogo do British Mu- 
seum II p. 203 são mencionados como sendo desta 
especie, nada tem de ver com ella e são de Myro- 
bius fasciatus. 

E' singular que sejam tão differentes os ninhos 
e ovos de duas especies apparentemente tão alliadas 
como Mytobius barbatus e Myrobius fasciatus ou 
naevius, caso já discutido na introducção do capitulo. 


Pyrocephalus rubinus (Bcdd.) 


Os ovos da nossa colleeção correspondem à 
descripçäo e medem 16 por 13 e 17 por 12 mm. 


Onychorhynchus swainsoni (P¢/2.) 


(Est. VIII fig. 8, ovo e Est. IX, fig. 2, ninho) 


O sr. E. Garbe trouxe de Theophilo Ottom, 
Minas, um ninho com 3 ovos, que obteve em De- 
zembro de 1908. Os ovos correspondem as des- 
cripções publicadas, sendo porém o seu campo de 
côr pronunciada ruivo-parda e medem 20 por 15,5 
-16 mm. O que é novo para a sciencia é o ninho, 
que forma uma bolsa suspensa, de 28 cm. de com- 
primento e de 16 cm. de largura e cuja entrada 
de 4,9 cm. de diametro está situada bem em baixo. 
O ninho é feito de talos, barba de pão, raizes, ete. 
e enfeitado por fora com folhas seccas. 


Leptopogon amaurocephalus Cal. 


O ninho, que «ainda não era conhecido, recebi 
do sr. Arnold W. Bertoni do Paraguay, que o col- 
leccionou em Setembro de 1903. E” uma bolsa fe- 
chada, feita toda de musgo grosso, que tem o com- 
primento de 21 cm. e a largura maior de 14 em.; 
a entrada, cuja borda :nferior fica situada a 5 cm. 


== AAR 


do fundo, méde 5 cm. de diametro; a camara é 
forrada de seda vegetal. Não se conhece os ovos. 


Ornithion obsoletum (Tenn.) 


Os nossos ninhos são bolsas volumosas, suspen- 
sas ou fixadas entre as folhas de orchideas, com- 
postas de lichen, barba de pau e talos; a camara é 
forrada com paina. A entrada é simples. Os ovos 
medem 17-18: 12,8-13 mm. e são brancos com uma 
corôa pouco densa de salpicos e manchas puncti- 
formes de côr rôxa apagada. Até agora estes ovos 
eram desconhecidos. 


Myiozetetes similis (S)77) 


Os ninhos de São Paulo correspondem à des- 
cripção de Euler, mas o que o sr. E. Garbe trouxe 
da cidade da Barra, Bahia, é differente. Este ninho 
é uma bolsa larga e aberta, cuja entrada grande, de 
7 cm. de diametro, se acha no lado anterior. A pa- 
rede posterior do ninho prolonga-se para cima em 
um appendice solido de 32 cm. de comprimento e 
5 em. de diametro, que estava ligado ao redor de 
um grosso galho. A bolsa do ninho tem a largura 
de 14 cm. e a altura de 18 cm., sendo feito, como 
o appendice, de talos de gramineas, entre os quaes 
se entrelaçam massas irregulares de paina. Os 
ovos dos quaes tenho 12 exemplares são brancos 
com salpicos pardos ora numerosos ora es- 
cassos. As medidas variam entre 22:15,5 e 
23: 15 mm. sendo pois menores que os que temos 
de Iguape (25: 17). Não noto differenga entre as 
aves de S. Paulo e Bahia e por isto estranho as 
differenças apontadas entre cs ninhos e ovos pro- 
venientes dos dous Estados, parecendo-me valer a 
pena examinar o caso em series grandes. 


Myiarchus tyrannulus bahiae Lerl.e Lev. 


O snr. E. Garbe achou tres ovos chôcos numa 
arvore ôca em Joazeiro, E. da Bahia, no mez de 


= 445 


Novembro de 1913; recebi só um dos mesmos. O 
ovo differe da descripção de Oates (p. 209 PI. V 
fig. 10) pela forma mais alongada, medindo 23,0. 
16, 5 mm. 


Empidonomus varius (Vil) 


O sr. Garbe obteve em Joazeiro, Bahia, no 
mez de Novembro de 19!3 varios ninhos e postu- 
ras desta especie. Os ovos são conhecidos, o ninho 
é uma simples construcção chata, assentada entre 
os galhos divergentes de um pequeno arbusto e é 
feito de tals finos de gramineas e outras plantas, 
dispostas concentricamente. Este genero constrre, 
pois, o ninho simples, pequeno e chato, à maneira 
dos generos Myiarchus e Tyrannus. 


Fam. COTINGIDAE 


Xenopsaris albinucha (Bum.) 
(Est. VIII, fig. 10) 


O sr. Garbe observou este passaro em Joazeiro 
em 1911 e na cidade de Barra em 1913, nos me- 
zes de Outubro a Dezembro. 

Não os encontro1 fora desta epoca, em que 
era bastante commum na catinga, onde no alto dos 
arbustos espinhosos constroe os ses ninhos, uma 
simples tijela rasa de 8 cent. de diametro, feito de 
talos finos, algodão. folhes e pennas. Os ovos são 
de forma oval-conica, brancos ou brarco-amarellos 
sem lustro, com numerosas manchas pequenas e sal- 
picos de côr parda, mais numerosos no polo rombo, 
onde formam uma larga coroa que às vezes é pouco 
distincta. Os ovos medem 16,5: 12 mm. até 
[RD Simm. 

Ao meu ver Ridgway tem toda razão excluindo 
esta especie da familia das Tyrannidas, visto que o 
tarso é taxaspideo. Na face posterior do tarso dis- 
tinguem-se duas series de escudos relativamente 
grandes. As Tyrannidas tem sempre 0 tarso exas- 
pideo. 


— Jp 
Pachyrhamphus viridis (Viiil.) 


Na cidad2 da Barra, no mez de Outubro o sr. 
Garbe observon o ninho construido na ponta de ga- 
lhos. Os ovos são de côr cinzento-parda, clara, pouco 
lustrosos com o polo anterior agudo, o posterior 
pouco grosso. Manchinhas e garatujas de côr pardo - 
desbotada formam em baixo do polo rombo uma 
larga corda. bem desenvolvida e larga em alguns 
exemplares, estreita e pouco visivel em outros e 
algumas manchas se encontram às vezes ainda no 
meio do ovo. s dimensões dds ovos são 20,5: 14 
ate CU tae oy: 

O ovo que o catalogo do British Museum fi- 
gurou com este nome (PI. VI, fig. 9) é de outra 
especie. Provavelmente vem do sr. R. Krone, que 
me induziu a descrever nesta mesma Revista, Vol. 
VI, p. 233,sob o nome de «Legatus albicollis» um 
ovo de Pachyrhamphus. 

Agora deu-se um caso semelhante com o Bri- 
tish Museum. Assim todo o material de ovos com 
procedencia de Iguape deve ser posto em quaren- 
tena, até que observadores exactos e conscienciosos 
próvem a sua authenticidade. 


Pachyrhamphus rufus (bodd.) 


O sr. Garbe trouxe de Baurû um ninho, ob- 
tido em Novembro de 1900, gue consistia em uma 
grande massa de material macio, suspenso entre tres 
galhos divergentes e medindo 18: 21 cent. 

A entrada de 4,5 cent. de diametro acha-se 
collocada na parte inferior, a camara estende-se 
para o fundo. O material de que o ninho é :on- 
struido consiste em musgo, crina vegetal, paina e 
por fóra o ninho é revestido com algumas folhas 
é talos. 

O ninho continha 4 ovos que medem 21-22: 
16 mm. O campo do ovo é de côr de chocolate 
claro, mais escura do que na especie precedente e 
a corôa de manchinhas escuras no polo rombo é 


i 


larga e as manchas confluem e estendem se sobre 
grande parte do ovo, o que causa a impressão de 
um ovo mais escuro do que é em realidade em re- 
lação ao seu campo. 


Chasmorhynchus nudicollis (Vcill.) 


O sr. R. Krone publicou no «Estado de S. 
Paulo» de 10 de Abril de 1903 a descripção do ni- 
nho e do ovo; segundo taes dados esse ninho tem 
a forma de uma tijela rasa, que no seu feitio lembra 
os ninhos dos pombos, tendo o diametro de 16 cent. 
O ovo é de forma mais ou menos oval e mede 
38: 29 mm., sendo a sua cor parda vermelhada, e 
tem no polo rombo uma corôa formada por manchas 
de côr pardo-escura. 


Fam. MIMIDAE 


Mimus saturninus arenaceus Cli. 


Segundo as observações do sr. Garbe feitas em 
Joazeiro, Bahia, em Novembro de 1913, este pas- 
saro põe os seus ovos ora om ninhos que constroe 
em arbustos, ora em ninhos velhos de Pseudoseisu- 
ra cristata. Os ovos são lustrosos, de forma alon- 
gada ou subglobular, com salpicos menores ou maio- 
res, às vezes com uma corda de manchinhas con- 
fluentes no polo rombo. As dimensões communs 
são de 28:21mm., mas ha tambem de 29:20,5 e ou- 
tros que medem 21 :21 e 25,5 :21mm. 


Fam. SYLVIIDAE 
Polioptila leucogastra (Wid) 
(Est. VIII, fig. 12) 


O sr. Garbe trouxe ninhos e ovos da Cidade 
da Barra, Bahia, obtidos em Outubro de 1913. O 


ninho é uma simples tigela chata, feita de talos de 
gramineas e outras plantas, dispostas concentri- 


AIDES 
camente; por fora a construcção é ornada de al- 
cumas folhas. (is ovos são brancos, ligeiramente 
esverdeados com salpicos e manchinhas pardas, que 
formam uma corda no polo rombo; as suas dimen- 
sões são de 16:12 12,7 mm. 


Fam. TANAGRIDAE 


Cypsnagra hirundinacea (Less.) 
(Est. VIII, fig. 11) 


O sr. Garbe obteve um ninho com 3 ovos em 
Novembro de 1904, em Itapura, E. de S. Paulo. 
O ninho estava collocado entre tres galhos diver- 
gentes e fixado por teias de aranha e o3 respecti- 
vos saccos de ovos. O ninho é construido de talos 
finos de raizes e forrado de seda vegetal. O re- 
vestimento externo consiste em teias de aranha, 
pappus de compositas e pennas de aves. A abertu- 
ra da tigela tem um diametro exterior de Sômm. e 
o interior de 52 mm. e a sua altura é de 70 mm. 
Os ovos são de forma oval, pouco lustrosos, de côr 
pallido-azul com manchinhas e salpicos pretos no 
polo rombo, onde formam uma corda. Alguns sal- 
picos encontram-se tambem no resto do ovo. Às 
dimensões variam de 22 : 16,9 a 225: 16 «e 25 
17 mm. 


Fam FRINCGIELIDRE 
Myospiza aurifrons (Spix) 


O ninho que o sr. E. Garbe trouxe do Rio 
Juruá, Amazonas, é uma tigela profunda, construida 
de talos e raizes, cujo diametro exterior é de 10 
cm. e em outro tanto importa a sua altura. Os 
ovos são um pouco lustrosos, brancos e medem 
19,5-20 : 15 mn. Os ovos da Argentina que no 
Catalogo do British Museum são descriptos sob o 


— = 


nome ae peruana bp. nao pertencem a esta espe- 
cie, mas a uma outra, M. manimbe Licht.. Nosso 
Museu possue M. aurifrons do Rio Juruá mas 
do resto do Brazil desde o Rio Grande do Sul até 
Matto Grosso e Maranhão só temos M. manimbe. 
A culpa da classificação falsa do British Museum 
cabe à respectiva Handlist, cujas indicações de loca- 
lidades são demasiado superficiaes. 

O genero Myospiza encerra apenas duas espe- 
cies, ambas da America meridional e será mais ra- 
zoavel considerar M. aurifrons como  subspecie 
amazonica de M. manimbe. Os ovos de Myospiza 
são brancos, os de Ammodromus genero da America 
do Norte, são salpicados. O Catalogo de A. Nehr- 
korn descreveu por engano um ovo de Ammodro- 
mus como sendo o de Myospiza e proveniente do 
Brazil. 


Coryphospingus pileatus (lcd) 


O sr. E. Garbe achou em Joazeiro, E. da Ba- 
hia, o ninho que se achava collocado em um ar 
busto e continha dous ovos. Estes são de forma 
oval com pouca differença entre os polos, pouco 
lustrosos e de côr pallido-azul, medindo 19 : 14, 8 
e 19,5 : 15 mm. Dous ovos que a nossa collecção 
possue da Venezuela medem 19 : 15e 20 : 16mm. 
e são brancos, mas é possivel que tenham perdido 
a cor azulada. Até agora não era conhecido o ovo 
desta especie. 


Cory phospingus cristatus (Gm. 


Scbre os ovos desta especie divergem as opi- 
niões. Burmeister, Euler e Allen dizem que o ovo 
é branco-azulado com numerosos salpicos pardos, e 
Nehrkorn descreve-o como sendo branco e medindo 
18 : 14 mm. A differença das medidas de Allen 
(21-22 : 16 mm.) é muito grande e talvez o ovo 
mencionado por Nehrkorn seja o de G. pileatus. 


= MS — 
Paroaria dominicana (L.) 


O ninho que o sr. Garbe observou em Cidade da 
Barra, Bahia, no mez de Outubro, costuma ser con- 
struide em arbustos de espinhos, bem escondido en- 
tre as suas folhas. Os ovos, que se encontram em 
numero de 2-3 em cada ninho, medem em geral 
24 : 16 mm.; 'vanando de: 21: 16 jaté 24 90d 
mm. O campo do ovo é branco-esverdeado, lus- 
troso e por toda a parte densamente coberto de 
salpicos pardos, que no polo rombo formam às ve- 
zes uma corôa pouco distincta. 


Neus Betvdee zur Qmithologie Brasilins 


(Mice ar. TEL: VEL. 1 


A—Die ornithologischen Sammlung- 
en des Museu Paulista 


Der Staat São Paulo ist in bezug auf seine 
Vogelwelt der best kekannte Brasiliens. Nicht nur, 
dass wir im Wesentiichen die im ‘Territorium des 
Staates lebenden Vügel so ziemlich alle kennen, sind 
wir auch schon recht weit in der Erkenntnis 
von deren biologischen Gepflogenheiten und ihrer 
geographischen Verbreitung fortgeschritten. Wenn 
auch schon in älterer Zeit durch Spix, Lichtenstein, 
Burmeister und andere Fachgelehrte gute Beiträge 
zur Kenntnis unserer ornithologischen Fauna gelie- 
fert wuerden, so verdanken wir doch die erste sy- 
stematische Durchforschung des Gebietes unseres 
Staates nur dem ausgezeichneten Naturforscher Johann 
Natierer, welcher in den Jahren 1818 bis 1823 den 
Staat bereiste und nicht weniger als 477 Arten von 
Végeln in São Paulo erbeutete. Die Leser unserer 
Zeitschrift sind durch meinen Artikel in Band V 
p. 13 über Natterer's Wirksamkeit unterrichtet. Seit 
jener Zeit hat nie wieder ein anderer Reisender, 
Forscher und Sammler einen ähnlichen Erfolg auf- 
weisen kúnnen, wie Natterer ; aber der reisende 
Naturalist unseres Museums, Herr Ernst Garbe, wel- 
cher schon auf eine äusserst fruchibare Titigkeit 
im Dienste unserer Anstalt zuriickblicken kann, hat 
begriindete Aussicht, dem Beispiele seines beriihm- 


— 450 — 


ten Vorgängers würdig zu folgen. Seine Reisen 
galten nicht nur den verschiedensten Gegenden un- 
seres Staates und der Nachbarstaaten, sondern er- 
strecken sich in grüsseren Expeditionen auch zum 
Amazonas und besonders seinem Nebenflusse, dem 
Rio Juruá, ferner nach den Staaten Bahia, Espirito 
Santo und Minas Geraes. Seine letzten beiden Tou- 
ren galten der biologischen Erforschung des Rio 
São Francisco und die ornithologischen Resultate 
dieser Expeditionen, soweit sie fiir die Wissenschaft 
Neues enthalten, sollen in Folgendem mitgeteilt 
werden. 

Als ich 1893 mit der Leitung des Staatsmu- 
seums betraut wurde, fand ich als Grundstock eine 
eróssere, von einem Liebhaber zusammengebiachte 
Sammlung von ausgestopften Vügeln vor, zu deren 
Klassifikation ich sofort schritt, ein Unternehmen, 
das mir ausserordentlich erleichtert wurde durch die 
im langjährigen Studium der Ornis von Rio Grande 
do Sul gewonnenen Erfahrungen. Leider beliebte es 
dem damaligen Präparator der Anstalt, G. Konigs- 
wald, den in meinem Ausftrag entwo:fenen Kata- 
log unserer Sammlung unter dem Titel einer: Or- 
nis von São Paulo zu verdffentlichen. Jener provi- 
sorische Katalog, der keineswegs frei von Irrtii- 
mern ist, enthält die damalige Sammlung des Mu- 
seums, nicht aber diejenige von São Paulo, sodass 
zahlreiche nordbrasilianische Arten darin als hier 
heimisch aufgefiihrt sind. Ich habe friiher gegen die- 
sen Missbrauch protestiert und bedauere es, dass die 
Redaktion des “Journal fiir Ornithologie” so wenig 
Erfahrung in bezug auf die brasilianische Fauna 
besass, dass sie jenes Schriftstiick für druckreif 
erachtete. Unter diesen Umstiinden bleibt nichts 
anderes übrig, als diese erste, unbefugte und. un- 
brauchbare Bearbeitung der Saremlung unseres Mu- 
seums von der literarischen Benutzung auszuschlie- 
ssen.  Erst die vierte, vollkonmene Umarbeitung 
unseres Kataloges, die ich in Verbindung mit mei- 
nem Sohne Rudolf herausgegeben habe, gibt ein zutref- 
fendes Bild unserer Sammlung und zugleich eine 


— PO TT 


i 


gute Ubersicht über die Verbreitung der einzelnen 
Arten im Inneren von Brasilien. 

Wer sich der Mühe unterziehen will, die orni- 
thologische Literatur der letzten 5 bis 10 Jahre 
durchzusehen, wird darin ausser den grossen Pri- 
vatsammlungen der Herren von Rothschild und 
Graf Berlepsch an Museen, deren Sammlungen her- 
vorragend reich an brasilianischen Arten sind, ne- 
ben jenen der grossen Museen von London, Wien, 
Paris, Miinchen u. s. w. das Museu Paulista regel- 
missig berücksichtigt finden. Jedenfalls ist die 
Zahl derjenigen Museen, welche in bezug anf die 
brasihanische Vogelwelt dem unsrigen überlegen 
sind; keine sehr grosse. Von mehr oder minder 
1801 Arten und Unterarten (1550 species und 250 
subspecies) der brasilianischen Fauna sind 1238 in 
unserer Sarnmiung bereits vertreten und in bezug 
auf Nester und Wier brasilianischer Vogel diirfte 
unsere Sammlung wohl den ersten Rang einnehmen. 
Sie befindet sich in trefflichem Zustand der Erhal- 
tung und ist in zehn Doppelschrinken, jeder von 
34 bis 36 Schubladen untergebracht, deren mit 
Glasdeckel versehene Schubladen mit Nut und Fe- 
der schliessen. Dieser gute Verschluss in Verbin- 
dung mit regelmässiger Kontrolle und ausreichen- 
der Vergiftung hat uns in den Stand. gesetzt, uns 
gegen Motten, Käfer und andere tierische Schädlinge 
der Sammlung vollkommen sicher zu stellen; die 
einzige Schwierigkeit, mit der wir stets zu kämp- 
fen haben, ist, dem feuchtwarmen lima entspre- 
chend, der Schimmel. Regelmissige Behandiung 
der praparierten Bälge und Nachpinselung der an- 
gegriffenen Stellen mit Ather hat aber schliesslich 
zu einem recht befriedigenden Resultat geführt. In 
jeder einzelnen Schublade bewahren wir in einem 
Schächtelchen etwas Kampfer und Naphtalin und 
in einem Glasgefässe Nitrobenzin, oder Mirban Es- 
senz, das wir dem Kreosot entschieden vorzie- 
hen, welches ebenso günstig gegen Schimmel wirkt, 
wie jene Drog , aber keinen schiidl chen Einfluss 
auf die Farbe ausübt. Immerhin muss es betont 


— 452 — 


werden, dass das Vorhandensein von Flüssigkeit im 
Innern von Kasten unbequem ist und dass wir noch 
immer der Hoffnung leben, eine flüchtige Droge 
von fester Consistenz zu erlangen, welche uns im 
Kampfe gegen den Schimmel noch kraftiger unter- 
stützen soll. 

Die Vogelsammlung des Museums ist eine dop- 
pelte : zunächst diejenige, welche im oberen Stock- 
werk des Gebäudes dem Publikum ausgestellt ist, 
bezüglich deren es stets unser Bestreben ist, weni- 
cer gelungene Präparate durch bessere zu ersetzen 
und die isolierten Stiicke zu lebensfrischen Gruppen 
zu vereinigen. Diese langsame Verinderung in der 
ausgestellten Sammlung wird vom Publikum  ver- 
hältnismässig wenig bemerkt, geht aber in allen 
Sektionen stetig vor sich; zweitens die Studien- 
sammlung, welche in einem Saale des unteren Stock- 
werkes untergebracht ist, und ausser den schon 
erwähnten 10 Schränken noch 28 grosse, herme- 
tisch schliessende Kisten für die grosseren Bilge 
einnimmt. Dazu kommen, ausser der grossen Samm- 
lung von Nestern, noch 4 grosse Schränke mit 
Hiern. Die ganze Sammlung ist vollkommen durch- 
cearbeitet und dadurch von ausserordentlichem 
wissenschaftlichen Werte, dass alle in bezug auf 
-ihre Bestimmung zweifelhaften Stiicke nach Europa 
sesandt und von hervorragenden Specialisten, na- 
mentlich von den Hr. C. H. Hellmayr und Graf 
Hans Berlepsch untersucht wurden. Die besonders 
schwer zu unterschcidenden klefen Tyranniden 
wurden von Hrn. Hellmayr in Wien mit den Typen 
von Pelzeln respektive mit der Sammlung von 
Natterer verglichen. 

Natiirlich sind im Laufe der Zeit auch einige 
fiir die Wissenschaft neue Arten von uns aufge- 
funden worden, die ich im Folgenden namhaft ma- 
che und beziiglich deren ich anch auf unseren Ka- 
talog verweise. Zwei dieser neuen Arten Guraca- 
va difficilis Ib. & Ih. u. Phylloscartes paulista th. 
& lh. gebe ich im Anschluss an diese Arbeit in 
farbigen Abbildungen (Tafel. IV), wieder, im übri- 


eS 


gen auf die Beschreibungen in unserem Katalog p. 
271-272 verweisend. Diese, durch typische Arten 
in unserer Sammlung vertretenen Vogel sind im 
Vorausgehenden p. 415 aufgefiihrt. Emige von ihnen 
sind von verschiedenen Autoren in die Synonymie 
anderer Arten eingereiht, einige, von mir als Spe- 
cies angesehen, gelten nun als Subspecies und um- 
gekehrt. Im Ubrigen verweise ich in Bezug auf 
schon friiher vorgenommene Anderungen auf meine 
in Bd. VI dieser Zeitschrift p. 446 ff. gemachten 
Bemerkungen. 

Im allgemeinen kau es uns weniger auf die 
Entdeckung neuer Arten als darauf an, die Kennt- 
nis unserer Vogelwelt zu vertiefen und nament- 
lich ihre biologischen Verhältnisse, ihre Wanderun- 
gen und ihre Verbreitung zu ermitteln. Verschiede- 
ne Beiträge dieser Art wurden in den vorausge- 
henden Banden dieser Revista schon gegeben, und 
ein weiterer folgt in dieser Abhandlung. 


* 
* * 

Eine ausserordentliche Schwierigkeit bietet, 
wie überhaupt in aller systematischen Arbeit, so 
besonders auch be: den Vôügeln, die komplizierte 
Nomenklatur mit ihrer endlosen Synonymie. Dieser 
unerquickliche Zustand würde nicht bestehen, wenn 
die internationalen Nomenklaturregeln wirklich beach- 
tet wiirden. Eines der ersten Axiome dieser 
Art ist die Anwendung der lateinischen Namen 
respective auch von barbarischen Namen in latini- 
sierter Form. Trotzdem seen wir in der Litera- 
tur bis auf unsere Tage Namen wie “Colibri”, “Sui- 
riri”, “Hoazin” und andere sich erhalten; solange 
nicht etwa eine neue Regel acceptiert wird, wo- 
nach die auf “2” auslautenden Gattungsnamen in 
“is” umzuändern waren, sehen wir von der Ver- 
wendung solcher regelwidrigen Namen ab. 

Ein anderes Axiom der Nomenklaturregel ist 
die Verwertung nur solcber Schriften für die Klas- 
sifikation, deren Autoren sich des binären Systems 


SAME 


von Linné bedient haben; aber nichtsdestoweniger 
behalten viele nordamerikanische Kollegen die Na- 
men von Brisson bei. Andere Autoren lassen Na- 
men wie Spermoplilus neben Spermophila, Pipile 
neben Pepilo u. s. w. gelten, ein Vorgehen, das 
schon um deswillen aufs Entsch'edenste zu verur- 
teilen ist, weil die aus solchen Genusnamen gebil- 
deten Bezeichnungen von Famihen-oder Unterfami- 
lien-Namen sich nicht von einander unterscheiden 
lassen. 

Der betreffende ‘“‘Ratschlag” der internationa- 
len Nomenclaturregel verdient zur Regel erhoben 
zu werden, wie er ja denn auch vielfach von den 
nordamerikanischen Autoren beachtet, respective 
durchgefiihre wird. 


Die strenge Befolgurg der Priorität nicht nur 
in bezug auf Werke verschiedener Jahre, sondern 
auch in bezug auf Arten, welche in ein und dem- 
selben Werke beschrieben werden, lässt viele Ver- 
wirrung vermeiden: — Gänzlich unerlaubt ist die 
grammatikalische Korrektur der Art-und Gattungs- 
namen. So wie der Autor den Namen einer 
Gattung oder einer Art geschrieben hat, so accepti- 
ren wir ibn in der Nomenklatur, ohne uns darum- 
zu kiimmern, ob er grammatikalisch richtig ist 
oder nicht, ob er zutreffend und schôn befunden 
wird. Nicht einmal der Autor hat das Recht, den 
von ihm in die Wissenschaft eingefiihrten Namen 
nachträglich abzuändern. Natürlich richtet sich bei 
Ubertragung einer Art von einer Gattung in eine an- 
dere das Adjektiv nach dem Geschlecht des neuen 
Gattungsna vens. Nur in einem Falle sind kleine 


Anderungen an den Bezeichnungen fiir Gattung und 
Art zulässig, da namlwh, wo offenbare Druckfehler 
vorliegen. Wenn z.B. eine brasilianische dem Rei- 
senden Langsdortf gewidmete Art, langsdotfi ge- 
druckt ist, so ist die Korrektur in langsdorffi selbst- 
verstândlich. Ebensowenig kann man an der von 


Vieiilot vorgenomenen Anderung des Namens Thr10- 
thorus in Thryothorus etwas auszusetzen haben, 


M da 
weil der Autor noch in d: mselben Werke die Druck- 
fehlerberichtigung vorgenommen hat. 

Das Beste, was seit Langem iiber die schwe- 
bende Nomenklaturfrage geschrieben wurde, sind 
meines Erachtens die Darlegungen von Gregory 
Matthews in den Novitates zoologicae des Museum 
of Tring, vol. XVII 1910 p. 492 ss., worin er un- 
ter anderen die folgenden Sätze verteidigt : 

«nicht binominale Autoren sind nicht beriick 
sichtigt», 

«nomina nuda sind zurückgewiesen», 

«das Prioritätsgesetz ist streng betolgt worden». 

Eine sorgfiltige Vergleichung dieser Grundsät- 
ze mit denen, welche wir in dieser Revista und 
in unserem Kataloge der brasilianischen Vogel be- 


folgt haben, wird ohne Weiteres die Ubereinstim- 
mung unserer Ansicht dartun und es steht zu hoffen, 
dass auf diese Weise es bald zu einer Klärung der 
ornithologischen Nomenklatur kommen müge. Je- 
denfalls sind diese seit Dezennien schwebenden No- 
menklaturbestrebungen, in denen ein wichtiges Stiick 
ernster Arbeit verwirklicht ist, die Grundlage 
fiir weitere ergânzende Bestimmungen; denn nur 
auf dem Wege der Verstindigung über die zu be- 
folgenden Prinzipien, nicht aber durch Abstimmang 
und mehr oder minder rasch zasammengestellte Lis- 
ten lässt sich erwarten, dass ein Ergebnis erzielt 
werden kann, welches allseitig befriedigt. 


x 
* * 


Unsere früheren Aufzeichnurgen über die im 
Staate São Paulo lebenden Vogel wurden im Jahre 
1907 durch unseren Katalog so ergänzt, dass sich 
die Zahl der in unserem Staat angetroffenen Arten 
auf 697 erhôhte. Augenblicklich umfasst die Schau- 
sammlung des Museums 1 000 ausgestopfte Vogel und 
die Studiensammlung €587 Bilge. Wir kônnen an- 
nehmen, dass nahezu 3/4 der Vogelarten Brasiliens 
bereits in der Sammlung unseres Museums vertre- 
ten sind. Die bisher im Staate Não Paulo nachge- 


om 


wiesenen Vogelarten belaufen sich euf 689 Arten 
und 6 Unterarten, mehr oder minder also auf 700 
Arten, eine Zahl, die begreiflicherweise bei Fortset . 
zung unserer Studien noch wachsen muss. Ande- 
rerseits aber habe ich mich gezwungen gesehen, 
noch eine Anzahl von Arten, welche als im Gebie- 
te des Stasts São Paulo lebend aufgeführt wur- 
de, zu streichen, weil keine unzweideutigen Belege 
oder Bestätigungen dafür bisher aufzutreiben wa- 
ren. Jedenfalls aber ist schon die Zahl von etwa 
706 Arten auf dem verhältnismässig kleinem Ge- 
biete des Staates São Paulo eine relativ sehr gros- 
se. Auf fast doppelt so grossem Areal werden in 
Deutschland nur 450 Arten angetroffen und die 
cesamte Liste der Végel Nordamerikas übersteigt 
nicht 768 Arten. Verhältnismässig gut sind wir 
schon über die Verbreitung der angefiihrten Vogel- 
arten im Territorium unseres Staates unterrichtet 
und haoe ich den früher gemachten Ausführungen 
wenig hinzuzufiigen. In der Haptsache zerfallt in 
zoogeographischer Hinsicht der Staat Sao Paulo in 
zwei Gebiete, dasjenige der Küste und der damit 
in Zusammenhang stehenden Gebirgswaldungen und 
dasjenige des vorzugsweise von Campos eingenom- 
- menen Sertão-Bezirkes, dessen Fauna unmittelbar 
mit jener der benachbarten Staaten zusammenhingt. 
Wahrend nan aber die Fauna des Waldgebietes 
der Küste eine bestândige Verarmung an Arten 
und Individuen erleidet, erhôht sich die Zahl der 
Arten im Sertão bestândig durch Zuzug von Wes- 
ten her. Es ist eine allgemeine und auffallende 
Erscheinung, dass die Campos-fauna von Matto 
Grosso, Goyaz und Minas Geraes immer mehr 
ihren Einzug in São Paulo hält. In Einzelfällen 
ist das sogar dem Volksemofinden zum Bewusst- 
sein gekommen, so z. B. in der successiven Aus- 
breitung der als “cobra nova” bezeichneten Schlange 
Drymobius bifossatus. Als Natterer im Anfang des 
vorigen Jahrhunderts den Staat São Paulo bereiste, 
hat er nirgends den “João de barro (Lehmhans”), 
Furnarius badius Licht. angetroffen, welcher unter- 


== ag 


dessen nicot nur das Parahyba-Tal besetzt hat, son 
dern schon gelegentlich in der Nihe der Städte São 
Paulo und Campinas beobachtet worden ist. Gar 
manche andere unter den 220 von Natterer im 
Staate von São Paulo nicht gesammelten Arten, 
welche jetzt im Museu Paulista figurieren, múgen 


nach 1820 in unserem Staate aufgetreten sein. U- 
berall, wo wir den Blick iiber die Tierwelt unseres 
Staates schweifen lassen, stossen wir auf Verände- 
rung in ihrer Zusammensetzung. Der Mangel an 
Gesetzen über Jagd und Vogelschutz, die Ausbrei- 
tung der Besiedlung, die ungeheure Waldverwii- 
stung, die Vernichtung des Tierlebens durch die 
Bahnarbeiter, alles trägt dazu bei, die Tier-und 
Pilanzenwelt unseres Staates in beklagenswerter, 
trostloser Weise zu verarmen und zu verändern. 
Môchte doch unser Appel zu Gunsten der Schonung 
unserer Waldungen und unserer Tierwelt, wie er 
auch in unserem vorhergehenden Anfsatz über Vo- 
gelschutz seinen Ausdruck gefunden hat, in mass- 
gebenden Kreisen Beachtung finden! Es sind nicht 
sentimentale Lamentationen, es sind ernste volks- 
wirtschaftliche Misstände und Probleme, zu deren 
Studium und Behandlung anzuregen unser Bestre- 
ben ist. Bis zu einem gewissen Grade ist es ja 
schwierig, über die Veränderungen sich Rechen- 
schaft zu geben, welche das Eingreifen des Men- 
schen im Laufe der letzten 4 Jahrhunderte in unse- 
rer Tier-und Pflanzenwelt zustande gebracht hat ; 
denn es fehlep naturwissenschaftliche schilderungen 
aus älterer Zeit. Die einzige Quelle, die unserer 
Erkenntnis nach dieser Richtung hin fiir das sech- 
zehnte Jahrhundert zu Diensten steht, sind die Briefe 
des vercienstvollen Geistlichen Padre José An- 
chieta. Durch sie wissen wir, dass in jener Zeit 
ander Küste unseres Staates noch der “peixe boi’, 
Trichechus manatus L. (Manatus) lebte und wie 
noch heute, zu gewissen Zeiten Pinguine, Sphenis- 
cus magellanicus Forster an unserer Kiiste er- 
schienen, dass rote Ibisse, Guards, und Papageien 
aller Art gemein waren. Jetzt ist der Ibis ausge- 


— 448 = 


rottet und in der Serra do Mar trifft man hóch- 
stens noch kleine Schwärme von Periquitos, aber 
die echten Papageien, Araras, Tukane und so viele 
andere Elemente der ostbrasilianischen Kiistenfauna 
sind verschwunden. Môchten die Sympathien, wel- 
che sich der Erhaltung unserer Naturschätze ge- 
genwirtig in weiteren Kreisen zuwenden und wel- 
che auch von Seite unserer Staatsregierung durch 
die Einftihrung von Arbor-und Birds-days ihre offi- 
cielle Weihe erhalten haben, in nicht zu ferner 
Zeit sich zu denjenigen verstiindigen Massregeln 
verdichten, ohne welche wir niemals das gesteckte 
Ziel erreichen kénnen! In Deutschland, in Ungarn 
und in den Vereinigten Staaten braucht man keine 
Birds-days mehr, weil Regierung, Gemeindebehor- 
den und Polizeimassregeln den gefiederten Sängern 
der Gehülze einen weit sichereren Schutz garantie- 
ren als ihn Sympathien und Schulfeste zu leisten 
im Stande sind. 


B) — Neue Beobachtungen uber bra- 
silianische Vogelnester und 
Vogeleier 


Mit einer gewissen Vorliebe habe ich mich 
seit Langem dem biologischen Studium unserer 
Vogel gewidmet und die Ergebnisse meiner Beo- 
bechtungen im 4. und 5. Band dieser Zeitschrift 
und in einer Arbeit über die Tyranniden im 
“Auk, Jahrgang 1904 verdffentlicht. 

Heute setze ich meine Arbeit fort, will aber 
der Beschreibung neuen Materials unserer Samm- 
lung einige Betrachtungen allgemeiner Art voran- 
schicken. Bis jetzt hat man weder iiber die Ne: 
ster noch über die Hier unserer Vügel vergleichende 
Studien angestellt. Die Beobachter “beschränken sich 
eewohplich. darauf, Tatsachen und das fast aus- 
schliesslich mit Riicksicht auf die Kier zusammen- 
zutragen. Meine Aufgabe soll eine andere, verglei- 
chende sein. Ein grosser, ja vielleicht der grósste 


D. des 


Teil der südamerikanischen Vüge!l, welcher in den 
verschiedensten Museen und Privatsammlungen auf- 
gehäuft liegt, ist von Händlern aufgekaufte Waare, 
wobei eine Fülle von irrtimlichen Angaben mit in 
den Kauf genommen za werden pflegt. Nicht al- 
lein, dass de Verkäufer nicht auf der Hohe des 
wissenschaftlichen Studiums stehen, um die ihnen 
vemachten Angaben prüfen zu künnen, so bereiten 
ihnen die eigentlichen Lieferanten von Eiern auch 
Irrtiimer, deren Opfer diese hiinfig seitens der Jä- 
ger sind, welche ihnen zu einem Neste einen be- 
liebigen Vogel mitverkanfen. So kam es, dass un- 
sere ersten Arbeiten auch falsche Angaben enthal- 
ten, welche nach und nach schon berichtigt wur- 
den. Das Néimliche passierte auch dem Herrn A. 
Nehrkorn und dem Britischen Museum. Häufig 
verkaufen die Hiindler Eier von Vôgeln, die an den 
bezeichneten Ortlichkeiten gar nicht vorkommet. 
Vergleicht man die wirkliche geographische Ver- 
breitung, die Irrtiimer der Synonymie, die Maasse 
der Vügel und die ihrer Eier, so ist es môglicb, 
hinter viele falsche Angaben zu kommen. Wenn 
man z. B. das Ei einer bestimmten Art kennt und 
nun ein solches von einer anderen Art, welche 
aber grosser ist, erhiilt, so kann das Ei derselhen 
nicht Kleiner sein. Bei vielen Gattangen und selbst 
bei Familien zeichnen sich die Kier durch glei- 
chen characteristischen Bau und iiberemstimmende 
Farbe aus. Die Kenntnis von derlei Iatsachen 
kann uns bei der Bestimmung dienl ch sein. 

Die Grundiage fiir unsere ganze Klassifikation 
bildet die Gesammtheit der morphologischen Charac- 
tere, welche die Priifung der verschiedenen Arten 
uns liefert. Die biologischen Merkmale entbehren 
im Allgemeinen eines entscheidenden Wertes für 
das systematische Studium, verdienen aber dessen- 
ungeachtet die grósste Aufinerksamkeit. Die 
Schwierigkeit liegt nicht in der Zusammentragung 
von Beobachtungen und ihrer kritischen Verwer- 
tung, sondern sie beginnt erst mut der Verglei- 
chung und konsequenten pbilosophischen Durchdrin- 


— 460 — 


gung des Stoffes. Die morphologischen Charactere, 
welche uns zur Aufstellung des zoologischen Syste- 
mes dienen, entwickeln sich oft nicht gleichmiissig 
oder widersprechen sich sogar. Dann besteht die 
Aufgabe,—bleiben wir bei unserem Beispiel von den 
Vogelu—, zu entscheiden, ob die Schnabelbildung, 
die Beschaffenheit der Schwungfedern, der Steuer- 
federn, der Tarsus-Schilder, der Verwachsung der 
Zehen u. s. w. eine grüssere Beachtung verdieat 
als andere Merkmale. Es giebt zahlreiche Anpas- 
sungscharactere, welche die Lebensweise widerspie- 
geln und die sich innerhalb verschiedener natürli- 
cher Gruppen wiederholen kénnen und andere, wel- 
che auf dem Wege der Vererbung von den Vor- 
fahren der Fa-uilie von Geschlecht za Geschlecht über- 
liefert werden. Ohne Kenntniss der Phylog nie kônnen 
wir uns kein sicheres Urteil über den systematischen 
Wert der verschiedenen morphologischen Charactere 
bilden. studien in dieser Hinsicht liegen aber wenige 
vor uni fiir viele Probleme hat man die betreffen- 
den l'orschungen noch nicht einmal begonnen. 

Unter diesen Umstinden müssen wir die Auf- 
klirungen, welche uns die Biologie liefert, als 
lehrreich betrachten, sie sind zuweilen wahre Licht- 
quellen, welche das Problem beleuchien Im 
Verlauf dieser Studie werde ich Gelegenheit haben, 
diese meine Behauptung näher zu begriinden. 

Seit dem Jahre 1904, in dem ich im “Auk” 
meine Studie über die Biologie der Tyranniden ver- 
offentlichte, empfing ich verschiedene neue Nester 
und Kier, welche in mancher Hinsicht die syste- 
matische Stellung der betreffenden Vügel näher be- 
stimmen. Ich beziehe mich besonders auf die Gat- 
tungen Onychorhynchus und Myobius. _ Das 
Nest von On. swainsoni Pelz, das im Folgenden 
niher beschrieben wird, erinnert an das von Ayr- 
obius barbatus. Wer die Nester von Myiobius bar- 
batus und naevius, neben einander liegen sieht, 
kann nicht daran zweifeln, dass beide Vogel ver- 
schiedenen Gattungen angehóren. Wirklich sind die 
beiden Arten derart verschieden, dass die zwei Au- 


— 461 — 


toren, À. Ridgway und H. v. Berlepsch, welche 
im letzten Jahrzehnt über die Klassifizierung der 
Tyranniden schrieben, die Notwendigkeit der Au- 
flósung der Gattung, deren typische Art Adyzo- 
bius barbatus ist, dartun; Ridgway hat den Namen 
Myiophobus Reichenb. für die Gruppe des Myiobius 
neevius und verwandter Arten angenommen. Nach 
Ridgway (1. e p. 395) ist das Nest von Ony- 
chorhynchus mexicanus hiingend, in eine Masse 
losen Gezweiges eingeschlossen. Das weissgelbe Hi 
weist einen Kranz von dunklen Flecken auf. In 
der Fauna von Brasilien giebt es nur einen einzi- 
gen Vogel, der, was sein Nest und sein Ei anlangt, 
dem Onychorhynchus verglichen werden kann. 
das ist Myzobius barbatus. Sein Nest besteht aus 
einer, in eine zweite eingeschlossenen Tasche, wel- 
che in ihrem unteren Teil offen ist. Die Kier von 
Myiobius sind blassbraun, von einer Farbe, welche 
sonst selten in dieser Familie vorkommt, die von 
Onychorhynchus sind rótlich-braun. Die Ausbildung 
des Schnabels und der aufrichtbaren Hinterhaupts- 
federn von Onychorhynchus stellen selbstredend eine 
extreme Modifikation dar, so dass die biologischen 
Tarsachen, welche ich soeben anseinandergesetzt 
habe, von besonderen Wert für die Kenntnis der 
natirlichen Beziehungen der Gattungen sind. Die 
Trennung von Myiophobus und Myiobius wird so- 
mit sowohl durch die Biologie wie durch die mor- 
phologischen Charaktere gefordert. Eine andere 
kleine Gruppe unter sich verwandter Arten ist die 
von Myiozetetes und Pitangus, deren grosse, bedeck- 
te Nester sie charakterisieren ebenso wie auch 
die Hier, welche in ibrem Typus denen der Elai- 
neinen entsprechen. Sieht man von diesen zwei 
Gattungen ab, so setzen sich die ‘Tyranninen aus 
starken Vôgeln mit dicken Schnibelo, die am Grun- 
de mit langen Borsten versehen sind, zusammen ; 
sie alle bauen einfache flache Nester und legen dicht 
gesprenkelte Hier, deien TIlecken sich in der 
Axenrichtung auszudehnen streben. Zu den Tyran- 
ninen gehyren die Gattungen Megarhynchus, Co- 


ES Abe oe 


nopias, Myrodynastes, Sirystes, Hirundinea, My- 
iarchus, Emprdonomus, Muscivora und Tyrannus. 

Wie es scheint, sind die Platyrhynchinae, ~er- 
pophaginae, Elaineinae und andere Unterfamilien, 
welche H v. Berlepsch aufgestellt hat, gut be- 
griindet oder begrüudbar : Zweifel, die einer Nach- 
priifung wert sind, bestehen nur in Bezug auf 
die Gattung Arundinicola, deren geschlossenes Nest 
in Gestalt einer Tasche sie in die Nihe der Platy- 
rhynchinae bringt. Eine andere Fainilie, über wel- 
che uns die Biologie wertvolle Aufschlüsse giebt, 
ist die der Furnariiden und ich verweise den Le- 
ser auf die Angaben, welche in dem betreffen- 
den Abschnitte zu finden sind. 

Ich bin weit daven entfernt, die Tatsachen 
der Biologie zu überschätzen. In der Besprechung 
der Familie der Icteriden wird der J eser eigenar- 
tige Beobachtungen über die Kier des “Vira-bosta”, 
Molothrus bonarensis finden, welcher dieselben 
in die Nester anderer Vogel zu legen pflegt. Im 
Geoiete des Rio La Plata und in Rio Grande 
do Sul legt dieser Vogel ausser den gewodhnlichen 
gesprenkelten Eiern auch rein weisse. Wahrschein- 
lich legt er die ar in die geschlossenen  Ne- 
ster vor Anumbius u. - keinesfalls aber hat der Vo- 
gel in den Staaten a Paulo und Rio de Janeiro 
eine derartige Gewohnheit, In diesem Falle hat die 
Farbe des Kies innerhalb derselben Art keine be- 
sondere Bedeutung, in anderen Fiillen ist sie aber 
in der Gattung oder in der ganzen Familie kon- 
stant, 

Die gleiche Art von Molothrus ist noch durch 
einen anderen Fall der Variabilität interessant. Die 
siidbrasilianische und argentinishe Fauna hat braun- 
schwarze Weibchen, wiihrend die von Bahia (M. 
bonariensis sericeus) hellgrau-braun sind. Wir ha- 
ben da also verschiedenfarbige Weibchen und gleich- 
farbige Miinnchen in derselben Art. Kleinere bio- 
logische Unterschiede beobachtet man hin und wieder 
auch unter anderen Vertretern derselben brasiliani- 
schen Art im Norden und im Siiden. Das Nest von 


Myioseteles sinulis von Bahia ist anders als das 
von Sao Paulo und die Eier von Bahia sind klei- 
ner, was auch bei denjenigen von Tanagra sayaca 
zutrifft. 

Die Variabilitit der Arten beschränkt sich 
nicht auf die iiusseren Charactere des Vogels; sie 
offenbart sich auch in seiner inneren Organisation 
und in seiner Biologie. Aus diesem Grunde wiire 
es zu wiinschen, dass das biologische Studium der 
Vogel eine grossere Anzahl von Ireunden unter 
uns fiinde. Sieht man von dem ab, was Euler 
und ich darüber verôffentlicht haben, so bleibt we- 
nig an exactem Tatsachenmaterial übrig, was aber 
nicht der Fall wire, wenn anstatt zweier eine 
grôssere Anzahl gewissenhafter, über das weites 
Landgebiet verteilter Beobachter zur gleichen Zeit 
vearbeitet hätten. Diejenigen schliesslich, welche 
der wissenschaftlichen Erforschung des Landes wirk- 
liche Dienste leister wollen, miissen wissen. wie 
wenig, herzlich wenig bis jetzt geleistet wurde. So 
wissen wir z. B. recht wenig von den Vügeln des 
Urwaldes nnd besonders von ihrem Leben. Eine 
reiche ideale Belohnung winkt cen Freunden der 
Naturforschung, welche mit Geduld. Energie und 
Ausdauer sich dieser anziehenden Beschiifugung wid- 
men wollen. 


Fam. IBIDAE 


Harpiprion cavennensis (Gm.) 


Herr R. Krone beschreibt das Ei dieses Vogels 
im “Estado de S. Paulo” vom 10. April 1903 also: 
Das Nest wurde am Ribeira — Fluss bei Iguape im 
Monat Cktober in einer Hühe von 5 m über dem 
Erdboden zwischen den Zweigen eines Baumes na- 
mens “pão d'alho” (Knoblauchbaum) gefunden; es 
bestand aus einein einfachen Haufen, ohne besondere 
Sorgfalt zusammengetragener, trockner Zweige, ähn- 
lich dem des Reihers (Herodias egretta Gm.). Das 


Ei misst Ci: 39 min, besitzt eine wenig glatte 
Schale mit zahlreichen flachen Poren und ist von 
eintônig olivenbrauner Farpe. 


Fam. TINAMIDAE 


Crypturus adspersus vermiculatus 


(Temm.) 


Herr Garbe brachte uns von Itapura, Staat Sac 
Paulo, drei Hier, deren Masse 54: 40 mm. sind und 
die sich durch eine hell graurote Farbe auszeichnen. 


Fam. CAPRIMULGIDAE 


Hydropsalis furcifer (Vieiil.) 


Aus S. Lourenço, Rio Grande do Sul, empfing 
ich drei Gelege, welche Farbenwechsel, bald gelb- 
lich weiss mit grauen Tünen, bald gelblich mit 
einem Stich ins Rosarote, zeigen. Die Zeichnung 
besteht in zahlreichen Punkten und breiten schwar- 
zen Linien. Die Masse wechseln zwischen 28,5: 
23,3 und 29,5 : 23 mm Die obige Beschreibung 
stimmt ganz mit der von Oates im Catalog des 
British Museums gegebenen und derjenigen von 
Nehrkorn über “Macropsalis forcipata” aus Argen- 
tinien, einer Art, welche nicht in Argentinien vor- 
kommt, überein. 


Hydropsalis torquata (Gm.) 


Davon sind mir zwei Hier von Joazeiro, Staat 
Bahia, zu Händen, welche Hr. E. Garbe im Januar 
1913 dort gesammelt hat. Der Grund des Kies ist 
blass rotgelb mit dunkelbraunen Flecken dariiber 
und anderen blasseren darunter, sowie mit kurzen 
Linien und gelbbraunen Sprenkelungen. Die Masse 
sind 28 : 20 mm. Unsere Beschreibung entspricht 
genau der Nehrkorn’s. 


Macropsalis creagra (/p.) 


| Unter dem Namen Hydropsalis psalurus Bp. 
erhielt ich von Hr. Schtiiter ein Ei, das nicht mit 
dem von furcifer, iibereinstimmt, einer Art, welche 
in Sta Catharina nicht vorkommt und welche sich 
auch durch Zeichnung und Grosse von demjenigen 
der Hydropsalis torquata unterscheidet. Die Masse, 
31,9 : 21 mm., sind beträchtlicher und die Flecken 
sind zalilreicher und bilden am stumpfen Pol einen 
breiten Kranz, der den ganzen Pol einnimmt. Da 
mir nicht bekannt ist, dass von H. torquata in St. 
Catharina eine gréssere Unterart existiert, halte 
ich es fiir wahrscheinlich, dass dies das Ei von 
Macropsalis creagra ist. 


Stenopsis longirostris (27. 


Die Eier, welche Hr. E. Garbe in Joazeiro, 
Staat Bahia, im Monat Januar des Jahres 1915 
sammelte, messen 25 : 18,7 und 24 : 18 mm. Der 
Grund ist gelblich weiss, während die grossen Fle- 
cken und breiten Linien der Zeichnung braun sind. 
Dies Ei unterscheidet sich von dem des typischen 
St. longirostris Chile's und da ich gegenwirtig die 
Beziehung des Vogels von Joazeiro zu dem eben 
genannten nicht kenne, so beschrânke ich mich 
darauf, eine Beschreibung seiues Kies zu geben. 


Nannochordeiles pusillus /Gould) 
(Taf. VIII, fig. 3) 


Dieser Vogel ist in Joazeiro nicht selten, wo 
H. Garbe im Januar 1913 vier Gelege von 1 u. 2 
Hiern zwischen Kieselsteinen, deren Farbe sie auch 
besitzen, fand. Die Eier sind oval, im Grund 
weissgelb mit zahlreichen Flecken und oberflächli- 
chen und tieferen dunklen Schatten ; nur auf einem 
von den Eiern bildet die Zeichnung einen langen 
rotlich braunen Krarz nahe am Pol. Die Masse sind 


25 : 18 und 25: 19 mm., folglich ein wenig grós- 
ser als die von Nehrkorn angegebenen und klei- 
ner als diejenigen der Sammlung des British Mu- 
seums. 


Chordeiles acutipennis (DBodd.) 


Die Kier, welche Hr. Garbe von Itapura mit- 
brachte, messen 26,5 : 19; 28,5 : 20 und 30 : 20 
und zeigen auch Farbenunterschiede. Die Tatsache 
der grossen Schwankung in der Grüsse des E'es 
von 26,5 bis 30 mm. unter den Gelegen derselben 


Ortlichkeit scheint mir besonders bemerkenswert zu 
sein. 


Caprimulgus rufus (Lodd.) 


(Taf. VII, fig. 4) 


Ein Ei aus Argentinien ist weisslich, glänzend 
und misst 32 : 23 mm. Die, welche ich aus Rio 
Jrande do Sul vom Herrn Enslen in S. Lourenço 
empfing, sind auf dem Grunde blassgelb, eines mit 
mehr, das andere mit weniger Flecken und messen 
432.5: 24 mm. und 34.: 23 mm. Die von Nehr- 
korn angegebenen Masse sind dsher sehr klein. 


Caprimulgus ocellatus (Tsci.) 


Ausser den im V. Bande unserer Revista, p. 
301 beschriebenen Eiern erhielt ich noch ein wei- 
teres aus Salto Grande do Paranapanema, welches 
28 : 20,5 mm. misst. Die gesprenkelten Hier mit 
den Massen 20 : 17, welche Nehrkorn als vor die- 
ser Species herriihrent beschrieben hat, gehóren 
infolgedessen einem anderen Vogel an; ich kenne kein 
so kleines Ei von den brasilianischen Caprimulgiden. 
Es muss offenbar 27 : 20 mm. heissen und ist es 
wohl ein Ei von C. parvulus. 


Caprimulgus parvulus (Gould) 
(Taf. VIII, fig. 5) 


_ Zwei Hier aus Ypiranga, São Paulo messen 
27,9 bis 2& : 20 und sind von blass rótlich gelber 
Farbe mit Tupfen, Flecken und bräunlichen Stri- 
chen. Zwei andere aus Paraguay, welche ich dem 
Hr. Arnold W. Bertoni verdanke, messen 27,5 : 
20 und sind von hellerer, gelblich weisser | arbe 
mit blassen Flecken. 


Nyctibius griseus (Gn.) 
(Taf. VII, fig. 2) 


Ich befinde mich heute in der angenehmen 
Lage, meine friiheren Angaben (1. c vol. IV p. 
257) ergänzen und die Beobachtungen Goeldi’s 
bestätigen zu kúnnen. Hr. João Lima, der 
Präparator unseres Museums, erjagte nale beim 
Museum, in der Sumpfmiederung am 21. Oktober 
1913 ein Männchen dieser Art. das eben ein Ei 
bebriitete, wobei ihm als Nest eine kleine Vertie- 
fung in der Oberfläche eines diirren, abgebrochenen 
7 cm. dicken Baumes diente. An der Bruchstelle 
des abgestorbenen Baumes, in einer Fühe von 2 mn. 
befand sich die kleine Vertiefuny von 3,9 bis 4.0 
em. Durchmesser und 5 cm. Tiefe. Darin lag ohne 
weiteren Schutz das Ei. Es ist regelmiissig oval, 
em wenig dicker in der Mitte, von weissgrauer 
Farbe mit kleinen, braunen und anderen stark vio- 
letten Fiecken, welche an einem der Pole eine nur 
schwach sichthare Krone bilden. Die Masse des 
Kies sind 40,5 : 30 mm. Von den zwei Hiern, wel- 
che man bis jetzt kennt, befinde: sich das eine im 
Britischen Museum, das zweite im Museu Paulista, 


Fam. CUCULIDAE 
Tapera naevia (L) 


Das Ei dieser Art wurde auf Seite 393 dieses 
Bandes beschrieben. 


Fam. TROGONIDAE 
Trogon viridis (L.) 


Von Herrn W. Ehrhardt erhielten wir von 
der Kolonie Hansa in Staate Sta. Catharina das 
Nest, welches in einem, an einem Baumstamm be- 
festigten Neste verborgen war. Die drei Kier sind 
weiss, schwach glänzend mit einigen blassgelben. 
Flacken und messen 34—34,5 : 25 mm. 


Trogon surucura (Vi) 


Herr Chr. Enslen in S. Lourenço, Rio Grande 
do Sul, schrieb mir, dass das Nest in der schwam- 
migen Masse einer Epiphyte sich befindet. Der 
Vogel beschränkt sich darauf, die betreffende Zusam- 
menhiufung von Wurzeln auszuhéhlen und sein 
Nest ist fertig. Die in diesem Neste angetroffenen 
Hier;, messem 2759), 1/2545. 026 15.25 und 2a eee 
mm ; diejenigen, welche uns Hr. Arnold W. Ber- 
toni von Alto Parana, Paraguay schickte, sind ein 
wenig grôsser und messen 29-30 : 23 mm. 


Fam. FORMICARIIDAE 


Batara cinerea (Vicill.) 
Uber Nest und Ei dieser Art sagt R. Krone 
im “Estado de São Paulo”, dass das Nest nicht an 
Zweigen aufgehangt wird, wie das von Thamno- 
philus, sondern auf einer festen Unterlage errichtet 
ist. Es ist eine ziemlich grosse Schale, die ohne 
Sorgfalt aus Zweigen, Baumflechten und Blättern 
in fast undurchdringlichem Gewirre von Schling- 
pflanzen 2 bis3m. über dem Boden, gut verborgen 
hergerichtet wird. Das Gelege besteht aus 3 Eiern 
von regelmissiger Form und 35-36,5 : 25-26 mm. 
Grôsse. Die Färbung dieser Hier ist schmutzig 
welss und man bemerkt nahe am stumpfen Pol ei- 
nen Kranz von dunklen Flecken sowie von kleinen 

schwarzen, beinahe violetten Fleckchen. 


Fam. DENDROCOLAPTIDAE 


Im Ganzen muss diese Familie ebenso als eine 
wohlbegrenzte gelten, wie ihre Unterabteilung durch 
Sclater als eine gelungene zu bezeichnen ist. 
Die Art, wie gleichwohl die Ansichten der Autoren 
in vielen Punkten divergieren, liisst es ratsam er- 
scheinen, die biologische Gliederung der Familie zu 
rate zu ziehen. 

Nach ihrer Lebensweise zerfallen die Gattung- 
en der Dendrocolaptiden in drei grosse Gruppen: 
eine, welche an den Aufenthalt im Camp gebunden 
ist, eine von Vügeln der Waldungen und Gebii- 
sche, welche da nach Art der Forimicariiden lebt 
und eine, welche, den Spechten gleich, an Bäumen 
klettert und trommelt. Diese verschiedenen Gruppen 
von Gattungen sind auch in ihrer Nistweise charac- 
teristisch verschieden. Die Furnariinen, welche 
zumeist die freien Ebenen und Flussnicderungen be- 
wohnen, nisten in der Erde oder bauen Nester aus 
Erde, wie der Tóptervogel (Furnarius). Burmeister 
fand ein Nest vou Upucerthia luscinia Burn. un- 
ter dem Dache eines Hauses, wohl ein ausserge- 
wohnliches Vorkommen, da die übrigen Upucerthia- 
Arten in den Uferbéschungen ihre urterirdischen 
Nester anlegen. Sie bauen ebenso, wie Geobates 
einen langen Kanal in die Boschung, der sich am 
Ende zu der mit trockenen Grashalmen oder Laub 
ausgepolsterten Brutkammer erweitert. Wahrschein- 
lich verhalten sich die anderen Gattungen der 
Furnariinen ebenso, sicher wissen wir das von Loch- 
meas. Nur Æurnarius baut freistehende Nester, 
aber sie sind aus Lehm gebaut, sodass der Bau- 
plan der Familie eingehalten wird. Die Hier sind 
stets weiss. | 

Ganz anders verhalten sich die Synallaxinen. 
Ihre Nester sind stets auf Bitumen oder im Ge- 
strüpp der Büsche errichtet und zwar bald aus wei- 
chem Pflanzenmaterial, bald aus diirren Astchen 
oder Dornen gebaut. Sehr oft werden leere Schne- 
ckenschalen, Haare von Siugetieren, Epidermisfe- 


— 470 — 


izen von Schlangen und Eidechsen als Zierrat 
eingeflochien ; die Brutkammer ist mit weichen, oft 
zerkleinerten Blittern gefiittert. Bei den Vertretern 
von Synallaxis sind die Nester aus Holz gebaut. 


d. h. aus dürren Astchen, wihrend die Siptornis- 
Arten fast immer Grashalme, Moos und weiches 
Pflanzemmaterial ieniitzen. Von hohen Interesse 
ist nun die Art, wie die schon mehr als kopfgros- 
sen Banten von Synallaxis sich bei den Gattungen 
Anumbius und Pseudoseisura zu Riesennestern 


ausgestalten, ohne dabei in ihrer Bauart Anderung 
zu erleiden. Bei den Gattungen Phacelodomus 
und Zripophaga liegt der Eingang zum Nest seit- 
lich und ist zu einer Vorkammer erweitert. In 
der Regel ist die versteckte zentrale Kammer der 
Brutraum, aber bisweilen dient auch die Vorkam- 
mer fiir diesen Zweck wie Aplin und Venturi 
angeben. So schliessen sich einerseits Phacello- 
domus und Tripophaga eng aneinander, anderer- 
seits geht von Synallaxis za Anumbius und Pseu- 
doseisura eine so ununterbrochene Enwicklungslinie, 
dass die Trennung von Synallaszæis und Anumbius 
etc. gewiss nicht den natiirlichen Verwandtschafts- 
bedingungen entspricht. Die Kier sind in der 
Synallaxis-Gruppe weisslich mit grünlichem Tone, 
zuweilen blassgriin oder selbst wie bei Phloeocrcyptes 
und Limnornis tiefblau oder blaugriin. 

Am gleichférmigsten legen die Verhältnisse 
bei den Dendrocolaptinen. Als Niststiiten dienen 
Baumhóhlen, bald mit, bald ohne Unterlage von 
einigen trockenen Blitern, Stiicken morschen Holzes 
u. s. w.; die Kier sind weiss. So ist es bei allen 
Gattungen, wehche Sclater zur Unterfamilie der 
Dendrocolaptinen stellte. Schwierigkeiten entstehen 
nun einerseits dadurch, das man verschiedene Gat- 
tungen später zu den Philydorinen gebracht hat 
und andererseits dadurch, dass bei letzterer Unter- 
familie zum Teil die gleiche Nistweise besteht. Wir 
haben daher die Rumpelkammer der Philydormer 
hell zu beleuchten. 

Zunächst treffen wir in dieser Unterfamilie 


= PE 


Gattungen, welche in ihrer Lebensweise sich nicht 
von den Dendrocolaptinen - unterscheiden.  Dahin 
gvehoren folgende Genera, welche an Biiumen des 
Waldes klettern und in ihren Hôühlungen nisten : 
Pseudocolaptes, Xenops, Nenicopsis und ihnen 
werden sich héchst wahrscheinlich Helcobletus, 
Philydor und Verwandte anschliessen. Dann 
kommt die an Synailaxis anschliessende Gruppe 
von Erbauern grosser geschlossener Nester, welche 


aus dürren Astchen errichtet werden: Coryphoste- 
ra, Anuinbius, Pseudosesura, Linnornis, Phacel- 
lodomus, Tripophaga. Uber die einzige noch 
restierende Gattung Automolus sind wir durch 
Euler's Beobachtungen an A. leucophthalmus 
(Wied) unterrichtet; ihr Nest ist unterirdisch 
angebracht. 

Es fallt uns hier zunächst auf, dass unter den 
auf und in Bäumen nistenden Végeln einer erscheint, 
welcher in Uferbüschungen sein Nest in einer 
Erdgalerie unterirdisch anlegt. Wir haben es aber 
hier nicht mit einem aussergewohnlichen Ausnahmefall 
zu tun, sondern mit emer Erscheinung, die auch in 
anderen Unterfamilien und Gattungsgruppen sich 
wiederholt. Besonders instruktiv ist in dieser Hin- 
sicht die Gattung Leptasthenura unter den Synal- 
laxinen. L. aegithaloides baut aus Gras, Wolle 
u. s. w. ein grosses Nest, bald in Gestriippe, bald 
in Baumhohlen. Venture beobachtete das Nest von 
L. fuliginiceps paranensis Scl., welches in einer 
Lehmwand so in einer Hohlung eingebaut war, 
dass die diirren Zweige, aus denen es zusammen- 
gesetzt war, zum teil ausserhalb der Büschung 
standen. So wird es begreiflich, wie aus einem freien 
in einem beliebigen Hoblraum angebrachten Nest ein 
in der Erde verborgenes hervorgehen kann. Ausser den 
simtlichen Furnariinen und dea eben besprochenen 
Fillen gibt es noch eine weitere Gattung, deren 
Arten ihr Nest in der Erde anlegen, Sclerwius 
nimlich. Dieser auf dem Boden des Waldes lebende 
Vogel ist meines Erachtens nichts als eine aberrante 
Dendrocolaptine. Darauf weisen die verdickten, am 


= AB 


Ende vorstehenden Schifte der Schwanzfedern hin. 
Der Kletterschwanz diente dem Vogel als wertvolles 
Organ, solang er an Bäumen auf und absteigend 
nach Art der Spechte lebte, verlor aber alle Be- 
deutung als die Anpassung an das Leben auf dem 
Boden erfolgte. Die Sclerurus-Arten suchen ihre 
Nahrung am Boden, wo sie nach Art des Grall- 
arunae und von Lochmias abgefallene Zweige 
und Blatter mit dem Schnabel umdrehen, auf der 
Suche nach Insekten. Sehen wir uns auf Grund der 
vorausgehenden  Krürterungen das System der 
Dendrocolaptiden an, so haben wir an jenem von 
Sclater wesentlich nur die Einbeziehung der Anum- 
bius-Gruppe zu den Philydorinen auszusetzem. Ob 
die Vereiniguag von Æurnarius und Lochmias in 
eine Unzerfamilie natiirlichen Beziehungen entspricht 
oder ob die Anpassung an das Leben im Camp 
mehrmals und zu verschiedenen Zeiten vor sich 
ging, das zu entscheiden, mag weiterer Forschung 
anheim gegebem werden. 

Noch mehr als Sclater setzt sich Ridgway mit 
den Erfahrungen biologischer Forschung in Wider- 
spruch. Die Trennung der Dendrocolaptiden in zwei 
Familien wird nicht durch die Ergebnisse morpholo- 
gischer Forschung erheiscnt, und die Lostrennung 
vor Margarornis und Pygarrhicus von den Den- 
drocolaptinen kann ebenso wenig gebilligt werden, 
wie die Einreihung von Xenops unter die Furna- 
riinen. Ridgway ist darin der Aregung von Garrod 
gefolgt, aber gegen diese Auffassung eben muss ich 
mich erkliren. Wenn Ridgway sagt: die Fur- 
nariiden haben die nares «schizorhin», die Dendro- 
colaptiden, «holorhin», so nimmt der Ornithologe, 
welcher nicht in der Lage ist, sich über den Wert 
anatomischer Merkmale ein eigenes Urteil zu bilden, 
an, es handle sich um durchgreifende Unterschiede. 
Das ist aber nicht der Fall. Garrod war wenig 
elúcklich, als er die etwas verlängerte Form der 
roramina nasalia des Schädels von Furnarius mit 
dem sehr differenten bei Larus verglich. Schon 
Beddard hat (p. 144) auf diese Diffe:enzen hinge- 


Et de 


wiesen und deutlicher hat Æärbringer die Sache 
abgethan, wenn er p. 1419 sagt: «auf die nasalen 
Verschiedenheiten lege ich kein Gewicht; die Con- 
figuration bei den l'urnariinae dürfte sich leicht 
als sekundire Diflerenzierung von der Holorhinie 
der anderen Tracheophonen ableiten iassen. « Indem 
ich mir vorbehalte, hierüber spiter Weiteres zu be- 
richten, bemerke ich nur noch, dass schon Redgivay 
selbst schizorhine und holorhine Arten bei den 
Dendrocolaptiden (p. 225) erwähn hat. Tatsächlich 
handelt es sich nur darum, ob das ovale foramen 
nach hinten bis zum Ende des Intermaxillare reicht, 
respektive etwas darüber hinaus (schizorhin) oder 
nicht (holorhin). Die Liinge des foramen um 1-2 
mm mehr oder weniger ist aber ein Umstand ohne 
weiteres Interesse. 

Nicht anders steht es mit dem zweiten wesent- 
lichen Argumente von Ridgway, der Linge der 
äusseren Zehe. Kommt sie der Mittelzehe an Aus- 
dehnung eleich, so haben wir es mit Migliedern der 
Dendrocolaptiden zu tun, ist sie kürzer, so handelt 
es sich um eine Furnariide. Ein Millimeter Zehen- 
lange mehr oder weniger und der Vogel wird in 
eine andere Familie gesteckt. Familien von so schwa- 
cher Begriindung kann man nicht acceptieren. Bei 
den Gattungen Margarornis und Pygarrhicus ist 
die Differenz zwischen beiden Aussenzehen eine ge- 
ringe, trotzdem bringt Redgiway sie zu den Furnarii- 
den. Das Vorgehen von Sclater verdient offenbar mehr 
Billigung, denn in ibren iibrigen Charakteren schlie- 
ssen sich beide Gattungen den Dendrocolaptinen an. 
Alle Dendrocolaptinen haben einen ausgeprigten 
Kletterschwanz mit vorstehenden Spitzen der steif 
verdickten Schafte der Steuerfedern. Das ist eine 
ausgeprigte Anpassung, die húher anzurechnen ist. 
als eine etwas gréssere oder geringere Liinge der 
Aussenzehe. Meines Erachtens sind die Dendrocolapti- 
nen als Unterfamilie im Sinne Sclaters beizubehalten 
und ist bei der Definition zu sagen, dass die äussere 
Zehe der mittleren an Liinge ganz oder nahezu 
gleichkommt. 


=i 


F'assen wir die Summe unserer Darlegungen kurz 
zusammen, so haben wir innerhalb der tamilie der 
Dendrocolaptinae folgende Unterfamilien, zn unter- 
scheiden : | 

1) Furnarunae. Vogel der offenen Ebenen 
und ihrer Buschwaldungen, welche ihre Nahrung 
am Boden suchen und daher durch langen, star- 
ken Lauf ausgezeichnet sind. Sie bauen ihre Nes- 
ter aus Lehm oder im Boden und legen weisse 
Kier. Sie sind lebbhaft, streitsiichtig und mit lauter 
Stime begabt, deren schrille kurze Téne meist oft- 
mals nacheinander und in abwärts steigender Scala 
wiederholt werden. Anatomische und biologisch? 
Charaktere vereinen sich in der Anerkennung dies- 
ser Unterfamilie. 

2) Synallaxinae. Vogel des Waldes und der 
Waldinseln des Campes, welche nach Art der For- 
micariinen und der insektenfressenden Singvégel 
auf Biumen und Biischen ihre Nathrung suchen. 
Auch sie machen sich durch eine laute Stimme be- 
merkbar und hiiufige Wiederholung ibres Rufes. 
Sie bauen auf Sträuchern und Biiumen grosse Nes- 
ter, bald aus Halmen, Moos und so weiter, bald 
aus dürren Zweigen. Die Kier sind weiss mit blass- 
orünhchem ‘Tone, bisweilen hellgriin oder selbst 
dunkelgriinbiau. 

>) Plulydorinue. Mit Ausnahme von Automo- 
lus und Sclerurus, welche Vogel gerne sich am 
Boden aufhalten und in ihm ibr Nest anlegen, sind 
die Arten dieser Gruppe an den Wald gebunden, 
Klettervogel, denen noch die starke Verdickung 
der Schiifte der Steuerfedern und ihre weit vorste- 
hende, oft eingebogene Spitz fehit, welche aber so- 
wohl im Schwanz, wie in der Fussbildung als die 
Vorläufer der Dendrocolaptinen erscheinen. Sie nis- 
ten in Baumhülen und legen weisse Hier. 

1) Dendrocolaptinae. Klettervogel des Waldes 
mit bald kurzem, meisselformigem, bald langem ge- 
kriimmten Schnabel, langer Aussenzehe, welche der 
mittleren an Linge ganz oder nahezu gleichkommt, 
und starken verdickten Schiiften der Steuerfedern 


ae A 


des Schwanzes, deren vorstehende Spitze oft einge- 
Xrümmt ist. Sie nisten ausnahinslos in hohlen biu- 
men und legen weisse Hier. 


Furnarius assimilis (Cal. Hin) 


Herr E. Garbe beobachtete im Oktober 1915 
diesen “Lehmhans” nahe bei Cidade da Barra in 
Bahia, wo er in einem verlassenen Nest der 
Pseudoseisura cristata Spix nistete. Die Hier sind 
glatt, weiss, gliinzend und messen 25, 5 : 16, 6 
und: 2908 19.5, mm. 


Cranioleuca pallida (Wied) 


Friiher habe ich nach Nehrkorn die Masse 
des Eies unrichtig angegeben (|. c. p. 244). Von 
welchem Vogel das von Nehrkorn erwähnte Ki 
stammt, ist nicht klar, keinesfalls von C. pallida, 
die in Rio Grande do Sul nicht vorkommt (cf. I. 
v. Ihering, Ibis, 1909, p. 433), wahrscheinlich von 
C. ruticilla Cab. Heine. Das Ei von CG. pallida 
misst 20, 5 : 15 mm. und ist weiss. Das Nest 
ist aus Flechten oder Bartmoos, Tillandsia usneoides, 
gebaut. Es ist eine grosse, kugelige oder etwas 
abgeflachte, 25 cm "breite Masse von weichem 
Porn Reno in welchem sich seitlich der 
Eingang befindet, welcher jedoch nicht direkt zur 
Srutkammer, sondern in sanft aufsteigendem Bogen 
oder fast im rechten Winkel zu ihr hinftihrt. Die 
Kammer ist nicht gefiittert und dadurch lisst sich 
das Nest leicht von jenem von Ormnitheon obsoleluin 
unterscheiden, welches etwas kleiner und ebenfalls 
aus Ilechten gebaut, dagegen aber innen mit 
Pflanzenseide ausgepolstert ist. Ein Nest dieser 
nue Art beobachteten wir seit zwei Jahren 

m botanischen Garten unseres Museums, wo es in 
25 m. Hohe an einem Baumstamm angebracht ist 
zwischen den Blattbasen resp. Bulben von drei 
verschiedenen, dem Stamme angewachsenen Orchi- 
deen, einer Stanhopia tigrina, einem Oneidium und 


— 476 — 


noch einer anderen, überwuchert von den Ranken 
und Bliittern einer kletternden Bigonia. Die untere, 


seitlich liegende Offnung fiihrt in eine kleine 
Kammer, aus welcher ein gewundener Gang nach 
oben und rechts in die weite, einfache, nicht gefiit- 
terre Brutkammer leitet. Das Dach des Nestes, 
reichlich mit Excrementen bedeckt, lisst es als 
beliebten Ruheplatz fiir Jung und Alt erscheinen. 
Der Vogel führte im selben Nest im Sommer 1912- 
1913 zwei Bruten aus, dann im folgenden Sommer 
nur eine, von November 1913 bis Januar 1914. 
Das briitende Weibchen liess sich durch Passanten 
nicht stóren, entfloh nur in sehr geschickt versteck- 
ter Weise, wenn man liingeren Aufenthalt vor 
seiner Behausung nahm. Ob freilich der aus der 
Vorkammer lugende Kopf jener des Weibchens 
war oder etwa der des Minnchens, lisst sich nicht 
sagen. 


Cranioleuca vulpina (Pelz.) 


Hr. Garbe fand das Nest bei Cidade da Barra, 
Bahia im Monate Oktober 1913. Es befandt sich 
am Rande eines Sees auf einem spiirlich belaubten 
Baum und bildete eine aus feinen Pflanzenfasern 
nnd Pflanzenseide zusammengesetzte Kugel. Die Hier 
sind weiss, etwas ins Griinliche schimmernd und 
messen dO 9/0 14 9 und 20 elo, 


allaxi riseiventris (/eiser 
Synall sg ent (R ) 


Hr. Garbe beobachtete bei Cidade da Barra in 
Bahia im Oktober 1913 dieses Nest, das aus einem 
Conglommerat von Dornen des Cactus “chique-chi- 
que”, Cereus setosus Gurki, besteht. Dieses einzig- 
artige Nest hat eine Grüsse von 1 m. inclusive 
der Kingangsréhre. Von den drei Hiern des Gele- 
ves besitze ich bloss ein grosses, ein wenig kugel- 
formiges mit glatter, etwas glinzender Obertliiche 
und hellgriiner Farbe. Die Masse sind 21,7 : 18 
mm. Es ist die einzige Art von Synallaxis, deren 


Kier nicht weiss sind, sondern hellgriin, wenn 
zuweilen auch etwas verwaschen. 


Phacellodomus ruber (Vicill.) 


Das Nest becbachtete man mit dem voraus- 
gehenden auf niederen Bäumen: es besteht aus 
einem grossen Haufen von trockenen Zweigen. Die 
Kier sind weiss, ein wenig ins Griine spielend und 
messem).2o,: 19%), 24%: 18 und 29,: 18 mm. Fin 
Ki aus Argentinien von der Phacellodoinus striati- 
collis Lafr. et @Orb. (ruber Burmeister nec Vieill.) 
befindet sich in unserer Sammlung und misst 25 
19 mm. Bis heute wurden Nest und Eier dieser 
Art noch nicht beobachtet, aber es besteht wenig 
Unterschied mit der erwiihnten argentinischen Art. 


Pseudoseisura cristata (Spir) 


Hr. Garbe fand zahlreiche Nester im Oktober 
1913 bei Cidade da Barra in Bahia. Sie befinden 
sich an Sträuchern oder kahlen Biumen, bhisweiler 
3 bis 4 beisammen, wovon in diesem alle nur 
das jiingste bewohnt ist. In den nicht beniitzten 
Nestern pflegen verschiedene andere Végel zu nis- 
ten. Das Ei ist weiss, etwas griinlich und misst 
Clee DO ep 1 Qebist2 iso: ay 2 Arm es: iste also 
ein wenig kleiner als das von Ps. lophotes aus 
Argentinien. Das Pseudoseisura-Pirchen duldet 
auf dem Baume, wo es nistet, keine anderen Vogel 
derselben Art, wiihrend es sich mit den übrigen 
Voegeln wie Tauben u. s. w,, welche in seinen al- 
ten, verlassenen Nestern nistep, ganz gut vertrigt. 


Fam. TYRANNIDAE 


Taenioptera irupero (Vicill.) 


Hr. Garbe sammelte verschiedene Male bei 
Cidade da Barra im Monat Oktober die Hier dieses 
Vogels. Er nistet auf kahlen Béiumen, in alten 
Nestern der Pseudoseisara und in Ameisenhaufen, 


Me ds 


ohne sich ein Nest zu bauen und ohne jede Aus- 
fiitterung. Die Hier sind weiss-gelblich mit und 
ohne Flecken; der stumpfe Pol ist kräftig mar- 
ktert, wibrend der andere zugespitzt ist: Aus die- 
sem Grunde und wegen des Unterschiedes in der 
Firbung zweitle ich, dass das bei Oates und Reid 
abgebildote Ei, Tafel Ill, Fig. 15, dieser Art zu- 
gehort. Die Kier von Taenioptera irupero Vieill. 
sind nur spiirlich am stumpfen Pol gesprenkelt. 
Unsere Exemplare messen 23 : 17 und 24 : 16,5 
mm. und stimmen zur Beschreibung von Nehrkorn 
ebenso wie zu den Hiern aus Argentinien. 


Fluvicola pica (Dodd.) 


Das aus Venezuela starmmende Nest unserer 
Sammlung wurde in dieser Zeitschrift Bd. V. 1902 
p. 294 beschrieben. Von den Hiern, deren Masse 
20 : 14 - 45 mm. betragen und welche weiss sind, 
haben zwei vereinzelte, braune Spritzer am stumpfen 
Pole, das andere ist einfórm'g fleckenlos. 


Fluvicola albiventer (Spiz) 
(Taf. VIII, fig. 6) 


Unsere Eier von dieser Art stammen aus Ve- 
nezuela und warden im V. Band, 1902 pag. 294 
dieser Zeitschrift beschrieben. Sie messen 20 : 14 
mm, sind weiss; zwei haben einige wenige, 
braune Flecken am stumpfen Pol, ein drittes Ex- 
emplar ist ganz weiss. 


Fluvicola climazura (Vicill.) 
(Taf. IX, fig. 1, Nest) 


Das Nest, welches Hr. Garbe in Cidade da 
Barra, Bahia, im Oktober 1913 sammelte, besteht 
in einen Sacke, der am Rande eines Sumpfes an 
der Spitze eines niedrigen Baumes aufgehängt war 
und misst 34 cm in der Linge und 16 cm in der 
Breite. Es ist ein wenig kanstvoller Bau aus 


a ea 


trockenen Zweigen, Blittern von Unkraut und 
Grasstengeln, welcher in der Mitte von zahlreichen 
Baumwollbiischeln ausgepolstert ist. Der ziemlich 
breite, weite Eingang verliingert sich bis in den 
Stil, woran das Nest aufgehiingt ist und hat kein 
besonderes Vordach. Die Zentralkammer ist mit 
Federn ausgefiittert, die Hier sind an enem Pol 
stumpf und breit, am anderen zugespitzt glatt, ein 
wenig glinzend mit braunen Punkten und Flecken, 
hin und wieder mit nur wenigen, während sie 
zuweilen vollig fehlen. Die Masse der Hier 
schwanken zwischen 18 : 14,6 - 19 : 14 und 20 : 
146 mm. 


Todirostrum cinereum (L.) 


Das gut erhaltene Nest dieser Art sammelte Il. 
Garbe in Bahia bei Cidade da Barra im Oktober 191%. 
Der Sack befand sich an der Spitze des Katinga-Baumes. 
Die Liinge des Vogelnestes beträgt 42 cm, ein- 
schliesslich des langen, schwanzfórmigen Anhanges. 
Seine Breite betrigt 8 em. Wie dicken Wände des 
Nestes bestehen aus Fasern und Grasstengeln, in die 
viele Baumwollbüschel verwebt sind. Der äussere 
Schmuck bestehet aus trockenen Blättern. Die Bier 
sind weiss, von gedrungener Form mit spitzem, 
vorderen Pol, wenig glinzend und messen 15 : 1! 
Bice poss tl cosine: 


Cyanotis rubrigaster (Vicill.) 


Die Hier, welche wir aus Iguape erhalten haben, 
messen 16,5 : 12 und 17:13 mm und entsprechen 
der Beschreibung in dieser Zeitschrift, Bd. IV p. 230. 


Hemitriccus diops (7emm.) 


Ich empfing von Hrn. Arnold W. Bertoni ein 
Nest aus Paraguay. Es ist eine aufgehingte Tasche 
von 20 cm. Länge und 9,5 cm Breite, gänzlich 


ere 480 == 


aus Baumbart und Moos gefertigt und an der Aus- 
senseite mit den Blittern von Farnen nnd Moos ver- 
ziert. Der Zugang, der in seinem oberen Teil von 
einem Vordach überragt wird, misst 42 mm im 
Durchmesser. 


Myiobius barbatus mastaealis (Wicd) 
(Taf. VIII fig. 9, Ei u. Taf. IX fig. 3, Nest) 


Hr. E. Garbe hatte das Gliick bei Theophilo 
Ottoni, im Staate Minas Geraes das Nest dieser Ari 
zu finden. Es entspricht vollkommen der Beschrei- 
bung von Euler, die im Band IV. p. 49 dieser Zeit- 
schrift abgedruckt wurde. Das eigentliche Nest 
ist unten von einem anderen liingeren, unvollständigen, 
unten offenen Sack, der den Nesteingang verbirgt, 
bedeckt. Unser Exemplar besteht aus PHanzenhaaren 
mit Zweigen, Moos und Blättern und hat eine Linge 
von 50 cm bei einem vorderen Durchmesser von 18 
und innerem Sackdurchmesser vor 8 cm. Die Kier 
welche 19,2 : 13,5 und 19,5 : 14 mm messen, sind 
oval, fast ohne Unterschied zwischen den zwei Polen 
und haben eine blasse, braun gelbe Grundfarbe mit 
einem Kranz von ineinander fliessenden, braunen Fle- 
“cken, der bei einem Ei ein wenig unter dem stum- 
pfen Pol liegt, wiihrend er bei dem anderen bei- 
nahe in der Mitte des Kies sich findet. Die Kier, 
welche im Cataloge des British Museum II, 203 als 
zu dieser Art gehorig erwäbnt sind, haben nichts 
damit zu tun, gehoren vielmehr zu Myiobvus fasciatus. 

Es ist sonderbar, wie gross der Unterschied der 
Nester und Eier von zwei offenbar so nah verwand- 
ten Arten wie Myiobius barbatus und Myiobius fas- 
ciatus oder naevius ist, ein Fall, den wir schon in 
der Einleitung des Kapitels erótert haben. 


Pyrocephalus rubinus (Bodd.) 


Die Eier unserer Sammlung entsprechen der 
Beschreibung und messen 16:13 und 17: 12. 


— 481 — 


Onychorhynchus swainsoni (Pelz.) 


(Taf. VIII fig. 8, Ei u. Taf. IX, fig. 2, Nest) 


Hr. Garbe brachte aus Theophilo Ottoni in 
Minas ein Nest mit drei Eiern im Dezember 1908 
mit. Die Kier entsprechen den bekarnten Beschrei 
bungen, sind aber in ihrer Grandfarbe von ausge- 
sprochen rotbrauner Farbe und messen 20 : 15,5 — 
16 mm. Was für die Wissenschaft neu ist, das ist 
das Nest, welehes eine aufgehingte Tasche von 28 
em Lange und 26 cm Breite bildet bei einem Durch- 
messer des Zugangs von 4,9 cm, der ganz unten 
liegt. Es ist aus Zweigen, Baumbart, Wurzeln u. 
s. w. gefertigt und von aussen mit trockenen Blit- 
tern verziert. 


Leptopogon amaurocephalus (Cab) 


Das Nest, das bis jetzt noch unbekannt war, 
empfing ich von Herrn Arnold W. Bertoni, der es 
im September 1903 gesammeli hat. Es ist eine ges- 
chlossene Tasche, ganz aus dickem Moos, von 21 
cm Linge mit einer gréssten Breite von 14 cm. 
Sein Eingang, dessen unterer Rand 5 cm über dem 
Grund liegt, misst 3 cm im Durchmesser. Die 
Brutkammer ist mil Baumseide ausgepolstert. Die 
Kier kennt man nicht. 


Ornithion obsoletum (Temm.) 


Unsere Nester von dieser Art bilden grosse 
Taschen, welche an den Bliittern von Orchideen 
aufgehingt und aus Flechten, Baumbart und 
Zweigen zusammengesetzt sind. Die Nestkammer ist 
mit P flanzenseide gefüttert. Der Eingang ist einfach. 
Die Hier messen 17-18 : 12,8-13 mm und sind 
weiss, mit einem schwachen, verschwommezen 
Kranze von Flecken und Piinktchen. Bis jetzt waren 
die Eier dieser Art unbekannt. 


— 482 — 


Myozetetes similis (Spix) 


Die Eier von São Pauio entsprechen der Be- 
schreibung von Euler, aber die, welche uns Hr. Garbe 
von Cidade da Barra brachte, sind davon verschieden. 
Das Nest ist eine grosse, off ne Tasche, deren gros- 
ser Eingang von 7 cm sich auf der vorderen Seite 
befindet. Die hintere Seite des Nestes verlingert 
sich nach oben in einen festen Anhang von 32 em. 
Linge und 5 cm Durchmesser, der um einen dicken 
Ast geschlungen war. Die Tasche des Nestes hat 
eine Breite von 14 cm und eine Ilôhe von 18 cm; 
sie ist ebenso wie der Anhang aus Grashalmen, 
zwischen welche Baumwoile in wirren Massen ver- 
webt ist, verfertigt. Die Eier, deren ich 12 besitze, 
sind weiss mit braunen, bald zahlreicheren, bald 
spärlicheren Flecken. Die Masse schwanken zwi- 
schen 22:15,5 und 24:15 mm, sind also kleiner 
als die aus Iguape (20-17). Ich kann keinen Un- 
terschied zwischen den Végeln von São Paulo und 
Bahia merken, und wundere mich daher über die 
Unterschiede zwischen den Nestern und Kiern in den 
zwei Staaten, was mir der Mühe wert scheint, fer- 
nerhin näher zu prüfen. 


Myviarchus tyrannulus bahizse 


(Berl. & Lev.) 


Hr. Garbe fand drei bebritete Eier in einem 
hohlen Baum in Joazeiro, Staat Bahia, im Monat 
November des Jahres 1913, wovon ich nur eines 
besitze. Es stimmt nicht mit der Beschreibung von 
Oates p. 209 Tafel V, Fig. 10 überein, wegen seiner 
verlingerten Form ; es misst 23,5 : 16,5 mm. 


Empidonomus warius ( Veil/. 
I 


Hr. Garbe sammelte bei Joazeiro, Bahia, im 
November des Jahres 1913 verschiedene Nester und 
Gelege dieser Art. Die Kier sind bekannt. Das Nest 
ist ein einfacher flacher Bau zwischen den auseina- 


derstrebenden Zweigen eines kleinen Strauches ; es ist 
aus feinen Gras-und anderen P flanzenstengeln, die kon- 
zentrisch angeordnet sind, zusammengesetzt. Diese 
Art baut sonach ein einfaches, kleines und flaches Nest 
nach Art der Gattungen Miyzarchus und Tyrannws. 


Fam. COTINGIDAE 


Xenopsaris albinucha (Bum, 


(Taf. VIII fig. 10) 


Hr. Ernst Garbe beobachtete diesen Vogel ke: 
Joazeiro im Jahre 1911 uud bei Cidade de Barra, 
3ahia, im Jabre 1913 in den Monaten Oktober his 
Dezember. 

Man traf ibn nicht ausser dieser Epoche, wo 
er dann auf dem Katingabiumen ziemlich gewübnlich 
ist. Er baut auf den Gipfeln dieser dornigen Sträu- 
cher auch sein Nest, eine einfache Vertiefung von 
S em Durchmesser aus diirren Zweigen, Baumwolle 
Blättern und Federn. Die konisch ovalen Hier sind 
weiss oder weissgelb, ohne Glanz, mit zahlreicher 
kleinen Flecken und braunen Tupfen, die besonders 
zahlreich am stumpfen Pol sich häufen, wo sie einen 
breiten Kranz bilden, der zuweilen wenig sichtbar 
ist. Die Masszahlen der Eier sind 16, 5: 12 bis 17, 
NEA À 45 

Meines Erachtens hat Ridgway sehr recht, wenn 
er diese Art von der Familie der Tyranniden aus- 
schliesst, weil ibr Tarsus taxaspid ist. Auf der hinte- 
ren Seite des Tarsus unterscheidet man zwei Reiler 
von ziemlich grossen Schildern. Die Tyranniden ha- 
ben immer einen exaspiden Tarsus. 


Pachyrhamphus viridis (Vieill.) 


Bei Cidade de Barra fand Hr. E. Garbe im 
Oktober das Nest dieses Vogels auf der Spitze von 
Aesten. Die Hier sind graubraun, ins Weisse spie- 
lend, wenig gläuzend mit einem spitzen vorderen 


iis 484 om 


und wenig dicken hinteren Pol. Fleckchen und braune 
verwischte Spritzer bilden unterhalb des stumpfer 
Poles einen bald gut entwickelten breiten, bald schma- 
len, wenig sichtbaren Kranz ; einige Fleckchen finden 
sich zuweilen auch mitten auf dem Ei. Die Masse 
der «Bier sind 20235244 his 202 ee 

Das Ei, welches der [Katalog des Britsh Mu- 
seum unter diesen Namen abgebildet hat, (PI. VI, 
Fig. 5), gehôrt einer anderen Art an. Wahrschein- 
lich kommt es von Herrn R. Krone, der mich ver- 
leitet-hat, in dieser Zeitschrift Bd. IV, P. 233 unter 
den Namen Legatus albicollis cin Ei von Pachy- 
rhamphus zu beschreiben. So miissen alle Hier, wel- 
che von Iguape kommen, unter Quarantiine gestellt 
werden, bis gewissenhafte und exacte Beobachter 
thre Autenticität beweisen. 


Pachyrhamphus rufus (edd) 


Herr Garbe brachte aus Bahuru ein Nest, das 
er in November 1900 sammelte. Es bestand aus 
einer grossen Masse von weichem Material, das zwi- 
schen drei auseinander strebenden Zweigen aufge- 
hängt war und 1&: 21 cm. mass. Der Zugang mit 
einem Durchmesser von 4,5 em befindet sich unten, 
die Brutkammer erstreckt sich nach unten und 
hinten. Das Baumaterial des Nestes besteht aus Moos, 
Pflanzenhasr und Baumwolle, nach aussen ist es mit 
einigen Blättern und Zweigen bekleidet. Das Nest 
enthielt 4 Hier, welche 21-22: 16 min messen. 
Die Grundfarbe des Kies ist braun oder hell cho- 
kolatfarben, dunkler wie das der vorhergehenden 
Art. Der dunkle Fleckenkranz am stumpfen Pol 
ist breit, die Klecken fliessen zusammen und brei- 
ten sich iiber einen grossen Teil des Eies aus, was 
ihm ein dunkleres Aussehen gibt, als es in Wir- 
klichkeit in seiner Grundfarbe aufweist. 


Chasmarhynchus nudicollis (Veil) 


Hr. R. Krone hat am 10. April 1 03 im «Ks- 
tado de São Paulo» die Beschreibung von Nest 


und Ei dieser Art verôfientlicht, wonach das Nest 
die Form einer einfachen, flachen Vertiefung besitzt. 
welche in ihrer Gestalt an Taubennester erinnert 
und einen Durchmesser von 16 em hat. Das Ei ist 
mehr oder weniger oval uud misst 38: 29 mm; 
es ist rotlichbraun und hat am stumpfen Pol einen 
Kranz von dunkelbraunen Flecken. 


Fam. MIMIDAE 


Mimus saturninus arenaceus (Chap.) 


Nach den von Herrn Garbe in Joazeiro, Staat 
Bahia, im November 1913 gemackten Beobachtu- 
ngen legt dieser Vogel seine Hier entweder in Nes- 
ter, welche er selbst im Gebiische baut, oder in 
alte Nester von Pseudoseisura cristata. Die Eier 
sind glânzend, von verlingerter oder subglobularer 
Form mit kleineren oder grüsseren Tupfen, zuwei- 
len mit einem am stumpfen Pol geschlossenen 
Fleckenkranz. Die gevéhnlichen Masse sind 2& 
21 mm, aber es gibt auch Stiicke mit 29 : 20,5 
und andere, welche 24 : 21 und 25,5 : 21 mm. 
messen. 


Fam. SYLVIIDAE 
Polioptila leucogastra (Wied) 
laio Vill ners, le 


Herr Garbe brachte uns Eier und _ Nester 
dieses Vogels von Cidade da Barra, Staat Bahia, 
mit, wo er sie im Oktober 1913 gefunden hat. 
Das Nest besteht aus einer einfachen, flachen Ver- 
tietung aus Grashalmen und anderen Pflanzen in 
konzentrischer Weise zusam nengeftigt; nach aussen 
ist das Ganze mit einigen Blittera verziert. Die 
Kier sind weiss und etwas ins Grüne spielend mit 
brannen lupfen und Flecken, welche am stumpfen 
Pol einen Ring bilden. Die Grüssenverhältnisse 
bewegen sich zwischen 16 : 12 bis 12,7 mm. 


Fam. TANAGRIDAE 


Cypsnagra hirundinacea (Less.) 
(Taf. VIL, fig. 11) 


Herr Garbe gelangte im November 1904 bei 
Itapura im Staate São Paulo in den Besitz eines 
Nestes mit drei Hiern. Das betreffende Nest befand 
sich swischen drei divergierenden Zweigen und war 
mit Spinnengeweben und den beziiglichen Kiersäcken 
befestigt. Das Nest ist aus feinen Zweigen und 
Wurzeln gefertigt und mit Pflanzenseide ausgefiit- 
tert. Die äussere Bekleidung hesteht aus Spinnen- 
gewebe, Pappus von Compositeen und Vogelfedern. 
Die Brutkammer hat einen äusseren Durchmesser 
von 80 mm und einen inneren von 52 mm, bai 
einer Hühe voh 70 mm. Die Eier sind oval, wenig 
elânzend, von blass-bläulicher Farbe mit schwarzen 
Flecken und Tupfen am stumpfen Pol, wo sie ei- 
nen Ring bilden. Einige Tupfen finden sich auch 
an allen anderen Stellen des Kies. Die Masse 
schwanken von 22: 16,5 und 22,5: 16 und 23: 17 mm. 


Fam. FRINGILLIDAE 


Myospiza aurifrons (Spix) 


Das Nest dieser Art stammt von Hr. E. 
Garbe, der es am Rio Jurua, Amazonas, fand; es 
ist eine tiefe Schale (Mulde), aus Zweigen und 
Wurzeln mit einem äusseren Durchmesser von 10 cm 
und ebensoviel beträgt seine Hohe. Die Eier sind 
etwas glinzend, weiss und messen 19,5-20 : 15 mm. 
Die Eier aus Argentinien, welche im Katalog des 
British Museum unter dem Namen M. peruana Bp. 
beschrieben sind, gehüren micht zu dieser Art, sor- 
dern zu einer anderen, nämlich M. mamimbé Licht. 
Unser Museum besitzt M. aurifrons von Rio Juruá, 
aber vom übrigen Brasilien, von Rio Grande do Sul 
angefangen bis Matto Grosso und Maranhão, haben 
wir nur M. manimbé. 

Die Gattung Myospiza umschliesst nur zwei 
Arten, beide Südamerika angehôrend, und es wird 


vernünfuger sein, M. aurifrons als amazonische Un- 
terart von M. manimbe arzusehen. Die Eier von 
Myospiza sind weiss, die von Ammodromus, der nor- 
damerikanischen Gattung aber sind gesprenkelt. Nehr- 
korn beschreibt in seinem Katalog aus Versehen 
ein Ei von Ammodromus als das von Myospiza und 
angeblich aus Brasilien stammend. 


Coryphospingus pileatus (Wied) 


Hr. E. Garbe fand das betreffende Nest in Joa- 
zeiro, Staal Bahia, in einein Strauch, mit zwei Hiern. 
Letztere sinde oval, ohne merklicten Unterschied 
zwischen den beiden Polen, etwas glänzend, blassblau, 
bei einem Masse von 19: 14,8 und 19,5: 15 mm. 
Unsere Sammlung ist noch im Besitze von zwei 
anderen Eiern dieser Art aus Venezuela mit den 
Ausmassen von 19: 15 und 20: 16, von weisser 
Farbe móglicherweise haben sie die bläuliche Farbe 
verloren. Bis jetzt war das Ei dieser Art unbekannt. 


Cory pshospingus cristatus (Gnm.) 


Uber die Kier dieser Art gehen die Meinungen 
aus einander, Burmeister und Nehrkorn beschreibt es 
als weiss und gibt die Masse auf 18 : 14 mm. Der 
Unterschied mit den Masszahlen Allens (21 - 22 : 16) 
ist sehr gross; vielleicht ist das von Nehrkorn er- 
wihnte Ei das des C. pileatus. 


Paroaria dominicana (L.) 


Das Nest, das Hr. Garbe bei Cidade da Barra, 
Bahia im Monat Oktober beobachtete, pilegt in 
Dorngestriippe gebaut zu werden, unter den Blät- 
tern gut versteckt zu werden. Die Kier, wovon 
sich 2-3 Stiick in jedem Neste befinden, messen im 
Allgemeinen 24:16 mm, wobei aber Schwankungen 
zwischen: 21:16 und 24,5 : 17 vorkommen. Die 
Gruudfarbe ist ein Griinlich-weiss. mit Glanz und 
allenthalben dichtem Besatz von braunen Flecken, 
welche am Pole zuweilen eine wenig hervortretende 
Krone bilden. 


Explicação das Estampas 


(TAFELERKLARUNG) 


Estampa Ill Fig. 1. 
Phylloscartes paulista lh. & Ih. pag 414. 


Hier 
Estampa 
Big. 2: 
Seer as 
See 
da qui 
6. 
SENA 
> O 
» 9. 
| 
» ni de 
> P12: 
Estampa 
Ega 
Due. 
Dr 


Guracava difficilis lh. & Th. p. 414. 
Vill. Ovos de aves, — (Vogeleier) 
Nyctibius griseus. p. 428. 
Nannochordeies pusillus. p. 426. 
Caprimulgus rufus. p. 427. 
Caprimulgus parvulus. p. A2T 
Fluvicola albiventer. 

Ovo de especie parasitica, desconheci- 
da, encontrado no ninho de Fluvicola 
albiventer. 


(Ei eines unbekannten, parasitischen 
Vogels, aus dem Nest von Fluvicola 
albiventer. p. 399.) 

Onychorhynchus swainsone. 

Myrobius barbatus mastacalis. 
Xenopsaris albinucha. 

Cypsnagra hirundinacea. 

Poliophiia leucogastra. 

IX. Ninhos de passaras. (Vogelnester.) 
Fluvicola climazura. (Vieill.) 
Onychorhynchus swainsoni (Pelz.) 
Myrobius barbatus mastacalis. (Wied) 


BIBLIOGRAPHIA 


1911 — 1913 


Zoologia do Brazil 


POR 


RODOLPHO VON IHERING 


Varios motivos forçaram-nos a limitar a presente Biblio- 
graphia aos trabalhos zoologicos publicados no correr dos 
annos de 1911 a 1913, quebrando assim com a velha praxe 
de incluir tambem as principaes memorias anthropologicas, 
botanicas e geologicas. Apenas algumas destas ultimas, mais 
ligadas aos estudos zoologicos, vem mencionadas nas ultimas 
paginas. 

Descriminando os trabalhos analysados segundo a proce- 
dencia dos mesmos, alguns leitores poderão reparar, talvez, 
que uzamos critica mais severa com relação às publicações 
nacionaes. E, de facto, em quasi todas as contribuições 
zoologicas da penna de patricios nossos. tivemos de mencio- 
nar senões ou ao menos a inobservancia de velhas praxes 
universalmente adoptadas na literatura scientifica. Bem sa- 
bemos que taes criticas, ainda que justas e visando tão só- 
mente fins mais elevados, poucas vezes nos hão de poupar 
as sympathias dos respectivos auctores — mas que importam 
taes questões pessoaes, quando o fim principal, educativo, 
for alcançado ? 

Em toda a bibliographia scientifica que nos vem do ex- 
terior vêmos respeitados os preceitos estabelecidos pelos con- 
gressos internacionaes de zoologia. No paiz mesmo temos 
alguns centros em que se trabalha segundo essas mesm:s 
normas (os Museus, Instituto Oswaldo Cruz, ete.) — procu- 
rem os demais trilhar o mesmo caminho, que só servira 
para realçar-lhes o merito e elevar o conceito que de nos 
fazem no extrangeiro. 

Aos amadores. sobretudo, é mais dificil encontrar tal 
«modus faciendi» ; mas por isto mesmo sempre lhes aconse- 


nn 


lhamos achegarem-se mais aos profissionaes, ouvindo-lhes os 
conselhos. Em qualquer dos nossos institutos em que se es- 
tuda a nossa fauna, estames certos, cada um dos nossos col- 
legas receberá com prazer o amador que se lhe apresentar 
com material colligido e boa vontade para estudar e — 
principalmente, trabalhar seriamente. Nós mesmos, profissio- 
naes, nunca vimos desdouro em consultar quem disponha de 
materiaes mais amplos ou maior practica. 

Muito descurada é entre nós, ainda, a consulta dos tra- 
balhos já publicados sobre o assumpto que estudamos. Ver- 
dade é que muitos dos bons estudos se acham de tal forma 
escondidos em revistas de pequena circulação ou em livros 
exgottados que é fastidioso procural-os; mas a tanto nos 
obriga a honestidade literaria, como é dever, tambem, men- 
cionar as fontes consultadas. 

E” por este mesmo motivo que não cessamos de recom- 
mendar aos nossos patricios a maior prudencia na escolha do 
orgão em que venham a dar publicidade aos seus trabalhos. 
Diagnoses de especies uovas ou communicações relativas a 
biologia de qualquer especie, que possam interessar os natu- 
ralistas de alem-mar, devem ser estampadas unicamente em 
periodicos amplamente diffundidos nas bibliothecas dos ins- 
titutos de sciencia; e ainda, para facilitar o trabalho da 
consulta aos collegas extrangeiros, as diagnoses devem ser 
acompanhadas de tradueção (francez, allemão, inglez), bem 
como pelo menos as conclusões. Aos scientistas que pela 
maior parte ignoram o nosso idioma é que devemos os me- 
lhores estudos sobre a nossa fauna e assim é pelo menos 
pouco delicado sonegar-lhes as nossas pequenas contribui- 
ções, escrevendo-as só em portuguez e escondendo-as em 
qualquer folheto. relatorio ou hebdomanario de fancaria. 


Periodicos brazileiros 


I) Borerim po Museu GogLDr (Museu Paraense) de Iis- 
toria Natural e Ethnographia, Vol. VII, 1910 (Para, 1913). 

Além dos relatorios apresentados ao governo pelo dire- 
ctor (1909-10), são da penna do Dr. J. Huber duas notaveis 
contribuições botanicas : 

Novas contribuições para o conhecimento do gen. Hevea, 
que contêm : 

I Observações à systematica e distribuição geographica do 
genero (em allemão) ; 

Il Notas sobre algumas especies do Rio Ica; 

HI A distribuição das especies de /Zevea no Est. do Para ; 

IV Sobre a variabilidade dos caracteres do gen. Hevea 
e as possibilidades de uma selecção methodica. 


= a 


Será excusado encarecermos o valor deste trabalho, 
quando o auctor é reconhecidamente o botanice profundos 
talvez o melhor conhecedor da borracha brazileira. 

Outro artigo estuda Uma colleeção de plantas de Cupaty 
(rio Japurd-Caquetä) reunida pelo sr. Ad. Ducke. Esta ex- 
cursão ao serro arenitico de Cupaty «sem contestação um 
dos districtos mais interessantes da região amazonica, sob o 
ponto de vista da geographia botanica », forneceu não só um 
grande numero de especies novas, como tambem muitos dados 
æcologicos e phytogeographicos de alto interesse. 

(Nora) — A’ ultima hora o telegrapho traz-nos a in- 
jausta noticia do fallecimento do prezado collega e director 
do Museu Paraense, Dr. Jacques Huber. <A’ familia do sau- 
doso naturalista e ao instituto que elle tão sabiamente diri- 
gia, apresentamos os nossos sentimentos de profundo pezar, 
extensivos tambem à sciencia nacional, — pois Huber du- 
rante quasi 20 annos consagrou todo o seu saber e toda a 
sua actividade à investigação da historia natural do Brazil. 

Devido à absoluta falta de tempo, devemos reservar 
para o proximo numero desta revista uma homenagem con- 
digna ao sciente botanico. 


SNETHLAGE. Dra. E. — Travessia entre o Xing e 0 
Topajóz, pags. 49-92. Est. I-XV. 
Ipem — Vocabulario comparativo dos indios Chypaia e 


Curuahe ; pgs. 93-99. 

A illustrada e, seja-nos permittido accrescentar, corajosa 
zoologista do Museu Paraense descreve em suas notas de 
viagem, as mil peripecias que lhe difficultaram a arriscada 
travessia do Xingu ao Tapajóz. O itinerario seguido foi o 
dos afiluentes Iriri (Xingú) ao Jamauchim (Tapajóz) e um 
bom mappa indica as correcções cartographicas resultantes 
dos levantamentos feitos. Muitas notas interessantes, refe- 
rentes à fauna e flora da região, entremeiam a descripção 
da viagem. O extenso vocabulario das duas linguas indige- 
nas, chipaya e curuahe representam um valioso subsidio lin - 
guistico. Numerosas photographias illustram paisagens e in- 
digenas da região. 

Pedimos agora ao leitor que confronte esta narrativa 
smgela e feita sem outro fim senão relatar os resultados 
scientificos da viagem, com as espalhafatosas conferencias e 
livros de viagem dos Savage-Landors que ultimamente tem 
atravessado as nossas selvas... 

Ducke, ApoLro; Erplorações scientificas no Estado do 
Pará, pags. 100-197. Est. 16-27. 

Resumindo os resultados scientificos das numerosas via- 
gens emprehendidas, o nosso prezado collega relata muitos 
factos interessantes da flora e fauna do Pará e em especial 
os seus apontamentos botanicos são muito detalhados ; lasti- 
mamos tão sómente que à fauna não coubesse egual desen- 
volvimento. Tambem sob ponto de vista ge ographico o tra- 


ut == 


balho encerra abundantes informações. As regiões estudadas 


são os municipios de Faro e de Obidos; optimas photogra- 


phias depintam os cursos d'agua e a vegetação. 


II) Broreria — Revista Luzo-brazil tra. 

Ja é sobejamente conhecido no Brazil este nosso con- 
frade, e sua existencia de 12 annos assignala-se não só pelo 
muito que tem feito em pról dos estudos de zoologia, bota- 
nica e vulgarização scientifica, como tambem pelo muito que 
tem luctado para se manter. 

A sua « lucta pela existencia » não representa apenas 
os esforços em busca dos meios materiaes para manter a pu- 
blicidade — sempre digna e caprichada — mes envolve tambem 
a lucta dos seus redactores contra perseguições de que são 
victimas desde a instituição da republica em Portugal. No 
volume anterior desta revista já démos noticia das arbitra- 
riedades que tiveram de soffrer os professores do Collegio de 
S. Fiel — e ainda hoje perduram os effeitos das mesmas 
perseguições. Mesmo a remessa das publicações mensaes não 
poude ser feita ainda com toda regularidade e é assim que 
nos faltam varios fasciculos, dos quaes não podemos dar aqui 
o resumo do conteúdo, na parte referente à fauna brazileira. 

Fazemos votos porque d'ora avante, com as medidas 
adoptadas (Redacção em Tuy, espanha, San Telmo, 21) € 
com a permanencia de alguns dos redactores no Brazil (Col- 
legio Ant. Vieira, Bahia), a Broteria possa proseguir em sua 
boa tarefa, contribuindo para o estudo da flora e fauna do 
nosso paiz. Os assumptos zoologicos dos vols. 10-12 a que 
nos referimos nesta bibliographia são os seguintes : 


Bezz1, M. — Sobre tres interessantes dipter.s de SS. 
Paulo ; vol. X, fase. 1, 1912, pags. 76-83. 
Navas, Loxcinos — Crisopidos sudamericanos, Vol. XI, 


fase. II, pags. 73-104 e fase. HI, pag. 149-168. 

Não queremos deixar, ainda, de mencionar as poucas 
mas apreciaveis linhas que a « Broteria » consagra a um as- 
sumpto de bastante interesse para nós zoologos de lingua 
portugueza (« Nomenclatura zoologica portugueza », vol. XI, 
1913, fase. 2, pag. 144). Lembraremos ao mesmo tempo, 
como o fez a « Broteria », que em 1911-12 se tratou de tal 
assumpto na Italia (Nomenclatura zoologica italiana, veja 
Bull. della Soc. Entomologica Italiana, v. 43, pag. 238), onde 
tambem reinava ainda a mesma confusão quanto à boa gra- 
phia dos nomes scientificos quando usados em vernaculo. 

Na Italia a Unione Zoologica Italiana nomeou uma com 
missão para relatar sobre o assumpto e as respectivas pro- 
postas foram approvadas em assembléa geral (Pisa, 1912). 

Com relação ao portuguez ainda ninguem se lembrou de 
providencias analogas. tendentes à uniformização da nossa 
nomenclatura. Os pontos capitaes a decidir são: qual o suf- 
fixo para designar os nomes de familias; idem, para sub- 


re 


familias; taes palavras são masculinas ou femininas ? Exem- 
plos : escreveremos felideos, felídos, félidos o felidas ? com 
artigo masculino ou feminino? e da mesma fórma para as 
subfamilias : muscineos, muscinas, muscinas ? 

A nossa boa literatura zoologica ainda é muito limitada, 
e tudo nos diz que estamos no inicio de uma nova phase, 
de desenvolvimento e relativa generalização de taes estudos. 
E’ pois a melhor occasiäo para deixarmos bem assentes taes 
detalhes, para que não só os escriptos scientificos como tam- 


bem os compendios e livros escolares apresentem a desejavel 


uniformidade. 
Como a « Broteria », tambem nós fazemos votos pela 
tão necessaria quão opportuna unificação. 


HI) Memorias po Instirutro OswaLDO Cruz — Rio de 
Janeiro — (Manguinhos) — Summariv dos trabalhos zoolo- 


gicos (os artigos assignalados com asterisco vêm referidos na 
secção competente da parte especial desta Bibliographia). 
Tomo III, Fosciculo I, Anno 1-11 : 


1 pe Faria, Gomes. — Contribuição para a helminto- 
lojia brazileira, pag. 40-45, est. 1. 
2* Lurz, ApoLro. — Novas contribuições para o co- 


nhecimento das Pangoninas e Chrysopinas do Brazil, pag. 
65-85, est. 4. 


3 * BEAUREPAIRE ARAGAO, Henrique. — Notas sobre 
« Ixódidas » brazileiros, pag. 145-195, est. 11 e 12. 
4 Lurz, ApoLro & Arraur Neiva. — Notas dipte- 


rologicas (Contribuições para o conhecimento dos dipteros 
sanguesugas do Noroeste de S. Paulo e do Estado de Matto 
Grosso (com a descripção de duas especies novas), pag. 
295-300. Tomo IV, Anno 1912: 


5 * Lurz, ApoLro. — Contribuição para o estudo das 
«Ceratopogoninas» hematofagas do Brazil, pag. 1-33. 

6 pe Farta, Gomes. — Contribuição para a helminto- 
logia brazileira, pag. 62-65, est. I. 

7 Lurz, AvoLrro. — Contribuição para o estudo dos 


dipteros hematofagos. I Sobre as partes bucaes dos nemato- 
ceros que sugam sangue, pag. 75-83. 

8* Lutz, ApoLro & Arraur Neiva. — Contribuição 
para o conhecimento das especies do genero «Phlebotomus» 
existentes no Brazil, pag. 84-95. 

9* BeaurePAIRE Aragão, H. — Contribuição para a 
sistematica e biologia dos ““ixodidas” pag. 96—119, est. 2 
e 3 e figuras no texto. 

10 Lurz, Apotro & ArrtTHUR Neiva. — Notas diptero- 
logicas. A proposito da Mydoea pici Mac., pag. 130-135. 
Tomo V, Fase. I, Anno 1913: 

11* Nerva, ArtHUR & Gomes DE Faria. — Notas 
sobre um caso de Myiase humana occasionada por larvas de 


o 


Sarcophaga pyophi'ae n. sp. pag. 16-25. 


494 — 


12 Neiva, ARTHUR. — Informações sobre a biolojia da 
Vinchuca», Triatoma infestans Klug, pag. 24-31. 

13 * Lurz, ApoLro. — Contribuição para o estudo das 
«Ceratopogoninas» hematofagas do Brazil, pag. 45-73, est. 6-8. 

14 Neiva, A. — Notas hemipterolojicas, pag. 74-77. 
Tomo V, Fascículo II, Anno 1914: 

15* pa Cunna, Arrtstipes Marques. — Contribuição 


para o conhecimento da fauna de protozoarios do Brazil, 
pas: 101-121 est; Ie = 10} 

16* pr Farra, Gomes & "Lauro Travassos. — Notas 
sobre a presença da larva de Linguatula serrata Froelich, 
no intestino do homem, no Brazil, seguido de notas sobre os 
linguatulideos da colleeção do Instituto, pag. 123-128, est. 11. 

17 Lutz, ADOLFO & ARTHUR Nuva. — Contribuiese 
nara a biologia das megarininas com descripçoes de duas 
especies novas, pag. 129-141. 

18* Lurz, AporrpHO. — Tabanidas do Brazil e de 
alguns Estados visinhos, pag. 142-191, est. 12 e 13. 
Tomo V, Fasciculs ITI, Anno 1913: 

19* "Travassos, Lauro. — Contribuições para o co- 
nhecimento da fauna helmintolojica brazileira. Gigantorhyn- 
chus aurae, n. sp., pag. 252-255, fig. no texto. 

20* BreavrEPAIRE ARAGAO, Henrique. — Notas sobre al- 
gumas co ollecçoes de carrapatos brazileiros, pag. 263-270, est. 1. 

21% Trav Assos, Lauro. — Sobre as especies brazilei- 
ras da ele Heterakinae, Railliet & Henry, pags. 271- 
518, est. 27-31. 


IV) Arcutvos po Museu Nacronau, Rio de Janeiro, Vol. 
SVT LOLI 

Todo o volume de quinhentas e tantas paginas consta 
de um só trabalho, a parte IV (A) dos Peixes da Fawna 
Brasiliense, do substituto da secção de zoologia, sr. Alipio 
Miranda Ribeiro (Veja-se o que a respeito fica dito na secção 
competente desta Bibliographia V. n. 104). «Depois de ter 
jazido tres annos nas oficinas da Imprensa Nacional, este 
ratio deveria ser distribuido em Setembro de 1911, quando 
o incendio daquella Imprensa destruiu toda a ediador Por um 
acaso dous exemplares que estavam n'uma prensa, foram en= 
contrados ainda em condições de permittirem a reprodueção 
do livro». Este contratempo e o facto de se achar o autor 
na Europa emquanto se reimprimia o seu trabalho, devem 
desculpar a imperfeição de muitas gravuras e os erros ty- 
pographicos. 


V) MoxoGrAPHIAS DO Serviço GEOLOGICO E MINERALOGICO 
bo BraziL, publicadas pelo Dr. O. A. l'erby, 1913, Vol. I, 
393 pags., 27 estampas, Rio de Janeiro 

O esplendido volume com que o De! O. A. Derby inicia 
as publicações scientificas da repartição federal a seu cargo, 


= — 


comprehende o alentado estudo do Dr. John M. Clarke sobre 
Fosseis Devonianos do Parana. Na parte final desta Biblio-- 
eraphia, em que mencionamos algumas publicações referentes 
à Paleontologia brazileira, trataremos deste bello trabalho. 
Aqui não podemos deixar de felicitar o nosso prezado col- 
lega Dr. Derby pelo auspicioso inicio dado as suas «Mono- 
vraphias», fazendo votos por que seja dado ao sabio mestre 
continuar por longo tempo nesta louvavel tarefa — a bem 
das nossas letras scientificas, tão pobres neste ramo de es- 
tudos. 


VI) Bocerim po MINISTERIO DE ÁGRICULTURA, INDUSTRIA 
e Commercio (publicado pelo Serviço de Informações e Di- 
vulgação). Rio de Janeiro. Anno I, 1912; Anno II, 1913. 

Esta nova publicação, orgão official do nosso Ministerio 
da Agricultura, destina-se, em sua parte pratica, ao utilissimo 
trabalho de divulgação dos conhecimentos modernos refe- 
rentes aos diversos encargos do ministerio recentemente 
creado. A sua distribuição às pessoas interessadas é gratuita ; 
a impressão e as illustrações são boas. O texto, (alem de 
decretos e estatisticas) é variado, mas de valor bastante 
desegual; assim vemos monographias preciosas (como a da 
Carnaúba, Vol. I, N. 1, por P. N. Guerra) figurando ao pé 
de traduecdes que não soffreram a minima adaptação ao nosso 
meio; tambem não é este o logar adequado para publicação 
de diagnoses scientificas de especies novas, porque nem ellas 
podem interessar o agricultor nem o scientista as procurará 
em taes periodicos. 

Dos varios trabalhos zoologicos publicados nesses Bo- 
letins daremos noticia nas diversas secções desta bibliographia. 


Outras contribuições 


1) Cararogos DA Fauna BraziLeira editados pelo Museu 
Paulista. 

Em continuação à serie de publicações editadas sob este 
titulo pelo nosso museu, e das quaes já mencionamos os vo- 
lumes I (Aves do Brazil, por H. e R. von Ihering) e II 
(Myriapodos do Brazil por H. W. Brülemann), foram dis- 
tribuidos ultimamente os Vol. III: As Coccidas dy Brazil, 
por Ad. Hempel e Vol. IV: As Chrysididas dr Brazil por 
Ad. Ducke. Veja-se a referencia que fazemos sob os N. 39 
e T5 respectivamente. Em breve tencionamos dar publici- 
dade a mais dous outros catalogos desta serie : Vespas sociaes 
por Ad. Ducke e Abelhas sociaes e solitarias por C. Schrott- 
ky, cujos originaes aguardam apenas a possibilidade ma- 
terial de entrarem para o prélo. 


e AOE oe 


2) Tnerinc, R. vox — Diccionario da Fauna Brasileiro. 
Almanak Agricola, 1914, pags. 253-320 (São Paulo, 1913). 

Démos publicidade a um diccionario, no qual enume- 
ramos em ordem alphabetica quantos nomes vulgares de 
animaes da nossa fauna nos foi possivel registrar, classificar 
e descrever rapidamente nas horas vagas do curto espaço de 
tempo que nos foi concedido pelo editor. Trahalho ainda de 
todo imperfeito, cheio de lacunas e erros, quizemos que © 
mesmo apparecesse apeuas como manuscripto impresso, em 
edição preliminar. E como si quizesse corresponder a este 
nosso acanhamento, a impressão, por sua vez, addicionou 
quantos elementos faltavam para fazer do trabalho um ver- 
dadeiro aleijão. 

Ainda assim é este, ao quanto sabemos, o primeiro ensaio 
de um diccionario zoologico referente à fauna brazileira, 
Para a flora ha um bom numero de trabalhos analogos, al- 
guns geraes, outros parciaes ou regionaes (e de memoria 
podemos citar os de Plantas Medicinaes do dr. Francisco 
Araujo, de Arvores Ri grandenses, dr. J. Dutra, ambos no 
Annuario Graciano de Azambuja, Rio Grande do Sul; 4 
lista alphabetica das madeiras paraenses, pelo Dr. J. Huber 
Bol. Mus. Goeldi, Vol. VI, pag. 203; Flora Medica Bra- 
ziliense, do Dr. Alfredo Augusto da Matta, 1913, referente 
em especial à Amazonia; Synonimia dos nomes populares 
das plantas indigenas do Est. de S. Paulo por A, Lüforen: 
Plantas uteis do Brazil por M. Pio Corrêa e tantos outros) 
além de muitos compendios, como de Caminhoa, o Systema 
Analytico de Plantas por A. Lüferen e H. Everett, e a pre- 
pria Flora de Martius, cujos indices fornecem os subsidios 
necessarios para a composição da lista alphabetica. 

_ Para a fauna nada disto encontramos feito. Apenas para 
as aves, e em parte para os mammiferos e alguns grupos de 
outros vertebrados, pudemos utilizar-nos de trabalhos existentes. 

Emfim, dadas estas excusas é neste sentido que agra- 
decemos as amaveis referencias que, assim mesmo, o trabalho 
mereceu por parte de alguns entendidos; estamos reunindo 
os dados necessarios para retocar o todo, amplial=o e tentar 
mais tarde uma nova edição, que melhor se approxime da 
forma definitiva que idealizamos. 

MerLo Leitão — Notas Zoologicas, A Lavoura, Bol. de 
Soc. Nacional de Agricultura, R. de Janeiro, vol. XVII, 
1913, Nerdl eu? pags SIM. E 

Descripção da larva Largus humilis, hemiptero da fam- 
Pyrrhocoridae. Substituição do nome generico Talaus C. 
Moreira 1912, (nec Simon 1886, Arachn.) por Moreirella nom. 
nov. cuja unica especie conhecida é M. ribeiroi (C. Mor.). 
feliz associação de nomes (em se tratando de crustaceo pa- 
rasita de peixe!) em homenagem aos dous activos zoologos 
do Museu Nacional, que tão bellos trabalhos produziram, 
estudando os nossos crustaceos e peixes, 


a a 


4) Marques DA Cunna, Dr. ARISTIDES (cf. pg. 494, N. 15. 

As poucas paginas a que ficou reduzida a estréa do no- 
vel protozoologista, encerram immenso labor; 216 especies 
de protozoarios livres assignala o auctor como occorrentes em 
nosso paiz, e accrescentando as 32 outras encontradas pelos 
investigadores que precederam o Dr. M. Cunha (Prowazek, 
Hartmann e Chagas) temos ao todo 248 especies dessa mi- 
erofauna brazileira. No presente estudo ha 12 especies des- 
criptas como novas, e varias dellas vem figuradas nas duas 
estampas. g 


5) Gomes DE Fart (cf. pg. 493, N. 1 e 6). 

N. 1, Descripção de uma especie nova de distomeo, Sty- 
phlodora condita, encontrado nos ureteres da «Caninana» 
Spelotes pullatus) em Itapura, Est. de S. Paulo. 

N. 6, Descripção de outro distomeo novo, Dicrocoelimm 
conspicuum, parasita da vesicula biliar do «Sabiá da praia» 
(Mimus lividus) do Rio de Janeiro. 

6) Travassos, Lauro (cf. pg. 494 N. 19 e 21). 

N. 19. Descripção de um Acanthocephalo parasita do 
urubu (Cathartes aura) do Piauhy, Gigantorkynchus aturae. 

N. 21. Um optimo trabalho, feito no molde das melho- 
res revisões regionaes; vem mencionadas 30 especies, 4 das 
quaes são novas, pertencentes aos generos Aspidodera, He- 
terakis, Ascaridia e Subulura. Os vermes em questão, As- 
caridae subfam. Heterakinae, são parasitas principalmente de 
mammiferos e aves. 

Seria interessante o estudo comparado dos vermes com 
relação aos hospedeiros e a origem destes (autochthones e 
heterochthones), como o expoz o Dr. H. von Ihering (veja 
esta Revista, Vol. VI, pg. 652). Especies exoticas ha ape- 
nas as seguintes: H. vesicularis parasitas da gallinha, H. 
spumosa, da ratazana ; A. lineata da gallinha ; A. c lumbae 
das pombas (exoticas e indigenas); S. déstans em simios (idem). 
Interessante é que S. strongylina, parasita de um grande 
numero de aves genuinamente neotropicas, tambem já se te- 
nha adaptado as gallinhas. 

A nomenclatura scientifica dos hospedeiros nacionaes dei- 
xa algum tanto a desejar e assim julgamos haver conve- 
niencia em apontar as seguintes rectificações; agradecemos 
aqui o auxilio que neste sentido nos prestou o auctor, for- 
necendo-nos as indicações literarias precisas. 


Pag. 311 
Penelope humeralis — Talvez (mana jacutinga, da qual o 
Museu de Berlim possue 2 exemplares 
caçados por Olfers e Sellow, o que com- 
bina com os dizeres de Schneider na 
Monogr. Nemat. pg. 72. 
Pag. 312 
Columba gutturosa — C. domestica var. 


498 — 


Pag. 313 


Psittacus dominicensis — Amazona vinacea. 
» phoenicurus — Pyrrhura molinae. 
» sulfureus — ? Cacatuas ulphurea, de Celebes, exa— 


minado por Diesing em Vienna. 
Pap. 314 
Caprimulgus campestris — Podager nacunda. 
» urutau — Nyctibius qriseus. 
Cuculus tinguaçu — Piaya cayana quarania. 
Bucco melanoleucus — B. tectus. 

»  rufiventris Natt. — Nom. nud. talvez de B. swainso- 
ni que, das especies de Natterer, é a que 
tem a barriga mais avermelhada. 

Monasa leucops — M. morpheus. 

»  tranquilla — MW. nigra. 


7) Douwe, C. van — Neue Siisswasser Ch pepodes aus Bra- 
silien ; Zoolog. Anzeiger. Vol. 37, 1911, N. 8-9, pgs. 161-63. 

Descripção de 3 especies novas de Copepoda, colhidos 
pelo Dr. S. v. Prowazeck (Inst. Manguinhos) em Itapura. Est. 
S. Paulo; o auctor promette uma revisão de todas especies 
sulamericanas do grupo, devendo o trabalho ser publicado 
no Archivo f. Hydrobiologie u. Planktonkunde. Apenas por 
referencia literaria soubemos da publicação : x 

7 Ippm — Zur Nenntnes der Siisswasser-copepoden von 
Brasilien ; Arch. Hydrobiol. Stuttgart, Vol. 7, 1912, pag. 
309-321. 

8) Moreira, C. — Un crustacé nouveau du Brésil, Bid. 
Soc. entom. rea Paris, 1912, pgs., 322-24. 

Descripçäo de um crustaceo novo, Evius (n. g.) ruber 
n. sp. da fam, Dromicide. 

9) Ipem. - Crustacés du Brésil. Mem. Soc. Zool. de 
France, vol. XXV, 1912, pgs. 145-154, Est. II-VI. 

Enumeração dos crustaceos colligidos pelo sr. A. Miranda 
Ribeiro, durante a sua viagem ao Matto Grosso ; predominam 
os Argulidæ (7, das quaes uma nova, Talaus ribeiroi n. gen. 
n. sp ) parasitas de peixes. 

10) [bem — Embryologie du Cardisoma quanhumi ; loc. 
s. cit. pes. 155-161. 

Um estudo muito interessante e bem elaborado sobre a 
embryologia do carangueijo do mangue, o “ Guayamú ”. 
Observa o auctor que, apezar da tendencia deste crustaceo, 
de tornar-se francamente terrestre, a evolução ainda não 
soffreu nenhuma alteração, o que aliás não admira, visto 
como os ovos são postos em agua salobra 

11) Krcmarpsox, M. H. — Description d'un nouvel 
Ts pode du gen. Braga etc; Bull. Mus. Nat. @ Hist. Nat. 
Paris, 1911, NES pe 94-06. 

Descripção de uma especie nova de crustaceo, parasita 
da bocca de um grande silurideo do Alto Paraná (provavel- 


= 499 — 


mente do «Pintado», Pseudoplatystoma) ; Braga fluviatilis é 
a primeira especie conhecida da agua doce, assemelhando-se 
bastante a B. nasuta Schicedte do littoral do Brazil. 

12) Sozzaup, E. — Sur un nouveau Pseudopalaemon 
kabitant les eaux douces de V Amerique du Sud; Bull. Mus. 
Nat. d'Hist. Nat. Paris, 1911, N. 5, pgs. 285-90. 

Entre varios crustaceos enviados pelo nosso museu ao de 
Paris, o auctor encontrou um pequeno camarão d'agua doce. 
ao qual deu o nome de Pseudopala mon iheringi. Devemos 
corrigir, entretanto a indicação da proveniencia : «Arroio del 
Bellaco. Brésil»; trata-se de um riacho, afiluente do Uru- 
guay na republica de egual nome, dep. Paysanduü ; comtudo 
não é impossivel que a mesma especie venha a ser encontrada 
em aguas brasileiras. 

13) BoreLtir, Aur. — Scorpioni nuovi o poco noti del 
Brasile; Boll. dei Musei di Zool. ed Anat. R. Universitá 
Torino, vol. 25, N, 629, 1910. 

Duas especies novas de escorpiões, Tityus duckei, do 
Pará e Rhopalurus rochae do Ceara e referencias a Rh. debilis. 
outrora collocado no gen. Vaejovis. 

14) Gomes ve FarrA & Lauro Travassos. — ef. 
pag. 494, n. 16. 

A proposito de um caso de parasitismo de Linguatula 
serrata observado no homem, os auctores dão uma revisão 
das 6 especies de Linguatulidae até agora assignaladas no 
Brazil. Trata-se de organismos extremamente curiosos, que 
em tudo lembram o aspecto de vermes e que entretanto, pela 
systematica tiveram de ser collocados entre os Arachinideos. 

Lembraremos ainda que alguns compendios dão tambem 
o nome de Pentastomidæ a esta pequena familia. 

E” pena que os auctores, tendo estado, como se costuma 
dizer, com a mão na massa, não aproveitassem a occasiao 
para fazer uma revisão monographica do pequeno grupo — 
no estylo do bello trabalho de um dos auctores, e ao qual nos 
referimos à pag. 497. 

15) KRrAEPE=LIN, K. —Neue Beitriige zur Systematik der 
Gliderspinnen ; Mi teil. Naturh. Mus. Hamburg, vol. 28, Bei- 
heft. 2, 1910, pgs. 59-107; Ipem. loc. s. cit. vol. 31, 1912, 
Beiheft 2, pgs. 45-88 (subfam. Chactinae). 

O auctor da monographia sobre os escorpiões (« Tierreich 
8 e 12, 1899 e 1901) dá-nos agora um como que supple- 
mento ao seu compendio, que ainda hoje é o trabalho mais 
completo sobre este grupo dos arachnideos. Diz o illustre 
especialista que no correr do decenio foram accrescentadas 
300 especies e variedades de escorpiões e pedipalpos, ao 
total de 500 fórmas então conhecidas. 

Fizemos a classificação do nosso material de escorpiões 
e pretendemos elaborar uma succinta revisão das especies 
brazileiras (12 generos e talvez 35 especies), e aproveitamos 
o ensejo para pedir aos amigos do nosso museu que nos re- 


mettam o material que nos possam fornecer (simplesmente 
guardado em alcool). 

16) Perrunkevitcu, ALEX.- Catalogue of Spiders of North 
Central and South America, etc. Bull. American Museum 
Nats Elst vols 20 Pom pas), METODO: 

O immeuso trabalho que teve o auctor para organizar o 
seu grande «Catalogo das aranhas da America» vem agora 
facilitar o estudo deste grupo de arthropodes, até o presente 
tão descuidado entre nós. Na nossa literatura só encontra- 
mos os trabalhos do dr. Goeldi nos Boletins do Museu do 
Pará (vols. I e II) e uma contribuição da parte de W. Mo- 
enklaus, então assistente deste museu (veja-se esta Revista, 
vol. III); de resto cumpria percorrer uma infinidade de livros 
para reunir todo o material literario. E quanto é rica a 
nossa fauna tambem nesta ordem ! Basta dizer que sómente 
do genero Araneus («Epeira» olim) o Catalogo enumera perto 
de 100 especies, das quaes boa parte foi colligida pelo dr. 
H. von Jhering em Taquara do Mundo Novo, Est. do Rio 
Grande do Sul, e estamos certos, que si ainda em varias 
localidades do paiz se désse caça em regra a todas as es- 
pecies, a nossa lista desse genero seria pelo menos triplicada. 

Talvez agora com o valioso subsidio fornecido por Pe- 
trunkevitch se encontre entre nós quem ponha mãos a taréfa. 

17) Ewinc, H. E.— New Acurina, Bull. Am. Mus. Nat. 
Hist. New-York, vol. 32, 1913, pgs. 93-121. 

O que nos interessa neste escripto são as considerações 
geraes sobre a anatomia e o desenvolvimento dos Acarinos, 
bem como o systema, que é novo, e segundo o qual a ordem 
dos Acarina se subdivide em 6 ordens e 27 familias; uma 
boa chave, baseada em caracteres evidentes facilita a orien- 
tação neste labyrinto das modernas investigações. 

18) Aracdo, Henrique BEAUREPAIRE (cf. pg. 493, n. 3, 
e 20) 

O primeiro dos trabalhos mencionados traz boas chaves 
para a classificação dos Ixodidas ou carrapatos tanto dos ge- 
neros como das 4 especies brazileiras, bem como listas com 
indicação da distribuição geographica e dos hospedeiros. 

A nota seguinte descreve uma especie nova, Amblyom- 
ma agamum, parasita de giboias e sapos, de especial inte- 
resse por que ella se multiplica (e ao que parece até agora, 
unicamente) por parthenogenesis. A forma parviscutata des- 
cripta como distincta de A. cayennensis não é senão uma 
malformação (Hungerform). 

A terceira nota relata sobre os materiaes novos recebidos 
e descreve uma especie nova, <A. conspicuum do Matto 
Grosso, parasita do cão. 

19) Inprax Insect Lire — Maawell-Lefroy, com o auxi- 
lio de F. M. Howlett. Calcutta e Simla, 1909. 

Este livro não vem fazer parte da lista bibliographica 
que aqui apresentamos; a fauna indiana nada ou só bem 


— SOI — 


pouco tem de ver com a nossa. Mas não nos furtamos ao 
prazer de mencionar este bello volume de quasi 800 pa- 
ginas, 536 figuras no texto e 84 estampas coloridas (traba- 
lho inteiramente indigena e excellente). E” que o auctor 
nos mostra como se pode escrever um livro de entomologia 
utilissimo, mesmo quando a respectiva fauna ainda está lon- 
ge de ser bem conhecida, como é o caso para a India..... e 
para o Brazil. Sem o minimo acanhamento Maxwell-Lefroy 
(hoje director do jardim zoologico—entomologico de Londres) 
diz a cada passo: “esta familia ainda esta muito mal estu- 
dada; mas o que se sabe, aqui o reuni”. (Where little is 
said. little is known). 

E” portanto am manual dos conhecimentos hodiernos da 
entomologia indiana e, apezar de todas as lacunas inevita- 
veis, é um optimo auxilio, para o especialista, o practico e 
o amador. 

Si mencionamos aqui este magnifico livro, é com o fim 
principal de mostrar aos nossos collegas o quanto já se fez 
la na India em condições mais ou menos identicas às nossas 
e perguntar a todos nós: quando teremos o compendio cor- 
respondente, dos “Insectos do Brazil”? 

20) Boxpar, Gregorio — Os insectos damninhos na Agri- 
cultura, Boletim de Agricultura, Secret. da Agric. do Est. 
de S. Paulo, Ser. 14, n. 1, 1913, pgs. 28—42 e 434—470. 

No louvavel empenho de reunir os dados existentes so- 
bre o assumpto em questão, o auctor descreve os insectos 
damninhos, em parte já assignalados, em parte revelados 
pelos seus estudos. Nas duas contribuições até agora publi- 
cadas o Snr. Bondar trata dos: 

I Insectos da figueira (Ficus carica): Coleopteros: 
fam. Bupr.: Colobogaster quadridentata, Fam. Ceramb. Tae- 
niotes scalaris F., Trachyderes thoracicus (e ? Polyrrhaphis 
grandiné Bug. só a photographia); Fam. Curcul.: Heilipus 
bonelli Boh.;—Lepidoptera., Fam. Pyral., Azochis gripusales 
Wik. Fam. Sphing. Pachylia ficus L.; Coccidae, Morga- 
nella maskelli Ckll. 

II Insectos das Arvores fructiferas da fam. Myrtaceae. 
Coleopteros, fam. Cerambie. Polyrrhaphis grandini Bug, ‘ Ce- 
rambie. vespa” (cf. gen. Acyphoderes), Dorcacerus barbatus 
Ol.; fam. Buprest. Conognatha magnifica; fam. Cureul., 
Oratosomus spp. indet. 

Lepidopteros. Stenoma albella Zell., Siculades fulcata 
Fr., Pyrrhopyge sp., Mimallo amilia, Perophora packardii ; 

Hemipteros, Pachycoris torridus, Capulina jaboticabae e 
crateraformans, Cero. iastes janeirensis, Aleurodes horridus. 

Muitas destas especies vêm acompanhadas de desenhos, 
não só dos insectos como das suas phases larvaes e dos es- 
tragos causados e em boa parte a biologia, bem acompanha- 
da, ainda não havia sido descripta. Sentimos não poder re- 
jatar aqui varios outrcs estudos biologicos do mesmo auctor, 


por se acharem espalhados em jornaes diarios, ete. que nada 
tem de vêr com a biologia ou agricultura e que, decorridos 
alguns annos, se tornam inaccessiveis aos estudiosos. 

21) Boxpar, Gr. — Brócas das larangeiras e outras au- 
rantiaceas ; Bol. do Ministerio da Agricultura, Rio de Ja- 
neiro, Anno II, 1913, fase. 3, pg. 81-93. 

Sobre este assumpto ja foram publicados varios traba- 
thos; o auctor menciona Acrocinus accentifer,  Diplochema 
rotundicolle e Cratosomus reidi como coleobrócas.  Interes- 
santes são as conclusões practicas para se reconhecer as es— 
pecies de besouros pelo aspecto dos furos, ete. 

22) Bonpar, Gr. — À praga dos melanciaes, loc. s. cit. 
Anno II, 1913, Vol. 5, 117-120. 

As afamadas plantações de melancias de Villa Ameri- 
cana e Nova Odessa no Est. de S. Paulo soffreram muito 
no anno de 1913 não só pelas chuvas como pelo damno que 
lhes fizeram dous besouros da fam. Chrysomelidae : Diabro- 
tica speciosa Germ. e “Disonyctis tristis auct.?” provavel- 
mente Disonycha; esta ultima especie, segundo o auctor, 
ataca tambem outras plantações: couve, alface, batata, ete. 
O remedio aconselhado é o verde-paris. 

23) Gogpt, E. A. — Die sanit. pathol. Bedeutung der 
Insekten wu. verw. Gliedertiere, etc., 1913, 155 pags., R. Fried- 
lander. 

O compendio publicado pelo ex-director do Museu do 
Pará estuda os insectos e outros arthropodes que sob ponto 
de vista hygienico merecem estudo especial, tambem por 
parte dos medicos. Não recebemos ainda o exemplar en- 
commendado, mas a julgar pelas referencias literarias é um 
trabalho de valor e devemos suppor que a longa permanen- 
“cia do auctor no Brazil influisse para que a fauna do nosso 
paiz fosse tratada com especial attenção. 

24) IneriNG, Rop. von. — As moscas das fructas e sua 
destruição; 2.º edição pela Secretaria da Agricultura do. 
Est. de S. Paulo, 1912, 48 pags. 10 fig. e uma estampa 
colorida. 

A’ primeira edição deste trabalho já nos referimos nes- 
ta Bibliographia, no Vol. VII, pag. 528; agora, menciona- 
remos apenas o acerescimo de algumas especies de parasitas : 
Eucoila (Hexamerocera) eobraseliensis (veja-se à pag. 224 
desta revista) era a unica especie mencionada na 1.º edição ; 
hoje foram encontradas mais: Biosteres brasiliensis, B. areo- 
latus e mais uma especie do mesmo genero (N. 6.518 do 
Museu Paulista), Opiellus trimaculatus. Alem disto conta- 
remos eventualmente com o chalcidida da India, Syntomos- 
phyrum indicum Silv. 

No mais todo o trabalho foi refundido e tambem na 
parte material elle se apresenta um pouco melhor do que a 
primeira edição. 

25) Inprinc, H. vox — Ueber südbrasilianische Schä- 


= SOG 


dlinge der Feige; Deutsche Entom. National-Biblioth. II, 
1911, N. 3, pg. 20=21. 

Transeripção allemã do artigo ao qual ja nos referimos 
nesta bibliograpbia, vol. VIII, pg. 511. 

26) Lurz, Ap. — The insect host of forest Malaria, 
Proc. Entom. Soc. Vol. XV, 1913 pgs. 108-109. 

27) Ipem, — Forest Malaria, loc. s. cit. pags. 169-170. 

28) Kwan, Frep. — The con entions regarding «Forest 
Malaria» loe. s. cit. pags. 110-118. 

A discussão entretida pelos dous auctores e outros ainda, 
versa sobre a explicação dada pelo Dr. Lutz, de que a ma- 
leita seja transmittida por mosquitos da matta, creados nas 
aguas das bromélias. Knab e Dyar entretanto julgam que 
só mosquitos caseiros ou semidomesticos possam ser os ver- 
dadeiros transmissores e que é preciso preexistir uma velha 

habitual associação entre os vertebrados e os mosquitos, 
para que a relação tão delicada entre hospedeiro, germen e 
transmissor possa dar em resultado a ampla diffusão da mo- 
lestia. A quem quer que assista a razão, não ha mal nenhum 
em que com todo o cuidado se reexamine o importante pro- 
blema. 

29) Moreira, CARLOS — Instrucções populares para a 
colheita e remessa do material, (Laboratorio de Entomologia 
agricola, do Museu Nacional) ; 

30) Dem —lInsecticidas e outros meios efficazes de destrui- 
cão dus insectos nocivos (idem). Boletim do Ministerio da 
Agricultura, Rio de Janeiro, Anno I, 1912. pgs. 56-68. 

Dous folhetos muito uteis aos agricultores, aos quaes em 
primeira linha o laboratorio, organizado pelo nosso prezado 
collega Sr. Carlos Moreira, se propõe auxiliar na lucta contra 
os insectos nocivos. Fazemos votos porque muitas outras «ins— 
truccdes» como as presentes sejam publicadas pelo instituto, 
dando assim a conhecer a utilidade do Laboratorio tão bem 
organizado e em franco progresso. 

31) BaGxnazz, R. S. — Some considerations in regard 
to the classification of the Order Thysanoptera; Aun. 
Mag. Nat. Hist. 1912, Vol. 10, N. 56, pgs. 220-22. 

Por emquanto ninguem ainda se occupou, nem mesmo 
passageiramente, da ordem dos pequenos insectos Thysano- 
ptera (metamorphose incompleta, azas ciliadas, pés terminados 
em ventosas) apezar de haver não poucas especies nocivas à 
agricultura. E mesmo os especialistas europeus bem poucas 
vezes tem descripto especies nossas, isoladas. Uzel em 1895 
publicou uma grande monographia, referente só à fauna eu- 
ropéa. Os norte-americanos encontram trabalho equivalente 
em W. E. Hinds, Monogr. dos Thysanopteros norte-ameri- 
canos, Proc. U. s. Nat. Mus. Vol. 26, 1902 e mais recen- 
temente no «Catal. and Bibliog. of N. Am. Thysanoptera» 
de B. Moulton, Tech. Ser. 21, Bur. Ent., U. S. Dep. Agr. 
ES. ; 


Nos nada temos e aqui lembramos o bello assumpto como 
thema para um trabalho, cheio de novidades sob ponto de 
vista zoologico e de utilidade para a agricultura, principal- 
mente si além da parte puramente systematica tambem se 
dér a necessaria attenção aos factos biologicos. A proposito, 
devemos declarar que um ligeiro escripto nosso no «Ento- 
mologista Brasileiro», 1908, pg. 106, ao qual se refere 7/1. 
Karny (Verh. zool. bot. Ges. 63, 1913, pag. 7) não tinha 
ontra intensão do que chamar attenção para um curioso «thy- 
sanopterocecidio» ; não pretendiamos descrever a especie, nem 
mesmo fazer trabalho entomologico. 

A moderna divisão desta Ordem é a seguinte: 

Com 11 pares de estigmas — Sub.-O. Polystigmata ; 

Com nunca mais de 4 pares de estigmas: 

com ovipositor — Sub-O. Terebrantia ; 

sem ovipositor — Sub-O  Tubulrfera. 

A primeira dessas sub-ordens encerra uma só familia, as 
duas outras, cada uma cinco familias. 

32) HoumGren, N. Bemerkungen über einige Termiten- 
Arten; Zoolog. Azzeiger, Vol. 37. 1911, N. 26, pgs. 545-48. 

Os cupins sul-americanos, collocados no grande genero 
Termes, ao todo 9 especies, constituem hoje um genero a 
parte, Syntermes Holm. 

33) Wasmann, E. & Hotmaren— Tabelle der Termit — 
phya u. Xenogaster — Arten ; Zoolog. Anzeig., Vol. 38, 1911, 
pg. 428-29. 

Tabellas dos dous generos de Aleocharinæ termitophylos, 
dos quaes até agora se conhecem 11 generos e 18 especies 
da região neotropica. As 6 especies ora descriptas são hos- 
pedes de Eutermes, e em boa parte brazileiras. 

34) Navis, L. — Crisopidos sud-americanos; cf. antea, 
pg. 492. 

A synopse dos neuropteros sul-americanos da fam. Chry- 
sopidæ que nos proporciona o rev. P. Loginos Navas é, como 
elle proprio o reconhece, ainda bastante incompleta, devido 
ao pouco que entre nós têm sido estudados estes pequenos 
insectos. Comtudo ahi temos um bello inicio para uma fu- 
tura monographia nossa, e folgariamos immenso em ver imi- 
tado tal exemplo por muitos outros especialistas, pois desta 
forma tornar-se-ia bem mais suave o inicio de novos estudos. 

O auctor agrupa as 69 especies, em 4 tribus e 11 ge- 
neros; 30 destas especies são brazileiras. 

35) Bruner, LAWRENCE — South American Tetrigide ; 
Ann. Carnegie Museum. Vol VII, N. 1, 1910, pgs. 89-143. 

Tendo estudado a collecção de gafanhotos da viagem 
de H. H. Smith pelo Brazil, o auctor da uma revisão das 
especies da fam. Tetrigide, locustidas muito curiosos pela 
conformação bizarra da crista dorsal. 

A publicação de Bruner é precedida de uma chave para 
a classificação dos 37 generos sul-americanos (e em bôa parte 


brazileiros); para muitos dos generos tambem da uma chave 
para a identificação las especies. 

36) Ipem — S uth American Acridoidea, loc. s. cit. Vol. 
ViEGEN 30-19 tiago «D147. 

E' a continuação do trabalho precedente ; nelle são es- 
tudadas 203 especies de orthopteros da fam. Acridoidea, a 
qual comprehende o gen. Schistocerca com as especies 5. 
americana, cancellata e paranensis que são os «gafanhotos 
da praga». Entretanto vemos mencionada no trabalho de 
J. Rehn (1913, veja este) tambem a especie do velho con- 
tinente S. peregrina, segundo um exemplar da Venezuela 
( «compared with undubted specimens»). A distineção das 
varias especies deste genero é assumpto bastante difficil e 
delicado. 

37) Reuys, James A. G. — Descriptions and records of 
S. American Orthoptera, ete. Proc. Acad. Nat. Se. Phila- 
delphia, Vol. 65, 1, 1913, pags. 82-113. 

Enumeração de muitas especies de gafanhotos, entre as 
quaes muitas de proveniencia brasileira (da colleeção He- 
bard); varias das especies novas são acompanhadas de ex- 
cellentes desenhos. 

38) GRIFFINI, ACH. — Le specie del gen. Hyperbaenus ; 
Studio monografico ; «Redia», Vol. VII, 1. 1911, pg. 187- 
208. 

Revisão de um genero de Gryllacrina, Locustidæ ; varias 
das 8 aspecies são brazileiras, faceis de determinar por meio 
da chave. 

39) Hemper, Ap. — As Coccidas do Brazil; Cat. da 
Fauna Brazileira, Vol. II, 1912, 77 pag. 

As coceidas, tão prejudiciaes em agricultura, merecem 
por certo o estudo detalhado por parte dos nossos entomo- 
logos praticos e a publicação do presente catalogo virá fa- 
cilitar muito taes trabalhos. Duas vezes já esta revista tra- 
tou do assumpto (Vol. II e IV): agora o nosso catalogo enu- 
mera 170 especies e bem poucas são aquellas que não pas- 
saram primeiro pelas mãos do nosso antigo companheiro de 
trabalho. As especies novas descriptas no Catalogo são as 
seguintes: Icerya genistae, Ripersia taquarae, Suissetia lucida, 
Pulvinaria ornata, Pseudoparlatoria argentata, Ceroplastes 
excaecariae, Mesolecanium lucidum e Megasaissetia brasi- 
liensis. 

40) Hempar, Ap. — As Cigarras do Caféciro, Phyto- 
pathologia (Copia separada d'«O paseo le Vol. VI, N. 4 
e 5; 1918 

A proposito da «praga das cigarras» do caféeiro, o 
auctor estuda a biologia das duas especies de Cicadidae : 
Carineta fasciculata Germ. e Fidicina pullata Berg, cujas 
larvas e nymphas se desenvolvem na raiz do caféeiro. Como 
por vezes ha até 400 nymphas em um só pé, está claro que 
a planta é sensivelmente prejudicada. Varios detalhes ainda 


estio por ser estudados (postura dos ovos, tempo empregado 
na evolução e que se suppõe demandar pelo menos tres 
annos). Como tratamento o auctor aconselha formicida (200 
ce. por pé) e boa adubação (1 kl. de kainito). 

41) Horvara, G. — Revision of the American Cimicidae ; 
Aun. Musei Nat. Hungarici. Vol. X,-1.º, 1912, pags. 257 — 
262. 

Uma revisão muito util das poucas especies de verdadeiros 
percevejos da fam. Cimicidae, conhecidas da America. Duas 
destas especies são as pragas caseiras cosmopolitas: Cimex 
lectularius e C. hemipterus (ou «Acanthia rotundata »); das 
5 especies restantes, americanas, só duas são sulamericanas : 
C. foedus Stal da Colombia, alliado ao hemipterus e O. 
valdivianus Phil. do Chile, pouco diverso de O. Ictularius. 
Serão de facto só estas as especies sulamericanas e não en- 
contraremos nós aqui tambem percevejos parasitas de gallina- 
ceos, andorinhas e morcegos, como se o tem constatado nos 
outros continentes ? 

Quanto aos escondrijos de morcegos nada podemos aftir- 
mar por emquanto. Com relação às andorinhas, fomos pro- 
curar taes percevejos onde certamente deveriam ser encon- 
trados, si aqui existissem: na celebre « Casa das Andori- 
nhas » em Campinas, onde a Progne chabybea domestica ou 
«tapera » se reune em bandos calculados em 20 e 30 mil in- 
dividuos. Em começo de Maio rebuscamos todos os recantos 
daquella elegante vivenda das andorinhas, sem encontrar 
nenhum vestigio de percevejos. 

Outras informações uteis sobre esta familia (tambem 
denominada Clinocoridae) encontram-se nos ultimos trabalhos 
de O. M. Reuter (Zeitschr f. wiss. Insekt-biol., Vol. Ii, 
“1913, faces. 8-11) e de Jordan e Rothschild, Novit. Zoolog. 
REX Md912 pes 9300852] 

42) Neiva, A.—Algunos datos sobre Hemipteros hemato- 
phagos de la America del Sur ; An. Mus. Nac.Buenos Aires, 
Tomo 24, 1913, pg. 1934-97. 

Enumeração de 6 especies do genero Triatoma (do qual 
«Conorhinus» é synonymo), os nossos <barheiros», dos quaes 
TP. megista, iufestans, rubrofasciata, rubrovaria, sangui- 
suga e sordida são especies domesticas. 

A especie nova 7. platensis por emquanto só foi encon- 
trada nos Pampas. 

43) Revrer, O M.— Amerikanische Miriden; Oefversigt of 
Finska Vetenskaps — Soc. Férhandl., Vol. 55, 1913, part. 
A go Nis 18; pags. 1 = 643 

Estudo critico de especies e generos americanos de he- 
mipteros da fam. Capside, subfam. Mirine. 

I’ um dos ultimos trabalhos do fallecido professor de 
Helsingfors, ao qual devemos tantas e tantas publicações 
sobre hemipteros sulamericanos. Não podemos deixar de 
mencionar o seu bello livro em que são ventiladas innum e- 


— 50% — 


ras questões de alto interesse biologico: como é natural 

auetor, quando o podia, tomava os hemipteros por ponto de 
partida e isto augmenta-lhe o valor, porque bem poucos até 
agora têm dado o devido valor a este grupo de insectos. 

44) Arrow, G. I. — Some new species of Lamillicorn 
Beetles frum Brazil; Ann. & Mag. Nat. Hist., Ser. 8 vol. 
11,1915 pags. 456-466. 

Um bom numero de especies novas de besouros do gru- 
po dos lamellicorneos, colligidos em varios Estados do Bra- 
zil, por occasiäo da «Stanford Expedition, 1911, chefiada 
pelo dr. J. C. Branner. 

45) Becuin-Bitiecoce.— Contrib. à la foune des Coléopte- 
res de L Amerique du Sud -— Apionidae (Curculi nidae) ; 
Bull. Soc. entom. France 1911, n. 7, pag. 131-33. 

Interessa a nossa fauna a descripção de uma especie 
nova, Apion informe, do Brazil (sem outra indicação !) 

46) BerxHAuER M. Zur Staphyliniden fauna vn Süd-Ame- 
rica; Deut. Entom Zeitschr., 1911 fase. IV pags. 403-422. 

E” a setima contribuição do autor sob este titulo; é im- 
menso o numero de besourinhos da fam. Stphylinidae des- 
eriptos por este incansavel especialista amador, e a lista da 
fauna brazileira com isto muito tem aproveitado. Ainda 
este trabalho contem um bom numero de especies que lhe 
foram enviadas pelo nosso museu, 

47) Ipem — Zur Staphylinidenfouna von Süd-Amerika, 
Verhandl. Zool. bot. Ges. Wien, 1912, pags. 26-48. X con- 
tribuição. 

Ainda esta collectanea de especies novas de besouros 
Staphylinidas contem materiaes enviados por nosso museu, 
Accrescentaremos que Termitoquedius iheringi un. sp. (N. 
15726 do nosso registro) acompanhava um bando de «formiga 
correição» (Eciton quadriglume) e Theringocantharus (n. 9.) 
ypiranganus n. sp. (N. 10583) foi achado em um cupim aban- 
donado de Termes dirus. juntamente com besouros coprophagos. 

Agradecemos a gentileza das dedicatorias. 

48) GouxeLLE, E. — Liste des Cérambycides de la region 
de Jatahy, Goyaz ; Ann. Soc. Entomol. France vol. 80, 1911. 
pags. 105-253. 

Em continuação à extensa memoria publicada sobre 
mesmo assumpto em 1908 (veja-se esta revista, vol. VIII, 
pag. 545), o autor dá-nos agora uma segunda parte da lista 
dos besouros longicorneos de Goyaz. 

São innumeras as especies novas descriptas e observa- 
mos com prazer que o illustre especialista se refere frequer- 
temente a exemplares da nossa collecção, cujos especimens 
deste grupo foram, aliás, quasi todos identificados por este 
nosso bom amigo. 

49) GouneLLE, E. -- Description de quelques espéces 
nouvelles de Callichroma du Brésil merid. Bull soc. entom. 
France 1911, pags. 165-170. 


— 508 — 


Descripçäo de tres especies de besouros longicorneos de 
Minas, S. Paulo e Santa Catharina; uma das especies C. 
distinguendum parece-se bastante com O. sericeum, a ponto 
de ser com ella confundida. 

50) Lene, C. W.—The species of Brachyacantha «f N. 
and S. America; Bull. Am. Mus. Nat. Hist. New York, vol. 
30. 1911, pags. 279-333. 

A bem organizada monographia do gen, Brachyacantha. 
coleopteros da fam. Coccinellidae, contem apenas 10 especies 
sul-americauas (em um total de 39) e bem poucas são co- 
nhecidas do Brazil. 

(Queremos crer que desses besourinhos, cujas dimensões 
não ultrapassam 2 ou 3 mm., ainda haverá muitas especies 
nossas por descrever, o que agora com o auxilio desta revisão 
se torna relativamente facil. 

51) Lugperwaupt, H.— Actinobolus trilobus. n. sp. ; Deu- 
tsche Entomol Zeitschrift, Berlin, 1910, pags. 95-96. 

Descripção de uma especie nova de coleoptero termito- 
philo, lamellicorneo da subfamilia Dynastinae. 

52) Onaus, F. — Biol gie des Phanaeus floriger Kirb: 
Deutsch. Entom. Zeitschr. 1913, pags. 681-686, Est. III. 

Mostrou-o ha muito J. H. Fabre nos seus classicos 
»Souvenirs Entomologiques» (Vol. I, 1879) o quanto é inte- 
ressante a biologia dos besouros escarabeus; nada mais na- 
tural do que querer saber como se comportam neste sentido 
as especies correspondentes da nossa fauna. Foi o que ha 
muito se propoz o nosso museu, mas as varias tentativas 
nunca nos proporcionaram o resultado desejado. Tambem © 
Dr. Ohaus, mestre em taes estudos, viu as suas tentativas 
muitas vezes frustradas, até que afinal conseguiu acompanhar 
toda a evolução do Phanaeus floriger, de tamanho medio, de 
cor verde ou azul metallica. 

53) Onaus, F. — Einige Ratschliige zum Niifersammeln 
in den Tropen; Entom. Rundschau, vol. 30, n. 11, 13, 14, 
165,18. 

«Alguns conselhos para colleccionar besouros nos paizes 
tropicaes» é o titulo que o auctor dá as presentes instrucções, 
que bem mereciam ser traduzidas integralmente para o por- 
tuguez. O auctor, tão bem conhecido em todos os estabe- 
lecimentos sul-americanos nos quaes se encontre alguma 
collecçäo de insectos, estava como poucos indicado para es- 
crever as 23 paginas de instrucções, porque não é só col- 
leccionador de besouros mas tambem de todos os.seus estadios 
de desenvolvimento e attento observador da biologia dos 
coleopteros. 

54) Roraxrmcu & PANTHENX — Neue Südamerik. Stigmo- 
deridae, etc. Deut. Entom. Zeitschr. 1912, fase. V, pes. 
589-595. 

A proposito da descripçäo de algumas especies novas 
de besouros da fam. Buprestidae ( «mãe-do-sol» ), quasi todas 


brasileiras. os auctores dao uma lista das especies dos gen. 
C. nognatha (20, das quaes 13 brasileiras) e P/théscus (48, 
sendo 19 brazileiras). 

55) SpaprH, Fr. — Nritische Studien über den Umfang 
u. Begrenzuny mehrerer Cassiden-Gattungen nebst Beschrei- 
bung amerik. Arten; Arch. fe Naturgesch., vol. 79, 1913, 
Abt. A. fase. 6, pags. 126-164. 

E’ o começo de uma revisão dos generos de besouros 
da fam. Cassidae e que de facto ha muito não tem sido es- 
tudados convenientemente; quasi todos os antigos generos 
comprehendem grupos de especies que puderam ser caracte- 
rizados sem dificuldade e dahi o grande numero de generos 
e sub-generos novos estabelecidos. Tambem muitas das es- 
pecies de proveniencia brazileira são novas, e mencionaremos 
em particular Pseudomesomphalia iheringi dedicada ao di- 
rector do nosso museu, 

56) Weise, J. — II” Beitrog zur Kenntnis der Hispi- 
nen; Ann. Soc. ent. Belgique, vol. 55, 1911, pg. 36-78, 

Nesta terceira contribuição ao estudo dos pequenos be- 
souros da fam. Hispidae o autor passa em revisão 65 especies 
neotropicas da sub-fam. Hispinae, tendo examinado os typos 
contidos nos museus de Berlim e Bruxellas. Numerosas es- 
pecies são brazileiras e uma dellas, Uroplata iheringi toi 
dedicada ao director do nosso museu. 

57) Dyar, H. G. — Notes où Catton Moths, Insecutor 
Inscitae Menstr. vol. 1, N. 1, 1913, Washington. 

Um estudo das mariposas dos generos Comsophila, Go- 
nitis, Aletia, Anomis e Alabama, evjas lagartas em boa par- 
te vivem sobre o algodoeiro «curuquéré» — Alabama argil- 
lacea). Das 27 especies pelo menos 8 occorrem tambem no 
Brazil e por isto o trabalho, com a sua chave para a classi- 
ficação é-nos muito util. Além do «cnruquêrê» oecorrem aqui: 
Comsophila erosa, Gonitis edetrix, An mis exaggerata, sti- 
gmocraspis, hemiscopis, exacta e doctortum. 

58) Ferreira DE ÁLMBIDA, R. — Trois lépidontéres nou- 
veaux du Brésil; Rio de Janeiro, Décembre, 1913 (duas pa- 
ginas—ubi ?) 

Recebemos o pequeno folheto em que vem  descriptas 
tres borboletas do Rio de Janeiro, pertencentes à fam. Pje- 
ridae. As deseripções são suficientemente claras, e, ainda, o 
auctor teve a gentileza de juntar duas acquarellas; pude- 
mos assim identificar facilmente as formas em questão : 

«Hespsrocharis melissa n. sp» não é senão um o pallido 
de Appias drusilla ; desta mesma especie Bünnighausen des- 
creveu uma forma janeira, um pouco mais amarela ; 

da mesma Appias drusilla o auctor descreve uma for- 
ma «nana», para a qual entretanto não ha caracteres sutti- 
cientes que a distingam sempre da forma typica ; 

da «Terias tenella alcides, aberr. nov.» com as man- 
chas mais nitidas no lado inf. da aza post.; temos em nossa 


——— SOL 


colleeção a passagem gradativa a forma desprovida de taes 
manchas. Parece-nos, alias, conveniente adoptar a denomi- 
nação Terias neda tenella para a forma brazileira, bem pou- 
co diversa da especie typica mais septentrional. 

E” de lastimar que o lepidopterologo incipiente não ti- 
vesse consultado colleeções mais ricas, em que facilmente 
poderia ter encontrado as transições das varias formas, o que 
lhe teria indicado a variabilidade das especies em questão. 

59) Jones, E. DuxixrigLD — Descriptions of new species 
of Lepidopterc-Heterocera from south-east Brazil; Trans. 
Entomol. Soc. London, 1912, pgs. 419-444. 

Datam de annos remotos os primeiros trabalhos publi- 
cados pelo auctor, sobre as borboletas do Brazil. A presente 
publicação contem a descripção de muitas mariposas novas, 
particularmente de S. Paulo e do Paraná e estamos certos 
que ainda seremos obsequiados com muitos outros desses seus 
escriptos, contendo os resultados das suas caçadas feitas em 
1913 em nosso Estado. Como ja ficou dito a pag. 16 deste 
volume, tivemos o prazer de hospedar o incançavel lepido- 
pterologo na «Estação Biologica do Alto da Serra», quando 
essa mallograda casa de estudos biologicos ainda dependia 
do Museu Paulista. 

60) LuenerwazpTr, Zur Biologie von Stenoma dissimilis 
hearf.: Zeitschr. f. wissench. Insektenboil. 1912, N. 1, pg. 5-6. 

As lagartas da mariposinha Stenoma dissiméilis, tam. Ti- 
neidae criam-se nas folhas do «cedro branco» (Cedrella fis- 
sil/s). O auetor acompanhou toda a sua evolução, que tem 
lugar nos mezes de Janeiro a Março; no casulo ellas per- 
manecem apenas 11 a 12 dias. 

61) Manitite, P. et Eve. BovLLET Essai de revision 
de la fam. des Hesperides; Ann. Se. Nat. Zoologie, Paris, 
vol. XVI, N. 1-4, 1912, pgs. 1-159. 

Continuação do trabalho ao qual já nos referimos nesta 
Bibliographia, vol. VII, pg. 541: acompanham-no duas es- 
tampas admiravelmente executadas. 

62) Arcock, A. — Remarks on the classification of the 
Culicidae; Ann. Mag. Hist, Ser 7, vol. 8 494 pe; 
240-250. 

Parecendo ao auctor que Theobald tivesse subdividido 
as Culicidas em um numero demasiado de sub-familias, apre- 
senta elle o seu systema, no qual as «Secções» correspondem 
a sub-familias de Theobald. 

Adinitte só duas subfam.: Corethrénae e Culicinae. Esta 
subfam. comprehende + secções : 

I Megalorhini ( — Megarhinae Theob.) 

IT Epéalurgi( — Anophelinae Theob.) 

HT Culicales ( — Culicinae, Heptaphlebomyinae, Dinoce- 
ratinae, Aedinae e Uranotaeniinae Theo.) 

IV Metanctotricha (Trichoprosoponinae, Dendromyzinae e 
Limatinae Theob.) 


Alem disto estuda mais detalhadamente os subgeneros 
de Anopheles. Não sabemos onde estará o bom «meio termo», 
mas tambem aqui convem não ir nem tanto ao mar, nem 
tanto à terra. 

62-A) ALEXANDRE, CH. P. — Synopsis of part of the 
neotrop. Cranefli s, subfam. Limnobinae Proc. U. S. Nat. 
Mus. Washington, Vol. 44, 1913 pg. 481—549. 

O extenso trabalho estuda uma parte das especies de 
pequenas moseas (antes mosquitos pelo aspecto) da fam. Ti- 
pulidae, cujas larvas vivem de preferencia no capim e ve- 
getaes em decomposição; as nymphas parecem-se com as 
das mariposas. Ja é relativamente grande o numero de es- 
pecies brazileiras assignaladas, mas quasi todo esse material 
veio só de Chapada e Corumba, Est. Matto Grosso e Igara- 
péassu, Est. Para. 

63) Bezzr M.— Sobre tres interessantes dipteros de 
S. Paulo, cf. antea pg. 492. 

Um caso interessante de Ceratopogon sugador de la- 
cartas: Pialea lomata diptero raro que provavelmente é pa- 
rasita das aranhas: e finalmente Considerações sobre as es- 
pecies brasileiras do gen. Systropus (NS. fumipennis e nitidus) 
parasitas dos lepidopteros da fam. Limacodidae. Todo este 
material foi enviado ao auctor pelo Sr. Conde A. Barbiellini. 

64) Becker. TH. — Chloropidae, eine monographische 
Studie; Ann. Musei Nationalis Hungarici, Vol. X, 1912, 
part. 1, pags. 21 - 256. , 

As pequenas moscas da fam. (hlorcpidae foram estu- 
dadas, monographicamente, pelo auctor do presente trabalho; a 
parte que acima citamos abrange as especies nearcticos (Ame- 
rica do Norte) e as neotropicas (ou America do Sul, Central 
e Mexico in el.). Da America do Norte conhecem-se 165 es- 
pecies e provavelmente só poucas faltarão. para completar a 
lista. Da região neotropica em que, seja dito desde logo, bem 
pouco ainda se colligiu deste material, foram estudadas 152 
especies distribuidas por 28 generos. De proveniencia brasi- 
leira são 54 especies e quasi todas estas (46) foram colligi- 
das em Hammonia, no Est. de Santa Catharina, pelo sr. H. 
Lüderwaldt, preparador de entomologia do nosso museu. A 
avaliar por ahi qual não será o verdadeiro total das especies 
desta familia, existentes em todo o Brasil? E” verdade que 
quasi todas estas mosquinhas medem apenas 2 ou 3 mm. de 
comprimento e algumas mesmo vão pouco alem de 1 mm. 
Ao seu trabalho systematico, extremamente penoso e delica- 
do, o auetor junta algumas considerações sobre a distribui- 
ção geographica dos 79 generos e das 795 especies que até 
hoje se conhecem: 9 generos e 3 especies são cosmopolitas. 

65) EnxperLEIN, G. publicou sobre o mesmo assumpto 
dous trabalhos (S/tzber. Ges. naturf. Freunde, Berlim, 1911, 
e Zoolog. Anzeiger, Vol. 38, N. 4, 1911) com muitas especies 
brasileiras, que se acham incluidas na publicação de Becker. 


66) HenpeL, Fr.—Die Arten der Dipteren-Subfam Ri- 
chardiinae; Deut. Entomol. Zeitschr. 1911; fase. II, pags. 
181-212, III, pgs. 239-270, IV, pgs. 367-396. 

Revisão monographica da subfam. /ichardiinae, dipteros 
da fam. Ortalididae; as 88 especies da subfamilia são uni- 
camente americanas e em boa parte neotropicas : muitas das 
43 especies novas são brasileiras. Chaves para a classifica- 
ção dos 22 generos e outras para as especies facilitam a 
continuação do trabalho. 

Este deverá consistir não só na descripção de especies 
novas, mas tambem no estudo da biologia destas moscas. 
pois até agora nada se sabe a respeito. 

Do mesmo auctor é a contribuição aos «Genera Inse- 
ctorum» de Wytsman, fase. 113. (19 fr.) que trata desta sub- 
familia. 

66-a) Howarp, Li. O. — The House Fly, Desease Car- 
réer ; London, 1912, 312 pags. John Murray, 6 sh. 

A Mosca das casas, transmissora de molestias, ou como 
dizem hoje os scientistas norte-americanos «Typhoid fly»—é 
estudada magistralmente neste livro; o auctor, o celebre chefe 
do servico de Entomologia economica nos Estados Unidos, 
teve em vista dar a conhecer a todos o modo de vida deste 
nosso inimigo abejecto e por mil modos pernicioso — e de 
facto, o que Howard nos apresenta é uma monographia pre- 
ciosa, que nos ensina todos os detalhes da biologia da Musca 
domestica. KE’ o que se precisava em todo o mundo, pois 
não ha recanto do globo habitado ou habitavel onde não se 
encontre esse flagello; todos os hygienistas são concordes em 
attribuir à mosca das casas o papel de perigosissimo trans- 
missor de innumeras melestias ; entretanto não havia ainda 
em nossas bibliothecas um tratado perfeito que estudasse © 
problema de modo exhaustivo. 

E" pois com immenso prazer que aqui apresentamos © 
excellente trabalho, scientifico e pratico, aos nossos medicos 
sanitarios, fazendo votos para que o saibam aproveitar na 
campanha recentemente encetada nos centros populosos do 
Brazil, na «guerra contra as moscas». 

67) Kwas, Frep— Names and synonymy in Anopheles ; 
Insecutor Inscitae Menstr., Washington, Vol. 1, N. 2.19153, 
pg. 15-17; N. 3, pg. 36. 

Modifica os nomes de alguns mosquitos da nossa fauna. 
Assim deverão ser denominados: Anopheles boliviensis Theob. 
(A. lutzi, A. cruzi auct.). Megarhinus violaceus Wiedem. (M. 
mariae Bourr.), Ankylorhynchus purpureus Theob. (A. vio- 
laceus auct. nec Wiedemann). 

67-A) Inen— À note on some American Simuliidae; loc. 
8: eit. Molo ba Ni 12.41 O13: paso dib4=ab: 

Tambem o nome de um S’mulium. borrachudo, deseri - 
pto por A. Lutz, 8. exiguum, por já ter sido dado anterior- 
mente a uma especie congenere da Venezuela, deve ser substi- 


ne ne ms me lt a. 


tuido; assim foi-lhe conferido o nome S. lutz/ (minutum 
Sure. 1911 nec. Lugger 1896 fig.) 

69) Mora DE: Am: (cf: po. 498, N. 5.) 

A primeira contribuição do auctor estuda em geral a 
familia dos Chironomidae e a subfam. Ceratopogoninae a que 
pertencem os pequenos dipteros hematophagos, conhecidos 
vulgarmente por «maruim» (no litoral) e «mosquito polvora» 
(no interior). Vem deseziptas, ao todo 15 especies que, com 
excepção de tres já conhecidas, são novas e pertencem aos 
gen. Culicoides (11), Centrorhynchus n. gen. (3 sp.) e Ter- 
sesthes. 

De summo interesse são as observações biologicas refe- 
rentes às varias especies que se criam no lodo dos mangue- 
zaes e especialmente nos buracos em que vive o «guayamú» 
(Cardisoma quanhumi). 

69) Lurz, Dr. Ap. & Arraur Neiva (pg. 493, N. 8). 

Um outro grupo de pequenos dipteros hematophagos, que 
até hoje não havia sido estudado com relação à fauna bra- 
sileira, é a dos pequenos «biriguis», fam. Psychodidae, gen. 
Phlebot mus. Foram descriptas tres especies, todas ellas no- 
vas: alem destas, anteriormente só havia sido descripta mais 
uma,do rio Javary. Vivem de preferencia na matta e,attrahidos 
pela luz, as vezes entram nas casas; os estados larvaes ain- 
da não foram encontrados. 

70) Lurz, AporeHo (cf. pg. 493, Ns. 2 e 18). 

Em continuação as suas publicações sobre as moscas, ou 
antes «mutucas» da fam. Tabanidae (veja-se esta Revista, 
Vol. VIL, Bibl. pg. 550) o Dr. A. Lutz descreve no primei- 
ro trabalho mencionado, 15 especies novas de Pangoninae e 
Chrysopinae. 

A segunda contribuição ao mesmo assumpto estuda o 
grupo das Tabanidae opisthan plae, que comprehende as 
subfam. Diachlorinae (n.) cor: 20 especies de Diachlorus (8 
das quaes são novas), e Lepidoselaginae com 6 especies 
dos gen. Lepidoselaga Macq., Selasoma Macq., Himant stylus 
e Stegmatophthalmus, estes dous ultimos generos novos. Duas 
optimas estampas illustram 23 dessas especies. 

71) Neiva, Dr. Artuur & Gomes DE Faria, (cf. 
pets, Nat: 

As moscas mais geralmente conhecidas como causadoras 
de myiasis humanas são: Chrysomyza macellaria («bicheira») 
e Dermatobia hominis («berne»). Os auctores accrescentam 
agora a Sarcophaga pyophila, especie nova, criada de larvas 
extrahidas de uma ferida. 

Com muita razão os auctores criticam o pouco caso dos 
elinicos em criar as larvas extrahidas das «bicheiras», sendo 
esta uma das causas de conhecermos ainda tão malas espe- 
cies de moscas que em nosso paiz determinam myasis. 

72) Surcour & Knas. — Referencias nos Proc. En- 
tom. Soc. Washingt.n, Vol. XV, 1913, pg. 167 a possibili- 


ee 


dade de serem os ovos do «berne» Dermatobia transmittidos 
ao homem e ao gado, ete, pelo mosquito (Janthinosoma). 
O que ha de positivo, até agora, é apenas a observação de 
que uma vez ou outra se encontram taes mosquitos com 
ovos da Dermatobia debaixo das azas; e ao mesmo tempo 
que o insecto suga a sua victima, cahem aquelles ovos — 
mas, tudo isto não representa ainda senão uma possibilidade. 
que a uns se afigura acceitavel, emquanto que outros, sem 
muita dificuldade, oppõem as sua duvidas. 

13) Cockerezx,, T. D. A. — New bees from Brazil 
Psyche, Vol. XIX, N. 2, 1912, pg. 41-61. 

A’ ultima expedição do Prof. Branner ao Brazil (Stanford 
Exped., 1911) já varias vezes nos referimos nesta Bibliogra- 
phia; o presente estudo descreve as especies novas de abe- 
lhas colligidas pelos naturalistas da comitiva. Das nossas 
abelhas meliferas vem descriptas duas Meliponas e cinco 
Trigonas novas; mas o auctor mesmo desconfia que em 
muitos casos as pretendidas «especies novas» não passam de 
«mutações» de formas muito diffundidas, taes como a «Man- 
dassaia» e a clrapoan». 

14) Ducke, A. — Die natiiriichen Bienengenera Siida- 
merikas ; Zoolog. Jahrb., Jena, Abt. System. Geogr. u. 
Biol. Vol. 34, fase. 1, 1912, pes. 51-116. 

A presente revisão dos generos de abelhas da America 
do Sul, dispostos systematicamente segundo as suas affinida- 
des, é um destes trabalhos que só os verdadeiros especialis— 
tas podem produzir. E” preciso ter estudado a fundo todo o 
grupo, tomando em consideração todos os detalhes quer mor- 
phologicos, quer biologicos e isto, em se tratando de um 
conjuncto de 71 generos, com muitas centenas de especies. 
requer não só competencia como tambem muita perseverança 
e tempo. O nosso operoso collega do Museu do Pará deu 
cabal desempenho à tarefa que se impôz, discutindo genero 
por genero e enumerando para alguns as especies sulameri— 
canas (com deseripção de algumas novas): além disto dá 
uma chave para a classificação dos generos, trabalho insano 
mas utilissimo. 

19) Ducke, Av. — As Chrysididas do Brazil; Cata- 
logos da Fauna Brazileira, Vol. IV, 1913, 31 pgs. 

O catalogo contem a enumeração de 84 especies brazi- 
leiras das lindas vespinhas parasitas, da fam. Chrysididae ; 
no appendice, além de outras observações, o auctor descreve 
as seguintes formas novas: Cleptes mutilloides minor, Cl. 
aurora dubuyssoni e rubustior, Chrysis mathani. Lembrare— 
mos ainda que neste mesmo volume, pags. 229-30, o auctor 
faz algumas pequenas emendas a esta sua publicação. 

75-A) Ducke, Av. Terzo supplemento alla revisione 
dei Crisididi dello Stato del Pará, Boll. Soe. Entom. Vol. 
41, 1911, pg 89-115. 

16) Forez, A. — Ameisen des Herrn v. Ihering aus 


— SIS — 


Brasilien (8. Paulo) etc. Deut. Entom. Zeitschr. 1911, fase. 
HI, pags. 285-312. 

Em continuação ao seu escripto referente ao material 
de formigas que lhe fora fornecido pelos Drs. H, von Ihe- 
ring e A. Lutz, (Verh. k. k. zool. bot. Ges. Wien, 1908, 
pg- 340) o distincto psychiatra e especialista no estudo das 
formigas, continua a enumeração das especies que lhe foram 
enviadas pelo nosso Museu. A pezar de agora ja se ter es- 
tudado meticulosamente ha tanto tempo este grupo de hy- 
menopteros, assim mesmo é elevado o numero das especies, 
subspecies e variedades novas descriptas nesta contribuição e 
será interessante aecrescentar que os typos foram colligidos 
não só em zonas afastadas, no sertão, mas nos proprios ar- 
redores do nosso museu, no Ypiranga! 

77) Forez, A. — Fourmis d'Argentine, du Brésil, etc 
Bull. Soc. Vaudoise des Sc. Nat., Vol. 49, N.º 181, 1945. 
pgs. 1-48 (cop. sep.). 

O eminente especialista descreve numerosas especies e 
variedades novas, sendo que as de proveniencia brazileira lhe 
foram fornecidas pelo Museu Paulistas, a cujo pessoal são 
dedicados varios nomes propostos como novos. Eciton fran- 
canum Ihering é considerado raça de E. vagans Ol.; E. 
abstinens Ihering é collocado na synonymia de E. raptans 
(nec. «raptor Sm.»). 

78) Inerinc, H. von — Phylogenie der Honigbienen, 
Zoolog. Anzeiger, Vol. 37, N. 5/6, 1911, pags. 129-136. 

A proposito das recentas observações feitas com relação 
à biologia da nossas abelhas sociaes, o auctor volta ao es- 
po da phylogenia das familias de abelhas meliferas, Ap7ice 

Trigoninae, assumpto do qual já anteriormente se havia 
enfiado (veja esta Revista VI, Bibl. pag. 635). Mostrando as 
particularidades biologicas que Apis e Trigona tem em com— 
mum e os pontos nos quaes ellas divergem, affirma H. 
Ihering que as duas formas provem certamente de origens 
ae ainda que mais ou menos semelhantes; a sua evo- 
lução foi egualmente bastante semelhante, de forma a nos 
apresentarem hoje conjunctos biologicos que pouco divergem 
um do outro; e entretanto o caminho percorrido e o modo 
pelo qual o mesmo problema foi resolvido são bem diversos. 
Tambem a distribuição geographica dos dous elementos vem 
coroborar não só as afirmações phylogeneticas assim estabe- 
lecidas como tambem as theorias das migrações estudadas 
pelo auctor sob outros pontos de vista. 

79) Imerisna, H. von — Biologie u. Verbreiwung der bra- 
silianischen Arten von Eciton ; Entomol. Mitteil. Berlin, Vol. 
I, N.º 8, 1912, pgs. 226-235. 

As formigas da sub- familia Dorylniae vulgarmente cha- 
madas «de correição», constituem um dos capitulos mais dif- 
ficeis do estudo quer da systematica, quer da biologia desse 
grupo de hymenopteros. Basta dizer que até a pouco os ma- 


LEE 516 aes 


chos figuravam sob um nome generico (Labidus) quando 
para as obreiras se empregava a denominação Eciton; as 
temeas de todas as nossas especies ainda são desconhecidas. 
O auctor estuda em particular as 14 especies paulistas (4 da 
região do litoral, 4 do sertão e 6 communs a todo o terri- 
torio), registrando varias observações biologicas. Outro thema 
discutido pelo auctor é o da origem desta familia, que elle 
declara ser de proveniencia asiatica e para o que encontra 
varios documentos, concordes com outros, observados em va- 
riados elementos da nossa fauna. 

80) Inprinc, H. vox — Zur Biol gie der brasilianischen 
Melip»niden; Zeitschr. f. wissensch. Insektenbiologie, Vol. 
VIII (17) 1912, pgs. 1-5, 43-46. 

A biologia das abelhas sociaes indigenas ja foi ha tem- 
pos estudada com toda minucia pelo auctor (cf. esta Revista 
VI, Bibl. pg. 635). A presente contribuição ao mesmo asfampto 
vem accrescentar a descripção de mais alguns ninhos, a sa- 
ber de: Trigona (Friseomellita) silvestrii, muelleri, bipuncta- 
ta («sete-portas»), frisei Ihering («Sanharó»), capitata («mom- 
buca») especie esta que biologicamente constitue uma tran- 
sição ao genero Melipona, porque não faz porta no ninho, cons- 
troe o batumen de barro e os potes de mel são muito 
grandes. Do gen. Melipona é novo o nmho de M. santhilairi. 

81) LueperwazpT, H. — Nestbau von Neocorynura erin- 
nys Schrott.; Zeitschr. f. wissensch. Insektenbiol. 1911, n. 3 
pg. 94-96. 

O auctor, preparador de entomologia do nosso museu, 
havia observado a nidificação de uma pequena abelha soli- 
taria, que segundo o Sr. C. Schrottky representava uma es- 
pecie nova e cuja diagnose figura no mesmo escripto. E” ao 
que sabemos apenas o segundo ninho de abelha brazileira 
da subf. Halictinae que se conhece; o primeiro foi descripto 
por nós nesta Revista, vol. VI, pg. 465 e refere-se a Au- 
gochlora nigromarginata (e não “A. gramminea” como então 
suppunhamos). : 

82 Maton, Fr. — Die Xylocopen des Wiener Hofmuseums ; 
Ann. Nathist. Hofmus. Wien, vol. 26, 1912, pg. 294-330. 

Sem ser uma monographia das “mamangabas” do gen. 
Xylocopa, em tudo completa, o auctor nos da entretanto tao 
abundantes informações detalhadas, sob todos os pontos de 
vista, que a sua publicação se torna indispensavel a quem 
quizer trabalhar neste grupo e evitar as penosas verificações 
que tanto dificultam a classificação rigorosa. O trabalho do 
antigo funecionario deste museu, Sr. C. Schrottky, no vol. V 
desta Revista, pg. 456 e que abrangir 28 especies nossas, 
acha-se naturalmente muito modificado, mas ainda assim 
prestará bons serviços ao novato. 

83) Marranno FrLHo, Dr. José. — Ensaio sobre as Me- 
liponidas do Brazil; These apresentada à Faculdade de Me- 
dicina do Rio de Janeiro, 1911, pgs. 140, Est. I-VI. 


E 


— 517 — 


De quando em vez a nossa literatura zoologica é pre- 
senteada com contribuições que, praticamente, se destinam à 
defeza de these perante as Escolas de Medicina e, quem qui- 
zer, vera nisto, como nós, a falta que faz um curso superior 
onde se ensinem as materias da philosophia natural. Lem- 
braremos neste sentido as theses sobre “Mimetismo” (veja-se 
esta Bibliogr. vol VIII, pg. 537) e “Pesquizas ichthyologi- 
cas na bahia do Rio ‘de Janeiro” (loc. cit. vol. VI, pg. 
623), etc. 

O presente estudo, de egual orientação, versa sobre as 
abelhas meliferas indigenas, e comprehende não só a syste- 
matica toda (generos Trigona e Melipona, com 92 especies) 
como tambem a biologia. Nos capitulos desta ultima parte 
do seu estudo, o auctor registra muitas observaçães interes- 
santes, colhidas pessoalmente no seu apiario (ou, como ja se 
disse alguma vez, e para differenciar os colmeaes indigenas 
dos de Apis mellifica — “meliponario”). Lastimando não poder 
analysar mais detalhadamente este trabalho, recommendamol-o 
a quem quizer continuar a tarefa. Por nossa parte agradece- 
mos as amaveis referencias que o auctor fazao Museu Paulista 
quando menciona o auxilio que lhe prestamos, nos na parte 


systematica e o dE H. v. Ihering na de biologia. — «On re- 
vient tousjours...» e assim não perdemos a esperança de 


que o nosso amigo, depois dos seus estudos de physiologia 
vegetal, volte ainda ao mesmo assumpto, que lhe proporcio- 
nou tão proveitoso thema. 

84) Meape-Wazpo, G.— New species of Diploptera in 
the British Museum (III); Ann. & Mag. N. Hist. vol. 
ser. VIII 1911, pg. 98-112. 

Descrevendo varias especies de vespas sociaes da collec- 
ção do museu de Londres, o auctor consagra duas paginas à 
biologia da “vespa tatu” (Synoeca surinama), aproveitando 
os dados que lhe foram fornecidos da Guyana. Interessante é 
a observação do respectivo parasita, Æpitelia aculeata Walk., 
tam. Chalcidida. 

85) SCHROTTKY, C. — Neue siidamerik. Hymenopteren ; 
Deutsche Entom. Zeitschr. 1913, pgs. 702-708. 

Entre as varias especies de hymenopteros, descriptas como 
novas, encontram-se diversos exemplares cujos typos, paulistas, 
se acham guardados em nosso museu, bem como outros colligidos 
no Est. do Paraná, nas proximidades de Guayra. 

86) SizvesTri, F.-—Della Trigona cupira Sm. e di due 
ospiti del suo nido, ete.: Boll. Lab. Zool. Gen. Agraria 
Seuola Portici, vol. V, 1911, pg. 65-71. 

Descripção do ninho da abelha social Pr. cupira do Me- 
xico (com o mesmo nome disignamos a especie brazileira 
“Iraxim”, mas o ninho desta não é subterraneo como o des 
cripto por Silvestri! — questões de synonymia ?) Alem disto 
o auctor descreve hospedes, entre os quaes acarideos da fam. 
Gamasidae, Urozercon melittophilus n. sp. do qual a var. 


— 518 — 


angustatus n. foi encontrada sobre Centris thoracica no Matto 
Grosso. 

87) Srranp, Ems. — Eine echte Eucera von Siidamerika ? 
Wiener Ent. Zeitung. vol 30, 1911, pag. 78. 

O gexero de abelhas solitarias Eucera não occorre na 
fauna neotropica : por isso é com duvida e reserva’ que o 
auctor descreve a nova especie E. problematica que figurava 
no museu de Berlim como procedente do Brazil. 

88) SZEPLIGETI, Gy. — Zacei neue Braconiden aus Brasi- 
lien; Boll. del Lab. di Zool. gen. e agraria, R. Scuola Agr, 
Portici, 1911, vol. V, pgs. 285-86. 

Descripgio de duas especies novas de uymnopteros da 
fam. Braconidæ (Bivsteres brasiliensis e areolatus) parasitas 
das moscas das fructas Anastrepha fraterculus, provenientes 
de São Paulo. 

89) Wasmann, P. E. — Güste von Eciton praedator aus 
dem Staate Esp. Sano. Entom. Mitteil. Berlim, vol. II N. 
12, 1913, pgs. 377-380. 

Estudando os insectos myrmecophilos que vivem com 
a formiga “de correição”  Eciton praedator (e portanto cha- 
mados “ecitophilos”), o auctor enumera 27 especies, pela 
maior parte coleopteros staphylinidas (21), 1 pselaphida, 1 la- 
thridida, 1 hymenoptero proctrotrypida, 1 diptero phorida e 2 
acarinos. 

90) WHeELER, W. M. — Ants, their structure, development 
and behavivr. Columbia. Univ. Press, 1910, 663 paginas. 

As formigas, e a estructura, o desenvolvimento e a mo- 
radia das mesmas” — é o titulo do soberbo compendio. pu- 
blicado pelo competente especialista. Aqui o apresentamos 
aos entomologistas brasileiros, não porque a nossa fauna tenha 
no especialmente destacada, mas porque é uma obra prima 

» por ser não só indispensavel a quem quizer hoje em dia 
começar o estudo do grande grupo das formigas, como tambem 
por ser utilissimo a todo aquelle que se interesse pelos bons 
trabalhos entomologicos e principalmente biologicos. 

91) IHBRING, H. von — Analyse der Südamerikanischen 
Heliceen ; Journ. Acad. Nat. Sc. Philadelphia, vol. XV, (2 
ser.) 1912, pgs. 475-500, Est. 41-42. 

Para o magnifico volume com o qual a Academia de 
Sciencias de Philadelphia commemorou o seu centenario de 
fundação, o nosso director contribuiu com um estudo no qual 
analysa a classificação e a origem das varias familias de 
moluscos comprehendidos no grupo das heliceas. Prineipal- 
mente o exame anatomico de muitas especies auctorisa-o a 
fazer modificações na posição systematica de generos e fa- 
milias, das quaes até agora só se havia tirado os caractéres 
da conformação da concha. Os resultados sobre a origem e 
distribuição desses molluscos permittem ao auctor distinguir 
no terciario antigo 4 centros de dispersão para os caracões 
terrestres : “Archameris” (da America do Norte), “Archewris” 


(Europa, Asia sept., Archigalenis à America Central), “Ar- 
ch: lenis” (Brazil e Africa e pela Lenuria a India e Ceylao) 

e “Archinotis” (continente antartico até Archiplata de um 
ag e Australia e Molucas por outro). 

92) Pmssry, H. — Non Marine Mollusca of Patagonia ; 
Rep. Princeton Univ. Expeditions to Patagonia, vol. III, 
Zoo Part. V, 1911. 

O trabalho contem uma revisão das especies sul ameri- 
canas da fam. Amnicolidae, minusculos caracões da agua doce. 
Para tal fim o auctor recebeu material de estudo das col- 
lecções do nosso museu e assim muitas especies nossas, novas, 
figuram neste excellente trabalho, abundantemente illustrado 
com excellentes estampas coloridas. 

93) Brau, Bart. A. & ALF. C. Weep — An electric Roy 
and its young; Proc. U. S. Nat. Mus. Washington, vol. 40, 
Til pet 231, Est 10 e 11. 

Duas estampas representam a raya electrica Narcine 
brasiliensis, entre nós conhecida por “trême-trême” e os seus 
14 filhotes, abundantemente manchados. Refere-se tambem 
às descargas electricas (segundo Coles, 1910) que diz serem 
fortissimas. 

94) ErgenMaNN, C. H. — The Freshwater fishes of British 
Guyana etc; Mem. Carnegie Museum vol. V; 1912. 

Ainda que não diga respeito, propriamente, à nossa 
fauna, o immenso volume de 554 pag. e 103 estampas pu- 
blicado pelo eminente especialista, sobre os peixes da Guyana 
ingleza, é assim mesmo uma obra que não póde ser dispensada 
por quem quizer trabalhar em ichthyologia brasileira. Das 362 
especies estudadas (material este colligido pelo proprio auctor 
durante a sua excursão em 1908) muitas são tambem bra- 
sileiras, aproveitando -nos assim tambem a extensa exposição 
synonymica e muitas illustrações. Utilissima é tambem a 
bibliographia, pgs. 530 a 554, extensiva a todos os trabalhos 
publicados sobre a fauna em questão, de toda a America do 
Sul; é uma reedição do trabalho de 1910, posto ainda uma 
vez em dia e expurgado dos erros, tão perdoaveis, mas 
tambem tão incommodos. 

95) Eris, M. Mares — The Gymnotid Eels of tropical 
America; Mem. of the Carnegie Museum, vol. VI, N. 3, 1913 
pgs. 109-195. 

E” um bello estudo BUN dos peixes da fam. 
Cymnotidar aus comprehendem o “peixe electrico” e as 

“tuviras” ou “sarapós” (os varios nomes que o auctor enu- 
mera como sendo usados no Brazil para designar o Gymnotus 
carapo, cf. pg. 120, são apenas 0 resultado da má compre- 
hensão do que disseramos á pag. 278 desta Revista, vol., 
VII, quando nos referimos simplesmente a uma questão de 
eraphia dos nomes indigenas aproveitados pela nomenclatura 
zoologica). Além da parte systematica, o trabalho encerra 
varios ERRO: referentes a biologia destes peixes; extensa 


— 520 — 


é tambem a parte que se refere às mutilações que frequen- 
temente se observam, tendo o auctor feito experiencias in- 
teressantes quanto ao poder de regeneração. 

O estudo de Anna Lowrey mencionado em nota à pg. 
166, em que ficou demonstrado que o filamento submental de 
Steatogenys elegans contem os mesmos elementos histologicos 
do tecido productor de electricidade de E. electrecus, acha- 
se ja agora publicado : 

96) Lowrey, Anna. — A study of the submental filaments 
considered as pr obable electric organs in the gymnotid Eel., 
St. elegans ; Journ. of Morphology, vol. 24, N. 4, 1913, pes. 
685-694. 

97) Hozzaxb, W.J. — The Carnegie Museum Expedition 
to Central South America. Annales of the Carnegie Muscum 
vol. WIT, .N..3=4,. pes. 283 dt-1911: 

98) Haseman, JoHx D.— A brief rep rt up n the ex- 
pedition of the Carnegie Museum to Central South America 
lc pe 2870 db 

99) Haseman, Jonx D. — Descriptions of some new spe- 
cies of fishes and miscellaneous notes on others obtained du- 
ring the Carngie Museum Expeditions to Central South 
America, 1. e. pag. 315 ff. 

100) Haseman, Joux D. — An annotated Catalogue of the 
Cochild fishes collected of the Ecpedition Carnegie Museum 
ts Central South America, 1. ec. pag. 329 ff. 


101) Hasemax, Joux D. — Some new species of fishes 
fromthe Rio Iguassu, 1. e. pag. 374 ff. 


102) Ezzis, Marton Durpin. — On the species of Hase- 
mania, Hyphessobrycons, and J{emigrammus collected by J. D. 
-Haseman for the Carnegie Museum. Annales of the Car- 
negie Museum, vol. VIII, N. 1 pag. 148 ff., 1911. 

103) Ergenmann, C. H. — New Characins in the Collection 
of the Carnegie Museum, 1. ec. pag. 164 ff. 

Todas estas publicações estudam o immenso material 
ichthyologico collegido pelo sr. John Haseman durante a 
sua excursão (Outubro de 1907 a Janeiro de 1910) à Ame- 
rica do Sul, feita as expensas do Carnegie Museum. O 
itinerario seguido diz respeito, quasi todo elle & fauna bra- 


zileira: rios S. Francisco, Parahyba, Tieté, Paranapanema, 
Ribeira de Iguape, Iguassu. Est. tio Grande do Sul; su- 
bindo o rio Paraguay ao Madeira « descendo este e o Ama- 
zonas até o Para e uma excursão ao Tocantins. 

O mesmo Sr. Haseman, alem de dar muitas informações 
biologicas de interesse, começa os ostulos systematicos, dando 
uma revisão da fam. Cichlidae (ara e Joauninhas) com 78 
especies por elle colligidas e variis dellas descriptas como 
novas. Um crescido numero Ilustrações acompanha. 
cada trabalho, facilitando assim o estudo. Veja-se tambem 


o trabalho do mesmo auctor, N. J 15. 


104) Mrranpa Riperro ÁALIPIO (ef. pag. 494). 

Peixes da Fauna Braziliense, Eleuthrobranchios Asp/- 
rophoros. 

Nos moldes das partes anteriores desta revisão dos pei- 
xes do Brazil, veja esta Revista, Vol. VIII, pag. 506) o 
auctor estuda no presente volume o grupo mais geralmente 
conhecido por Nematognata. Vem descriptas ao todo 322 es- 
pecies de peixes de couro e cascudos; varias dellas são no- 
as, mas infelizmente, a par da collocação incommoda da 
synonymia, nem sempre o auctor põe claramente em evi- 
dencia quaes foram os nomes novos introduzidos; assim à 
pag. 109 « Parasturisoma Nob.» esta bem, mas à pag. 260 
fica-se em duvida (veja tambem pg. 447) e com relação ao 
gen. Tatia não ha indicação alguma. Por nossa parte agra- 
decemos a gentileza da dedicatoria que nos fez, denominando 
Rhynelepis rudolphi a especie que haviamos descripto como 
« P. microps » (nome preocupado). 

Mais uma vez felicitamos o auctor e agora que O sa- 
bemos de volta aos estudos de gabinete e de systematica, 
livre dos dissabores da politica mesquinha, temos quasi cer- 
teza que estará em bom caminho um novo volume destas 
valiosas contribuições às nossas letras scientificas. 

105) Miranda RrBeiro, Auip1io — Loricariidae, Callich- 
thyidae, Doradidae e Trychomycter/dae ; Annexo N. 5 do 
« Relatorio da Commissão de Linhas Telegraphicas Estrate- 
gicas de Matto-Grosso ao Amazonas» (Historia Natural, 
Zoologia), Rio de Janeiro, 1912, 31 pags. 

Tendo acompanhado como zoologo a expedição telegra- 
phica que publica o relatorio supra citado, o illustres na- 
turalista do Museu Nacional da publicidade à lista dos peixes 
colhidos por occasião dessa viagem. Trata-se ao todo de 
47 especies da Amazonia e do Matto (Grosso; são novas para 
a sciencia as seguintes: Ancistrus mattogrossensis, Plecos- 
tumus variostictus e rondoni, Peckoltia n. gen. (Hemian- 
cistrus pt.) Loricaria cacerensis e hoehner, Decapagon uro- 
striatum, Curydoras virecens, Doras lbertatis e insculptus, 
Trichomycterus eichorniarum, Gyrinurus (n. gen.) batra- 
chostomu (an form. juv.?) com estampa, Paravandell/a (n. 
gen.) oxyptera. Permitta-nos o auctor lembrar-lhe o in- 
conveniente que resulta para os zoologos em geral, dessa 
publicação de diagnoses (e só em portuguez, quando o auctor 
é polyglotta) em relatorios inaccessiveis e onde ninguem ja- 
mais irá procurar um trabalho de pura systematica. 

(106) MrranDA RIBBIRO, ALIPIO.— Sobre alguns peixes no- 
vos para a fauna marinha do Brazil; Boletim do Minist. da 
Agricult., Serviços de Informações, Rio de Janeiro, Março 
1912, vol. I, N. 1, pags. 15 — 19 e duas estampas. 

Estudando uma colleeção de 24 especies de peixes do 
litoral do Estado do Rio de Janeiro, o auetor assignala tres 
como sendo novas para a nossa fauna: Isurus oxyrhynchus 


Raf., Odontoscior dentex (Cuv. S. Val.) e Tachysurus ma- 
chadoi M. Rib. (n. sp.) Esta ultima especie assemelha-se 
ao T. jordani do oceano Pacifico. Tambem Astroscopus 
y-geecum (Cuv. & Val.) é mencionado como especie da nossa 
fauna, mas bastante rara. 

Ainda com relação a esta publicação rogamos uo auctor 
reedital-a em publicação accessivel ao mundo scientifico ! 

107) Ripas CapavaL.— Tratado dos peixes do Brazil sob 
ponto de vista commercial e industrial (Excerptos). Bol do 
Ministerio da Agricultura, Rio de Janeiro, Anno II, 1913, 
pags. 74-87. 

Os poucos capitulos publicados dao uma idéia sufficien- 
te do que sera o trabalho todo. O auctor esforça-se por 
demonstrar com o auxilio de dados positivos e modernos 
quanto poderá ser proveitosa a industria nacional da explo- 
ração de nossa rica fauna fluvial e maritima — e, em se 
tratando de trabalho de propaganda, não se lhe deverá levar 
a mal algum exagero. As illustrações coloridas deixam a 
desejar, não tanto pela reprodução que é relativamente boa, 
mas pelos originaes, que não são nem artisticos nem scienti- 
ficamente correctos. 

Mas o que está a pedir misericordia é a terminologia, 
os nomes dados a cada uma das especies animaes de que se 
oceupa o auctor. (Querendo «enfeitar» o seu trabalho com 
nomes latinos, foi emprestar à fauna européa as denomina- 
ções consagradas às especies mais triviaes daquelle hemis- 
pherio, pouco se lhe dando que taes formas nunca foram 
vistas entre nós ! 

E” verdade que para alguns grupos dos nossos animaes 
ainda é difficil saber de prompto a classificação mas nem 
mesmo esta deseulpa o auctor não tem, pois. justamente so- 
bre os Crustaceos, de que se occupa mais detalhadamente, 
temos os bellos trabalhos de Carlos Moreira (vol. XI dos 
Arch. do Mus. Nacional) e quanto aos peixes bastaria recor- 
rer às publicações de Alipio Miranda Ribeiro, da mesma 
série. 

Parece entretanto que ao auctor, para quem o delphim 
é ao mesmo tempo cetaceo e peixe, taes minuncias não tem 
importancia. . . . 

108) Srarks, Epw. ©. — The fishes of the Stanford 
Expedition to Brazil; Leland Stanford Jr. University Pu- 
blications, University Series, 1915, 77 pgs., XV estampas. 

O auctor, tendo acompanhado em 1911 a expedição do 
Prof. J. C. Branner ao Brazil, colligiu 230 especies de pei- 
xes nos Estados do norte e o presente trabalho as enumera 
juntamente com algumas notas e a descripção das varias 
especies consideradas novas. 

109) STEINDACHNER, Fr. — Ueber einige Agenei sus u. 
Farlowella-Aiten: Ann. k. k. Naturh. Hofmus. Wien, 1910 
Vol. 24, pgs. 399—408, Est. VII—X. 


Ipem. — Die Fische des Itapocú im Staate Sta. Catharina, 
loe. s. cit. pag. 419-433, Est. V. 

O primeiro trabalho encerra varias especies de peixes 
vrazileiros, o segundo enumera 12 peixes do Est. de S. Ca- 
tharina, descrevendo não só as formas novas como corrigindo 
e ampliando varias outras descripções. 

Outros trabalhos ainda do venerando ichthyologo foram 
publicados sobre peixes do Brazil (nos Anzeiger der k. Akad. 
Wissensch., math. nat. KL, 1911, ete. ) com caracter proviso- 
rio e esperamos que 0 velho amigo do nosso paiz ainda nos 
queira dar uma lista do conjuncto do immenso material de 
peixes do Brazil, accumulado no soberbo museu de Vienna. 

110) Tare Recax, C.— A Revision of the Poeciliid 
fishes (Rivulus, Pterolebias & Cynolebias ; Ann. & Mag. Nat. 
Hist. Ser. 8, Vol. 10, N. 59, 1912, pgs. 494-508. 

Ei) Ipew. — A Revisit n of the Cy rinodont fishes of 
the subfam. Poeciliinae, Proc. Zol. Soc. London, 1913, pgs. 
977—1018. 

Em ambos os trabalhos o distincto ichthyologista do 
Museu de Londres estuda as numerosas especies de peixinhos 
viviparos, geralmente conhecidos pelo povo sob o nome de 

«guarú-guarús». Com o estudo detalhado de todas as partes 
do corpo desses minusculos peixinhos, Eigenmann, Meek e 
Tate Regan conseguiram — diriamos quasi crear — tantos ca- 
racteres, que hoje se distinguem para mais de 30 generos 
quando os antigos compendios reuniam tudo, commodamente, 
sob Girardinus, Poecilia, Rivulus e bem poucos outros ge- 
neros. Caracter hoje muito em voga para a classificação dos 
guarus é a conformação da nadadeira anal do macho que, 
devidamente transformada, lhe serve de orgam copulador. 

Não queremos deixar de lembar que estes mesmos «gua- 
rus» foram ultimamente envocados por parte de alguns sa- 
neadores, para que viessem combater as larvas de mosquitos, 
tão abundantes nas nossas aguas quietas ou paradas. Não 
entraremos aqui em todos os detalhes dos «prós e contras» ; 
a quem o interessar indicamos um escripto nosso, transeripto 
dos jornaes diarios para o Bolletim de Agricultura do Est. 
de S. Paulo, ser. 13, N. 5, Maio de 1812, pgs. 407—410. 
Acerescentaremos apenas que em nosso parque botanico, onde, 
em pequenos tanques, temos plantas aquaticas, os guarús nos 
prestam optimo serviço; uma duzia desses peixinhos, que não 
demandam nenhum outro cuidado senão o da primeira ins- 
tallação, mantem-nos esses aquarios expurgados de mosquitos. 
Mas, porque em determinados casos possam ser assim utili- 
zados, não quer isto dizer que taes peixinhos possam, de vez, 
liquidar o com licado problema da lucta contra os mosquitos. 

112) Tate Recan, C. — A Ut of Cichlid Fishes 
of the gen. Crenicichlt; Ann. & Meg. Nat. Hist., Ser. & 
vol. 11, 1915, pag. 498-504. 

Tomando em consideração as mais recentes publicações 


sobre este grupo favorito, dos peixinhos do gen. Crenicichla, 
e que o nosso povo denomina « Joanninhas » ou « Guensas» 
o auctor reconhece ao todo 22 especies, inclusive duas novas : 
destas, C. notophthalmus da Amazonia, parece ser identica 
à especie à qual nos referimos a pag. 334 deste volume 
(O. dorsocellata, Hasm. pt.). 

103) ANDERSON, Lars G.-— A new Leptodactylus and & 
new Nototrema from Brazel; Ark. for Zoologi, St ckholin, 
vol.» VII, 1911, n. 17, pag. 1-6, Est. Le IE 

Deseripção de dous batrachios novos, Leptodactylus bufo 
de Ponta Grossa, Estado do Parana e Nototrema fulvorufo 
de Santos ; optimos desenhos illustram as duas diagnoses. 

114) Baumann, F. — Brasilianische Batrachier des Ber- 
ner Naturh. Museums nebst Untersuchungen über die geo- 
graphische Verbreitung der Batrachier in Brasilien. Zool. 
Jahrb. Jena, Abt. f. Syst; Vol. 33, 1912, pag. 187-172; 
uma est. 2 mappas. 

Não temos presente esta publicação, mas a julgar por 
um rapido exame que pudemos fazer, é ella sem duvida « 
melhor trabalho de caracter geral que se tem escripto sobre 
os batrachios da nossa fauna. O material de que o auctor 
dispunha era abundante e folgamos registral-o, mormente 
como bem proximo, em Basiléa, ha outra colleeção de valor, 
referente a este mesmo grupo da nossa fauna e trabalhada 
pelo incançavel especialista F. Müller. 


~ 


115) Brazir, Virar — A defeza contra o Ophidisme ; 
Instituto Serumtherapico do Butantan, S. Paulo, 1911, 152 
pags.. 


Um estudo muito desenvolvido sobre o ophidismo ne 
Brazil; o zoologo encontra detalhadas informações biologi- 
‘as sobre todas as nossas cobras venenosas do nosso paiz (só 
Lachesis castelnaudé e langsbergi não foram vistas) e ainda 
uma extensa descripção dos habitos da mussurana (Osyrno- 
pus claelia = Rhachidelus brazili, V. Braz. nec Boal.) que 
se tornou tão famosa como devoradora de serpentes. Boas 
photographias e algumas estampas coloridas illustram o ex- 
cellente trabalho. 

116) Funrmann, O. — Die Atmungsorgare von Thyphlo- 
nectes ; Zoolog. Anzeiger, Vol. 42, 1913, N. 5, pgs. 229-34. 

Um interessante exame anatomico-histologico dos orgãos 
respiratorios das «cobras de duas cabeças», Gymnophiona de 
gen. Typhlonectes (veja-se esta Revista, vol. VIII, pag. 106). 
Trata-se de especies aquaticas (que se alimentam de peixes): 
a respiração é tanto pulmonar como tracheal e cutanea € 
além disto ainda buccal (palatina). Será interessante com- 
parar neste sentido tambem Chthonerpeton indistinctum da 
mesma familia que, si não é propriamente aquatica, é pelo 
menos limicola (veja-se esta Rev., vol. VIII, pg. 458). 

117) Gomes, Dr. J. Frorenxcio — Uma nova cobra vene~ 
nosa do Brazil; Ann. Paulista de Medicina e Cirurgia. 5. 


Paulo, vol. I, N. 3, Outubro de 1913, pags. 65-66, Est. 
WET: 

O auctor, assistente do Instituto Serumtherapico de Bu- 
tantan, e ao qual no Museu Paulista tivemos o prazer de 
conhar o estudo da nossa collecção herpetologica, descreve 
uma especie nova de «urutú» ou «coatiära» Lachesis cotiara. 
Estamos certos que em breve esta revista poderá publicar 
outros trabalhos do prezado collega, em continuação ao es- 
tudo que iniciamos no vol. VIII e do qual ficaram por es- 
crever os capitulos referentes às colubridas opistoglyphas e 
aglyphas. 

118 Scuurr, P.° Amprostus — As cobras do Rio Grande 
do Sul. Bibliotheca Universal, N. 10, 1913, 80 pags. (Typ. 
«Vozes de Petropolis»). 

E” mais uma bella contribuição do venerando padre na- 
turalista, a cuja penna tanto deve a literatura de divulgação 
scientifica do Brazil. A presente memoria não se preoceupa 
tanto com a classificação das especies, como, dados os prin- 
cipaes caracteres destas, relata de preferencia observações 
biologicas — e neste sentido registra muitas informações 
que interessam tanto o especialista como o povo. 

119) Werner, Fr. — Ueber neue oder seltene Reptétien 
des Nath. Mus. Hamburg ; Mitreil. Nath. Mus. Hamb., Vol. 
27, II Beih. 1910, pags. 1-46. 

Alguns dos reptis novos aqui descriptos são do Brazil; 
muito util é a lista das especies de «cobras de duas cabe- 
ças» do gen. Lepidosternum, das quaes ha 21 especies sul- 
americanas; além das 11 mencionadas do Brazil, futuramente 
deverão entrar ainda nesta lista algumas das especies hoje 
citadas apenas do Paraguay (7). 

120) Werner, Fr. — Neue und seltene Reptilien u. Frü- 
sche des Nath. Mus. Hamburg; loc.-s. cit., vol. 30, 1912, 
Beiheft 2, pags. 1-51. 

Estudando o material de reptis e batrachios do Museu 
de Hamburgo, o Prof. Werner analysa muitas especies bra- 
zileiras, descrev e alewmas novas e dá-nos, para alguns ge- 
neros, valiosas chaves de classificação, taes como as des gen. 
Phylodactilus (ras), Leptodira (cobras) da nossa fauna. 

121) BerzerscH, Grar. H. — Beschreibung newer Vegel- 
formen ans dem Gebiet des unteren Amazonas ; Ornith. Monats- 
ber. Berlim. Vol. 20, 1912, pags. 17-21. 

122) SNETHLAGE, E. — Neue Vogelarten aus Amazo- 
mien, loc. s. cit., pags. 153-55. 

Descripções de varias especies novas de passaros da 
Amazonia inferior. 

123) BranpãÃo, Severino — Uma nova Rissa; A Lavoura, 
Bol. da Soc. Nac. de Agricultura, Rio de Janeiro, Vol. 
EV EE 1918, vw. Ill e 12, pag. ot. 

O auctor, cone viajante do Museu Nacional, tendo 
encontrado na colleeção antiga desse estabelecimento um 


— 526 = 


exemplar de uma ssa (fam. Laridae), descreve-o como uma 
especie nova (B. rudolphi); a proveniencia do especimen é 
desconhecida e não ha a minima base para suppôr que seja 
brazileira, pois que as duas especies congeneres, bem conhe- 
cidas, habitam as regiões arcticas e sub-arcticas (até 30º lat. 
N ) A elassificação generica estando certa, é provavel tra- 
tar-se de À. brevirostris, Bruch, 1853. 

124) Garcia, Ropo_pHo — Nomes de aves em lingua 
Tupi Contribuições para a lexicographia portugueza) Bole- 
tim do Ministerio da Agricultura, Rio de Janeiro, Anno IT 
1913, ns. 4-5, anno III n. 1. 

E um trabalho feito segundo bom methodo, com pa- 
ciencia e capricho. O autor colligiu nas publicações ade- 
quadas um avultado numero de nomes das nossas aves; a 
classificação scientifica baseia-se no nosso Catalogo das Aves 
(1907) e, o quanto é possivel a um não-profissional, sahiu-se 
hem com relação à nomenclatura. (Quanto à explicação ety- 
mologica dos nomes tupis, a taréfa principal do auctor. vemol-o 
com prazer filiado a Martius, Baptista Caetano e Th. Sam- 
paio, predominando assim o caracter biologico, que é tambem 
o que mais condiz com a indole do nosso selvicola. Para 
taes investigações etymologicas. entretanto, é indispensavel 
que o linguista seja tambem bom conhecedor da biologia — 
sem o que é facil estabelecer uma explicação do nome ina- 
dequada à especie em questão. Poderiamos apontar varios 
desses exemplos no trabalho em questão, mas é forçoso re- 
conhecer que o auctor soube utilizar-se bem dos dados lite- 
rarios ao seu alcance, produzindo assim trabalho realmente 
apreciavel. Poderiamos ainda criticar o procedimento do 
auctor, de registrar para o mesmo vocabulo varias etymolo- 
cias, as vezes contradictorias, sem que entretanto nos aponte 
aquella que lhe parece mais adequada. Mas não queremos, com 
tantas observações, desmerecer o bello trabalho; muito pelo 
contrario, felicitamos o Sr. R. Garcia e as nossas lettras, 
fazemos votos pela breve publicação do seu «Glossario das 
palavras portuguezas (Não diriamos melhor «palavras bra- 
zileiras» ?) derivadas do tupi», do qual este capitulo faz parte. 

125) Hesse, Ericn — Nritische Untersuchungen über Pi- 
ciden etc., Mitteil. avs dem Zoolog. Museum Berlin, vol. VI, 
fasc. 2, 1912, pgs. 133-262. 

Tomando por base o abundante material de «pica-paus» 
da collecção do museu de Berlim, o auctor estuda detalha- 
damente a systematica de grande numero dessas aves; tam- 
bem á ornithologia brazileira o trabalho aproveita com relação 
a muitas especies. 

126) Hezcuayr, C. E. — The birds of the reo Madeira, 
Novitates Zoologicae, Tring, vol. XVII, 1910 n. 3, pgs. 
257-428. 

A collecção de aves do rio Madeira estudada pelo auctor, 
comprehende cerca de 2000 especimens caçados pelo Sr. W. 


Hoftmann ; dessa região conhecem-se até agora, ao todo, 463 
especies e com este material o Sr. Hellmayr discute a com- 
posição da avifauna do rio - Madeira, apontando o caracter 
mixto da mesma; encontram-se ahi os elementos da Amazo- 
nia superior, assim como tambem chegam até as suas margens 
muitas especies da Amazonia inferior, e em muitos casos 0 
eurso do rio forma verdadeiramente o limite dessas zonas 
zoogeographicas. 

127) Ipem — Critical notes on the types of little-known 
species of Neotropical birds (II), loc. s. cit. vol. XX, 1913, 
pgs. 227-256. 

Continuação dos utilissimos estudos ha muito cultivados 
pelo auctor, e nos quaes examina os typos de muitas das 
nossas aves, rectificando os erros dos auctores antigos e 
modernos. 

128) Rocxa, Maru. pe OLiv. — As Aves, sua classifica- 
ção: Bal. Ministerio da Agricultura, Rio de Janeiro, Anno 
IT, 1913, n. 3, pgs. 64-76. 

Começando com Aristoteles, o auctor, com os parcos 
meios literarios de que dispõe, procura explicar a evolução 
porque passou a classificação das aves. Por fim, para «syn- 
thetizar as varias ideias emittidas», apresenta um esboço de 
systhema, com 35 grupos—mas o escripto do novel ornitho- 
logo de neahum mo lo nos permitte acreditar que os seus 
«estu los» se baseiem em dados anatomicos, por elle mesmo 
examinados. Ainda bem que a modesta contribuição ao 
assumpto estudado por Fiirbring er (dous volumes em 4.º, de 
mil e tantas paginas cada um!) esteja tão bem occultada, 
que apenas poderá ir encommodar algum avicultor ! 

129) Enurot, Dante, G.—A Review of the Primrtes 
Monographs of the American Museum Nat. Hist. New York, 
vols IE 1913: 

Em tres fartos vo lumes o auctor dá uma revisão de todos 
os primatas, até hoje descriptos. E’ um trabalho precioso, 
porque reune desta forma todas as diagnoses, espalhadas, 
como é sabido, por um sem numero de publicações, as vezes 
dificeis de cons ultar; alem disto, em um crescido numero de 
estampas em tr ichromia, foram copiadas as melhores illustra- 
ções existentes. A’ nossa fauna só interessa uma pequena 
parte do trabalho, Familias Callitrichidae e Cebidae (vol. I 
pg. 186-326 e vol. IL, pg. 1-113) ao todo 16 generos. Mas 
nem assim ainda não estará feito todo o trabalho, com re- 
lação ao estudo critico das especies estabelecidas e a este 
proposito chamamos a attenção do leitor para o que ficou dito 
à pag. 252 do presente volume. 

130) Lane, H. H. - Some observations on the habits 
and placentation of Tatu novemcinctum ; The State University 
of Oklahoma, Research Bulletin n. 1 e 2, 1909, pgs. 1-18. 

131) iDem—A suggested cl ssification of Edentates ; 
Joc. ‘ett. pgs. 21-27 ; 


— 528 


132) Parrersox, J. T.— Polyembry nic development in 
T. novemcincta ; Journ. of pee gy, vol. 24,n. 41913; 
pgs. 559-684. 

Já por varias vezes esta revista tem-se occupado do 
assumpto tão discutido da placentação e polyembryonia dos 
nossos tatus (veja-se esta revista, vol. VIII, pg. 526); aqui 
limitamo-nos a dar os titulos dos interessantes trabalhos, e 
registramos com prazer que tambem M. Lane é do mesmo 
aviso que o Dr. H. v. Ihering, pelo qual a questão foi le- 
vantada. Infelizmente ainda não conhecemos o recente tra- 
balho de M. Patterson. 

133) RrBeiro, A. MiranDa—Zicei neue Affen uns rer 
Fauna; Brasil. Rundschau, Ri, de Janeiro, 1912, pgs. 
21-23. 
Descripçäo muito summaria de duas especies amazonicas 
simeos que o auctor considera novas: Mico melinoleucus 

» Callimico snethlageri, esta ultima representando tambem 
a de genero novo (mas o proprio auctor tambem o men- 
ciona como Callimidas snethlageri !). Por emquanto essas 
diagnoses, baseadas em exemplares vivos, e por isto mesmo 
desacompanhadas de dados mais precisos, não permittem me- 
lhor orientação e é preciso que o auctor cumpra quanto antes 
a sua promessa de fornecer descripção minuciosa. Lastima- 
mos ter o nosso collega, ainda desta vez, «enterrado» o seu 
escripto em publicação tão ephemera, sem cireulação no mundo 
scientifico. 

134) SrLva, HENRIQUE 
265 pgs. Edit. Garnier. 

O auctor ja por varias vezes tem figurado com boas con- 
tribuições nesta nossa bibliographia. O- livro que hoje apre- 
sentamos, destina-se em primeiro lugar aos caçadores, dan- 
do-lhe ensinamento sobre as armas e os cães de caça, e o 
modo pelo qual o caçador se acerca das suas victimas. Mas 
tambem o zoologo lê com bom proveito os capitulos em que 
são narrados os habitos dos nossos mammiferos dignos de caça, 
das aves maiores, chelonios, lagartos, etc. 

Sob ponto de vista systematico o auctor é, como aliás 
sempre o foi, extremado no reconhecimento de especies, ba- 
seando-se em caracteres que para nós zoologos teriam ape- 
nas o valor de variantes locaes. Mas não seja este um ponto 
de discordia entre o bom correspondente do Museu e nos : 
muitas são as dadivas zoologicas que lhe devemos e a ques- 
tão do “lumping” ou “spliting” por certo não vale um só 
dos especimens raros que o Sr. Capitão Henrique Silva nos 
tem enviado do Goyaz. 

Interessante e util é um pequeno vocabulario dos termos 
usados pelos nossos caçadores. 

Impressão perfeita, mas as ilustrações, no que diz res- 
peito à fauna indigena, estão a pedir misericordia (como no 
nosso «Diccionario» !). (Quando teremos em nossa literatura 


Caças e Caçadas no Brazil, 1913, 


um «stock» de clichés que possam, depois, ser emprestados 
a vontade ? 

135) Tomas, OLDFIELD -- Notes on NS. American Le- 
poridae; Ann. &. Mag. Nat: Hest. Ser. 8, vol. 11, 1913, 
pgs. 209. 

A pequena lebre ou «Tapeti» do Rio de Janeiro, é 
descripta como especie nova, Sylvilagus tapetillus; à lebre 
maior 8. brasiliensis pertencem as subspecies minensis, cha- 
padensis e paraguensts. 

136) IDEM — loc. cit. yy. 130; mammiferos raros das col- 
leccôes do Museu Goeldi, do Para : 

IDEM — loc. cit vol. 9, 1912, pg. 84; pequenos mammi- 
feros da Amazonia inferior; 

137) mem — On certain of the smaller S. American 
Cervidae, loc. cit. pg. 585. 

O auctor mostra a necessidade de substituirmos o nome 
do nosso veado pardo «Mazama rufa» por M. americana Erxl. ; 
alem disto descreve AM. americana jucunda como variedade 
nova, do Paraná, dizendo differir pelas dimensões um pouco 


menores do craneo (178 mm. contra 205 — 210 mm.) 
138) mem — New Rodents from S. America, loc. cit. 


vol. 8, 1911, pgs. 250-256. 

Entre outros roedores novos, descreve um rato da ilha 
de S. Sebastião que lhe fora enviado por nosso museu e que 
o auctor até agora considerava identico a Proechymys al- 
bispinus. Dando-lhe o nome novo P. iheringi, faz referencias 
muito lisongeiras às publicações zoologicas do nosso chefe, 
destacando em especial os seus recentes estudos sobre os nos- 
sos carnivoros. Tanto estas amabilidades como a gentileza da 
dedicatoria devemos agradecer em nome do Dr. H. von Ihering. 

Varias outras publicações do illustre mammalogo do 
British Museum referem-se ainda à nossa’ fauna, mas limi- 
tamo-nos à apresentação das que mais nos interessaram, re- 
petindo ainda uma vez que esta Bibliographia nunca teve o 
caracter de uma enumeração completa. 

139) ZoeLoaiscHE ERGEBNISSE EINER REISE IN DAS 
MUENDUNGSGEBIET DES AMAZONAS, herausgegeben von Lorenz 
Miiller: 

I Allgem. Bemerk. über Fauna u. Flora des Gebietes, 
von L. Müller ; Abh. der k. Bayer. Akad. der Wissensch., 
matem.-phys. Klasse, vol. 26, part. 1, i912. 

II Végel, von C. E. Hellmayr, loc. cit. part. 2, 1912, 
142 pags. 

Por encargo do museu zoologico de Munich, o sr. Lorenz 
Müller viajou durante um anno (1910) no Estado do Pará 
e, no primeiro dos dous trabalbos citados, relata o suecesso 
que teve, dando ao mesmo tempo uma descripção da flora e 
fauna do Estado percorrido. 

O material ornithologico, estudado pelo competente col- 
lega C. E. Hellmayr, abrange 700 couros, representando 179 


especies; como em tantos outros trabalhos referentes a nossa 
avifauna, o autor continua a discussão da nomenclatura e 
systematica das especies estudadas. 7 

Sao de valor, ainda, as notas biologicas acerescentadas 
segundo os apontamentos do sr. L. Müller. 

Para um districto dos arredores de Belem, equivalente 
talvez ao da comarca da Capital do Estado, o sr. Hellmayr 
enumera uma lista de 379 aves e só da ilha Mexiana sãe 
citadas 157 especies. 


Geologia e Paleontologia 


140) Docror Fiorentino AMEGHINO por Juan B. Am- 
brosetti, An. del Mus. Nac. Buenos Aires. Tomo 22, 1912, 
pgs. XI, LXXII. 

Com um extenso necrologio da penna de Ambrosetti, o 
Museo Nacional de Historia Natural de Buenos Aires rende 
merecida homenagem ao sabio que durante 35 annos consa- 
grou os seus estudos à paleontologia sulamericana e que du- 
rante 10 amnos fôra director do grande museu argentino : 
Dr. Florentino Ameghino, fallecido em Agosto de 1911. 

Burmeister, Berg e Ameghino são os nomes de sabios 
de nomeada universal, dos quaes o Museu Nacional da Re- 
publica Argentina se ufana de ter recebido o influxo. A todos 
elles o nosso chefe pessoalmente e, desde a sua fundação, 
tambem o Museu Paulista tiveram por amigos e especial- 
mente no tempo de Ameghino as nossas relações foram as 
de estabelecimentos scientificos que mutuamente se auxiliam 
na tarefa commum : o estudo da historia natural sul-ameri- 
cana. Por este motivo o Museu Paulista associou-se ao lucto 
dos collegas argentinos e aqui lastimamos não poder trans- 
crever em boa parte o bem traçado necroïogio em que se 
estuda a vida scientifica do grande morto. 

Ao novo director, Dr. Angel Galiardo somos devedores 
não só das gentilezas com que nos distinguiu ao assumir o 
honroso cargo, como tambem de provas que nos certificam 
da continuação das boas relações já agora tradicionaes entre 
os dous institutos. 

141) Branner, J. O. — The Gevlogy of the coast of the 
state of Alagoas; Ann. Carnegie Museum, vol. VII, n. 1, 
1910, pags. 5-22. Geologia do littoral do Est. de Alagoas, 
com 14 desenhos e photographias e uma carta geologica. 
Durante a mesma viagem do benemerito investigador da 
geologia brazileira (1907) foram colligidos os peixes  fosseis 
de que trata o escripto do Dr. D. S. Jordan, que em se- 
guida mencionamos. 

142) CLark, Joux M. — Fosseis Devoianos do Parana ; 
Monographias do Servico Geul, e Mineral do Brazil, vol. I, 
1913 (veja pg. 494). 


| 
| 
| 
| 
| 
| 


O auctor, que por varias vezes ja tem escripto com 
proficiencia sobre fosseis devonianos do Brazil (Pará e Pa- 
rand), estuda agora a rica colleeção do Serviço Geologico do 
Brazil que lhe foi confiada pelo Dr. O. A. Derby. 

Só este material dos folhelhos de Ponta Grossa e are- 
nites de Tibagy (Est. Paraná) encerra 80 especies (24 Pe- 
lecypoda, 24 Brachiopoda, 13 Trilobitas, 6 Gasteropoda, ete.) 
Alem disto o auctor aproveitou o ensejo para estudar con- 
juntamente o devoniano da Argentina occidental e das ilhas 
Falkland, do qual tambem lhe foi fornecido bom material e 
que lhe pemnittiu a conclusão de que este conjunetc (inelu- 
sive Colonia do Cabo) da região austral é tão uniforme e tão 
indifferenciado como é a fauna nelle contido. 

O auctor insiste em não querer approximar demasiada- 
mente esta fauna devoniana austral da boreal (norte-ame- 
ricana-eurasiana) ; comtudo, apesar da sua competencia, não 
se atreve a fazer afirmações mais positivas. 

Lastimamos não poder transcrever muitas das suas con= 
clusões geraes, de summo interesse para a nossa geologia, 
paleogeographia, ete. e assim recommendamos o substancioso 
trabalho aos estudiosos. Bellissimas, perfeitas, são as 27 es- 
tampas que illustram um elevado numero de especies, em 
grande parte novas. 

145) Hasemax, Joux D. — Some Factors of  geogr. 
Distribution in S. America; Ann. N. York Ac. of Sciences 
Vol XXIL pes. 9=112, 1912. 

A’ pag. 520 já relatamos sobre os varios estudos ichthyo- 
logicos publicados sobre o rico material de peixes colligido 
pelo Sur. Haseman no Brazil (1907 a 10). O presente es- 
tudo é de caracter mais amplo e versa não só sobre o ma- 
terial e os dados positivos recolhidos pelo esforçado natura- 
lista, mas vae mais longe, abordando os mais difficeis pro- 
blemas zoogeographicos, biologicos e geologicos da região 
percorrida. 

Não podemos entrar em discussão detalhada das muitas 
questões ventiladas; apreciaremos apenas as conclusões fi- 
naes. (Quanto a estas a orientação do auctor é bem diversa 
do seu antigo mestre, Prof, Eigenmann: hoje, não sabemos 
si apenas por ter recebido novas impressões durante a via- 
gem, ou por ter mudado de relações scientificas, elle se 
mostra contrario a todas as theorias zoo—e paleogeographicas 
que suppunhamos suficientemente documentadas e assentes. 
Obstinadamente, pode-se dizer, o auctor nega todo e qual- 
quer valor aos dados positivos trazidos em confirmação à an- 
tiga ligação dos continentes do hemispherio meridional. 
Entretanto, em apoio do seu novo modo de vêr, não trepida 
em chamar novamente em auxilio as velhas e desmanteladas 
explicações “das correntes maritimas e dos fragmentos fluctu- 
antes” que devem transportar ovos, larvas ou mesmo adultos (de 
qualquer animal?) de um continente para outro! 


Lt 
Nv 
i) 


Emtim, aproveitando os dados positivos que forem no- 
vos. — o resto deve ser levado em conta das inevitaveis 
reviravoltas por que têm de passar as novas conquistas no 
dominio scientifico. ; 

144) gorpan, Davin 8. — Description of a collection 
of fossil fishes from the betuminous shales at Riacho Doce, 
Alagoas ; Ann. Carnegie Museum, Vol. VII, N. 1, 1910, 
pgs. 23-34, Ett. V-XIII. 

Por occasião de sua visita ao Brazil em 1907, o Prof. 
Branner (veja supra), colligiu alguns peixes fosseis conser- 
vados nos schistos betuminosos do Riacho Doce, Alagoas. 
O material foi estudado pelo Dr. Jordan e contem varias 
especies de sardinhas (Clupeidae) e uma especie da fam. 
Chirocentridae. O auctor conclue que os respectivos depo- 
sitos sejam de idade eocena, emquanto que os da Bahia 
pertencem ao cretaceo superior. 

Por intermedio do Snr. Dr. J. Bach o Museu Paulista 
tambem recebeu abundante material desta região e, com- 
quanto não tenha sido ainda bem estudado, desde já pode- 
mos afirmar que nelles são contidas varias outras especies, 
alem das descriptas na publicação do Dr. Jordan. 

145) Kirkpatrick, R.—On the structure of Stromato- 
poroids and of Eozoon; Ann. & Mag. Nat. Hist. Ser 8, Vol. 
10, N. 58, 1912, pg. 446-460, Est. XI-XII. 

Depois de algum repouso, volta a actualidade a velha 
questão em que os entendidos discutem a interpretação a 
dar ao famoso Eozoon canadense, dizendo uns que se trata 
apenas de uma pseudomorphose mineral, e afirmando outros 
que a delicada estructura microscopica que se observa nas 
rochas archeanas é effectivamente o primeiro vestigio da vi- 
da animal sobre a terra. O trabalho do auctor que aqui 
meneionamos filia-se a este ultimo modo de ver e assim af- 
firma que não ha a minima duvida ser o Eozoon um ge- 
nuino Foraminifero. Caveant consules... e adaptemos depois 
tambem a nossa geologia aos resultados finaes da discussão. 

146) WoopworrH, J. B. — Geological expedite n to 
Brazil and Chile. 1508-09 ; Bull. Mus. Compar. Zool. at 
Havard College, 1912, Vol: 56, N. 1, pgs. 1-137, Est. 1-37. 

Boa parte do trabalho, resultado de uma viagem um 
tanto apressada, refere-se à geologia do Brazil meridional, e 
em especial à região do Rio de Janeiro a Santa Catharina 
(quatro mezes e meio). Quasi todos os problemas capitaes 
da nossa geologia foram sujeitos à apreciação e, si nem to- 
das as observações são fructo de estudo aprofundado, ha 
comtudo capitulos que condensam bem os actuaes conheci- 
mentos na materia, No interesse da nossa geologia teriamos 
preferido uma restricção do programma da viagem, ao que 
então teria correspondido um estudo mais aprofundado de 
um limitado numero de problemas. 


ES NE 


Indice dos Auctores 


Aleock—62, Ameghino—140, Andersson—113, Aragão, 
H. Beaurepaire—III, 18, Arrow—44;  Bagnall-31, Bau- 
mann—114, Beau—93, Becker—64, Berlepsch— 121, Beguin 
—Billeoeq—45, Bernhauer 46, 47, Bezzi—II—63, Bondar —20 
a 22, Borelli—13, Boullet—61, Brandäo—213, Branner— 141, 
Brazil, Vital—115, Bruner—35-36; Clark —142, Cockerelle 
— 73; Derby—V, Douwe—7, Ducke, I—74*—75* Dyar - 57; 
Kigenmann—94, 103, Ellis—95, 102, Elliot—129, Kwine— 
17; Ferreira d’Almeida—58, Forel—76, 77, Fuhrmann — 
116; Garcia, Rod.—124, Goeldi—23, Gomes de Faria III, 
5, 14, 71, Gomes, Flor.—217, Gounelle—48, 49, Grifini—38 ; 
Hasemann—98 a 101, 143, Hellmayr - 126, 127, 139, Hem- 
pel—1, 39, 40. Hendel—66, Hess—125, Holland—97, Hol- 
mgren—32, 33, Hoivath—41, Huber, Jac.—I; Ihering, H. v. 
25, 78, 79, 80, 91, Ihering, R. v.—2, 24; Jones Dunkinf. 
—59, Jordan, D. St.—144; Kirkpatrick—145, Knab, 28, 
67, 67.º a 72, Kraepelin— 15; Lane -—130-131, Leng—50, 
Lowrey—96, Liiderwaldt—51, 60, 81, Lutz —III, 26, 27, 68, 
69, 70; Mabille—61, Maidl—82, Marianno F.° 83, Marques 
da Cunha—4, Meade-Waldo 84, Mello Leitão—3, Miranda 
Ribeiro—104, 105, 106, 133, Moreira, ©. 8, 9, 10, 29, 30, 
Miller, Lor.— 139; Navas, Long. —II, 34, Neiva—III, 42, 
69, 71; Ohaus—52, 53; Panthen—54, Patterson— 132, Pe- 
trunkewitch 16, Pilsbry— 92: Rehn—37, Reuter - 43, Ri- 
bas Cadaval —107, Richardson —11, Rocha, M. de Oliv.—-128, 
Rothkireh-—5t; SSchrottky—1, 85, Schupp — 118, Silva, 
Henr. 134, Silvestri 86, Snethlage—l. 122, Sollaud —12, 
Spaeth—55, Starks —108, Steindachner—109, Strand—87, 
Surcouf —72, Szepligetti—88 ; Tate Regan—110, 111, 112, 
Thomas, Olf. —135, 136, 137, 138, Travassos—6, 14; Was- 
mann—33, 89, Weed— 3, Weise—56, Werner—119, 120, 
Wheeler—90, Woodworth—146. 


posou A and é 
Do dica pop Jequeri 
DE n al id = neiabnom ER 
RR ETES pete HE posa 
Ae ARES. É mes AN 
ty ape mu 


yl Fares «ME ir 

au, 14 Bod “i his ré Pend. À rr. ' 

apt: ETRE ra a 1 Pa | 

de at © pés pet ea Core HER à su SMA RAIA ifs. tnd | 

| pet rd a en Seam Ee eg 

ae ert e Spear pata) CRS Bhs! | 

É x ee Op d+ pak RETA, 
OR SP ak ee sere ile lee an LICE 

SATE (OREM CEs RU ee cas 

1 


PES PR AAT TETRA LAB Loo 


ri 


é 


#4 EH (hy tT. Sel, aa ig: Feta. 
ALP CT sin hee ee eae ne | (ut 
LH AA PE PTT D TES ipe 
ML Cac PE | NET RFC ne a “A iris, nine AY It 
> eis mi | VTT | Rick “ane R + er bas Fox 
G ER Bes Chi ve ces tda 
boa rc Seta yee olsen Panay 
ee aes “dent SANTE NET rept pes: 
4 jy ri : “At Her ET ayaa 
ite da PRES 3 CRT ÉMIS Perit: pr 
: Ae Enio. Te LRU pus Ne 
à hy Aes ei MR HS à 
BIT de tu aie i L Sage 
2 5 ato ae moet er i) oe 
“Ber Lee per bis E ar 


Revista do Museu Paulista Volk EX sire 


\ 


Revista do Museu Paulista Viole IES Est 


Re Vista di ) Vis ti P, wilista | ol VA Est. II 


1 Leucoptera coffeella Guér.-M.; 2 Nilio varius n.sp.; 
3 N. lutzii n.sp.; 4 Bradypophila garbei n. gen. n.sp.; 5 Pterombrus 
iheringi n.sp.; 6-6c Turuenna violascens H. Sch. 


ur 


REVISTA DO MUSEU PAULISTA, VOL. IX 


AN 


Bento Barboza del, 


OSSOS HYOIDES DE BUGIOS - GENERO ALOUATTA 


REVISTA DO Museu PAULISTA — VOL. IX EST. VI 


Georgetown 
\ uramaribo 


— A 


Distribuição Geographica dos Bugios, genero Alouatta. 


pe CB NS co 
- à pe > | 4 ” 
À PE ore 4 ‘ x 
REVISTA DO MUSEU PAU ASTA, VOL. Tx EST. VII 
Sp Nes Se § an E: 
PE Feb eat + E CS 
dá ) | 
Ke > 


Bento Barboza del. 


OSSOS HYOIDES DE BUGIOS - GENERO ALOUATTA 


REVISTA DO MUSEU PAULISTA, VOL. IX EST. VIII 


LD à lj : 
Es E be 
J a b A d 4 A 
7 i = il “ A - 
| "a i 


- z =] 
A ; y 
4 
“ a 2 E E 
7 . ari ta « 7 
ar ; we j SE , : 
1 “e , E 
pe y ' 
4G = 11 
= oe a € ã 
> E 
i E K [e E g 
il < + F a b 
o à, 
= + 
Md A ; a 
1 Ê i i 
A ‘ 
. 

2 2 ' Fs 7 > x 
= o = ay 44 > = = 
= 2 = 


EST. IX 


IX 


REVISTA DO Museu PAULISTA, VOL. 


(spaim) siferejseu snzeqieq sniqoihw—¢€ ‘Big 


(z2d) tuosurems snyduAy0Yyr\uO —z ‘614 


CIA) cunzewp ejootan(g— 1 “Bia 


“PUBLICADA POR 


” > ar ra} 
ÿ # k ro 


Hh voy DER, MRD. ET, 


Director do Museu 


OLE AR AS NE. Sees 


= 


: i tt 
| SAO PAULO | 
(Typ. do x Diario Official» 
(914 
HT fi \ 
Pr MOOT. É 


BL WHOI Library - Serials